Querido Charlie, Espero que, neste exato momento, você esteja bem. Após ler todas as suas cartas, senti que precisava te escrever de volta. Senti que precisava te agradecer por me contar sua história. Talvez você nem imagine o quanto suas palavras foram importantes para mim! Antes de receber suas cartas, eu não me entendia, não entendia o que acontecia dentro da minha cabeça e do meu coração. Toda vez que eu tentava compreender, tudo ficava ainda mais complicado e eu acabava desistindo. Agora eu entendo um pouco mais, e devo isso a você! Charlie, entre outras coisas, você me mostrou que eu não era a única pessoa que tinha uma vida feliz e triste ao mesmo tempo! Temos muitas semelhanças (fazer aniversário no mesmo dia é só uma delas), me reconheci em muito do que você escreveu. Você entende o quanto é especial e reconfortante encontrar alguém que é parecido com a gente? Eu acho que entende sim! Em sua cartas, você organizou em palavras o que eu tentava, mas não conseguia dizer. Isso me deu um alívio enorme. De tudo o que foi escrito, tem alguns trechos de sua última carta que me marcaram para sempre, você disse: "Então, eu acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas." Obrigada, Charlie! Eu tentava, em vão, entender as razões pelas quais eu era o que era, e principalmente as razões pelas quais eu sentia o que sentia. Isso me consumia! E você me disse para olhar pra frente, e eu olhei! Na mesma carta, você disse: "Acho que, se um dia eu tiver filhos e eles ficarem perturbados, não vou dizer a eles que as pessoas passam fome na China nem nada assim, porque isso não mudaria o fato de que eles estão transtornados. E mesmo que alguém esteja muito pior, isso não muda em nada o fato de que você tem o que você tem. É bom e mau. (...)Talvez seja bom colocar as coisas em perspectiva, mas às vezes acho que a única perspectiva é estar aqui. Como disse a Sam. Porque não há problema em sentir as coisas. E ser quem você é." Mais uma vez, obrigada! Obrigada por não ser como tantos que pisam, menosprezam e ridicularizam os sentimentos e as dores alheias. Obrigada por deixar que as pessoas ao seu redor possam ser elas mesmas! E obrigada por falar sobre as perspectivas, como diria Bill, o seu adorável professor, "às vezes as pessoa usam o pensamento para não participar da vida". Eu via as coisas sob perspectivas demais, e não reparava na mais importante, não participava. Juro que estou tentando mudar isso. Querido Charlie, eu teria muitas coisas para te dizer, quem sabe até daria para escrever um livro. Mas, por hoje, acho que já falei o mais importante. Não me chame de chata, mas preciso agradecer novamente: obrigada por fazer mais por mim do que tantas outras pessoas foram capazes de fazer! Até algum dia! Com amor, Marijleite. ps.: mande um abraço ao Stephen Chbosky, por favor ;) .