II Simpósio Brasileiro de Recursos Naturais do Semiárido – SBRNS “Convivência com o Semiárido: Certezas e Incertezas” Quixadá - Ceará, Brasil 27 a 29 de maio de 2015 doi: 10.18068/IISBRNS2015.resap039

ISSN: 2359–2028

MATAS CILIARES NAS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO NO SEMIÁRIDO PERNAMBUCANO Edijair Xavier da Silva Xavier Silva1,William Coelho Teixeira Coelho Teixeira2 Antônio Marcos dos Santos3 1- UPE,

Campus Petrolina, [email protected], (87) 8834-5467 Campus Petrolina, [email protected], (87) 8876-5644 3UPE, Campus Petrolina, [email protected], (81) 9224-5564 2- UPE,

RESUMO: As zonas ripárias (ciliares) são áreas de saturação hídrica, permanente, ou temporária, cujo objetivo é a proteção dos recursos naturais. O trabalho objetivou mostrar as situações dos ecossistemas ripárias nas cidades de Santa Maria da Boa Vista e Petrolina-PE, associando a falta de vegetação aos processos erosivos que possa advir. Para tal, foi realizada trabalho de campo, analisando as áreas desmatadas, onde se pode percebe que na extensão de Petrolina a Santa Maria da Boa Vista, se tem poucas áreas com zonas ripárias, sendo está mata substituída por pastagem e plantações de diversas culturas. PALAVRAS–CHAVE: Assoreamentos, recursos naturais e matas ripárias.

RIPARIAN THE EDGE OF RIO SAN FRANCISCO IN SEMIARID PERNAMBUCANO

ABSTRACT: The riparian zone is water saturation area, permanent or temporary, whose goal is the protection of natural resources. The study aimed to show the situations of riparian ecosystems in the cities of Santa Maria da Boa Vista -PE and Petrolina, linking the lack of vegetation to erosion that may arise. To this end, field work was carried out by analyzing the deforested areas, where one can see that the extent of Petrolina to Santa Maria da Boa Vista, has few areas with riparian zones, being replaced by pasture and forest to plantations several cultures. KEYWORDS: silting, natural resources and riparian forests.

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INTRODUÇÃO As matas ciliares (riparias) são formações vegetais com grandes composições florestais, que percorrer as margens do leito dos rios. As vegetações ciliares se tornam elemento importância devido à manutenção dos cursos d’água que ela proporciona, atuando como fonte de biodiversidade (ROBINSON et al., 2002; MEDEIROS, 2013). A necessidade de sua preservação tem sido reconhecida, porém, o rápido crescimento das cidades, juntamente com a expansão da agropecuária, vem acarretando em destruições de grandes partes das matas ciliares. De acordo com o Código Florestal (BRASIL, 2012), a largura da faixa dos rios varia conforme a largura dos cursos d’água, no caso do rio São Francisco, em sua faixa do submédia, séria necessária uma faixa de amparo de 500 metros, devido à largura serem superior a 600 metros (NASCIMENTO, 2009). As zonas ripárias do citado rio vêm passando por vários processos de transformações, tudo isso atrelado à extração de madeira, e a intensificação da agropecuária, atividades intensas na região. Com as margens do rio desprovidas de vegetação, no submédio do Vale do São Francisco, mais precisamente nas cidades de Santa Maria da Boa Vista e Petrolina, essas áreas estão mais sujeitas há erosões, devido as margens do rio apresentarem poucas vegetações ciliares (CODEVASF; 2010). As erosões se caracterizam como um dos problemas mais graves de degradação, provocando impactos irreversíveis ao meio ambiente (GUERRA, 2012). No semiárido brasileiro, as erosões emitem preocupações devido à própria fragilidade do material pedológico, ou seja, solos rasos, cascalhamento e muitas vezes areno-argiloso (BRASILEIRO 2008). Diante desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar as erosões nas margens do rio São Francisco, a partir dos impactos causados pela insuficiência da retirada das matas ripárias nas encostas do rio, abrangendo as cidades de Santa Maria da Boa Vista e Petrolina no estado de Pernambuco.

MATERIAL E MÉTODOS O município de Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, localizado no Vale do São Francisco, com clima semiárido, solos que variam entre os menos desenvolvidos (Neossolos) aos mais desenvolvidos (manchas de Latossolos). Tem sua base econômica voltada para a agricultura irrigada. Para isto, faz-se necessário o uso das águas do rio São Francisco, o qual além da funcionalidade econômica destacada para região é utilizado, também, para atividades de lazer, pesca, abastecimento urbano, entre outros usos. Para o presente estudo foram selecionadas as margens do Rio São Francisco no trecho que abrange as citadas cidades (Figura 1).

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Figura 1. Mapa da microrregião de Petrolina, delimitando os estudos no munícipio de Santa Maria da Boa vista e Petrolina, estado de Pernambuco Fonte: produção: Marcio José Ramos (2015)

Para realização do estudo foram realizados levantamentos bibliográficos e documentais de diversas fontes, acerca da problemática discutida. As atividades de campo, também, foram importantes para o desenvolvimento do estudo. Em locus foram observadas a situação das margens do rio São Francisco como foco para o cobrimento das margens e os principais problemas ambientais atrelados à ausência das matas ciliares, entre essas problemáticas destaca-se a erosão. Foram utilizados em campo: aparelho receptor de GPS (Sistema de Posicionamento Global); máquina fotográfica e planilhas para anotações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi identificado na área de estudos, margens do São Francisco, desde a cidade de Petrolina até Santa Maria da Boa Vista, sinais visíveis de erosões que margeiam o rio. A mata ciliar que percorre o rio, isto na abrangência de 50 metros, foi retira quase por completo, restando assim, poucas árvores em alguns trechos, tornando-se visíveis sinais de erosões na área estudada. Essas erosões estão associadas primordialmente à carência de matas ciliares nas suas margens.

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Devido à região do vale do São Francisco ser grande produtora agrícola, principalmente, nas proximidades do rio, essas extensões encontrar-se cada vez mais desmatadas, para a incisão de práticas agrícolas, alargando o assoreamento do rio São Francisco. De acordo com Silva et al. (2012) apud Rodrigues (2004) a vegetação natural protege o solo de diversas maneiras, a exemplo das fortes chuvas, que ao incidirem no solo desprovido de vegetação, carregam os nutrientes dos solos, levando, assim, muitos resquícios depositando no fundo dos rios, afetando sua profundidade, fato este, em suma relacionada à vegetação que antes diminuía o impacto da água, suavizando sua energia. A Figura 2 apresenta uma dimensão do processo de degradação do solo em Santa Maria da Boa Vista, denominado de voçoroca. Esta feição erosiva ocorreu devido à retirada da cobertura vegetal auxiliado pelo mau uso das terras. Neste local houve a retirada da caatinga para implantação da agricultura irrigada sem sucesso. Como se observa na figura 2 referida figura nota-se que a tendência dessa erosão é de se expandir, se não forem tomadas algumas providências para diminuir o avanço da mesma, sendo que essa erosão está vinculada à falta das zonas ripárias. Entre as voçorocas, verificadas, esta é a maior com largura superior a 9 metros e profundidade que chega a atingir 3 metros.

Figura 2. Canais de erosão no solo na comunidade de Cupira – Santa Maria da Boa, devido as forças antrópica associado à ausência de zonas ripárias É possível observar na Figura 2 que o desmatamento para fins agrícola é feito sem nenhuma preocupação por parte dos moradores, visto que praticamente não se tem fiscalizações nas áreas que foram feitos os estudos, como em outras regiões do Brasil. Na Figura 3 observa-se que nas margens do rio São Francisco são áreas com poucas presenças de matas ciliares, o qual proporciona a erosão, acarretando assim em grandes

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prejuízos socioambiental e econômico para as famílias que reside nessa localidade. A partir dessas imagens pode-se enfatizar que é de extremamente importância à delimitação das zonas ripárias para o planejamento socioeconômico e ambiental de uma bacia hidrológico de uma região, principalmente o vale do São Francisco pelo mesmo ter uma agricultura muito forte nas margens do rio.

Figura 3: Canais de erosões nas margens do rio São Francisco, com pouca presença de matas ciliares Fonte: Silva, E. X. (2015)

CONCLUSÕES Através deste estudo observa-se que em grande parte do rio São Francisco vem ocorrendo erosões ocasionadas pelas forças antrópica, tendo grande contribuição para este processo à carência de matas ripárias nas suas margens, a qual atua como fonte de proteção contra erosões. Nesse sentido, sugere que nessas áreas sejam introduzidas plantas nativas, ou a introdução de espécies

que

tenha

funções

de

desenvolvimentos

conhecidos,

no

sentido

de

conservação/recuperação dos recursos naturais. É de extremamente importante o conhecimento da fauna e flora da região, para obter resultados mais precisos. REFERÊNCIAS BRASIL, Lei Federal (2012). Código Florestal Brasileiro – Lei nº 12651, DF: Congresso Federal, 2012. BRASILEIRO, R.S. Um olhar geográfico sobre algumas práticas de desenvolvimento sustentável no semiárido nordestino. Revista de Geografia (Recife), v.25, n.3, p.37-68, 2008.

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CODEVASF. Agricultura no Vale do São Francisco. Companhia de Desenvolvimento do vale do São Francisco e Parnaíba. Juazeiro: CODEVASF, 2010. GUERRA, A.J.T. O início do processo erosivo. In: GUERRA, A.J.T., SILVA, A.S. e BOTELHO, R.G.M. (Orgs.). Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. 5ed. Rio de Janeiro, Editora Bertrand Brasil, 2010. p. 15-55. MEDEIROS, J.M. A demarcação de áreas de preservação permanente ao longo dos rios. Biotemas, v.26, n.3; p.261-270, 2013 NASCIMENTO, C.; E. D. AS MATAS CILIARES - RIO SÃO FRANCISCO. Embrapa Semi-Árido, BR 428, Km 152, Zona Rural, C.P. 23, CEP 56300-970, Petrolina-PE. 2009. RESENDE, F. Mirmecofauna em Fragmentos de Mata Ciliar. FUNEDI, 2007. Disponível em . Acesso em 31/10/2008. RODRIGUES, J. L. Processo de degradação da mata ciliar do rio Mamanguape no município de Mulungu/PB. 2004. 40f. Monografia (Conclusão de Curso) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Humanidades, Guarabira, 2004.

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Essas erosões estão associadas primordialmente à carência de matas ciliares nas suas. margens. Page 3 of 6. 39-1236-1-EDF.pdf. 39-1236-1-EDF.pdf. Open.

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