STRATEGIC RESOURCE MAPPING – O PROCESSO DE ACELERAÇÃO DE SINERGIAS DO TECNOPUC Clarice Schneider Lamb Dr., PUCRS / TECNOPUC, BRASIL ([email protected])

Eduardo Giugliani Dr., PUCRS / TECNOPUC, BRASIL ([email protected])

Rafael Prikladnicki Dr., PUCRS / TECNOPUC, BRASIL ([email protected]@pucrs.br)

J. Roberto Evaristo Dr., Principal Outlink, USA ([email protected])

 

   

  RESUMO

Um Parque Científico e Tecnológico apresenta-se no mundo contemporâneo como um sistema orgânico, flexível e adaptável. Suas estratégias e ações convergem como o fator maior de produtividade da Sociedade do Conhecimento. Este artigo apresenta a experiência do TECNOPUC, vinculado à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com um projeto de aceleração de sinergias. Este projeto tem como objetivo principal a conexão entre pessoas e saberes, atividades e processos, potencializando ações voltadas à inovação, pesquisa e desenvolvimento sob a tutela de ferramentas de análise e gestão. Como objetivos específicos visa criar um mercado interno de produtos e serviços, alavancar o desenvolvimento compartilhado de novas soluções e negócios, aumentar e ordenar níveis de investimento, qualificar interação entre os stakeholders do ecossistema, além de promover ações de sustentabilidade de longo prazo. Os resultados alcançados atendem ao conjunto de objetivos propostos, sendo tangibilizados para definição de informações e geração de sinergia “selfservice” no âmbito da missão e estratégias do TECNOPUC; fortalecimento do alinhamento entre as organizações participantes do ecossistema; mensuração do valor da sinergia estabelecida entre organizações; desenvolvimento de ferramenta para apoio ao crescimento sustentável do TECNOPUC e permanente atualização das capacidades e demandas das organizações. A organização orgânica e sistemática destas ações potencializa as conexões e possibilidades de sinergias entre os múltiplos atores de um ecossistema de inovação. A dinâmica adotada permeia ações vinculadas à gestão e engenharia do conhecimento, onde a explicitação do conhecimento a partir das capacidades e demandas potencializa o seu desenvolvimento. Palavras-chave: Parques Científicos e Tecnológicos; Sinergias; Inovação; Gestão do Conhecimento.

ABSTRACT This article describes a synergy acceleration project conducted at TECNOPUC, the Science and Technology Park of the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul, Brasil. An STP is an organic, flexible and adaptable system, and its strategies and actions lead to knowledge building to be the biggest factor of productivity in the Knowledge Society. The main objective of the synergy acceleration project is to improve the transparency of opportunities across the park to enable the connection between companies based on their needs and capabilities. In practice, the result will be a connection of people and knowledge, activities and processes, seeking to enhance innovation, research and development under the tutelage of analysis and management tools. The specific objectives of this project are (a) to create an internal market for goods and services, (b) to leverage the shared development of new solutions and business, (c) to increase cross-park investment levels, (d) to qualify the interaction between the ecosystem’s stakeholders, and (e) to promote long-term sustainable actions. The deliverables include (1) generating "self-service" synergistic connections, (2) measuring the value of the established synergy among organizations, (3) developing a tool for supporting the Park’s sustainable growth, and (7) permanently upgrading the capabilities and demands of organizations. The organic systematization of these actions leverages companies’ connections and synergy among the actors in an innovation ecosystem. This chosen dynamics permeates actions related to management and knowledge engineering, where explicit knowledge, as the ultimate outcome, increases and accelerates the development of the ecosystem. Keywords: Science and Technology Parks; Synergies; Innovation; Capabilities and Demands; Knowledge Management.

   

 

 

1. INTRODUÇÃO Na atual Sociedade do Conhecimento, a presença do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC, inserido no campus e tecido da Universidade em Porto Alegre, RS, representa a face real e concreta da efetivação da Tríplice Hélice, numa convergência de ação entre dimensões: o Governo, a Indústria e a Universidade, criando forças e fomentando a pesquisa para melhor contribuir de forma inclusiva com o desenvolvimento tecnológico e social de uma região. O TECNOPUC apresenta-se como um vetor deste processo, firmando um papel protagonista nestas ações, com foco em pesquisa e desenvolvimento de empresas associadas a centros de pesquisa da Universidade. Suas ações visam aumentar a competitividade e diferenciação de seus atores, disponibilizando à sociedade a excelência acadêmica da Universidade; ratificar a missão da Universidade para além das dimensões do ensino, da extensão e da pesquisa, incluindo neste contexto uma quarta dimensão, voltada para a inovação e desenvolvimento, visando transformar a sociedade e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Neste contexto, o posicionamento estratégico do TECNOPUC está caracterizado pelo comprometimento vinculados a sua Missão e sua Visão, conforme ilustra o Quadro 1 a seguir.

Quadro 1: Missão e Visão do TECNOPUC

Missão Criar uma comunidade de pesquisa e inovação transdisciplinar através da colaboração entre a academia, indústria e governo para aumentar a competitividade de seus stakeholders e melhorar a vida de suas comunidades. Visão Em 2015, o TECNOPUC será referência nacional e internacional devido à relevância de suas pesquisas com a marca da inovação, promovendo o desenvolvimento técnico, econômico e social da região.

Os principais objetivos do TECNOPUC são: •

atrair negócios que fomentem a pesquisa científica de impacto na universidade;



promover a criação e desenvolvimento de empresas de base tecnológica;



estimular a inovação e a interação governo-indústria-universidade;



atuar em sinergia com as esferas de governo e organizações do exterior.

Este ambiente de inovação, reconhecido em nível nacional e internacional, atualmente concentra mais de cento e vinte organizações, entre empresas graduadas e incubadas (startups e spin-offs), mais de seis mil colaboradores, instalados em 83 mil m2 de área edificada junto

   

 

 

ao TECNOPUC Porto Alegre, junto ao Campus da PUCRS, e o TECNOPUC Viamão, em município situado à 12 km da sede principal. As áreas de atuação, atualmente em número de quatro, encontram-se a seguir identificadas: •

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC);



Energia e Meio Ambiente;



Ciências da Vida;



Indústria Criativa.

Neste sentido, verifica-se que os esforços do TECNOPUC convergem para buscar e propiciar mudanças no modo como a sociedade atua e trabalha, contribuindo para o desenvolvimento e geração de riqueza. Pierre Levy (1999), afirma que a consciência do poder de transformação do homem e da sociedade da informação levam ao que se chama na atualidade de Sociedade do Conhecimento, onde o fator de produtividade, distinto das Sociedades anteriores (Agrícola e Industrial), está centrada no conhecimento. Esta Sociedade, por sua vez, tem como base a inovação, como processo estratégico que busca através da ciência e sua experimentação, o desenvolvimento, a partir da adoção de novos produtos, processos e técnicas capazes de agregar valor ao contexto onde se aplica. A inovação passa a ser o principal instrumento para a garantia da evolução e sustentabilidade do ecossistema e seu entorno. A sociedade do conhecimento tem como suas bases o conhecimento em si e a inovação. O conhecimento constitui-se na aplicação ou uso da informação de modo contextualizado e crítico visando um determinado objetivo. A inovação é um processo estratégico do qual fazem parte busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento e adoção de novos produtos, processos ou técnicas capazes de agregar valor em um determinado contexto em que se aplica. Normalmente, inovação vem relacionada à ruptura e traz consigo um forte componente de mudança. É essa mudança gerada pela inovação (seja de produtos ou de processos) que cria a necessidade de desenvolvermos mecanismos de aprendizagem cada vez mais ágeis e flexíveis, permitindo com isso nos mantermos, como pessoas ou organizações, sempre em constante atualização. Nesse sentido, a sociedade do conhecimento requer novos instrumentos e mecanismos institucionais para gerar as condições de desenvolvimento de ambientes propícios à inovação e à aprendizagem. Essa capacidade de aprender e a inovação são os grandes diferenciais competitivos que determinarão o futuro de nossas organizações (público ou privadas) e de nosso país.

   

 

 

O crescimento orgânico do TECNOPUC, juntamente com a utilização permanente de novos mecanismos de promoção da inovação, têm aumentado as perspectivas de ações pioneiras. Uma destas, e recente, é a criação de um projeto de mapeamento para promover um ambiente de maior intensidade de compartilhamento e colaboração entre as empresas do TECNOPUC. Este projeto, objeto deste artigo, iniciado no ano de 2015 e em fase de desenvolvimento, é chamado de Projeto de Aceleração de Sinergias (Strategic Resource Mapping – SRM). O objetivo geral desta iniciativa é a conexão entre empresas, pessoas e saberes, processos e serviços, procurando potencializar ações voltadas à inovação, pesquisa e desenvolvimento sob a tutela de ferramentas de análise e gestão. Em entrevistas com empresas de vários portes no TECNOPUC ao longo dos anos, ficou claro que havia um interesse muito grande em saber o que as outras empresas co-locadas estavam fazendo, o que podiam oferecer e o que precisavam. Mais que curiosidade, uma das razões práticas é poder trabalhar conjuntamente, gerando sinergias. Entretanto, os exemplos de trabalho conjunto seja via terceirização de partes do processo produtivo ou venda de produtos entre parceiros internos ao parque - foi sempre ocasionada através de conexões pessoais. As questões que ficam são: Como melhorar este processo, aumentando as possibilidades de interação de modo produtivo? Como diminuir o custo de pesquisar pessoalmente o que todos os outros estão fazendo? Como acelerar a sinergia no TECNOPUC? O objetivo deste projeto é aumentar a transparência e visibilidade dos recursos (necessidades e competências) das empresas de start up e de Tecnologia de Informação dentro do TECNOPUC. Isso permitirá (1) a criação de um mercado interno de produtos e serviços mais ágil, e (2) o aumento da possibilidade de desenvolvimento conjunto de projetos e inovação. Entre os objetivos específicos, que delineiam o alcance desta ação e sugerem seu processo de desenvolvimento são: •

Desenvolver plataforma para aumentar a sinergia entre o TECNOPUC e seus stakeholders;



Aumentar a sinergia entre o TECNOPUC e os stakeholders, assim como entre os mesmos;



Suportar um processo de viabilidade e sustentabilidade de longo prazo com vistas ao crescimento do TECNOPUC.

O fator que delimita esta abordagem em uma primeira fase, sustentando a estratégia do desenvolvimento de um projeto piloto, está centrado na iniciativa de atingir um conjunto de empresas pertencentes à área das empresas de TIC, devendo ser ampliado em fases subsequentes do projeto.

 

   

 

2. METODOLOGIA SRM: BREVE HISTÓRICO Empresas diversificadas - tanto funcionalmente como geograficamente - tendem a perder a visibilidade da extensão e localização de certos recursos e/ou capacidades. Em particular, certas capacidades ficam ocultas pela simples razão que não existem modos de serem catalogadas e, portanto se tornarem visíveis ao resto da organização. Uma das consequências é a possível criação de uma percepção que faltam certas capacidades em uma certa unidade de negócios e, portanto a necessidade de criação de uma política de investimento que resolva este problema. Este problema pode não ser real, já que capacidades apropriadas podem existir em outro local na empresa, levando a desperdícios de investimento. A situação oposta, onde áreas onde investimentos são realmente necessários e nada acontece é também uma sub-optimização de alocação de recursos. A metodologia chamada de Strategic Resource Mapping (SRM) foi criada em 2007 para resolver este problema. Basicamente, SRM foi desenhada para aumentar a visibilidade e transparência das capacidades dentro e entre silos naturais (unidades de negócio diferentes, geografias diferentes, unidades funcionais diferentes, etc.). SRM oferece uma representação visual da distribuição e abrangência das diferentes capacidades de uma empresa, assim como as conexões existentes (ou faltantes) para melhores negócios e maior sinergia. Muitas organizações nos Estados Unidos e Austrália já usaram esta metodologia. Por exemplo, SRM foi usada com sucesso na NASA (Jet Propulsion Lab, Pasadena, California) para aumentar a qualidade e velocidade de criação de propostas científicas em resposta a pedidos de agências do governo norte-americano. Deste modo, as competências e capacidades dos cientistas foram catalogadas, e as necessidades de uma certa RFP (request for proposals) são usadas para criar um "matchmaking" com estas competências. Uma outra aplicação de SRM foi na área governamental, no condado de Washtenaw em Michigan, onde duas unidades de TI (Washtenaw e a da cidade de Ann Arbor) foram adicionadas virtualmente, aumentando a desempenho do time combinado sem acrescentar custos (Evaristo, 2013). Na Austrália, uma agência governamental em Melbourne chamada "Sustainability Victoria" usou SRM para melhor avaliar suas vulnerabilidades e como melhorar sua eficiência (Evaristo, 2014a). Na 3M, esta metodologia criou aumento em vendas de mais e $300M de dólares em três anos (Evaristo, 2014b).

 

   

 

Todas as aplicações listadas acima foram feitas ao nível individual de capacidade i.e., conhecimento. Entretanto, outras aplicações, particularmente em fusões e aquisições (Evaristo, 2012, 2014a) usam empresas como unidades de análise. Estas aplicações foram a inspiração para o uso da metodologia na área de PCTs, tratando da identificação da distribuição das capacidades das empresas, verificação dos gaps de suas capacidades e necessidades e facilitação à inovação, criando conexões antes não identificadas. O potencial da metodologia é exatamente explicitar as demandas e ofertas das empresas no Parque.

3. SRM no TECNOPUC A proposição de desenvolver e implantar a metodologia SRM no TECNOPUC é pioneira em um PCT Brasileiro. É propositiva e desafiadora, posto que experiências semelhantes somente foram levadas e termo no exterior e em outros ambientes organizacionais (Evaristo e Zaheer, 2012, 2014). Como comentado anteriormente, nesta etapa piloto, o grupo alvo desta ação é o conjunto de empresas do TECNOPUC da área de TIC, atingindo cinquenta empresas selecionadas, entre graduadas e startups. A metodologia desenvolvida oferece suporte para, de forma consiste e confiável, criar oportunidades para estimular o mercado interno de produtos e serviços, facilitar desenvolvimento compartilhado entre empresas, e permitir investimento cruzado (cross investment). Sustentam e potencializam o desenvolvimento deste projeto algumas particularidades interessantes. Distintos e variados tipos de sinergias em PCT sempre existem e são passíveis, de uma forma ou de outra, de serem identificadas. Entretanto, em muitos casos, a sinergia acontece por acaso, de forma emergente ou mesmo contigencial, não permitindo uma efetiva exploração deste forte potencial. A aceleração propositiva dessas sinergias busca facilitar um olhar do PCT para atuação não somente nas áreas nas quais o ecossistema de inovação já atua, mas também como indicador de novas potencialidades, preenchimento de lacunas de competências, assim como para atração de novos empreendimentos convergentes com as estratégias de atuação do Parque. Neste contexto, a conexão das capacidades de uma empresa com as necessidades de outra, ou a conexão das capacidades de duas ou mais empresas, potencializa a identificação de ações sob uma estratégia de gestão contemporânea. A existência de uma forma estruturada para busca da identificação das capacidades (competências) existentes e as necessidades

 

   

 

(demandas) do conjunto destas empresas do Parque gera novos caminhos para a inovação e o desenvolvimento, oferece serviços com elevado valor agregado e faz aumentar a chances de mais empresas encontrarem parceiros e colaboradores para alcançarem o sucesso. A sinergia promovida se tangibiliza no fato de que os stakeholders poderão usufruir de conexões mais fortes entre si, oportunizando que as informações geradas pelo projeto poderão ser utilizadas também na forma self-service, ou conduzidas e induzidas pela Coordenação de Projetos e Negociação do TECNOPUC, como instrumento efetivo de gestão. No contexto deste Projeto e deste artigo, uma capacidade (ou competência) foi identificada como algo importante para o sucesso de uma empresa. As necessidades sugerem a existência de lacunas, ou falta de uma capacidade (ou competência). Algumas capacidades (ou necessidades) são técnicas em sua natureza, outras são relacionadas aos aspectos comerciais dos negócios. O Projeto SRM conecta empresas como potenciais parceiros. Esse matchmaking é feito através de um sistema de algoritmos apoiado pela experiência e capacidade qualitativa de análise do time de gestores do TECNOPUC. Com vistas ao desenvolvimento e implementação do Projeto SRM no TECNOPUC, tendo como objeto a aceleração de sinergias dentro do TECNOPUC e entre os stakeholders, foram definidas as seguintes ações a serem desenvolvidas: 1. Elaboração de uma lista de capacidades e necessidades do conjunto de empresas selecionadas; essa lista é simples, mas tão simples que a generalidade elimine a usabilidade; 2. Desenvolvimento de uma ferramenta mensuração e apoio para a coleta de dados relativa às capacidades e necessidades; 3. Identificação e análise das áreas mais relevantes, assim como as lacunas de existentes; 4. Desenvolvimento de abordagem entre os stakeholders com vistas à aceleração de sinergia, visualizada em três camadas, conforme ilustra a Figura 1:

1a Camada: nível público, onde haverá total visibilidade dos dados identificados sobre as capacidades e necessidades, oferecendo oportunidades de sinergia self-service; 2a Camada: nível confidencial, acessível somente ao TECNOPUC, e através de uma nova figura a ser criada em seu contexto organizacional,

o Arquiteto de Sinergia, com a

prerrogativa exclusiva de acesso a estes dados coletados, objetivando a identificação de potenciais sinergias de maior relevância; 3a Camada: nível privado, dados acessíveis somente por parte das empresas, podendo alcançar as demais camadas a partir evolução orgânica de suas capacidades e necessidades.

 

   

 

Proposição de alocação de recursos e investimentos, alinhados com o plano estratégico do TECNOPUC, com vistas a promover e gerar um maior nível de inovação tecnológica e crescimento. Ações como estas podem ser exemplificadas como: a. Orientar maiores investimentos para preencher lacunas identificadas de capacidades de determinado stakeholders ou em projetos conjuntos de stakeholders; b. Posicionar melhor as estratégias de atração de empresas para o TECNOPUC com foco nas necessidades identificadas.

Fronteira  B

Fronteira  A

1

Figura 1: SRM – Camadas e Acesso às Informações

Neste processo, podem ser ratificadas três características inovadoras. Em um primeiro momento está a separação das capacidades

e necessidades em três camadas, conforme

descrito anteriormente: informações públicas, disponíveis a todas as empresas; informações confidenciais, com acesso somente ao TECNOPUC, com vistas a sua atuação proativa; e, informações privadas, somente disponíveis para próprias empresas. Em segundo lugar, a criação de formas de acesso aos resultados do processo: por um lado uma ação reativa, onde as empresas podem pesquisar na base de dados para identificar outras empresas que possam oferecer as suas capacidades disponíveis, ou buscar suprir as lacunas de suas necessidades. Alternativamente, uma solução proativa onde se investigam as combinações de capacidades, identificando empresas que poderão trabalhar colaborativamente. O SRM projeta a possibilidade de auxilio às empresas para focar em um subconjunto de outras empresas com efetiva potencialidade de sinergia entre as capacidades e necessidades mútuas, de troca, compartilhamento ou mesmo de co-criação de novas ações. Em uma terceira perspectiva, a existência de um modo estruturado para identificação das capacidades disponíveis (ou faltantes)

no Parque, propiciando uma gestão mais ampla, com oportunidades para a

 

   

 

prestação de serviços que agreguem valor às empresas que encontrem parceiros para fomentar seu crescimento. A aplicação da Metodologia no TECNOPUC, em sua fase piloto, está baseada em cinco fases: Fase 1: Design: Escopo e Categorização. O escopo e a categorização de temas é definido em estreita parceria com o Diretor de TECNOPUC e as partes interessadas adequadas. Decisões de escopo incluem discussão sobre quais áreas-chave da Universidade também serão categorizadas. A recomendação para a primeira implementação é somente categorizar e mensurar as empresas internas do Parque. As necessidades serão priorizadas em conjunto com as principais empresas em encontros face-a-face. O principal obstáculo pode ser a falta de participação e envolvimento adequado das partes interessadas. Entregáveis: • D1: Definir as informações públicas das empresas, as quais o Parque precisa manter o controle, por dois objetivos principais: geração de sinergias de auto-atendimento e para apoiar a missão do TECNOPUC. • D2: Fortalecer o alinhamento dos objetivos dos stakeholders e do Tecnopuc. • D3: Criar uma maneira para para quantificar o valor da sinergia real possível. • D4: Criar uma ferramenta para apoiar o crescimento dirigido do Parque. • D5: Aumentar a visibilidade e a consciência de informações públicas das empresas. • D6: Aumentar a consciência dos stakeholders para a capacidade de investimento e alinhamento cruzados. • D7: Entrega de análise de capacidade da demanda das empresas. Fase 2: Pesquisa e Coleta de Dados. Nesta fase, um instrumento de coleta de dados sobre os stakeholders será criado e implementado. Os itens do instrumento são gerados na fase 1. • D8: Coletar dados sobre as empresas. • D9: Fornecer requisitos gerais de design para o site Sharepoint tornar públicas as informações.

 

   

 

Fase 3: Análise e recomendações iniciais A análise de correspondência entre as necessidades e competências entre as partes interessadas é a marca da metodologia SRM. • D10: Entregar a análise preliminar incluindo as principais lacunas de capacidade, principais áreas de demanda, e as áreas de fornecimento redundantes/similares das empresas. • D11: Aconselhar as empresas com base na análise preliminar. Fase 4: Planejamento e Implementação: Discussão conjunta e recomendações. Uma das características mais valiosas do SRM é que, uma vez que fornece percepções preliminares, a metodologia também descobre perguntas adicionais que levam a insights relevantes. A abordagem recomendada para esta fase é o engajamento em discussões conjuntas entre o grupo de interessados, facilitado pelo Parque. • D12: Análise mais detalhada e personalizada de questões específicas para o TECNOPUC e para os certas empresas. • D13: Institucionalização do papel de "Arquiteto de Sinergia".

No estágio atual, as Fases 1, 2 e 3 encontram-se finalizadas. Do conjunto de empresas participantes, 50 empresas da área de TIC, foi primeiramente identificada e promovida a taxonomia de Capacidades e Necessidades, a partir de reuniões realizadas com grupos de 5 a 8 empresas. Na sequência, foram elaborados instrumentos de coleta de dados a serem preenchidos por cada empresa, onde encontravam-se relacionados o conjunto de Capacidades e o conjunto de Necessidades, devendo estas serem identificadas e graduadas por cada respondente. Neste contexto foi utilizada a plataforma surveymonkey. A análise destas informações, já categorizadas com o auxílio de ferramenta gráfica, permitiu a elaboração de mapas com forte potencial de visualização das sinergias possíveis. Estes mapas podem ser customizados, caso a caso, seja pelas Capacidades ou pelas Necessidades, ou ainda pelas próprias empresas, podendo-se assim visualizar mais rapidamente as melhores competências disponíveis e as eventuais lacunas, no contexto de cada empresa, ou mesmo no contexto do ecossistema de inovação, oferecendo assim um campo de ação mais adequado a um processo de gestão propositivo para o crescimento e sustentabilidade das empresas e do TECNOPUC. A Figura 2 ilustra e exemplifica mapas gerados, buscando potencializar a aceleração de sinergia a partir das Capacidades e Necessidades das empresas envolvidas. O gráfico

 

   

 

mostra empresas (ícones brancos) que tem as capacidades necessárias (ícones azuis) ao nível mais alto (6) para atender às necessidades críticas listadas. Para a empresa X1, analisamos inicialmente as necessidades mais críticas. A partir dessa análise, criamos um mapa que mostra todas as empresas que podem suprir as necessidades apontadas no mapa. Por exemplo, a empresa número 6, como podemos verificar no canto inferior direito da figura, tem alta capacidade na área de comunicação (assessoria de imprensa) a qual é uma das necessidades da empresa X1. Uma das possibilidades, como estratégia de atendimento às necessidades da empresa X1, é escolher o menor número de empresas que concomitantemente atendem o maior número de necessidades da empresa X1. Como exemplo, a empresa de número 15 possui três linhas de conexão; portanto, significa que a mesma possui 3 capacidades no mais alto nível, a seguir: consultoria, concepção de produtos e serviços (design de user experience) e interface homem-máquina (engenharia de software). Já a empresa de número 14 apresenta 5 capacidades para atender às necessidades da empresa X1, a seguir: treinamento/aprendizagem, finanças, interface homem-máquina, (engenharia de software), design e concepção de produtos e serviços (design de user experience) e networking com outras empresas do mesmo segmento. Nesse caso, a empresa de número 14 cobre as mesmas capacidades da empresa de número 15, mas apresenta mais duas capacidades, portanto apresenta uma gama maior para solução de gaps da empresa X1. Resumindo, caso as duas empresas (a de número 14 e a de número 15) sejam comparáveis, prefere-se a empresa 14, pois essa apresenta mais eficientemente a interação necessária para a satisfação das necessidades da empresa X1. Isso caracteriza um mapa de compra. Já para caracterizar um mapa de venda, o processo é inverso: tomemos uma empresa, X2. Verifica-se as maiores capacidades dela, e a partir de então, gera-se os mapas que apresentarão as empresas cujas necessidades são altas nos mesmos ítens. Um exemplo prático é o caso de uma empresa de monitoramento de software, que desejava fazer uma gamificação de seu software, e através da identificação nos mapas gerados, encontrou outra empresa do parque que produzia jogos criativos e oferecia soluções elegantes e customizadas através de uma tecnologia modular. Problema resolvido! Essa interação se dá sempre, como mencionado anteriormente, através do auxílio do gestor do Parque, o qual auxilia os empresários a encontrar os melhores parceiros para seu negócio. As interações podem ser unidirecionais – quando somente uma empresa procura outra para solucionar seus desafios, ou bi-direcionais – quando há reuniões para que os

 

   

 

empresários se conheçam e assim possam encontrar conjuntamente soluções ainda melhores e mais criativas para seus desafios.

Figura 2: Capacidades das empresas para atenderem necessidades (ao nível mais alto)

Para o ecossistema de inovação TECNOPUC, à medida que as organizações compartilham o mesmo ambiente e maiores níveis de informações, podem consequentemente gerar maiores benefícios para os stakeholders e para as comunidades do seu entorno, tanto em nível regional como nacional. O estabelecimento de uma nova cultura, de troca e compartilhamento de informações e conhecimento torna-se imprescindível. Assim pode-se levantar aspectos relevantes das organizações e evidenciar oportunidades para novos produtos e serviços, formando um mapa útil para implementação de ações de integração, fomentando a realização de suas estratégias nas áreas econômica, social e humana. Para que este resultado seja alcançado é necessário que o Parque como um todo, ou seja, seus colaboradores, comprometam-se com as atividades promovidas no Parque e na comunidade que os cerca, observando como retribuir à mesma as oportunidades que experimentam.

A conexão das

capacidades e necessidades das empresas apresenta-se como um dos melhores vetores para a inovação na busca do sucesso do negócio.

 

   

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O TECNOPUC oferece um modelo caracterizado pela alta capacidade de transformação dos negócios e pelo engajamento de todos os envolvidos. O conhecimento gerado por pesquisadores, estudantes, professores e outros profissionais atuantes no ecossistema da PUCRS /TECNOPUC, resulta na criação de novas empresas (spin-offs) ou na transferência destas novas tecnologias para empresas ali estabelecidas. A Metodologia SRM em desenvolvimento no TECNOPUC visa criar mercado interno de produtos e serviços, alavancar o desenvolvimento compartilhado de novas soluções e negócios, aumentar e ordenar níveis de investimento, qualificar a interação entre as empresas do ecossistema, e promover ações de sustentabilidade de longo prazo. Este conjunto de ações planejadas e organicamente sistematizadas, potencializa as conexões entre os stakeholders do ecossistema de inovação. Como resultados as serem alcançados, estima-se o fortalecimento do alinhamento das organizações e o aumento da visibilidade pela publicização de suas capacidades e necessidades. Para a gestão do Parque, pode-se citar como resultados tangíveis a valoração da sinergia entre as empresas estabelecidas no Parque, a permanente atualização de suas capacidades e demandas, e finalmente, o desenvolvimento de uma ferramenta de acompanhamento do crescimento do TECNOPUC. Finalmente, por último, mas não menos importante, podemos citar

o fato de o

TECNOPUC aproveitar a geração dos mapas para uma análise mais profunda das características dos stakeholders existentes no parque, a fim de aumentar sua capacidade para não somente escolher mas buscar empresas novas, as quais complementem as áreas nas quais o parque atua. Dessa forma, o Parque poderá oferecer mais variedade de produtos e serviços, para que possa executar sua função primordial, que é colaborar para o desenvolvimento da região e do país. Cresce a compreensão de que o sucesso de um parque tecnológico, além de sua capacidade de atração de centros de pesquisa e empresas, depende também de sua capacidade de estabelecer pontes não somente entre o ensino, pesquisa e a indústria, mas oferecer produtos inovadores e competitivos em âmbito regional, e global. O TECNOPUC, concebido como um dos elementos da transformação da PUCRS em uma universidade inovadora, assume importância crescente como uma das possíveis iniciativas estruturantes com um projeto ambicioso com base na inovação em todos os domínios. Resumindo, o TECNOPUC é reconhecido por sua contribuição à transformação da PUCRS em uma universidade empreendedora; à estruturação, com base em metodologias

   

 

 

inovadoras e plasmadas no âmbito de uma iniciativa complexa, mas vital para a construção de uma sociedade mais rica, mais eficiente e mais conectada com o meio onde se insere. REFERÊNCIAS Authier, M. &Levy, P. (1999) Les Arbres de Connaissances - Les Découvertes- Poche. French Mass Market. Evaristo, J.R (2014) Innovating the Way We Sell: Knowledge Coverage Models. In Pugh, K. (Ed.) Smarter Innovation (pp. 171-174) Ark Group, London, UK. Evaristo, J.R. (2013) O Condado de Washtenaw e a Gestão por Competências com o Uso de Gestão do Conhecimento Estratégico. In Bitencourt, C., Azevedo, D., and Froehlich, C. (Ed.) Nas Trilhas das Competências (pp. 157-159. Teaching Case). Porto Alegre, Brazil: Bookman Evaristo, J.R. and Zaheer, S. (2014) Making the most of your firm’s capabilities. In Business Horizons (Vol. 57, Issue 3, May-June pp. 329-335). Kelley School of Business, Indiana Univ. USA. Spolidoro, R. & Audy, J. (2008) Parque Científico e Tecnológico da PUCRS. Edipucrs.

Brasil,

#228 - STRATEGIC RESOURCE MAPPING – O PROCESSO DE ...

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... surface and lubrication properties. A. photograph of the machine can be seen in figure 1, this model is CETR. Page 3 of 29. 200-228.pdf. 200-228.pdf. Open.