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BELÉM, DOMINGO, 15 DE FEVEREIRO DE 2015

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Prefeitura reclama de “herança maldita” Semob que já iniciou as intervenções do BRT na Augusto Montenegro

ARY SOUZA - O LIBERAL

DÍVIDA Gestão anterior deixou um rombo de R$ 56 mi na conta do projeto do BRT VICTOR FURTADO Da Redação

A

Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) garante que o projeto do BRT foi resgatado pela Prefeitura de Belém, no início da gestão, com sérios problemas, muitos deles técnicos e alguns de ordem administrativa. O prefeito Zenaldo Coutinho, ao assumir a Prefeitura, teve em mãos, deixada pelo seu antecessor, uma obra mal planejada, com erros de projeto e origem e coube à atual gestão decifrá-los e resolvê-los. Esta obra mudou a rotina do cidadão, tornando o trânsito de Belém um verdadeiro caos. Inicialmente a Prefeitura identificou que o ex-prefeito comprometeu, com o projeto BRT Belém, o orçamento do município em R$ 100 milhões nas obras no EntroncamentoAlmirante Barroso, dos quais R$ 56 milhões foram deixados como dívida para a nova gestão pagar, dívida essa que foi paga com recurso próprio da Prefeitura. Além dos problemas técnicos nos projetos, problemas contratuais e dívidas, não havia sido garantido pela gestão passada nenhum

Abrigos tomados pelo mato obrigam os usuários em Belém a esperar o ônibus em locais perigosos

financiamento para o BRT, entre outros problemas que foram sendo solucionados já no início da atual gestão. A Semob readequou o projeto e realizou todos os ajustamentos de conduta necessários para retomar as obras que foram finalizadas na avenida Almirante Barroso, inaugurada em janeiro de 2014. Depois disso, a Prefeitura partiu para a licitação de outras fases da obra, tudo feito com muita lisura e respaldo dos órgãos fiscalizadores. A Secretaria Municipal

de Urbanismo (Seurb) informou que, diferente da avenida Almirante Barroso, a obra física do BRT Augusto Montenegro, que vai do Entroncamento até a entrada de Icoaraci, é uma das mais complexas em termos de mobilidade urbana da capital paraense, e também uma das mais intensas. Os trabalhos no local já começaram, garante a Semob, apesar de não parecer, pois no local resta apenas uma poça de água. “Estamos trabalhando nas intervenções existentes, o que

garantirá o bom andamento da obra, a qual tem prazo de 18 meses para ser concluída, de acordo com o edital. Até dezembro de 2015 trabalharemos para a conclusão do primeiro trecho que vai do Entroncamento até o Mangueirão - cerca de 2,5 km de extensão -, já com o sistema operacional, conduzido pela Semob, já em funcionamento. A pavimentação e drenagem da Augusto Montenegro estão incluídas nas obras desta segunda etapa do BRT. Além disso, será feito um novo calçamento,

ciclovia e revitalização da iluminação pública. O consórcio já está trabalhando nas intervenções encontradas para dar celeridade à montagem do canteiro de obras e na conclusão do projeto executivo desta primeira etapa que vai até o Mangueirão”, afirma o titular da Seurb, Adinaldo Oliveira.

LICITAÇÃO “Desta forma podemos garantir que os serviços estão sendo executados. Serão cons-

truídos um túnel na Rodovia Tapanã/Mário Covas e um elevado no cruzamento com a Avenida Centenário. Com relação às ciclofaixas, a Seurb informa que serão construídas nas laterais das vias. O Consórcio EIT/Paulitec foi o vencedor da licitação no valor de R$ 263.685.972,19 para elaboração do projeto executivo e execução da obra na Augusto Montenegro. Simultaneamente à execução das obras civis desta etapa, serão licitadas as estações de passageiros para a Almirante Barroso e Augusto Montenegro”, segue Adinaldo. Ao longo de 2014, um grupo de trabalho foi criado pela Prefeitura de Belém com integrantes da Seurb, da Semob e da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) a fim de identificar possíveis intervenções existentes ao longo da via, de modo que elas não atrasassem o andamento da obra. Em 2016, garante a Prefeitura, já será possível inaugurar uma primeira fase do serviço BRT do Mangueirão até São Brás, já com as estações funcionando, ciclovias no entorno, bilhete único, linhas alimentadoras e uma reorganização no sistema de transporte de Belém.

Depois do início da circulação dos ônibus semiexpressos, na pista de concreto da Almirante Barroso, a sensação da população é de que as obras e implantação do BRT estão paradas e que a tão sonhada melhoria do transporte público não passará disso. Entretanto, o que a Semob e a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) garantem é que as próximas etapas estão em licitação ou aguardando recursos e logo devem começar. A próxima etapa é a Augusto Montenegro, que deve ser concluída até dezembro de 2015. Ainda serão feitas linhas de BRT na Centenário, na Belém-CentroIcoaraci e integração rodofluvial com dez portos. Ao todo, serão 55 km de circuito de BRT pelas principais vias da cidade, com novos ônibus e a esperança de menos congestionamentos pela melhor organização das linhas. A população ainda será informada de cada passo novo com audiências públicas e campanhas informativas. Ainda nesta semana, um cronograma atualizado deverá ser informado pela prefeitura, mas o planejamento original era ter tudo funcionando em

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Projeto prevê 55 quilômetros de corredores viários em toda a capital

Na Augusto Montenegro, restos da antiga obra do BRT iniciada na gestão passada

2016. A próxima etapa, que inclui algumas das obras mais intensas, será o corredor Augusto Montenegro até a entrada de Icoaraci. O trecho de 13 km de extensão terá várias intervenções na rede de drenagem (solucionando problemas de ala-

gamentos na área), construção de dois túneis - avenida Centenário e rodovia do Tapanã - e um elevado para o BRT no cruzamento com a avenida Centenário. O orçamento para essa obra é de R$ 300 milhões. Os recursos são da Caixa, FGTS e PAC da Mobilidade Urbana. O

projeto já foi licitado e as empresas que adquiriram o edital de licitação fizeram visitas técnicas à via nos últimos dias 13 e 14. A abertura das propostas será feita no dia 23. “O prazo de construção é de 18 meses e queremos entregar até o final de dezembro

de 2015, já inaugurando até o aniversário de Belém para os 400 anos. Estamos formando um grupo de trabalho para acompanhar as obras e encontrar todas as soluções possíveis para mitigar os transtornos que possam ser causados. Infelizmente, isso é um fato”, comentou o titular da Seurb, Adinaldo Oliveira. Com menos intervenções necessárias, mas num trecho muito maior, a etapa seguinte será o corredor Centro-BelémIcoaraci, num trajeto total de 20 quilômetros e custo total de R$ 140 milhões em recursos do PAC e Orçamento Geral da União (OGU). Adinaldo observa que esta parte está em fase de conclusão do projeto básico, que deverá ser licitado até agosto. Esta etapa vai desde a orla de Icoaraci, passando por vias do distrito, unindo com os BRTs da Augusto Montenegro, Centenário e Almirante Barroso, para ir até o centro da capital. As vias centrais que terão linhas de BRT (nem todas com pavimento de concreto) serão: avenida Governador José Malcher, avenida Visconde de Souza Franco (Doca), avenida Marechal Hermes, avenida

Portugal, avenida Tamandaré, rua Gama Abreu, avenida Serzedelo Correa, avenida Gentil Bittencourt, avenida José Bonifácio e então retornando ao circuito Almirante. A última etapa, em Belém, será a construção do BRT Centenário, num trajeto de cerca de 24 km, com recursos do OGU e do PAC 50 (50 grandes cidades), somando R$ 260 milhões. Adinaldo explica que este circuito terá o trajeto: Centenário, avenida Júlio César, retorno pelo aeroporto (nova linha de acesso do aeroporto ao Centro), avenida Pedro Álvares Cabral, Doca, avenida Senador Lemos e Júlio César novamente. “Com essas etapas, teremos o total de 55 km de BRT. Todos esses corredores serão com ônibus maiores, mais confortáveis e que não concorrem com os ônibus comuns, o que vai reduzir os congestionamentos ao reduzir o número ônibus e congestionamentos. Todo o sistema será controlado por uma central e os ônibus não vão parar nos semáforos. É a prioridade para o transporte público rápido”, concluiu o secretário.

Estações terão licitação única. Transporte fluvial está contemplado. Após a conclusão de cada uma dessas obras é que as estações para os passageiros serão licitadas e construídas. Mas diferente de cada circuito de BRT, a licitação para as estações será uma só. O mesmo deverá acontecer com os dez portos para integração rodofluvial com o BRT - possivelmente o primeiro BRT rodofluvial do mundo -, que são: Mosqueiro, Cotijuba, Outeiro, Icoaraci, Ver-o-Peso, porto da Palha, praça Princesa Izabel, UFPA, Combu e Ilha Grande. Cada estação e porto terá sistemas de controle e acompanhamento, permitindo aos passageiros acompanhar a posição do transporte. “Entendemos que a população tenha uma sensação de lentidão ou de que as coisas estão paradas, mas não estão. Para garantir os recursos e fazer as licitações da forma mais transparente o possível

OS NOVOS CORREDORES DO BRT

Duas maiores vias Î Almirante Barroso: R$ 100 milhões - obras físicas concluídas. Faltam as estações. Î Augusto Montenegro: R$ 300 milhões - inclui obras de um elevado no cruzamento com a Centenário e túneis nos cruzamentos com a Centenário e rodovia do Tapanã / Mário Covas, além de revisão do sistema de drenagem da via

ICOARACI - CENTRO: R$ 140 milhões Î Augusto Montenegro Î Orla de Icoaraci Î Centro do distrito Î Avenida Gov. José Malcher Î Avenida Visconde de Souza Franco (Doca) Î Avenida Marechal Hermes Î Avenida Portugal Î Avenida Tamandaré Î Rua Gama Abreu

Î Avenida Serzedelo Correa Î Avenida Gentil Bittencourt Î Avenida José Bonifácio BRT CENTENÁRIO: R$ 260 milhões Î Avenida Centenário Î Avenida Júlio César Î Retorno pelo aeroporto Î Avenida Pedro Álvares Cabral Î Doca Î Avenida Senador Lemos

PORTOS: R$ 52 milhões Î Mosqueiro Î Cotijuba Î Outeiro Î Icoaraci Î Ver-o-Peso Î Porto da Palha Î Praça Princesa Izabel Î UFPA Î Combu Î Ilha Grande FONTES: SEMOB E SEURB

leva tempo. A gestão passada já errou e não podemos errar em mais nada, pois já há uma descrença”, comenta a superintendente da Semob, Maísa Tobias. Nessas estações é que haverá integração entre linhas, compra de bilhete antecipada e mais conforto para a espe-

ra do ônibus, que não deverá passar de 15 minutos, como estima a Semob. Diferentes das estações tubulares de metal e vidro do projeto da gestão de Duciomar Costa - todas devolvidas sem custo aos cofres públicos -, as novas estações serão em material adequado ao clima belemense e serão

climatizadas. Os portos também usarão recursos do PAC 50, orçados em R$ 52 milhões, e aguardam as liberações pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU), Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Capitania dos Portos. Por enquanto já foram autori-

zadas, pela SPU, as obras nos portos de Cotijuba, Mosqueiro, Outeiro e Combu. Os portos também serão modernizados nos moldes das estações do BRT, com validadores e acompanhamento das embarcações via GPS. São esperados 500 mil passageiros por semana. “Quando concluídos, os

portos serão independentes e poderão funcionar mesmo que as obras do BRT para integração rodofluvial não estejam concluídas. O sistema fluvial não é transporte de pobre, muito pelo contrário. O sistema de transporte por BRT ainda é muito recente no mundo, mas com integração rodofluvial é algo mais avançado”, conclui Maísa, que enquanto professora e pesquisadora da Universidade Federal do Pará, esteve à frente do D-Fluvial, um projeto de transporte fluvial para a Região Metropolitana de Belém. Tudo tem sido acompanhado agora com a consultoria da Embarq Brasil. Belém agora faz parte da Associação Latino-Americana de Sistemas Integrados e BRT (SIBRT), juntamente com órgãos de outras cidades brasileiros e também do México, Equador, Peru e Chile.