IFBA – Campus Vitória da Conquista Prof.: Rafael Neiva Segurança da informação __/__/14
Deep Web Um lugar conhecido por poucos. Um espaço onde transitam grupos como Anonymous e onde informações como as do Wikileaks são coletadas. A internet como todos conhecem é apenas parte do espaço virtual. Para além dela existe uma outra, conhecida como deep web – ou web profunda. Numa reportagem especial, nossa equipe mergulhou nesse universo paralelo, em que não há regras, e os perigos são muitos. O primeiro choque com a deep web é em relação ao tamanho deste lado escuro da internet. Um iceberg, um destes blocos gigantes de gelo que vagam pelo oceano. A parte visível, que fica acima da superfície da água seria o correspondente à nossa internet cotidiana, como conhecemos hoje. Os outros 90% submersos escondidos ali representariam a proporção desta parte da rede. Para quem nunca ouviu falar no assunto, a principal diferença entre a nossa internet e a deep web é que neste lado escondido da rede, nada é indexado. Nada é rastreado. Todo o tráfego do dados é criptografado, o que significa privacidade e anonimato, o que pode ser bom e ruim ao mesmo tempo. "A deep web se diferencia muito da rede normal, porque é tudo criptografado", conta Jaime Orts Y Lugo, especialista em segurança. Ele explica que diferentemente da web tradicional, neste pedaço da web, a informação passa por vários pontos, recebendo uma criptografia em cada um. Na web normal, tudo que fazemos para chegar a qualquer destino pode ser facilmente rastreado.Ou seja, privacidade é ilusão. Mais que isso: mecanismos inteligentes identificam o que fazemos o tempo todo na rede para, logo em seguida, oferecer publicidade dirigida e relacionada ao nosso gosto pessoal. E muita gente acaba usando a deep web simplesmente por não estar de acordo com esta regra imposta por gigantes como o Google. "Eu diria que há o respeito à privacidade na parte de baixo [da internet]. Eu não quero ter uma máquina cheia de cookies. Eu não quero que as pessoas saibam o que eu estou comprando, o que eu gostaria de comprar, nem quero ser bombardeado com oportunidades de compra só por estar fazendo uma busca", diz Lugo. O especialista em segurança diz que a "parte de baixo do iceberg" existe por deficiências da parte superior e seu uso comercial excessivo. Por outro lado, uma infinidade de criminosos viu na deep web um prato cheio para praticar atos ilícitos e garantir o anonimato. Nossos repórteres mergulharam de cabeça no assunto e descobriram coisas bizarras e assustadoras. "Tem coisas estranhíssimas que você nem imagina que haja quem possa gostar daquilo, principalmente relacionado a sexo", conta o repórter Leonardo Pereira. "Tudo que você imaginar de parafilia tem lá dentro", ele afirma, contando ainda que é comum se deparar com imagens que "você não gostaria de ver" ao navegar. E realmente tem de tudo neste lado obscuro da internet: sites de pedofilia, turismo sexual e até assassinos de aluguel estampam a principal página de buscas da deep web. Lugo, no entanto, vê uma paranoia muito grande sobre a deep web. "Eles preferem sempre falar da coisa ruim, que só tem droga, contrabando, armas... mas tem para quem? Para quem está procurando!", afirma. Ele admite que existe a possibilidade de acabar acessando sem querer uma destas páginas por inexperiência, mas lembra que "quem entra lá para procurar drogas, também pode ir à esquina para comprá-las." O assunto é delicado e divide opiniões. As autoridades, claro, sabem que a deep web existe, mas como já foi dito não há nada que se possa fazer. É praticamente impossível identificar um acesso neste lado misterioso da rede. Entretanto, quem a usa para o bem não é conivente com toda esta ilegalidade. O grupo de hackers Anonymous, por exemplo, conseguiu detectar uma rede de pedofilia com 1,6 mil usuários na deep web e, depois de atacar o site virtualmente, entregou todos os envolvidos para a polícia. "É uma forma de você combater o ponto e não acabar com tudo", afirma Jaime Orts Y Lugo. "Imagina se, em uma sala, uma pessoa está se comportando mal. Por causa dele, o resto vai sofrer as consequências?", exemplifica o especialista em segurança. Ele defende que sejam punidos apenas as pessoas causadoras de problemas.
Para acessar a deep web, é preciso ter um navegador específico chamado Tor (The Onion Router). Seu símbolo, uma cebola, remete às várias camadas que são necessárias atravessar para se chegar a um conteúdo específico. "A primeira impressão é que se trata de um lugar bem difícil de se mexer e que você precisa de muita paciência, seja lá qual for o motivo pelo qual você está usando a deep web", conta o repórter Leonardo Pereira. "Nós conversamos com algumas pessoas e elas disseram que os vírus surgem lá. Eles são testados lá dentro. Então é preciso tomar cuidado, com um computador bem preparado e não pode sair clicando em tudo", ele explica. Ou seja: para experimentar, tome esta série de medidas de proteção: Tenha um bom antivírus instalado; Use um firewall; Patches de segurança de seu sistema operacional devem estar atualizados; Prefira um modem 3G à rede de internet local para evitar uma invasão; Procure algo interessante. "Trazer alguma coisa do mundo de lá para o mundo de 'cá' é perigoso, sem dúvidas. Pode acontecer o mesmo que comigo: eu baixei um monte de coisas relacionadas à minha pesquisa e não era nada daquilo", diz Lugo, recomendando cautela. A mesma postura é recomendada por Leonardo Pereira. "Na dúvida, não clique. É a principal dica", recomenda o repórter.
Olhar Digital – 27/01/2013