OBSERVATÓRIOS DE COMPETÊNCIA
Alessandra Duarte Batista Mestranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected] Brasil Roberto C. S. Pacheco Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected] Brasil Kedma B. Duarte Mestre em Engenharia da Computação Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected] Brasil Denilson Sell Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected] Brasil Marcelo André Marchezan Especialista em Propriedade Intelectual, Bacharel em Direito Instituto Stela
[email protected] Brasil
RESUMO Não há uma definição de consenso na literatura para o termo “Observatório”, ainda que a maioria das abordagens busque apoiar processos de tomada de decisão estratégica em uma organização, em suas diferentes áreas de geração de valor. Entre essas, uma das áreas mais relevantes é a de competências organizacionais, principal protagonista na geração de valor baseado em conhecimentos. Neste artigo, desenvolvemos referencial teórico para o conceito de “Observatório de Competência”. O estudo parte da aplicação do método de revisão sistemática de literatura para investigar esse termo e apresentar uma classificação dos tipos e definições presentes em estudos do tema. Como resultado, verifica-se que, diferentemente de outros tipos de observatórios, Observatórios de Competência podem ter um significado de referência se forem compreendidos como instrumentos de apoio ao planejamento e gestão de competências em redes de indivíduos, grupos e organizações em diversos domínios do conhecimento. Palavras-chave: competência; construção do conhecimento; observatório; observatórios de competência. Tipo de artigo: Artigo completo
ABSTRACT There is no consensus about the meaning of the term “Observatory”. Nevertheless, in almost all studies the aim is to support decision making in organizational sectors during value creation. Among these sectors is competence management, the main player in value creation based on knowledge. In this paper we investigate the concept of “Observatory of competencies”. The study applies a systematic literature review methodology to identify how the term is defined and treated in current studies. Differently from other kinds of observatories, the results indicate that the term Observatory of competences can have a reference meaning as an instrument to support competence planning and management in networks of individuals, groups and organizations in the fields of knowledge. Keywords: competence; competency; Construction of knowledge; observatory; observatory of competency.
1
INTRODUÇÃO Os chamados “observatórios” têm origem na sociedade do conhecimento. Representam
o reconhecimento de que informação e conhecimento se constituem nos principais motores de desenvolvimento social, político, cultural e econômico do país e, como tal, assumem papel central na tomada de decisões, na concepção, e avaliação de políticas públicas (Ortega e Valle, 2010).
No final do século XX, como consequência da ampla visão proporcionada pelos observatórios na evolução dos fenômenos e acontecimentos culturais, surgem principalmente na Europa, diversos observatórios culturais, influenciados por universidades, instituições públicas e organizações internacionais. Essa proliferação dos observatórios deve- se à demanda pela sistematização das várias fontes de informação em uma fonte de informação referencial. Observatórios respondem a essa crescente demanda por fontes integradas, provendo dados acessíveis e confiáveis e facilitando o acesso à informação e ao conhecimento (Ortega e Valle, 2010). “Essa missão integradora distingue o papel central de observatórios, que não definem políticas públicas e sim ofertam dados e informações para subsidiar a tomada de decisão por parte de seus responsáveis” (Amin Filho, 2010, p. 108). A demanda por informações estruturadas em processos de tomada de decisão ocorre em diversos contextos de referência, incluindo setores econômicos, perfil organizacional, área de geração de valor. Por outro lado, a resposta à demanda também é variada, podendo ser tratada por novos processos, setores ou instrumentos organizacionais. Como resultado, observatórios encontraram variabilidade na demanda e na oferta de suas soluções e, com isso, não dispõem de um referencial de consenso na literatura. (Zervas e Sampson, 2007). Entre as áreas de tomada de decisão mais relevantes está a gestão de competências organizacionais. Esse processo é responsável por gerir o principal protagonista de geração de valor em organizações da sociedade do conhecimento. Nesse contexto decisório, surgem os chamados “Observatórios de competências”. A exemplo do ocorre para o conceito geral de observatórios, não há uma definição de consenso para Observatório de competências. (Zervas e Sampson, 2007). Nesse artigo, buscamos responder a questão de pesquisa “o que são observatórios de competência?”, explicitando e classificando as diferentes definições disponíveis na literatura, de modo a permitir a pesquisadores e tomadores de decisão melhor identificar o papel e os benefícios desses instrumentos na tomada de decisão sobre o conhecimento organizacional.
2
MÉTODO E ANÁLISE DA LITERATURA Revisão sistemática é um método de pesquisa e análise da literatura sobre um tema
especifico. Nesse tipo de investigação disponibiliza-se um resumo das evidências relacionadas a uma determinada estratégia de intervenção, mediante a aplicação de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da informação selecionada (Sampaio e Mancini, 2007). A revisão da literatura permite identificar as oportunidades de pesquisas,
aplicar estratégias científicas durante o processo de busca, limitar o viés de seleção de artigos, e avaliá-los de forma crítica, sintetizando os estudos relevantes (Perissé et al, 2001). Neste artigo foi adotado o estudo de Botelho et al. (2011) como referência para o planejamento e execução das etapas do método revisão da literatura, as quais são apresentadas no Quadro 1. Quadro 1: Etapas do método de revisão da literatura. Etapa 1ª
Objetivo Identificação do tema e seleção da questão da pesquisa.
2ª
Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão.
3ª
Identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados.
4ª
Categorização dos estudos selecionados.
5ª 6ª
Análise e interpretação dos resultados. Apresentação da revisão/síntese do conhecimento.
Ações 1. Definição do problema; 2. Formulação de uma pergunta de pesquisa; 3. Definição da estratégia de busca; 4. Definição dos descritores; 5. Definição das bases de dados. 1. Uso das bases de dados; 2. Busca dos estudos com base dos critérios de inclusão e exclusão. 1. Leitura do resumo, palavras-chave e título das publicações; 2. Organização dos estudos pré-selecionados; 3. Identificação dos estudos selecionados. 1. Categorização e análise das informações; 2. Formação de uma biblioteca individual; 3. Análise crítica dos estudos selecionados. 1. Discussão dos resultados 1. Criação do documento que descreve detalhadamente a revisão; 2. Proposta para estudos futuros.
Fonte: adaptado de Botelho et al., 2011, p.129).
Após a definição do tema-referência do artigo, foi identificada a seguinte pergunta de pesquisa: “O que são observatórios de competência?”. Em seguida, foi definido como descritor, a expressão “Observatory of competence” (e suas variações), o período de busca foi limitado aos anos de 2005 a 2016, e o idioma dos artigos restrito a língua inglesa. Por fim, para executar a pesquisa optou-se pela biblioteca digital SCOPUS, que inclui múltiplas bases de dados cientificas (ex. Elsevier, Springer, Wiley-Blackwell, Taylor & Francis, Sage, IEEE, and Emerald, entre outras) e múltiplos referencias (desde 1966, com mais de 20.800 revistas internacionais em saúde, física, e ciências sociais e aplicadas) (Scopus, 2014). O resultado da busca na base SCOPUS, retornou 23 publicações. Após realizar a análise dos 23 artigos, 5 deles foram considerados de interesse do tema “Observatory of competency”, os quais são apresentados no Quadro 2.
Quadro 2: Artigos selecionados na revisão de literatura
Autor/Ano
Nome
País
Definição
Missão
Setor de
Funcionalidades
aplicação Alan Grainger et al, p. 136, 2011
Observatório Florestal Mundial
Reino Unido
Não tem
Panayiotis Zervas et al p. 2, 2007
Observatório de competências
Grécia
“Lugares virtuais que coletam, armazenam e monitoram informações”. (Zervas, Sampson, p.2, 2007)
Jennifer Mindell et al p. 1, 2005
O Observatório de Saúde de Londres
Inglaterra
Não tem
J. Van der Linden et al p. 2, 2015
Observatório de estudantes
Bélgica
Não tem
Nicolò Bachschmid et al p. 6, 2010
Observatório de Engenharia sobre as competências
Itália
Não tem
“Produzir, reportar e verificar as informações a nível nacional e global, para facilitar a comunicação e verificação em escala local”. (Grainger, Obersteiner, p.136, 2011). "Apoiar indivíduos, grupos e organizações na Europa no desenvolvimento de competências”. (Zervas, Sampson, p. 2, 2007).
Meio Ambiente
Coleta de dados, comunicação, produção de informação, verificação e etapas de síntese.
Acadêmico e empresarial
Serviços de informação, ferramentas de comunicação, gestão de recursos.
“Planejar e compartilhar seus modelos de suporte para a implantação de um programa de treinamento a nível nacional para permitir a entrega eficaz da saúde nacional através de um programa de avaliação de impacto”. (Mindell, Boltong, p. 1, 2005). A missão do observatório será de “determinar o uso efetivo dos alunos na tecnologia, identificar fatores de satisfação e fornecer recomendações para a universidade”. (Linden, Leemput, p. 6, 2015) “proporcionar aos jogadores e as partes interessadas as indicações e recomendações sobre as competências oferecidas e demanda no contexto da engenharia”. (Bachschmid et al, p. 6, 2010).
Saúde
Compartilhamento informação
Acadêmico
Ferramentas de comunicação Coleta de dados, compartilhamento de informação.
Acadêmico e empresarial
Compartilhamento informação
de
de
O Quadro 3 ilustra as palavras-chaves encontradas nos artigos e o número de frequência que elas aparecem nas publicações analisadas. Quadro 3: palavras-chaves mais citadas nas publicações Palavra-chave Frequencia Observatórios 2 Treinamento 2 Vigilância ambiental global 1 Comunicação entre ciência e política 1 Construção do conhecimento 1 Instituições científicas 1 Alterações Climáticas 1 Florestas tropicais 1 Informação de saúde 1 Inteligência saúde 1 Trabalhadores 1 Gestão de Aprendizagem 1 Painel do sistema do usuário 1 Tecnologia 1 Aceitação 1 Satisfação 1 Avaliação 1
Como podemos observar na literatura, há uma dispersão de termos-chave para identificar as pesquisas realizadas sobre observatórios. Essa análise traz os mesmos resultados observados pelo trabalho de Silva (2014). O estudo feito pelo autor sobre estudos tratando de observatórios permite concluir que esse termo tem sido utilizado para designar três construtos: (i) unidades organizacionais responsáveis por suporte à tomada de decisão; (ii) ferramentas criadas para apoiar a tomada de decisão, a partir da demanda de monitorar atores; e (iii) processos e mecanismos dedicados à análise estratégica de informação sobre diversos segmentos da atividade econômica. Essa distinção de focos é a principal razão da dificuldade de se obter uma definição de consenso sobre o termo “Observatório”, como já concluíra Silva em seu estudo (vide Quadro 4 a seguir).
Quadro 4: Definições de observatório Autores Maioriano (2003) Köptcke (2007) Patiño (2007)
Phelan (2007)
Walteros Ruiz (2008) Odam (2009)
Definição
Como vêm Observatórios
“Organismos auxiliares, colegiados e de integração plural, que devem facilitar uma melhor informação à opinião pública e propiciar a tomada de ações concretas por parte das autoridades responsáveis”. “Dispositivos de reunião, produção e compartilhamento de informação e conhecimento que permitem aos diferentes atores sociais, melhor compreender, avaliar e participar da transformação e do debate acerca de um certo fenômeno ou dimensão da cultura”. Local ou instância que serve para fazer observações por meio do estudo e aplicação de indicadores de medição de situações e contextos específicos; é um mecanismo que serve para estudar – a partir de observações sistemáticas – o comportamento e a evolução de fatos ou atos, com vista a influenciá-los de alguma maneira no futuro. Também é concebido como uma instância que examina e avalia o desenvolvimento de determinadas ações, visando a sua comparação com expectativas, finalidades ou padrões definidos para tal questão “Unidade encarregada de seguir, de maneira permanente e ampla, a evolução do território, cidade, município ou comunidade, com o objetivo de oferecer informação e conhecimento, tanto aos atores que tomam decisões como àqueles que estão envolvidos no desenvolvimento local”.
Estrutura com missão voltada ao apoio à tomada de decisão Dispositivos para melhor compreender e atuar sobre um fenômeno. Tanto local como mecanismo ou instância de análise e observação de fatos ou atos.
Unidade organizacional que monitora território, cidade, município ou comunidade e oferece informação para tomada de decisão. “Instrumentos que abordam o caráter complexo e multifacetado dos fenômenos Instrumento de análise de sociais. Concentram-se na análise, acompanhamento e fiscalização de situações fenômenos sociais. políticas e públicas”. “Interação e interesse de reflexão entre os atores estratégicos, com a finalidade de executarem ações ou apoiarem as políticas públicas em uma área do desenvolvimento”.
Sistemática de interação e reflexão entre atores (coprodução). “Dispositivo de observação criado por um ou vários organismos, para acompanhar Dispositivos para acompanhar a evolução de um fenômeno, de um domínio ou de um tema estratégico, no fenômenos ou setores
Trzeciak (2009a)
tempo e no espaço”
Trzeciak (2009b)
“Mecanismo que fornece informações estratégicas para auxiliar na identificação de ameaças, oportunidades e tendências, além de oferecer subsídios à tomada de decisão de um determinado setor”.
Botero e Quiroz (2010)
“Espaços, instrumentos, meios, formas de organização ou técnicas cuja finalidade é observar, registrar, analisar um fenômeno da realidade, seja social, político ou econômico de um território nacional, regional ou local, com a finalidade de produzir informação para que seja levada em conta ou discutida em um cenário de incidência em políticas públicas.”
Enjuto (2010 Silva et. Al. (2013)
Mecanismo de informações.
oferta
de
Tanto instrumentos como espaços ou unidades organizacionais que analisam e geram informações de apoio à decisão. “Processo de construção de informação e conhecimento sobre a própria realidade Processo de informação e e campo de ação “. conhecimento “Centros de observação, monitoramento e análise da realidade de um tema, Unidade organizacional de reunindo informações, produzindo conhecimentos, reflexão crítica e disseminado o monitoramento. resultado de tais ações para um determinado público.”.
Fonte: Adaptado de Silva (2014)
Uma análise sobre as definições apresentadas no Quadro 4 permite concluir que, se um lado não há um consenso sobre a definição de observatório, por outro lado, as diferentes definições compartilham a visão de que um observatório deve dedicar-se à missão de apoiar a tomada de decisão, com mecanismos que alteram desde a coleta e o tratamento de informações até ambientes de reflexão e coprodução com atores interessados. Segundo Alabés (2007) e Costa et al. (2008), os diferentes tipos de observatórios comunicam externamente os resultados através de metodologias de investigação para alcançar informações, conhecimento, e reflexão crítica. Além disso, eles têm em comum espaços para desenvolvimento de processos de observação e análise da realidade de um tema.
Uma das formas de se verificar a diferenciação das definições de observatório é classificando-as segundo fatores como origem, temática, objetivo, serviços, estrutura organizacional, âmbito de atuação, dependência administrativa e grau de evolução (Pacheco e Batista, 2016). Nesse sentido, tanto a análise sistemática de literatura realizada neste trabalho como os estudos pregressos de Silva (2004) permitem verificar a variabilidade de observatórios segundo missão proposta e natureza que cada autor considera em seus estudos.
2.1 Classificação dos observatórios quanto à natureza Na classificação proposta por Pacheco e Batista (2016), entende-se por natureza a forma com que um observatório se materializa para efetivar a sua missão. Partindo da revisão de literatura verificam-se três tipos de natureza, conforme podemos observar no Quadro 6. Quadro 5: Tipos de observatórios segundo a natureza
Natureza do observatório
Descrição
Tipo 1: Unidade Organizacional
Elemento da organização (departamento, núcleo ou centro) que realiza a função designada para o observatório.
Tipo 2: Mecanismo ou Processo
Dispositivo pelo qual as funções do observatório são realizadas pelo grupo responsável.
Tipo 3: Instrumento
Tecnologia ou ferramental empregado para o cumprimento da missão do observatório.
Fonte: Pacheco e Batista (2016)
Observatórios podem ser processos ou mecanismos, estruturas organizacionais, ou, instrumentos que efetivam a sua missão (Pacheco e Batista, 2016). A missão dos diferentes tipos de observatório pode variar, conforme classificação a seguir.
2.3 Classificação dos observatórios quanto à missão Compreendida como o propósito pelo qual um observatório é constituído, a análise das definições de literatura permitiu identificar três tipos de missão, como descrito no Quadro 6 apresentado na sequência. (Pacheco e Batista, 2016).
Quadro 6: Tipos de observatórios segundo a missão que realizam
Tipo A
Produtos esperados do observatório Estudos e análises para tomada de decisão
B
Monitoramento e acompanhamento setorial
C
Comunicação de informação ou conhecimento estratégico
Missão correspondente Encontrar, registrar e produzir estudos que ajudem os tomadores de decisão em sua atuação no fenômeno de interesse. Observatórios são centros de monitoramento por excelência, tanto o realizado sobre indicadores3, próprio de quem se utiliza dessas ferramentas, como também o monitoramento sistematizado de um setor ou temática específica (albornoz e Berschmann, 2006). Difundir informações e conhecimento sobre o fenômeno de interesse perante a totalidade de atores sociais potencialmente interessados.
Fonte: Pacheco e Batista (2016) Para Pacheco e Batista (2016), os observatórios possuem três tipos de missão que se complementam nas funções exercidas. É importante observar que há uma relação crescente de acréscimo de funções entre os tipos A até C. O Tipo C é o observatório que tem a missão mais completa, ou seja, realiza estudos e análises para apoiar a tomada de decisão (Tipo A), e possui indicadores e sistemas de monitoramento e acompanhamento (Tipo B), assumindo o compromisso da comunicação com os atores interessados. O Tipo B realizam estudos, análises e monitoramento setorial por meio de indicadores, enquanto os do Tipo A realizam estudos e análises de potencial uso para tomadores de decisão. Através das definições encontradas na literatura que se diferenciam quanto à natureza dos observatórios e quanto à missão a eles atribuída, as definições foram classificadas como apresentado a seguir.
2.4 Classificações das diferentes definições de observatório O Quadro 7 apresenta as classificações quanto à natureza e ao tipo de missão que as diferentes definições encontradas na literatura sobre observatório.
Quadro 7: Classificações e análise das diversas definições de observatório
Autores
Tipo
Natureza
Tipo
Opinião alvo pública e autorida des responsá atores Diferentes veis sociais
Facilitar informação e propiciar tomada de decisão.
A
Organismo auxiliar, Colegiado
1
Facilitar compreensão, avaliação e participação em debates.
A
2
Patiño (2007)
Analista de domínio implícito
A
Phelan (2007)
Atores que tomam decisões sobre desenvolvim ento local Analista (implícito)
Fazer observações e estudo do comportamento e evolução de fatos ou atos ou examinar e avaliações ações comparativamente a padrões definidos Seguir evolução de território, cidade ou comunidade para oferecer informação e conhecimento.
Dispositivos de reunião, produção, compartilhament o de informação e conhecimento (Coprodução) Local, instância ou mecanismo
B
Unidade organizacional
1
Observar, sistematizar e difundir Conhecimento
C
Estrutura
1
Abordar fenômenos sociais por meio da análise, acompanhamento e fiscalização pública
B
Instrumento
3
Abrir espaço para reflexão e discussão para apoiar a execução de políticas públicas em áreas temáticas Acompanhar a evolução de um fenômeno, domínio ou tema estratégico no tempo e no espaço.
C
Instância de reflexão e discussão Dispositivo de observação
1
Fornecer informações estratégicas para a identificação de ameaças, oportunidades e tendências e para tomada de decisões setoriais para melhoria da competitividade Observar, registrar, analisar fenômeno da realidade social, política ou econômica de um território, região no apoio a políticas públicas. Compilar informação setorial, diagnosticar situações, prever evolução e produzir informações (comunicação) para tomada de decisão.
A
Mecanismo
2
A
Espaço, instrumento, meios, técnicas ou forma organizacional Estrutura
Maioriano (2003) Köptcke (2007)
Costa et. al. (2008) Walteros (2008) Odam (2009) Trzeciak (2009a) Trzeciak (2009b)
Botero e Quiroz (2010) Enjuto (2010
Público-
Interessados em governança pública implítico Atores estratégicos em políticas Uma ou várias públicas organizações Tomadores de decisão em desenvolvimen to e competitividad e (implícito) Gestores públicos (implícito)
Gestores públicos (implícito)
Missão
B
C
1
3
1, 2 e 3
1
Fonte: Adaptado de SILVA (2014), acrescido das classificações baseadas no Quadro 7 O Quadro 8 ilustra a variedade de naturezas e missões dos observatórios. Partindo-se da caracterização do observatório e da explicitação de seus objetivos, especialistas podem projetar suas escolhas previamente ao projeto (Pacheco e Batista, 2016). Esse procedimento pode ser efetivado, também, para observatórios de competências.
3
CLASSIFICAÇÃO DE OBSERVATÓRIOS DE COMPETÊNCIAS Nesta seção aplica-se a análise de observatórios realizada por Pacheco e Batista (2016)
para o conjunto de observatórios de competências encontrados na literatura (conforme apresentado no Quadro 2). O objetivo é verificar se os observatórios de competência podem ser classificados conforme sua natureza e missão e, especialmente, se pode ser proposta uma definição de referência para este tipo particular de observatório. O Quadro 8, a seguir apresenta essas classificações.
Quadro 8: Classificação dos observatórios de competência segundo natureza e missão.
Autor
Observatório
Missão
Alan Grainger et al, p. 136, 2011
Observatório Florestal Mundial Observatório de competências
“Produzir, reportar e verificar as informações a nível nacional e global, para facilitar a comunicação e verificação em escala local”. "Apoiar indivíduos, grupos e organizações na Europa no desenvolvimento de competências”. “Planejar e compartilhar seus modelos de suporte para a implantação de um programa de treinamento a nível nacional para permitir a entrega eficaz da saúde nacional através de um programa de avaliação de impacto”. A missão do observatório será de “determinar o uso efetivo dos alunos na tecnologia, identificar fatores de satisfação e fornecer recomendações para a universidade”. “Proporcionar aos jogadores e as partes interessadas as indicações e recomendações sobre as competências oferecidas e demanda no contexto da engenharia”.
Panayiotis Zervas et al p. 2, 2007 Jennifer Mindell et al p. 1, 2005
O Observatório de Saúde de Londres
J. Van der Linden et al p. 2, 2015
Observatório de estudantes
Nicolò Bachschmid et al p. 6, 2010
Observatório de Engenharia sobre as competências
Natureza 1
Tipo - Missão BeC
1
A
2
A
1
AeC
1
AeC
Fonte: dos autores. Como se pode ver, os observatórios de competência são majoritariamente unidades (estruturas) organizacionais dedicadas, principalmente, à produção de estudos e análises para tomada de decisão e à comunicação de informação ou conhecimento estratégico em demandas por competências. Nesse sentido, observatórios de competência podem ter um significado de referência, conforme sugerido por Zervas e Sampson (2007), se forem compreendidos como um instrumentos de apoio ao planejamento e gestão de competências em redes de indivíduos, grupos e organizações em diversos domínios do conhecimento.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS Objetivamos neste artigo realizar um levantamento de literatura sobre os observatórios
de competência, procurando-se evidenciar se, a exemplo do termo geral de observatórios, também esses carecem de uma definição de consenso. O estudo indica a ausência de uma definição consensual, porém uma relativa compatibilidade entre as missões esperadas para os observatórios de competências, como instrumentos de apoio à decisão na gestão do conhecimento organizacional baseado nas competências de colaboradores. A definição de Zervas e Sampson (2007) mostrou-se como a mais abrangente em termos de missão e elementos de referência. Nessa visão, Observatórios de Competência são instrumentos de apoio à criação e gestão de competências em redes de indivíduos, grupos e organizações nos domínios do conhecimento. A adoção de definição e missão de referência para observatórios de competências, como a proposta por Zervas e Sampson (2007), pode contribuir para o avanço tanto das pesquisas como da produção de conhecimentos tecnológicos voltados à gestão de competências organizacionais. Elementos constitutivos e missão de referência permitem a engenheiros do conhecimento identificar naturezas e formas de representação de conhecimentos, a gestores de conhecimento identificar e avaliar fatores de impacto nas estratégias e na geração de valor organizacional e a mediadores do conhecimento a proporem práticas e instrumentos de difusão de conhecimento.
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