UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

IRENE RIOS DA SILVA

CAMPANHAS EDUCATIVAS PARA O TRÂNSITO: a percepção sensível de jovens e adultos

Itajaí/SC 2013

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura - ProPPEC Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE Curso de Mestrado Acadêmico

IRENE RIOS DA SILVA

CAMPANHAS EDUCATIVAS PARA O TRÂNSITO: a percepção sensível de jovens e adultos

Pesquisa apresentada ao Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Educação, da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito à obtenção do grau de Mestre em Educação – área de concentração: Educação – (Linha de Pesquisa Cultura, Tecnologia e Processos de Aprendizagem).

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Carla Carvalho.

Itajaí/SC 2013

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FICHA CATALOGRÁFICA

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Dedico este estudo ao meu irmão, Zeca, vítima da violência viária, e a todos que promovem a Educação para o Trânsito.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço... àquele que me apoia, me incentiva e me protege, José Vilmar, esposo amado e grande amigo; aos que foram pacientes e entenderam minha ausência, mesmo estando por perto, sempre apoiando e incentivando meus estudos, meus familiares, especialmente meus filhos, Joyce, Kleyton e Franklin; aos mestres que me guiaram nesta caminhada, especialmente a minha orientadora Prof.ª Dr.ª Carla Carvalho, pelo zelo, carinho e dedicação ao meu trabalho; aos professores que aceitaram participar da banca de qualificação e de defesa, Prof.ª Dr.ª Adair de Aguiar Neitzel e Prof. Dr. Silvio Serafim da Luz Filho, pelo cuidado e atenção ao meu trabalho; aos amigos do Grupo de Pesquisa Cultura, Escola e Educação Criadora, pelas discussões de qualidade, que me inspiraram a realizar a pesquisa sobre o sensível; à Janete, pela dedicação e pelas dicas durante a revisão deste trabalho; à Tânia Regina Raitz, por oportunizar a coleta de dados, junto ao PIBID; aos alunos da Educação de Jovens e Adultos do NAES – Tijucas, pelo aceite em participar desta pesquisa, respondendo atentamente aos questionários; a todos que contribuíram, mesmo que indiretamente, para a realização deste projeto.

Muito obrigada a todos!

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RESUMO

Este é um estudo desenvolvido no grupo de pesquisa Cultura, Escola e Educação Criadora, da linha Cultura, Tecnologia e Processos de Aprendizagem do Programa de Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Itajaí. Esta pesquisa tem como meta identificar a percepção sensível de estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), frequentadores do Núcleo Avançado de Ensino Supletivo (NAES) de Tijucas (SC), relacionada a quatro campanhas educativas para o trânsito, promovidas pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran, veiculadas nos meios de comunicação em 2011 e 2012. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, em uma perspectiva aproximada do método hermenêutico. A partir da argumentação de pesquisadores como Duarte Jr. (2001), Maffesoli (1998), Schiller (1995), Matta (2010), Kanki (1995), dentre outros, são discutidos os benefícios da educação sensível para a aprendizagem de atitudes coerentes em prol da segurança viária. As campanhas investigadas foram caracterizadas e classificadas e os dados sobre a percepção sensível dos sujeitos da pesquisa foram coletados por meio de questionários contendo perguntas abertas e fechadas. Os resultados permitem mencionar que as campanhas de educação para o trânsito, que fizeram parte desta pesquisa, proporcionaram diversas percepções sensíveis nos sujeitos. Nas respostas relacionadas às quatro campanhas exibidas, há dados que comprovam que as mensagens foram percebidas e que as atitudes incoerentes no trânsito foram criticadas pelos sujeitos. As percepções sensíveis que mais comoveram foram: a morte, principalmente a da criança, a ruptura de um momento de alegria e o sofrimento dos familiares das vítimas. As campanhas provocaram reflexões sobre: o sofrimento das vítimas de trânsito, os riscos relacionados à mistura de álcool e direção, o uso da motocicleta e a importância da vida. No decorrer do texto, é citada a falta de sensibilidade no trânsito e a consequência disso para a sociedade. A educação dos sentidos é defendida, assim, como uma possibilidade para práticas e atitudes mais seguras e mais éticas no trânsito, sendo as campanhas educativas para o trânsito acompanhadas por projetos educativos em escolas e universidades parte importante desse processo. Palavras-chave: Percepções sensíveis. Educação para o trânsito. Campanhas educativas para o trânsito. Educação para o sensível.

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ABSTRACT

This study was carried out in the Culture, School and Creative Education research group, as part of the line of research Culture, Technology and Learning Processes within the Master’s degree Program in Education of Vale do Itajaí University. This research aims to identify the sensitive perceptions of Youth and Adult Education students (EJA) who attend the Núcleo Avançado de Ensino Supletivo [Advanced Supplementary Education Center] (NAES) in Tijucas (SC), in relation to four educational road safety campaigns promoted by the Ministry of Cities, in partnership with the State Transport Department (DENATRAN), conveyed in the media in 2011 and 2012. This is a qualitative research, using an hermeneutical method. Based on the arguments of researchers such as Duarte Jr. (2001), Maffesoli (1998), Schiller (1995), Matta (2010), Kanki (1995), among others, it discusses the benefits of sensitive education for learning coherent attitudes that promote road safety. The campaigns investigated were characterized and classified, and data on the sensitive perceptions of the research subjects were collected through questionnaires with open and closed questions. The results showed that the educational road safety campaigns investigated in this research provided several sensitive perceptions in the subjects. In the responses related to the four campaigns shown, there is evidence that the messages were perceived and that incoherent traffic attitudes were criticized by the subjects. The sensitive perceptions that most affected the subjects: death, especially of the child, the spoiling of a moment of joy, and suffering of the victims’ families. The campaigns provoked reflections on: the suffering of traffic accident victims, the risks related to driving while under the influence of alcohol, the use of the motorcycle, and the importance of life. Throughout the text, the lack of sensitivity in traffic is defended, and its consequences for the society. The education of the senses is advocated, thus, as a possibility to safer and more ethical practices and attitudes in traffic, it is considered an important part of this process that educational road safety campaigns be accompanied by educational programs in schools and universities. Keywords: Sensitive perceptions. Road Safety education. Road Safety education campaigns. Sensitive education.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”

47

Figura 2: Pedestre. "Pare, pense, mude"

55

Figura 3: Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar”

59

Figura 4: Causas de acidentes com Motociclistas

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Figura 5: Campanha de Fim de Ano

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Figura 6: A comoção nas Campanhas de Educação para o Trânsito

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Figura 7: A reflexão a partir das campanhas de educação para o trânsito

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Indenizações pagas por morte por faixa etária e tipo de vítima

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Gráfico 2: Faixa etária dos sujeitos da pesquisa

22

Gráfico 3: Vídeo que mais tocou

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Gráfico 4: Indenizações pagas por invalidez, faixa etária e tipo de veículo

73

Gráfico 5: Vídeo que mais fez pensar

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Caracterização das campanhas analisadas

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Tabela 2: Justificativas para a escolha do vídeo Campanha de fim de ano como o mais tocante

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Tabela 3: Justificativas para a escolha do vídeo da campanha Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” como o mais tocante

71

Tabela 4: Justificativas para a escolha do vídeo da campanha Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar” como o mais tocante

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Tabela 5: Reflexões dos sujeitos que escolheram o vídeo Campanha de fim de ano como o que mais fez pensar

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Tabela 6: Local do consumo do álcool antes da última situação de beber e dirigir (em %) (somente para adultos que beberam mais de 3 doses e dirigiram)

78

Tabela 7: Reflexões dos sujeitos que escolheram o vídeo Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” como o que mais fez pensar

82

Tabela 8: Reflexões dos sujeitos que escolheram o vídeo Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar” como o que mais fez pensar

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

CONTRAN

Conselho Nacional de Trânsito

CTB

Código de Trânsito Brasileiro

DENATRAN

Departamento Nacional de Trânsito

DPVAT

Seguro do trânsito que cobre Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores

ECA

Estatuto da Criança e do Adolescente

EJA

Educação de Jovens e Adultos

NAES

Núcleo Avançado de Ensino Supletivo

PIBID

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

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2 EDUCAÇÃO SENSÍVEL PARA O TRÂNSITO

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2.1 OS SENTIDOS E O CONHECIMENTO

24

2.2 A SENSIBILIDADE E O TRÂNSITO

26

2.3 O DESPERTAR DOS SENTIDOS

29

3 UM OLHAR SOBRE AS CAMPANHAS EDUCATIVAS PARA O TRÂNSITO

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3.1 O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

37

3.2 O SENSÍVEL NAS CAMPANHAS EDUCATIVAS AUDIOVISUAIS

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3.3 CAMPANHAS PESQUISADAS

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3.3.1 CAMPANHA: DEPOIMENTO - BEBIDA E DIREÇÃO. “O EFEITO DO ÁLCOOL PASSA, A CULPA FICA PARA SEMPRE” – VÍDEO A

46

3.3.2 CAMPANHA: PEDESTRE. "PARE, PENSE, MUDE" – VÍDEO B

53

3.3.3 CAMPANHA: MOTO INTERIOR. “É PRECISO SABER USAR. É PRECISO RESPEITAR” – VÍDEO C 58 3.3.4 CAMPANHA DE FIM DE ANO – VÍDEO D

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3.4 A COMOÇÃO A PARTIR DAS CAMPANHAS DE EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO

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3.5 A REFLEXÃO A PARTIR DAS CAMPANHAS EDUCATIVAS PARA O TRÂNSITO

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4 CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTE PROCESSO

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REFERÊNCIAS

90

APÊNDICES

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1 INTRODUÇÃO Os cinco sentidos são, a um tempo, seres da “caixa de ferramentas” e seres da “caixa de brinquedos”. Como ferramentas os sentidos nos fazem conhecer o mundo. A cor vermelha no semáforo diz que é preciso parar o carro. O som da buzina chama a minha atenção para um carro que se aproxima. O cheiro estranho na cozinha me adverte de que o gás está aberto. Como brinquedos os cinco sentidos me informam que o mundo está cheio de beleza. Eles são órgãos sexuais: com eles fazemos amor com o mundo. Dão-nos prazer e alegria. Rubem Alves

A argumentação de Rubem Alves (2012) provoca-nos a refletir sobre como os cinco sentidos - visão, audição, olfato, paladar e tato -, são importantes na vida do sujeito. O autor analisa-os de uma maneira lúdica, esclarecendo que são instrumentos que possibilitam o conhecimento de mundo, que possuem a função de prevenir acidentes e de mostrar a beleza do planeta. Podemos completar o pensamento de Rubem Alves, refletindo sobre nossa existência neste mundo. Se formos apontar a importância dos cinco sentidos em nossa vida, observaremos que eles estão presentes desde o ventre materno. O bebê, na zona uterina, já consegue distinguir, por meio do paladar, a diferença entre o amargo e o doce, inclusive já faz a seleção dos alimentos que a mãe digere, expelindo os amargos e absorvendo os doces. A partir da 26ª semana de gestação, a audição do bebê funciona normalmente. Ele consegue ouvir e distinguir os ruídos do corpo da mãe e o som exterior, como vozes e música. Ele é capaz, ainda, de reconhecer a voz da mãe e a do pai, mesmo antes de nascer. Durante a infância, a partir de estímulos recebidos, os cinco sentidos são cada vez mais aprimorados. A criança percebe o mundo a sua volta e aprende por meio da sensibilidade. Ela aprecia o que os cinco sentidos lhe proporciona, divertese com o que vê, com o que ouve, com o que degusta, com o que cheira e com o que sente. Segundo Ostrower (2012), a sensibilidade pertence a todos os seres humanos. “Ainda que em diferentes graus ou talvez em áreas sensíveis diferentes, todo ser humano que nasce, nasce com um potencial de sensibilidade.” (OSTROWER, 2012, p. 12). Entendemos, assim, que as pessoas nascem com

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tendência para o sensível, que a sensibilidade é algo possível na existência humana. Essa constatação pode ser observada nas palavras de Duarte Jr.: De pronto e ao longo da vida aprenderemos sempre com o “mundo vivido”, através de nossa sensibilidade e nossa percepção, que permitem nos alimentemos dessas espantosas qualidades do real que nos cerca: sons, cores, sabores, texturas e odores, numa miríade de impressões que o corpo ordena, na construção do sentido primeiro. O mundo, antes de ser tomado como matéria inteligível, surge a nós como objeto sensível. (DUARTE JR., 2001, p. 14).

A

sensibilidade

e

a

percepção

proporcionaram-nos

os

primeiros

aprendizados, possibilitaram-nos conhecer o mundo e continuam presentes durante nossa existência. Ambas são importantes e a junção das duas resulta na percepção sensível, que é o foco desta dissertação. Sobre a sensibilidade, cabe aqui destacar a definição de Ostrower: Baseada numa disposição elementar, num permanente estado de excitabilidade sensorial, a sensibilidade é uma porta de entrada das sensações. Representa uma abertura constante ao mundo e nos liga de modo imediato ao acontecer em torno de nós. (OSTROWER, 2012, p. 12).

Observamos que a sensibilidade tem relação com as sensações provocadas pelos acontecimentos a nossa volta. Parte dessas sensações, conforme argumenta a autora, chegam ao nosso conhecimento de maneira organizada - são as percepções. As percepções podem acontecer ou não. Sobre esse fenômeno, convém conhecermos as argumentações de Vázquez (1999). O autor aponta que a percepção comum é uma ação singular, sensível e imediata. É singular porque o sujeito, mesmo vivendo em sociedade, percebe individualmente. É sensível porque o sujeito percebe o que está acessível a seus sentidos e é imediata quando o sensível é captado sem necessidade de recorrer a “pontes, mediações ou estágios intermediários” (VÁZQUEZ, 1999, p. 135-136). Vázquez argumenta, ainda, que, por meio da percepção, as pessoas sentem, recordam, imaginam e pensam, ou seja, a percepção revela mais do que os órgãos sensíveis captam. Ele esclarece que a atitude de perceber, mesmo sendo individual, determinada, em grande parte, pela experiência de vida do indivíduo, é uma atitude social, pois o indivíduo é, também, um ser social. Para o autor: “A percepção é

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seletiva. Nem todos os dados sensíveis são percebidos, só os essenciais para identificar um objeto como tal” (VÁZQUEZ, 1999, p. 136-137). O autor esclarece, ainda, que essa seleção ocorre porque os dados essenciais ocupam o primeiro plano, enquanto que os demais permanecem em segundo plano, ou abstraem-se deles. É essa função seletiva que proporciona a percepção sensível, caso contrário haveria um conglomerado disforme de sensações. Percepção sensível, então, são as sensações que chegam ao nosso consciente e subconsciente por meio dos sentidos, após passarem por uma seleção e organização, conforme experiências individuais, interesses e conhecimentos. A percepção sensível é um tema bastante discutido no grupo de pesquisa Cultura, Escola e Educação Criadora, do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade do Vale do Itajaí. Essas discussões fizeram-me refletir sobre o sensível como um ponto de partida para se chegar ao conhecimento e, consequentemente, à prática de atitudes seguras no trânsito, motivando, assim, esta pesquisa. Outra motivação são os projetos que desenvolvo na área de educação para o trânsito, como professora em cursos de aperfeiçoamento, graduação e pós-graduação e como palestrante e escritora de livros e de artigos na área1. Formada em Magistério e graduada em Letras - Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa -, dedico-me à educação desde 1987, como professora da educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior. A educação para o trânsito tem feito parte da minha vida profissional desde 2004. A escolha por essa área deu-se por iniciativa própria, após a perda de um irmão, vítima da violência viária. Na época, decidi que a sua morte não deveria ser em vão, que poderia fazer algo para evitar que outras famílias passassem pelo que minha família passou.

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A primeira atividade que desenvolvi em prol da segurança viária foi a publicação do livro Transitando com Segurança 1 . A obra foi lançada em 2005 e adotada em diversos municípios catarinenses, sendo adquirida, também, por pessoas de várias regiões do Brasil. O sucesso dessa publicação serviu de incentivo para eleger a educação para o trânsito como minha profissão. Fiz especialização e diversos cursos de aperfeiçoamento na área. Publiquei, ainda, os livros Quem? Eu? Eu Não! E outras crônicas de trânsito (2007), Manual para Motorista, com agenda (2009) e Guia Didático de Educação para o Trânsito (2012). Tenho realizado cursos e palestras de educação para o trânsito em diversas cidades brasileiras a fim de difundir o tema e formar multiplicadores. Além disso, tenho, também, lecionado a disciplina de educação para o trânsito em algumas universidades que oferecem curso de graduação ou pós-graduação na área de trânsito.

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A violência no trânsito representa um grande problema social. Conforme dados da Seguradora Líder (2013), administradora do seguro DPVAT2, no Brasil, em 2012, foram pagas 60.752 indenizações por morte no trânsito e 352.495 por invalidez permanente. Esses números significam 166 indenizações pagas por morte e 965 indenizações pagas por invalidez permanente ao dia. São dados que comprovam que estamos diante de uma epidemia grave. Devido às características da vida moderna, como as inovações tecnológicas, o excesso de informações e a grande quantidade de atividades, as pessoas estão, frequentemente, correndo e, com isso, perdendo o hábito de olhar em volta. Elas estão, assim, tornando-se cada vez mais desatentas aos perigos das ruas e aos riscos no trânsito. Estamos nos tornando, a cada dia, mais insensíveis, sem a capacidade de olhar e de nos colocar no lugar do outro. Duarte Jr. (2001) chama-nos a atenção para essa falta de sensibilidade. O autor adverte que estamos passando pela “Crise da modernidade”, cujos efeitos são bastante visíveis nas grandes cidades. O colapso das grandes cidades parece evidente, com seus congestionamentos, sua deterioração material, sua variegada poluição e toda a violência que se espraia por seus interstícios. As ruas vão se tornando cada vez menos um acolhedor e convidativo lugar de passeio e cada vez mais um simples elo entre a casa e o compromisso, uma distância que deve ser rapidamente vencida a fim de se evitar ameaças à nossa integridade, bem como desnecessárias perdas de tempo. (DUARTE JR., 2001, p. 85).

Essa falta de sensibilidade nas grandes cidades, descrita por Duarte Jr., talvez esteja motivando a violência viária, resultando em várias vítimas no trânsito diariamente. Podemos observar que nossas ruas estão repletas de cidadãos que não percebem ou não respeitam a sinalização de trânsito, que transitam sem responsabilidade e sem ética. Atitudes que fazem aumentar as estatísticas de mortes e feridos no trânsito brasileiro. Educar para o trânsito é um desafio. Apesar do alto índice de violência viária, parece que há pouca percepção sensível por parte das pessoas para esse problema social. As ações realizadas estão muito aquém do que é necessário e não estão provocando as mudanças necessárias para transformar essa realidade. Percebemos isso ao observar o comportamento individualista, apressado e agressivo das 2

Seguro do trânsito que cobre Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores.

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pessoas nas vias e na grande quantidade de notícias sobre violência no trânsito publicada nos jornais. Perante essa situação, faz-se necessária uma análise das ações educativas de trânsito a fim de avaliar como está a percepção e a aceitação dessas atividades. Além disso, há a necessidade de buscar estratégias que tragam os resultados que tanto precisamos para a segurança e a tranquilidade viária. O Ministério das Cidades, em parceria com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), vem realizando campanhas educativas pontuais para o trânsito, ou seja, na Semana Nacional de Trânsito, comemorada anualmente no período de 18 a 25 de setembro, e em outras datas comemorativas. Essas campanhas, no formato audiovisual, são veiculadas na televisão, em rede nacional, em horários de grande audiência. Certamente muitas pessoas assistem aos vídeos. No entanto, os índices de violência viária permanecem altos. Desta forma, por que parece que as campanhas não produzem os resultados esperados? Na qualidade de educadora de trânsito, tenho escutado e lido muitas críticas relacionadas aos estilos das campanhas educativas para o trânsito produzidas no Brasil 3 . Como exemplo, costuma-se comparar as campanhas desenvolvidas no Brasil com as produzidas em outros países, como Austrália4, onde a realização de campanhas educativas para o trânsito tem resultado na diminuição do índice de violência viária. Este estudo, assim, foi se constituindo em uma proposta de dissertação, pautada na ideia de que as campanhas educativas para o trânsito, promovidas pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran, proporcionem percepções sensíveis. Assim, a partir das leituras de textos de Duarte Jr. (2001), Maffesoli (1998), Schiller (1995) e outros estudiosos, surgiu a problemática desta dissertação: Qual a percepção sensível de jovens e adultos sobre as campanhas educativas para o trânsito? Para obter respostas ao problema de pesquisa, estabelecemos como objetivo geral analisar a percepção sensível de estudantes da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Médio sobre as campanhas educativas de trânsito. 3

São críticas veiculadas por especialistas e demais profissionais da área de trânsito, em blogs, redes sociais e grupos de discussão do Yahoo. 4 Há uma reportagem sobre campanhas educativas da Austrália que deram resultado positivo, no seguinte endereço: . Acesso em: 15 jan. 2013.

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Especificamente, esta pesquisa apresenta os seguintes objetivos:  Investigar o ato de transitar e seus efeitos na contemporaneidade;  descrever as quatro campanhas educativas escolhidas nesta pesquisa;  classificar as quatro campanhas educativas escolhidas nesta pesquisa com base nos estilos de Lima (2009);  identificar a percepção sensível de jovens e adultos a respeito de quatro campanhas educativas promovidas pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

A fim de alcançar os objetivos que nortearam esta pesquisa, realizamos uma pesquisa exploratória, que tem como finalidade “[...] o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições” (GIL, 1991, p. 45). Ela permite um planejamento “[...] bastante flexível, de modo que possibilite as considerações dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado” (GIL, 1991, p. 45). Assim sendo, para fazer a abordagem da pesquisa exploratória e identificar a percepção dos sujeitos da pesquisa sobre as campanhas educativas para o trânsito, já no planejamento, decidimos pela investigação qualitativa, que possibilitaria realizar considerações com mais flexibilidade sobre o estudo em questão. A coleta de dados deu-se por meio dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Médio. Para tanto, foram aplicados questionários contendo perguntas abertas e fechadas. Triviños (1987) argumenta que [...] o pesquisador qualitativo, que considera a participação do sujeito como um dos elementos do seu fazer científico, apoia-se em técnicas e métodos que reúnem características sui generis, que ressaltam sua implicação e das pessoas que fornece as informações. (TRIVIÑOS, 1987, p. 138).

O autor aponta que o questionário com perguntas abertas está entre “[...] os instrumentos mais decisivos para estudar os processos e produtos nos quais está interessado o investigador qualitativo” (TRIVIÑOS, 1987, p. 138). Com base na argumentação de Triviños, entendemos que o questionário com perguntas abertas e fechadas seria o instrumento indicado para esta pesquisa. Por meio da abordagem qualitativa, seria possível investigar as informações obtidas na pesquisa, em profundidade, procurando decifrar as percepções, as emoções, as

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atitudes e os valores que interferem e justificam o comportamento dos sujeitos. Vale salientar que a abordagem quantitativa foi usada como apoio para auxiliar no levantamento dos dados e na compreensão dos resultados. O universo estudado constitui-se de estudantes da EJA do Ensino Médio. Estes foram escolhidos por tratar-se de um público que possui mais de 18 anos, sendo, em sua maioria, jovens e motoristas de veículo automotor, ou seja, indivíduos que, provavelmente, convivem constantemente no trânsito. Além disso, outro motivo para essa escolha é o alto índice de jovens que se envolvem na violência viária. De acordo com as estatísticas do DPVAT (2013), conforme podemos observar no gráfico 1 a seguir, a maior parte das indenizações pagas por morte no trânsito, no Brasil, em 2012, foi para vítimas com idade entre 18 e 34 anos, somando 41%, das quais 25% foram para motoristas, 8% para pedestres e 8% para passageiros. Gráfico 1 - Indenizações pagas por morte por faixa etária e tipo de vítima

Fonte: Seguradora Líder DPVAT (2013).

Os dados revelam que, em 2012, foram pagas, no Brasil, 24.908 indenizações por morte de jovens na faixa etária de 18 a 34 anos, no trânsito. Essas informações

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demonstram que as campanhas educativas para o trânsito devem ser desenvolvidas prioritariamente para esse público. Com o instrumento para coleta de dados em mãos e na busca por estudantes da EJA, para serem os sujeitos desta pesquisa, encontramos o Programa Docência na Educação Básica (PIBID) da Univali 5. Por intermédio do PIBID, chegamos ao Núcleo Avançado de Ensino Supletivo (NAES), localizado à Rua José Manoel Reis, número 100, na cidade de Tijucas – SC. A coordenação do PIBID, dessa instituição, prontamente, aceitou colaborar com esta pesquisa. Assim sendo, realizamos uma visita, no dia 20 de março de 2013, aos estudantes da EJA do NAES a fim de coletar os dados. A coleta iniciou com a leitura do questionário relacionado aos vídeos que iriam ser apresentados, quatro audiovisuais que fazem parte de campanhas educativas para o trânsito, promovidas pelo Ministério das cidades, em parceria com o Denatran. Foi esclarecido, aos estudantes, que se tratava de uma pesquisa sobre segurança no trabalho 6 , relacionada ao curso de mestrado e que iriam ser apresentados a eles quatro vídeos curtos e que, após cada vídeo, haveria algumas questões referentes a cada vídeo para serem respondidas. As questões, as quais fizeram parte do questionário 1, relativas aos vídeos A, B, C e D (ver apêndice A), foram as seguintes:

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O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um programa do Governo Federal que visa inserir os licenciandos nas mais diversas atividades que envolvem as diferentes dimensões do trabalho docente, uma política de valorização do magistério público. Por meio da concessão de bolsas, o PIBID incentiva a formação de professores para a educação básica, proporcionando aos licenciandos participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar. Na Univali, o PIBID intitula-se Docência na Educação Básica. (UNIVALI, 2013). 6 Foi citado que a pesquisa era sobre segurança no trabalho porque o projeto PIBID, que envolvia aqueles estudantes, era sobre este tema.

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Você se lembra deste vídeo?

O que viu e ouviu no filme?

O que sentiu assistindo ao vídeo?

O filme fez você pensar em alguma coisa ou situação? Em quê?

Qual foi o ponto forte?

Que mensagem o vídeo deixou?

Você considera a mensagem importante? Por quê?

Após os esclarecimentos sobre a pesquisa, foram exibidos os quatro filmes. Depois da apresentação de cada vídeo, os estudantes responderam as perguntas, citadas anteriormente, com base no filme assistido. Esse critério foi utilizado para as quatro apresentações de vídeo. Vale ressaltar que houve um pequeno intervalo para o lanche após o preenchimento do questionário relacionado à terceira apresentação de vídeo. Após a exibição dos filmes e respondidas às questões, os sujeitos responderam ao questionário 2 (ver apêndice B), com perguntas fechadas e abertas, relacionadas aos quatro vídeos exibidos, contendo as seguintes questões:

Assinale o vídeo mais interessante. Por que é mais interessante? Assinale o vídeo que mais tocou você e responda por quê. Assinale o vídeo que mais fez você pensar. Pensou sobre o quê?

Ao final desse mesmo questionário, havia, ainda, perguntas pessoais, com a finalidade de caracterizar os sujeitos da pesquisa, os quais possuíam as seguintes características:

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13 eram do sexo masculino e 10 do sexo feminino;



13 possuíam Carteira Nacional de Habilitação e 10 não possuíam;



11 sujeitos declararam que já se envolveram em acidente de trânsito (um deles três vezes e um duas vezes);



10 afirmaram que nunca se envolveram em acidente de trânsito e dois não responderam.

Quanto à faixa etária, a maior parte dos sujeitos pesquisados era jovem com idade entre 18 e 25 anos, conforme podemos observar no gráfico 2 que segue. Gráfico 2 – Faixa etária dos sujeitos da pesquisa

13%

4%

Entre 18 e 25 anos Entre 26 e 35 anos

26%

57%

Entre 36 e 45 anos Acima de 45 anos

Fonte: Elaborado pela autora a partir da tabulação de questionário aplicado.

Podemos perceber que a maioria (83%) está com idade entre 18 e 35 anos, faixa etária que mais recebeu indenização por morte no trânsito, no Brasil, em 2012, conforme o gráfico 1 anterior. Os dados coletados durante a pesquisa foram analisados com base no método hermenêutico de interpretação. Foi feita esta escolha porque a hermenêutica dá conta de um estudo filosófico sobre a arte da compreensão e interpretação de textos escritos. Logo, propor um estudo dentro dessa abordagem teóricometodológica tornou-se a mais adequada. Gadamer defende que: A tarefa hermenêutica se converte por si mesma num questionamento pautado na coisa em questão e já se encontra codeterminada por esta. Assim, o empreendimento hermenêutico ganha um solo firme sob seus pés. Aquele que quer compreender não pode se entregar de antemão ao arbítrio de suas próprias opiniões prévias. [...] quem quer compreender um texto deve estar disposto a deixar que este lhe diga alguma coisa. (GADAMER, 2005, p. 358).

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A análise hermenêutica possibilita um pensar e um apontar que vai além daquilo que é concebido pela linguagem. Ela se dá também no nosso interior e na aspiração por compreender o conteúdo do texto. Minayo (2000, p. 231) defende que a hermenêutica é o método que proporciona maior capacidade de “dar conta de uma interpretação aproximada da realidade”. Esta pesquisa, por tratar-se de respostas de estudantes da EJA sobre suas percepções a respeito das campanhas educativas para o trânsito, proporcionaram dados que se adequam ao método hermenêutico, pois vão além de uma análise interpretativa e gramatical. Para uma melhor organização e compreensão dos dados, foram todos digitados e inseridos em quadros analíticos (ver Apêndice C). Após a digitação, os dados correspondentes ao questionário 1 (ver Apêndice A) foram analisados e separados para serem citados na descrição e análise das campanhas educativas pesquisadas, articulando com a fundamentação teórica. Já, os dados do questionário 2 (ver Apêndice C), relativos às quatro campanhas educativas, foram analisados e classificados conforme a comoção e a reflexão proporcionada pelas campanhas educativas nos sujeitos da pesquisa. A análise dessas percepções está evidenciada no decorrer deste trabalho. Os dados do questionário 2 (ver apêndice C) sobre o vídeo mais interessante, foram citados na análise das campanhas e no capítulo 2. Esta dissertação possui a seguinte estrutura: além desta introdução, a qual abordou os caminhos até se chegar a esta pesquisa e os procedimentos metodológicos, e das considerações finais, ela apresenta dois outros capítulos. No capitulo 2, procuramos refletir sobre a educação sensível para o trânsito, os sentidos e o conhecimento, a falta de sensibilidade no trânsito e o despertar dos sentidos em prol da segurança viária. Na sequência, o capítulo 3 versa sobre as campanhas educativas para o trânsito, o que estabelece a legislação brasileira e a importância do sensível nas campanhas audiovisuais. Nesse capítulo, há a descrição das quatro campanhas educativas investigadas, entrelaçando-as com os resultados da pesquisa. Há, ainda, uma investigação sobre a comoção e a reflexão, na percepção dos sujeitos da pesquisa, sobre as quatro campanhas educativas para o trânsito exibidas.

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2 EDUCAÇÃO SENSÍVEL PARA O TRÂNSITO Quanto mais alta a sensibilidade, e mais sutil a capacidade de sentir, tanto mais absurdamente vibra e estremece com as pequenas coisas. É preciso uma prodigiosa inteligência para ter angústia ante um dia escuro. A humanidade, que é pouco sensível, não se angustia com o tempo, porque faz sempre tempo; não sente a chuva senão quando lhe cai em cima. Fernando Pessoa

Fernando Pessoa (1986) argumenta que um indivíduo sensível tem maior capacidade de perceber as pequenas coisas e que a falta de sensibilidade faz a humanidade ficar alheia aos acontecimentos - “[...] não sente a chuva senão quando lhe cai em cima” (PESSOA, 1986, p. 80). Esses argumentos possibilitam uma analogia com o cotidiano no trânsito. Podemos insinuar que pessoas insensíveis não se comovem com a violência viária, porque todo dia há violência viária, e que, provavelmente, a dor pela perda no trânsito é somente sentida quando essas pessoas estão envolvidas. Esse capítulo, assim, tem como propósito refletir sobre os sentidos e o conhecimento, o quanto a sensibilidade pode interferir no trânsito e como despertá-la em prol da segurança viária.

2.1

OS SENTIDOS E O CONHECIMENTO O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada. David Hume

Hume (2006), em seus escritos, valoriza a sensação - faculdade de perceber pelos sentidos. O filósofo coloca a experiência sensível em grau de importância acima do pensamento. Essa afirmação serve de ponto de partida para a reflexão sobre sensibilidade e seu valor na educação para a vida. Cabe aqui uma reflexão sobre a importância dos sentidos na vida dos seres humanos. Para isso, convém voltar às palavras de Hume: “Todas as nossas ideias são cópias de impressões ou, em outras palavras, é-nos impossível pensar em algo que antes não tivéramos sentido, quer pelos nossos sentidos externos, quer pelos internos”. (HUME, 2006, p. 34).

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A faculdade de sentir, a qual, segundo Hume (2006), determina nossos pensamentos, chamamos de sensibilidade. O significado de sensibilidade abrange todos os sentimentos existentes, seja a paixão, o medo, a comoção, a raiva, a alegria ou alguma lembrança motivada por algum aroma, por exemplo. Se tudo que pensamos passa pelos sentidos, então as pessoas são movidas pela sensibilidade? O conhecimento pode receber influência da sensibilidade? Duarte Jr. (2001) afirma que [...] a nossa atuação cotidiana se dá com base nos saberes sensíveis de que dispomos, na maioria das vezes sem nos darmos conta de sua importância e utilidade. Movemo-nos entre as qualidades do mundo, constituídas por cores, odores, gostos e formas, interpretando-as e delas nos valendo para nossas ações, ainda que não cheguemos a pensar sobre isto. (DUARTE JR., 2001, p. 163).

Há um destaque por parte de Duarte Jr. sobre a presença dos sentidos no mundo e, consequentemente, no dia a dia dos cidadãos, que, mesmo inconscientemente, podem ser influenciados pelo que veem, ouvem, degustam, cheiram e sentem. Assim sendo, é possível deduzir que os sentidos podem influenciar nossas atitudes. Segundo Hume (2006), os conhecimentos adquiridos desde a infância são frutos da experiência, por meio da observação dos efeitos resultantes dos objetos naturais. “Quando uma criança sentiu a sensação da dor ao tocar a chama de uma vela, terá cuidado de não pôr mais sua mão perto de outra vela, pois ela esperará um efeito semelhante de uma causa que é semelhante em suas qualidades e aparências sensíveis.” (HUME, 2006, p. 22). Isso demonstra que as percepções sensíveis motivam a aprendizagem e a prática de atitudes seguras. A importância de um ser com sensibilidade desenvolvida para a construção do conhecimento é também citada por Maffesoli (1998, p. 102). O autor afirma que é possível associar a progressão de conhecimento a uma dimensão sensível. Ele destaca que: [...] o sensível não é apenas um momento que se poderia ou deveria superar, no quadro de um saber que progressivamente se depura. É preciso considerá-lo como elemento central no ato de conhecimento. Elemento que permite, justamente, estar em perfeita congruência com a sensibilidade social difusa [...]. (MAFFESOLI, 1998, p. 292).

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Maffesoli (1998) aponta o sensível como algo importante para se chegar ao conhecimento, como uma característica elementar na vida do ser humano. Ele esclarece que uma educação sensível possibilita uma relação harmoniosa com as questões sociais. A quantidade de mortes e de feridos no trânsito afeta toda sociedade, provocando crise no sistema de saúde, no sistema previdenciário, na economia e, consequentemente, no bem estar e na qualidade de vida da população. Com base nesses fatos e nas discussões anteriores sobre a importância da educação sensível para a aquisição de conhecimento e para a prática de atitudes seguras no trânsito, entendemos que a percepção sensível pode interferir nas condutas dos pedestres, ciclistas, motoristas e passageiros - personagens que fazem parte do cotidiano nas vias. Também podemos perceber, nas palavras de Carvalho (2010), a importância dos sentidos para a transformação humana e social: Os sentidos humanos se fazem humanos em um processo que é histórico e ao mesmo tempo social. Isto porque é na relação com os outros homens, com a natureza e consigo mesmo que o homem desenvolve a dimensão de sua ação e, na práxis, estrutura seu percurso humano. O processo que é individual é também coletivo, pois a ação humana é social e transforma o contexto à medida que transforma o próprio homem. (CARVALHO, 2010, p. 102).

Compreendemos, assim, que, se as pessoas forem capazes de se modificar por meio dos sentidos, a sociedade consequentemente será modificada. Desta forma, a educação para o trânsito, a partir de suas campanhas educativas, programas e demais atividades, tem a oportunidade de sensibilizar a sociedade e, por meio dessa percepção sensível, possibilitar a reflexão e a diminuição dos índices de violência viária.

2.2

A SENSIBILIDADE E O TRÂNSITO [...] na rua não vemos sentimentos ou nos sensibilizamos com rostos e atitudes, mas enxergamos simplesmente posições sociais: formas corporais, feiuras ou belezas, roupas e signos profissionais ou de posicionamento social. Roberto da Matta

Matta (2010) provoca-nos a pensar e a indagar sobre o que vemos no trânsito, sobre o quanto as pessoas preocupam-se apenas com aparências e status,

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sem prestar atenção no outro, tratando-os com indiferença. Essas atitudes demonstram a falta de sensibilidade dos cidadãos quando estão transitando. Vanderbilt (2009) reforça a afirmação de Matta ao enfatizar que a simples ação da troca de olhares entre os usuários das vias é considerada uma dificuldade para muitos. Pelo fato de o contato visual ser tão raro no trânsito, quando ele acontece a sensação pode ser de desconforto. Você já parou em um sinal e “sentiu” que alguém em um dos carros ao lado estava olhando para você? Provavelmente ficou incomodado. A primeira razão é que isso pode violar o senso de privacidade que sentimos no trânsito. A segunda é que não há propósito algum para isso, tampouco uma reação neutra apropriada, uma condição que pode provocar uma reação de lutar ou fugir. Então, o que você fez no cruzamento quando viu alguém olhando para você? Se acelerou, você não foi o único. (VANDERBILT, 2009, p. 28).

As situações citadas por Vanderbilt (2009) fazem parte de uma cultura em que prevalece o individualismo, o hábito de nos ocuparmos apenas conosco, com o que nos convém - situações cada vez mais presentes na vida contemporânea. Estamos tão acostumados à insensibilidade no trânsito que, quando percebemos que alguém está nos olhando, nesse ambiente, ficamos incomodados e procuramos afastar-nos dessa situação. Contudo, o que nos faz agir dessa maneira, sem olhar, sem sentir, sem perceber e sem refletir sobre o que está em nossa volta? Talvez a pressa do dia a dia causada, geralmente, pelo excesso de tarefas, faze-nos correr contra o tempo. Parece que se pararmos para a travessia de um pedestre vamos perder tempo. Outro motivo que pode influenciar a nossa falta de sensibilidade é a insegurança emanada pelas características da modernidade. Nosso cotidiano está repleto de casos que nos assustam e nos deixam inseguros. Duarte Jr. (2001) cita algumas dessas ocorrências: [...] a situação afigura-se delicada e perigosa, com seus múltiplos sintomas a nos rodear: desequilíbrios ambientais, ameaças de acidentes e guerras nucleares, venenos e poluição empestando o ambiente, efeito estufa, hordas de famintos, exércitos de sem-terras e sem-tetos, fanatismos, assaltos, sequestros, violência gratuita, atentados terroristas, doenças misteriosas e letais, etc. (DUARTE JR., 2001, p. 72).

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São situações que provocam, além do medo e da insegurança, a falta de confiança nas pessoas que não conhecemos. É como se o outro representasse uma ameaça à nossa luta diária pelo poder, pelo prazer e pela sobrevivência. Ignorá-lo, então, seja no espaço do trânsito, ou em outros espaços, significa um “cuidado de si”. Por outro lado, muitas vezes, há resistências às experiências estéticas, ou seja, às situações que envolvem a percepção sensível e as emoções, devido ao hábito de se ver o mundo de modo prático. Cabe aqui, novamente, o esclarecimento de Duarte Jr. (2001) sobre a diferença do olhar estético e o modo prático de ver o mundo. O modo prático de ver o mundo orienta-se movido pelas questões “o que posso fazer com isto e que vantagens posso obter disto?”, ao passo que o olhar estético não interroga, mas deixa fluir, deixa ocorrer o encontro entre uma sensibilidade e as formas que lhe configuram emoções, recordações e promessas de felicidade. Desta maneira, do topo de uma montanha, ao observar o rio que lá embaixo serpenteia pelo vale, o olhar poético pode apreendê-lo enquanto metáfora da vida sempre a correr num cenário natural, enquanto o modo prático de enxergar provavelmente se porá a investigar as possibilidades de ali ser construída uma barragem que alimentaria uma lucrativa usina hidrelétrica. (DUARTE JR., 2001, p. 102).

“O modo prático de ver o mundo” (DUARTE JR., 2001) pode ser identificado também no trânsito - espaço disputado por pessoas, muitas delas apressadas, preocupadas com o tempo e com o seus objetivos individuais. Seres humanos que, talvez, por olharem o mundo de modo prático, ao perceberem que não há fiscalização na rodovia, tiram proveito disso em prol de seu benefício, cometendo infrações como dirigir em alta velocidade, falar ao celular ao volante, estacionar sobre as calçadas. Em uma analogia com o exemplo citado por Duarte Jr., podemos fazer a seguinte suposição: se formos fazer uma pesquisa a fim de obter sugestões para a melhoria na mobilidade urbana, provavelmente o indivíduo que vê o mundo de modo prático, sendo motorista, irá afirmar que é preciso construir mais faixas de tráfego, aumentar a quantidade de vagas de estacionamento e alargar os leitos, nem que, para isso, seja necessário o estreitamento das calçadas, destinadas aos pedestres. Sendo pedestre, este, possivelmente, irá sugerir que as calçadas e os canteiros centrais das rodovias sejam mais largos, mesmo que, para isso, seja necessário o estreitamento dos leitos. Caso essas pessoas pesquisadas tenham um olhar

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estético, provavelmente, independentemente se na condição de motorista ou de pedestre, irão fazer sugestões em prol do bem comum, pois se deixarão levar pela percepção sensível. Ver o mundo apenas de modo prático, além da insensibilidade, estimula a falta de honestidade e a falta de solidariedade - valores indispensáveis no ambiente do trânsito. Olhar para o outro procurando apenas obter vantagens, preocupar-se só com as questões sociais e práticas, torna os cidadãos mais individualistas e incapazes de conviver em um espaço compartilhado, como o das vias. Além disso, essa praticidade incentiva a falta de harmonia, de tranquilidade e de segurança no trânsito. Por outro lado, olhar o mundo e dar oportunidade para o sentimento fluir, permitindo que os sentidos atuem, poderá proporcionar profundas emoções, importantes reflexões e grandes transformações. Por isso, a importância de uma educação para o trânsito que comova o público alvo e que provoque a reflexão sobre as consequências das atitudes nas vias.

2.3 O DESPERTAR DOS SENTIDOS A intuição sensível se faz tanto mais necessária quanto, justamente, o sensível retoma importância e chega a tornar-se primordial na vida social. Michel Maffesoli

As sensações e as percepções, provenientes dos sentidos, como: imagens, sons, sabores, odores e texturas; fazem parte da vida social, podendo se tornar primordiais, conforme afirma Maffesoli (1998) na epígrafe. A vida social está relacionada ao comportamento das pessoas nas suas relações de convivência e de corresponsabilidade em ambientes públicos e compartilhados, como nos shoppings, nas ruas e no trânsito. Ambientes onde é necessário obedecer a regras e respeitar os princípios essenciais para as relações humanas, como: as diferenças de classes, a igualdade de direitos, a cooperação, a corresponsabilidade e a solidariedade. Em uma sociedade cujos membros são mais sensíveis, possivelmente haveria mais harmonia e corresponsabilidade. Provavelmente, haveria mais respeito ao próximo, afetividade, amor à vida e, consequentemente, autocuidado, prevenção e segurança viária. Isso acentua o que temos tratado até aqui, ou seja, a importância

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da percepção sensível em prol da segurança viária. São reflexões que demonstram a necessidade da prática de uma educação para o trânsito embasada na educação sensível capaz de despertar os sentidos das pessoas para este espaço social: a via. A educação sensível, aliada ao inteligível, pode ser um caminho para a queda da violência viária. Pessoas atentas aos seus sentidos, provavelmente têm menos pressa, usam o seu tempo também para observar o ser humano e as situações a sua volta. São indivíduos que enxergam os detalhes nas situações e nas paisagens. Indivíduos que percebem o belo, o comovente e os comportamentos de risco no trânsito. Nesta pesquisa, percebemos que alguns sujeitos sensibilizaram-se com os vídeos que assistiram e, com isso, refletiram sobre a situação apresentada, ao exemplo da fala do sujeito 17: “Porque foi uma criança a vítima e pensar que essa criança e os pais sofreram. Deve ser muito doloroso para a família”. Esse relato foi apresentado como justificativa para a escolha do Vídeo “A” como o mais interessante. Espera-se que este sujeito, a partir desta reflexão, tenha atitudes coerentes no trânsito. Entendemos, assim, que é muito importante promover e cultivar a sensibilidade, bem como praticar a estesia, antônimo de anestesia. Cabe aqui, o conceito definido por Duarte Jr. (2001) sobre estesia: [...] conceito de estesia, definido pelos dicionários como “faculdade de sentir”, como “sensibilidade” e, secundariamente, como “percepção do belo”. Na verdade, tal termo apresenta-se hoje como irmão da palavra estética, tendo ambos origem no grego aisthesis, que significa basicamente a capacidade sensível do ser humano para perceber e organizar os estímulos que lhe alcançam o corpo. (DUARTE JR., 2001, p.142).

O autor afirma, desta forma, que, ao tomarmos melhor consciência do que nos rodeia, consequentemente seremos mais capazes de refletir sobre eles. A educação estética, sugerida por Duarte Jr. (2001, p. 191), “[...] refere-se, primordialmente, ao desenvolvimento dos sentidos de maneira mais acurada e refinada, de forma que nos tornemos mais atentos e sensíveis aos acontecimentos em volta [...]”. A partir da constatação de Duarte Jr. (2001), é possível deduzir que quem possui estesia, provavelmente tem maior facilidade de se comover com o sofrimento alheio, com a morte de pessoas jovens em virtude da violência viária, por exemplo.

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São pessoas que, possivelmente, sentem, percebem e refletem sobre os acontecimentos e, a partir disso, adquirem conhecimentos que estimulam a prática de atitudes seguras. É importante despertar a sensibilidade nas pessoas com relação aos acontecimentos do trânsito. Para isso, convém entender como funcionam os cinco sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato. Nesta dissertação, vamos ater-nos à visão, o órgão de sentido imprescindível para o motorista. Você já viu um cego dirigir? A visão pode ser considerada como o mais importante órgão de sentido. Bosi (1988), em seus escritos sobre “Fenomenologia do Olhar”, cita que, de acordo com os psicólogos da percepção, a maioria das informações que recebemos vem por meio de imagens, que somos seres predominantemente visuais. Por meio da visão podemos perceber o que está ao nosso redor e o que está atrás de uma ação. Bosi descreve as diferenças entre o olho e o olhar: Se, em português, os dois termos aparentemente se casam, em outras línguas, a distinção se faz clara ajudando o pensamento a manter as diferenças. Em espanhol: ojo é o órgão; mas o ato de olhar é mirada. Em francês: oeil é o olho; mas o ato é regard/regarder. Em inglês: eye não está em look. Em italiano, uma coisa é o occhio e outra é o sguardo. Creio que essa marcada diversidade em tantas línguas não se deva creditar ao mero acaso: trata-se de uma percepção, inscrita no corpo dos idiomas, pela qual se distingue o órgão receptor externo, a que chamamos ‘olho’, e o movimento interno do ser que se põe em busca de informações e de significações, que é propriamente o ‘olhar’. (BOSI, 1988, p. 66, grifos do autor).

Neste estudo, vamos nos dedicar a entender o olhar, apontado por Bosi, como o movimento interno do ser, para discutir sobre a Educação do Olhar. Rubem Alves (2004), na crônica A complicada arte de ver, publicada na Folha Online, observa que é necessário aprender a ver e que para isso não basta ter a visão perfeita, é preciso estar predisposto para enxergar a beleza. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. “Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso é afirmou que a primeira tarefa da educação era ensinar a ver. (ALVES, 2004).

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A partir da reflexão de Rubem Alves, podemos deduzir que, no trânsito, há pessoas com olhos perfeitos, porém “cegas”, incapazes de ver as sinalizações presentes nas ruas, necessárias para a fluidez e a segurança viária; incapazes de perceber que, no interior dos veículos, há seres humanos com direitos iguais aos delas; incapazes de enxergar que o seu espaço termina onde começa o do outro. Há indivíduos que não percebem os riscos de uma imprudência no trânsito, como falar no celular ao dirigir, fazer uma ultrapassagem perigosa, dirigir em alta velocidade, conduzir veículo automotor após ingerir bebida alcoólica, dentre outros. Existem muitas pessoas que olham a violência viária, o sofrimento de um pai que perdeu o filho, a criança que chora a falta da mãe, o jovem inválido em uma cadeira de rodas, mas não enxergam, não fazem o movimento interno para buscar informações e significações, e continuam sendo infratores de trânsito. Há, assim, muita falta de visão entre os que transitam. Duarte Jr. (2001) aponta algumas situações que podem “servir de justificativa” para o nosso hábito de olhar e não ver. [...] neste país com índices alarmantes de miséria, diariamente vamos também nos treinando para não encarar de frente, nos semáforos e nas vias expressas margeadas por favelas, toda a degradação humana que nos cerca. [...] “É melhor não ver”, pensa o cidadão comum, pois, “o que os olhos não veem o coração não sente”, segundo o ditado popular. Não ver para não sentir: atitude extrema tomada como mecanismo de defesa face ao enfeamento de nossa situação vital. (DUARTE JR., 2001, p. 101-102).

Essas argumentações de Duarte Jr. sobre a falta de sensibilidade das pessoas valem, também, para as situações do trânsito, quando ignoramos o pedestre na faixa de segurança, para não ter de parar o veículo e esperá-lo atravessar a rua, ou quando estacionamos o automóvel na calçada, ocupando seu espaço. Quando fechamos os olhos para as regras de trânsito, desrespeitando-as ou quando preferimos assistir às cenas de violência viária, como se fossem ficção, impossíveis de acontecer conosco. Neste estudo, desejamos enfatizar o “educar o olhar”, primordialmente no sentido de educere7, que tem o significado de conduzir para fora, dirigir-se e levar para fora. Nesse sentido, educar o olhar denota libertar nossa visão. Significa nos tornarmos atentos, prestar atenção. Com a finalidade de refletir sobre a educação do olhar, relacionada à atenção, compartilhamos as ideias de Masschelein (2008): 7

Educere vem do latim, verbo composto do prefixo ex (fora) + ducere (conduzir, levar).

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Atenção é o estado mental (state of mind) no qual o sujeito e o objeto estão em jogo. É um estado da mente que se abre para o mundo de forma que esse possa se apresentar a mim (para que eu possa “chegar” a ver) e para que eu possa ser transformado. A atenção abre espaço para uma possível autotransformação, ou seja, um espaço de liberdade prática. A meu ver, o educar o olhar requer uma prática de pesquisa crítica que realize uma mudança prática em nós mesmos e no presente em que vivemos, e não uma fuga dele (em direção a um futuro melhor). Essa prática de pesquisa crítica não depende de método, mas sim de disciplina; ela não requer uma metodologia rica, mas pede uma pedagogia pobre; ou seja, práticas que permitam nos expor, práticas que nos levem à rua, que nos desloquem. Gostaria de pensar sobre o que é essa prática de pesquisa educacional crítica, começando com um exemplo: o exemplo de caminhar. Consequentemente, educar o olhar significaria um convite a caminhar. (MASSCHELEIN, 2008, p. 36).

É esse olhar, destacado por Masschelein, que procuramos investigar para promover a segurança viária. Um olhar aberto para o mundo, que se autotransforma. O exemplo da caminhada é bastante propício ao que estamos buscando para despertar a sensibilidade para o desenvolvimento de uma educação sensível para o trânsito. Masschelein (2008) comenta que o caminhar significa um deslocamento do olhar que propicia a experiência, que nos permite uma visão além de toda perspectiva, como, por exemplo, a posição do sujeito em relação ao objeto, a comoção pela violência viária e as reflexões sobre atitudes coerentes no trânsito. São olhares que nos transformam. Convém ressaltar que esse caminhar não pode ser mecânico, como sair do carro e ir até o elevador, ou uma caminhada feita por recomendação médica. Deve ser sem pressa, sem compromisso. É um caminhar que precisa ser realizado com atenção aos detalhes das paisagens, com atenção à fisionomia e ao comportamento das pessoas. Um caminhar que vai além do que os olhos veem. Aperfeiçoar a capacidade de atenção das pessoas representa uma grande contribuição para a segurança no trânsito, já que uma das principais causas da violência viária é a falta de atenção. Um segundo de desatenção no trânsito, de distração no volante ou ao transitar a pé, pode ser fatal. É fundamental aprender a observar o que nos rodeia, perceber os obstáculos no trânsito, prever e entender as atitudes dos outros que estão compartilhando conosco o mesmo espaço - procurar sempre “ver e ser visto”. São atitudes que fazem parte da prática da direção defensiva e preventiva - importantes para a segurança viária. Na rua, é essencial

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conhecer, entender e compreender o trânsito e as pessoas que fazem parte dele. É fundamental prestar atenção em todos e em tudo. Mas como manter um olhar atento diante de tantas situações e de tantas informações a nossa volta? Em relação à “Filosofia da Atenção”, Bosi (1988, p. 84) menciona quatro dimensões estruturais, as quais fazem parte do pensamento de Simone Weil:

Perseverança

•A atenção deve enfrentar e vencer a angústia da pressa.

Despojamento

•A atenção é uma escolha, logo uma ascese. Quem prefere, pretere. A atenção tudo sacrifica para ver e saber.

Trabalho

•A atenção é um “olhar que age”. A relativização do cartesianismo em Simone Weil faz-se por meio da construção de uma ponte entre a consciência e a ação eficaz.

Contradição

•Não há contradições no imaginário. A contradição experimentada até o fundo do ser é o dilaceramento, é a cruz. Quando a atenção fixada em uma coisa revela, nesta, a contradição, produz-se algo como um descolamento. Perseverando nesta via, chega-se ao despojamento. (Weil, 1970, apud BOSI, 1988, p. 84).

As argumentações de Simone Weil acerca da “filosofia da atenção” complementam o que temos discutido até então. A necessidade da prática da “atenção”, de enfrentar e de vencer a angústia da pressa, definida por ela como “perseverança”, é extremamente valiosa no trânsito. Pois, conforme discutimos anteriormente, a pressa têm sido um dos motivos da falta de sensibilidade e uma das causas das imprudências e dos erros cometidos no trânsito. Outro aspecto relevante são as reflexões de Simone Weil sobre o “despojamento”. Ela nos faz perceber que a prática da atenção exige escolhas as quais requerem que deixemos, muitas vezes, algo de lado. O motorista, enquanto dirige, por exemplo, deveria deixar de atender ao celular, a uma ligação de sua companheira - uma situação que poderia lhe proporcionar uma conversa prazerosa. Isso de forma a não prejudicar sua atenção no trânsito. Para chegar ao “despojamento”, muitas vezes, a prática da atenção passa pela “contradição”, definida por Simone Weil como um dilaceramento, um sacrifício.

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É interessante, ainda, a definição da atenção como “o olhar que age”. No trânsito, a todo o momento, a atenção antecede a ação. Ao passar por uma lombada eletrônica, por exemplo, o motorista, com olhar atento, primeiramente percebe a sinalização indicando uma lombada à frente, para depois reagir, diminuindo a velocidade do veículo. Caso não esteja atento, pode não perceber a sinalização indicando a lombada e passar por ela na velocidade que vinha transitando, ou percebê-la quando estiver muito próxima e não conseguir reagir a tempo de diminuir a velocidade do veículo antes de passar por ela. A prática da atenção é uma atitude pessoal, um indivíduo não pode fazer pelo outro. É uma ação que requer intencionalidade, treinamento e disciplina, que precisa, muitas vezes, de convencimento e da educação do olhar. Essas reflexões possibilitam perceber o valor da educação sensível para a prática de atitudes na sociedade e, consequentemente, no trânsito. Por meio deste estudo, é possível deduzir que a educação do olhar refere-se ao movimento interno do ser e é capaz de provocar a autotransformação, sendo, portanto, parte essencial na percepção sensível. No capítulo a seguir, daremos destaque às campanhas educativas para o trânsito, o que estabelece a legislação brasileira, a importância do sensível nas campanhas audiovisuais, a descrição das quatro campanhas analisadas e a investigação sobre a comoção e a reflexão, na percepção dos sujeitos da pesquisa, sobre essas campanhas.

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3 UM OLHAR SOBRE AS CAMPANHAS EDUCATIVAS PARA O TRÂNSITO Não deixe um acidente obrigar você a reaprender. Seja você a mudança no trânsito. Campanha Semana Nacional de Trânsito 2013.

A frase da Campanha Semana Nacional de Trânsito 20138 faz parte de uma campanha educativa para o trânsito, promovida pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran. Essa campanha exibe cenas de pessoas que, após a violência viária, precisaram reaprender a fazer coisas comuns como andar, comer e falar. Campanhas educativas fazem parte do marketing social e, conforme Cobra (2010), elas buscam incidir no comportamento do público para o seu bem e da sociedade em geral. O autor esclarece que há dois níveis de aplicação no marketing social: o operacional que “se refere à aplicação de programas específicos” e o estratégico que “compreende a formulação de políticas e estratégias globais”. (COBRA, 2010, p. 101). As campanhas educativas para o trânsito geralmente correpondem ao nível operacional e costumam ser difundidas por vários meios de comunicação (televisão, rádio, internet, material impresso, dentre outros). Conforme Pinto (2002), os temas das campanhas de educação para o trânsito classificam-se em: 

Gerais: peças publicitárias que tratam da questão do álcool e da direção, por exemplo.



Sazonais: campanhas que acontecem ciclicamente, como, por exemplo, as preocupações com os períodos festivos de fim de ano.



Específicos: temas que usualmente antecedem mudanças na legislação e/ou políticas de fiscalização. Um exemplo de tema específico são as campanhas realizadas sobre a “Lei Seca”9.

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O vídeo dessa campanha pode ser encontrado no seguinte endereço: . Acesso em: 25 jul. 2013. 9 Lei federal, nº 11.705, em vigor desde 20 de junho de 2008, proíbe o consumo de qualquer quantidade de bebidas alcoólicas por condutores de veículos.

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O autor esclarece ainda: Qualquer situação de comunicação humana compreende a produção da mensagem por alguém e a recepção dessa mensagem por outra pessoa. O comunicador pretende influenciar comportamentos e as reações de uma determinada pessoa (ou grupo de pessoas) e, todavia, sua imagem tanto pode ser recebida pela pessoa a quem se destina como por pessoas a quem não se destinava, ou por ambas. (PINTO, 2002, p. 6).

Em uma campanha, é importante que a mensagem seja percebida pelas pessoas que a receberão. É fundamental que a ideia seja comprada, usada e compartilhada entre os receptores.

3.1 O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga. Código de Trânsito Brasileiro

Para entender o conceito de trânsito, publicado no Código de Trânsito Brasileiro – CTB (BRASIL, 1997), é importante conhecer o significado de via. No anexo 1 do CTB, consta que via refere-se à “[...] superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central” (BRASIL, 1997). Para haver trânsito, conforme a concepção que consta no CTB, é necessário que as vias sejam utilizadas por pessoas, veículos e animais, em movimento, ou parados. Fazem parte do trânsito, então, os motoristas, os pedestres, os ciclistas, os animais, os veículos (em movimento ou estacionados). Com base nisso, é possível afirmar que o trânsito é um ambiente público, onde todos, independentemente de classe social, de idade, ou de classe cultural, têm os mesmos direitos e deveres. Os usuários das vias possuem o direito de usálas, porém têm também o dever de respeitar os demais usuários desse espaço. A falta de cumprimento desse dever, a falta de cuidado com a segurança e a irresponsabilidade, como deixar de dar distância entre um veículo e outro, realizar ultrapassagem em local proibido, deixar de parar na faixa de pedestre para este atravessar, conduzir o veículo no acostamento, dirigir sob efeito de álcool, dentre outros, podem resultar em uma violência viária e na perda de vidas humanas que

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compartilham o espaço do trânsito. São atitudes incoerentes que provavelmente, por meio da educação para o trânsito, podem ser transformadas em condutas coerentes. A educação para o trânsito está prevista no CTB (BRASIL, 1997). Nele foi dispensado o Capítulo VI (com seis artigos), exclusivos, ao tema. Nesse capítulo destacam-se a criação da coordenação educacional, as campanhas educativas, a educação para o trânsito nas escolas, as campanhas sobre primeiros socorros, as mensagens e programas educativos. Nesta dissertação, vamos ater-nos às campanhas educativas para o trânsito, eventos que possuem o objetivo de conscientizar o público-alvo sobre condutas coerentes ao transitar. Sobre a realização de campanhas educativas para o trânsito, o CTB determina que: Art. 75. O CONTRAN 10 estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito. § 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais. § 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito. (BRASIL, 1997).

Desde 1990, o Denatran tem escolhido temas para a realização de campanhas educativas para o trânsito, como: álcool e direção, pedestre, velocidade, entre outros, para serem trabalhados, na Semana Nacional de Trânsito, comemorada anualmente no período de 18 a 25 de setembro. Além de campanhas realizadas na Semana Nacional de Trânsito, o Denatran tem promovido campanhas para serem difundidas em outras datas, como Carnaval, Semana Santa, Natal e outras. Quatro dessas campanhas são objetos desta pesquisa. Objetivando orientar a realização das campanhas educativas para o trânsito, em 2009, o CONTRAN publicou a Resolução 314, que estabelece procedimentos para o seu desenvolvimento.

10

Conselho Nacional de Trânsito.

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Art. 1º Aprovar as orientações para a realização de campanhas educativas de trânsito estabelecidas no Anexo desta Resolução. Parágrafo Único. Para efeitos desta Resolução, entende-se por campanha educativa toda a ação que tem por objetivo informar, mobilizar, prevenir ou alertar a população ou segmento da população para adotar comportamentos que lhe tragam segurança e qualidade de vida no trânsito. (BRASIL, 2009).

A Resolução 314 do Contran, em seu anexo, estabelece os procedimentos para a realização de campanhas educativas de trânsito. No texto, ressaltam-se que as campanhas educativas “[...] devem orientar cada cidadão e toda a comunidade, quanto a princípios, valores, conhecimentos, habilidades e atitudes favoráveis e adequadas à locomoção no espaço social, para uma convivência no trânsito de modo responsável e seguro”. (BRASIL, 2009, p. 3). Em virtude de nosso objetivo ser a análise da percepção sensível sobre as campanhas educativas para o trânsito, não vamos nos fixar nos procedimentos relacionados ao desenvolvimento dessas campanhas, mas sim na percepção do púbico alvo diante delas. É interessante, no entanto, entender o que diz a legislação brasileira a respeito da elaboração e dos conteúdos enfatizados nas campanhas educativas para o trânsito. No anexo da resolução, consta que, antes da elaboração da campanha, seja realizada uma pesquisa que: [...] trará à luz indicadores qualitativos e/ou quantitativos sobre a percepção da população em relação ao trânsito: qual a sua opinião, quais as suas maiores preocupações, quais as suas dificuldades relacionadas ao trânsito; deve detectar seu envolvimento em acidentes de trânsito: como, quando, onde, o motivo. A pesquisa deve considerar também as estatísticas de trânsito relacionadas a passageiros, pedestres, condutores, examinando faixa etária, sexo, entre outras questões importantes para determinar temas, objetivos, público-alvo. (BRASIL, 1997, p. 3).

Por meio dessa pesquisa, será possível definir o foco da campanha educativa. Será sobre álcool e direção, o uso da motocicleta, a segurança do pedestre, o uso do celular ao volante, ou sobre outros temas? A pesquisa proporcionará, ainda, dados para a escolha dos objetivos e do público alvo da campanha. Outras orientações apontadas na resolução 314 do Contran referem-se aos cuidados na elaboração das campanhas de educação para o trânsito (BRASIL, 2009, p. 4). É recomendado que as campanhas educativas devem possuir linguagens de fácil compreensão pela população em geral e que precisam estar

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fundamentadas em preceitos técnico-legais, em relação ao trânsito. Está estabelecido, também, que o foco deve ser no ser humano, baseado na ética no trânsito, no direito de ir e vir e na preservação da vida. Está destacado, ainda, que sejam enfatizadas ações que ressaltem aspectos positivos, proporcionando ao público a identificação com situações de seu cotidiano no trânsito, levando-os à análise e à reflexão de suas atitudes. Outro cuidado citado na resolução 314 é com relação às abordagens negativas ou que apresentem violência, a fim de evitar a anodinia11, a qual pode ser relacionada à “anestesia”, defendida por Duarte Jr. (2001, p. 142) - “[...] a negação do sensível, a impossibilidade ou a incapacidade de sentir”. Na realização de uma campanha educativa, é recomendado, pela mesma resolução, que seja realizado um pré-teste 12 antes de sua divulgação e um pós-teste 13 após a difusão da campanha. Assim, uma campanha educativa é parte de um projeto, por isso é importante que seja planejada, aplicada e avaliada como tal. Observamos, assim, que a resolução 314 do Contran indica o passo-a-passo para a realização de campanhas educativas para o trânsito. Vale lembrar, no entanto, que uma campanha educativa eficiente deve atingir o público alvo. Conforme Pinto (2002, p. 2), a eficácia das campanhas educativas está na capacidade que elas têm de sensibilizar o público para o qual se destinam. Assim, investigar a percepção sensível de estudantes da EJA sobre as campanhas educativas para o trânsito é a proposta deste estudo. Para isto serão analisadas campanhas no formato audiovisual. A seguir, faremos algumas reflexões sobre o audiovisual e sua capacidade de sensibilizar o público.

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Ausência de dor; espécie de anestesia da capacidade de impressionar com algo violento e, por conseguinte, banalizá-lo. (BRASIL, 2009, p. 5). 12 Antes de expor o material produzido para a campanha ao grande público, é necessário submetêlas a um público alvo menor, a fim de verificar se, realmente, atendem às expectativas. 13 Após a veiculação da campanha ao grande público, deve ser realizada avaliação para que seja possível examinar se os objetivos foram alcançados ou não. No caso das campanhas educativas de trânsito, os indicadores a serem usados no pós-teste devem ter foco preferencialmente nos aspectos comportamentais diretos, não tanto nos resultados globais – e.g. em termos de redução de índices de acidentes ou de vítimas – que podem ter influência de outros fatores. (BRASIL, 2009).

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3.2 O SENSÍVEL NAS CAMPANHAS EDUCATIVAS AUDIOVISUAIS Em algum momento da nossa vida, a linguagem audiovisual nos toca, nos sensibiliza nos educa. Laura Maria Coutinho

Percebemos com bastante clareza o destaque dado por Coutinho (2006) à capacidade que o audiovisual tem de sensibilizar e de educar as pessoas. Por meio de imagens e de sons, o audiovisual estimula-nos a utilizar dois importantes órgãos de sentido: a visão e a audição. Desta forma, favorece a apresentação de conteúdos e a comunicação entre as pessoas. Wohlgemuth (2005, p. 12) orienta-nos: “Como a percepção do ser humano sobre o mundo exterior é proveniente, em grande parte, da visão e da audição, as mensagens audiovisuais possuem uma enorme capacidade de transmissão de conteúdos”. O autor esclarece, ainda, que a visão e a audição são os sentidos fundamentais da comunicação, que a harmonia é grande entre eles, e que o meio ambiente transmite constantemente informações percebidas simultaneamente pelos olhos e pelos ouvidos (WOHLGEMUTH, 2005). Complementando os argumentos de Wohlgemuth, sobre a importância do audiovisual, Coutinho (2006) explica que a linguagem audiovisual é sedutora, que, em sons e em silêncios, em tons claros e escuros, em cores cambiantes, ela cria um universo de magia e encantamento, até mesmo quando quer ser objetiva. A autora destaca também que: Vivemos em um tempo no qual, praticamente, todas as pessoas são “alfabetizadas” audiovisualmente. Vivemos imersos em um mundo de imagens, sobretudo os habitantes das cidades. A linguagem audiovisual nos é familiar, corriqueira, comum. (COUTINHO, 2006, p. 20).

O audiovisual vem tornando-se cada vez mais um instrumento fundamental para a educação. Conforme destacado por Coutinho (2006), crescemos rodeados pelas imagens e sons, que unidos formam os audiovisuais. Seja na televisão, na internet ou no cinema, os audiovisuais estão ao nosso redor e, por meio de seus conteúdos, eles podem agir sobre nossas emoções, proporcionando a sensibilidade. Coutinho (2006) realça, ainda, que eles atuam fortemente naquilo que, no homem, é sensível, falando mais aos sentidos do que à razão.

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Desta forma, os audiovisuais, por meio de suas imagens e sons, podem transmitir conteúdos que sensibilizam as pessoas, incentivando as condutas seguras no trânsito e promovendo, assim, a diminuição da violência viária. Segundo Coutinho (2006), a linguagem audiovisual é a que mais diretamente emerge da realidade e, portanto, dela se origina. O filme é feito de tudo o que se oferece à visão e, igualmente, do que não será visto. Alguns elementos serão apenas sugeridos e irão compor os vazios, os intervalos que, no cinema, são tão significativos quanto o que as imagens e sons explicitam. É nesse intervalo que os sentidos conversam: o sentido do filme que o diretor quis expressar e o sentido acrescido de quem o vê. Assim, posso dizer também que o filme é sempre uma obra aberta. Não se presta a uma única interpretação. Pode ser visto e revisto de várias maneiras, tudo fica a depender do contexto, da capacidade, do interesse, das expectativas de quem vê. (COUTINHO, 2006, p. 85-86).

Por ser uma obra aberta, no sentido exposto por Coutinho, o filme pode provocar diferentes percepções no espectador. Uma campanha educativa que usa como meio o audiovisual, por exemplo, possibilita uma série de interpretações e de percepções no público alvo como: comoção e reflexão, categorias que estão sendo investigadas neste estudo. Os vídeos podem provocar, ainda, indignação ou indiferença no espectador. Jesus (2010) traz esclarecimentos sobre a etimologia de vídeo e nos questiona sobre quem vê: Na etimologia “vídeo” é a primeira pessoa do indicativo do verbo latino videre, que significa “eu vejo”. Mas afinal, quem vê? O sujeito por trás da câmera. Que mira o objeto e seleciona o recorte, ou quem vê a imagem na tela? Mas e a câmera de vídeo vigilância? Quem olha para esse olhar? Qual é o recorte? Quem mira? (JESUS, 2010, p. 241).

Quem vê a imagem na tela pode interpretar o vídeo diferentemente de quem está por trás da câmera. Depende do olhar estético, definido por Duarte Jr. (2001, p. 102), como um olhar que “[...] não interroga, mas deixa fluir, deixa ocorrer o encontro entre uma sensibilidade e as formas que lhe configuram emoções, recordações e promessas de felicidade”. A experiência estética, segundo Braga (2010), vai além das emoções cotidianas. Ele argumenta que:

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Temos desejo e tristeza, entusiasmo e medo, sensações de plenitude relacionadas a questões pragmáticas ou cognitivas do cotidiano. A experiência estética, porém, seria aquela que trabalhasse os efeitos para além de tais vinculações emocionais imediatas. (BRAGA, 2010, p. 81-82).

Podemos deduzir, então, que a experiência estética proporcionada pelo audiovisual está sujeita ao momento que o espectador está vivendo, ou seja, um vídeo pode ser interpretado de formas diferentes pela mesma pessoa, conforme seu estado emocional no instante em que está assistindo-o. Neste sentido, e com base em Pinto (2002 p. VI), cabe salientar que é importante alguns cuidados quanto ao uso do audiovisual em campanhas educativas para o trânsito. O autor alerta-nos que, por adotar um formato similar ao do comercial publicitário, as campanhas educativas de trânsito são inseridas nos intervalos da programação geral juntamente com outros anúncios comerciais. Desta maneira, as mensagens que formam o conteúdo das campanhas educativas encontram-se diluídas em meio a mensagens comerciais, noticiários, programas de entretenimento. Assim sendo, para possibilitar a sensibilidade do público alvo das campanhas educativas para o trânsito, a fim de uma melhor absorção dos conteúdos, é importante considerar o meio e o momento que estão sendo exibidas. Na

sequência,

serão

apresentadas

quatro

campanhas

audiovisuais

promovidas pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran, veiculadas na TV em 2011 e 2012. Essas campanhas serviram de instrumento para esta pesquisa, cujo objetivo foi investigar a percepção sensível de jovens e adultos sobre elas. Os vídeos foram exibidos aos sujeitos da pesquisa, em uma sala de aula, sem interferência de outros conteúdos.

3.3 CAMPANHAS PESQUISADAS É outra discussão comum, quando se pensa em realizar uma campanha educativa: apelar para mensagens chocantes ou para raciocínios onde a lógica prevalece? Rafael Teruki Kanki

O questionamento de Kanki (1995) provoca-nos a pensar sobre os estilos de campanhas educativas para o trânsito – dúvida que, também, faz parte desta pesquisa: Qual estilo de campanha educativa causa maior comoção e reflexão nos estudantes da EJA? De acordo com Lima:

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O Estilo de uma campanha é o registo da expressão utilizada por ela. Ou seja, como a campanha se expressa às pessoas que a receberão? É importante ressaltar que é preciso que a mensagem seja percebida, seja assimilada e efetivada pelo público. É necessário que a população compre a ideia e passe a usá-la dali em diante. (LIMA, 2009, p. 45)

Entendemos, assim, que as campanhas de educação para o trânsito podem possuir estilos variados, mas que o mais importante é a recepção da mensagem que está sendo transmitida. Com base nas teorias, discutidas até aqui, podemos realçar que tem muita importância a percepção sensível do público alvo sobre as campanhas educativas, visto que ela pode provocar a comoção e a reflexão, estimulando a prática de atitudes seguras no trânsito. Com relação aos estilos das campanhas de educação para o trânsito, Lima (2009, p. 45-51) classifica-os em: 

Chocante: mostra imagens de acidentes graves envolvendo pessoas mortas ou mutiladas. Tem como objetivo impactar, abalar, chocar o público, por isso está presente em campanhas mais violentas.



Choque Implícito: consta em campanhas que não manifestam explicitamente o estilo chocante, ou seja, a violência do trânsito está subentendida. São chocantes, mas contendo cenas impactantes de violência. Passam a mensagem, mas não mostram realmente o fato.



Poética/Positiva: visa destacar o lado sentimental das pessoas, o lado romântico da vida. São campanhas que procuram incentivar o público-alvo a ter atitudes seguras para uma convivência melhor e com menos violência no trânsito.



Cômico: utiliza o bom humor e a alegria para passar a mensagem desejada.



Emotivo: procura sensibilizar o público-alvo pela comoção. Pode ser por meio de depoimentos de pessoas envolvidas em acidentes de trânsito ou por parentes das vítimas. Está presente em campanhas que utilizam situações envolvendo crianças, bebês, com cenas emocionantes, que levam o receptor da mensagem a pensar em sua família e nas pessoas que ele ama.



Informativo: busca exibir informações, de uma forma racional, sucinta e direta, sobre atitudes corretas ou incorretas dos usuários das vias.

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Mobilizadora: procura envolver os vários atores do trânsito, como: ciclistas, pedestres, motoristas, e vários segmentos como igrejas, escolas, moradores, comerciantes e outros. Esses representantes, por meio da campanha, estimulam aqueles, por eles representados, a participarem efetivamente da campanha.



Infantil: pode ser composto por mensagens exclusivamente dedicadas às crianças, utilizando os recursos como: desenhos, histórias em quadrinhos, personagens infantis e outros, ou mensagens para os adultos embora com a temática infantil.

Vimos que há diversos estilos que podem ser utilizados em campanhas de educação para o trânsito. Estes devem ser escolhidos conforme o objetivo e o público alvo. Cabe salientar, ainda, que uma mesma campanha pode apresentar mais de um estilo. Sobre a escolha do estilo, Kanki argumenta que: [...] as pessoas são diferentes umas das outras e cada um reage de forma diferente a estímulos iguais. Alguns entenderão perfeitamente o apelo à lógica e outros somente tomarão ciência do assunto se este atingi-lo emocionalmente. [...] o grande desafio de uma campanha educativa é que ela deve se propor a alterar o comportamento inadequado de todo o público-alvo e não apenas de parte dele. (KANKI, 1995).

Observamos que campanhas de educação para o trânsito com o mesmo estilo podem provocar percepções sensíveis diferentes no público alvo, ou seja, alguns podem ser tocados com a mensagem, outros não; alguns podem refletir sobre a mensagem, outros não. A fim de investigar a percepção sensível dos sujeitos da pesquisa sobre as campanhas educativas para o trânsito, escolhemos para exibição quatro campanhas audiovisuais promovidas pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran, veiculadas na TV e na internet, meios de comunicação com grande audiência entre os jovens. Na seleção dos audiovisuais, definimos como critério eleger vídeos exibidos em 2011 e 2012 que apresentassem temas e estilos variados. Assim sendo, os vídeos que fazem parte do instrumento de pesquisa foram caracterizados como mostra a tabela 1 a seguir.

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Tabela 1 – Caracterização das campanhas analisadas Vídeos Duração Tema Estilo A: Depoimento - Bebida Emotivo: mostra o depoimento de um e direção. “O efeito do 30 Morte infrator narrando uma violência de álcool passa, a culpa segundos Álcool e direção. trânsito. fica para sempre” B: Pedestre. "Pare, 15 Comportamento Cômico: apresenta uma entrevista sobre pense, mude" segundos do pedestre. o comportamento incorreto do pedestre. C: Moto Interior. “É Choque implícito e emotivo: mostra uma 32 Morte Preciso Saber Usar. É violência de trânsito, porém omitindo os segundos Uso da Moto. Preciso Respeitar” detalhes, e um velório. Chocante e emotivo: demonstra uma violência viária, em detalhes, com a D: Campanha de fim de 34 Morte vítima ensanguentada caída no asfalto e ano segundos Álcool e direção. a emoção de uma família que estava em ritmo de festas. Fonte: Tabela elaborada pela autora com bases nos dados de LIMA (2009).

Optou-se por escolher dois filmes com o tema álcool e direção por serem vídeos que estavam dentro do período pretendido (2011 e 2012) e por apresentarem estilos diferentes um do outro. A seguir, apresentaremos as análises individuais de cada uma das campanhas de educação para o trânsito exibida durante esta pesquisa e a análise comparativa das quatro campanhas, com o foco na comoção e na reflexão dos sujeitos da pesquisa. 3.3.1 Campanha: Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” – Vídeo A Esse filme me fez pensar cada vez que vou para as baladas e dirijo sob efeito de álcool e que muitas vezes, ainda faço isso em alta velocidade. Sujeito 1314

O depoimento do sujeito 13 é uma reação às cenas exibidas na campanha audiovisual “Bebida e direção. O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”15, uma peça publicitária pertencente à Campanha promovida pelo Ministério das Cidades em parceria com o Denatran. Lançada no dia 19 de dezembro de 2011, a campanha teve como meta reverter o quadro de violência no trânsito que marca as comemorações de

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Os sujeitos serão identificados por números, para preservar sua identidade. O vídeo dessa campanha pode ser encontrado também no seguinte endereço: . Acesso em: 20 out. 2013.

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fim de ano, quando o número de acidentes causados pela embriaguez aumenta muito. A campanha “Bebida e direção. O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” foi divulgada em todo o território nacional por meio de filmes publicitários para TV, spots para rádio, peças gráficas, materiais para mídia exterior, sites e redes sociais. As peças publicitárias foram dirigidas a todos os segmentos da sociedade com o objetivo de sensibilizar as pessoas com as tragédias causadas pela combinação de bebida e direção. (BRASIL, 2011). Figura 1 - Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”

Fonte: Brasil (2012a).

Trata-se de um filme com duração de 30 segundos, baseado em fatos reais, que reproduzem o depoimento emocionado de um motorista narrando que tem uma culpa que irá levar por toda sua vida. Na festa da empresa bebeu e achou que estava bem para dirigir. Perdeu a noção de velocidade, invadiu a calçada e atropelou uma criança de cinco anos. Ele descreve que ficou desesperado, que tentou socorrer e que os olhinhos assustados da criança não saem de sua cabeça. Faz as seguintes reflexões: “Quantos sonhos eu destruí! Por que eu fui beber e dirigir? Uma criança...” O vídeo termina com a imagem e o áudio do lema da campanha “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”. O estilo desse vídeo pode ser classificado, segundo os estilos de Lima (2009), como emotivo, pois apresenta o depoimento emocionado de uma pessoa que se envolveu em uma violência viária que teve como consequência a morte de uma criança. A campanha dá ênfase ao depoimento do personagem, apresentado após ter cometido uma infração que teve como consequência a morte de uma criança. O depoimento, de acordo com os sujeitos da pesquisa, demonstra o sentimento de culpa do infrator, como podemos observar nas falas que seguem:

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“Vi um homem psicologicamente abalado pelo fato de cometer um erro que trouxe graves consequências.” (Sujeito 16). “Um homem desesperado por ter dirigido bêbado e ter atropelado uma criança, arrependido e se sentindo culpado.” (Sujeito 21).

As expressões de tristeza apresentadas pelo personagem protagonista do filme demonstram desespero e arrependimento. Novaes (2005, p. 61) esclarece que a culpa é descrita, muitas vezes, por sensações como “peso”, “que mói por dentro”, “que corrói”, “que tortura”. O motorista, personagem da campanha, sente-se responsável pela morte da criança. Ele tem consciência de que foi imprudente ao dirigir sob a influência de álcool e demonstra sua culpa e arrependimento. Conforme Pompeia e Sapienza, com a culpa surge o remorso: É aquele molestar insistentemente com pensamentos e sentimentos desagradáveis, uma sensação de que alguma coisa não foi como devia e a gente tem algo a ver com isso. Esse sentimento pode ser mais preciso ou mais difuso, pode ser identificado com clareza, mas traz sempre um malestar. (POMPEIA; SAPIENZA, 2004, p. 89).

Os autores esclarecem, ainda, que a culpa vem acompanhada do sentimento de vergonha e de uma sensação de conflito, “eu e mim mesmo” ou “eu e minha ação”. (POMPEIA; SAPIENZA, 2004, p. 91). Eles explicam que, na experiência de culpa, aparecem sentimentos como: “deveria ter tido mais cuidado”; “ter avaliado melhor a situação”; “Enfim, lido sempre, de um lado, com o que fui capaz de ser e, de outro, com o que sinto que gostaria de ter sido capaz de ser.” (POMPEIA; SAPIENZA, 2004, p. 95). Por isso a sensação de culpa pode levar a pessoa ao desespero. Esse desespero, provocado pelo sentimento de culpa, faz parte da história literária. Pompeia e Sapienza (2004, p. 95) relembram a tragédia de Édipo, escrita por Sófocles, no século V a. C. Édipo matou um desconhecido sem saber que era seu pai. Casou-se com sua mãe e teve filhos com ela, também sem saber que sua esposa era sua mãe. Ao conhecer sua verdadeira identidade, Édipo desespera-se e fala: “Oh! Ai de mim! Tudo está claro! Ó luz, que eu te veja pela derradeira vez! Todos agora sabem: tudo me era interdito: ser filho de quem sou, casar-me com quem me casei... e... e... eu matei aquele a quem eu não poderia matar!” (SÓFOCLES, 2005, p. 86). Ao ver que sua mãe e esposa suicidou-se, Édipo,

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tomado pela culpa e pelo desespero, castiga-se furando seus olhos, tornando-se assim cego pelo resto da vida. Os sentimentos de culpa e de arrependimento demonstrados na declaração do motorista que dirigiu sob influência de álcool e atropelou e matou uma criança, causaram comoção nos sujeitos da pesquisa. Muitos afirmaram terem sentido tristeza ao assistir ao vídeo, como demostram suas falas a seguir: “É realmente triste saber que muitas pessoas hoje cometem esse crime [...]”. (Sujeito 7). “Eu senti um drama muito forte porque ele teve um sentimento de culpa.” (Sujeito 13). “Fiquei triste por ele ter atropelado e sem querer tirado a vida de uma criança.” (Sujeito 21).

A comoção está relacionada às emoções e indica sensibilidade, uma característica do ser humano relacionada aos sentidos. Com a contemporaneidade, muitas vezes a sensibilidade vem sendo esquecida, até em nosso próprio lar, conforme descreve Duarte Jr. [...] a nossa casa veio deixando de ser um lar, no sentido de constituir uma extensão de nossas emoções e sentimentos, veio deixando de ser um lugar expressivo da vida de seus moradores e da cultura onde se localiza. Foi se transformando, nesta expressão difundida, numa “máquina de morar”, fria e estritamente utilitária, sem o aconchego e o afeto de uma verdadeira morada. (DUARTE JR., 2001, p. 91).

Essa falta de sensibilidade, descrita por Duarte Jr., vai além da nossa casa, acontece também em outros ambientes como: na escola, no cinema e no trânsito. Em se tratando do último, parece que os acontecimentos cotidianos são cenas de ficção, que a violência que acontece diariamente nas vias não é real. Esquecemos, assim, que os automóveis são guiados por seres humanos - parece que são apenas máquinas, sem sentimentos. No entanto, podemos identificar nas falas dos sujeitos da pesquisa suas percepções sensíveis sobre o tema. É possível observar que, ao assistirem o depoimento do motorista imprudente sobre sua tristeza e arrependimento, eles se apropriaram dos seus sentimentos, permitindo a fluidez das emoções. Essa apropriação é perceptível, também, em algumas respostas dadas sobre a situação em que o filme fez pensar:

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“No caso, me fez pensar que, imagina se fosse o meu filho.” (Sujeito 12). “Esse filme me fez pensar cada vez que vou para as baladas e dirijo sob efeito de álcool e que, muitas vezes, ainda faço isso em alta velocidade.” (Sujeito 13). “Quando ele relatou o fato, imaginei quantas pessoas saem para se divertir e não voltam, por imprudência de outras pessoas.” (Sujeito 19). “Num atropelamento que meu marido fez, mas ele não tinha bebido.” (Sujeito 20). “Na dor que a família da criança estava sentindo.” (Sujeito 23).

Podemos notar que muitos relataram situações relacionadas à imprudência e à violência no trânsito. Alguns inclusive colocaram-se no lugar do motorista imprudente ou da vítima. A morte da criança foi considerada o ponto forte do filme pela maioria dos sujeitos da pesquisa. A criança representa o futuro da nação. Ela é um ser desprotegido e frágil, que precisa de cuidados e que tem seus direitos. Nos artigos 15, 16 e 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990), está destacado que a criança e o adolescente têm direito à vida, ao respeito, à dignidade, à saúde, a ir e vir e estar com segurança em locais públicos. Esses direitos não estão sendo garantidos às crianças e aos adolescentes. A cada dia, há menos segurança para esses seres transitarem, seja a pé, de bicicleta, ou de veículo automotor. Essa insegurança tem resultado no aumento de mortes e feridos no trânsito, envolvendo crianças e adolescentes. Segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária, Houve um aumento no número de ocorrências de trânsito registradas envolvendo crianças e adolescentes no primeiro semestre de 2013, se comparado com o mesmo período do ano passado. Na faixa de 0 a 7 anos, o aumento foi de 24%, passando de 2.560 para 3.178. Já na faixa etária de 8 a 17 anos, o aumento foi ainda maior: passou de 8.839 para 11.461, um crescimento de 30%. (ONSV, 2013).

Muitas crianças e adolescentes estão se ferindo ou perdendo a vida no trânsito, por irresponsabilidade dos adultos, que, provavelmente sem medir as consequências, cometem todo tipo de infração, como a citada no vídeo A. Os adultos têm o dever de cuidar da criança e do adolescente, conforme estabelecido

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no Art. 18 do ECA: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”. (BRASIL, 1990). A morte de um ser desprotegido pela falta de responsabilidade de um adulto provocou a sensibilidade nos participantes. Assim sendo, representar situações que envolvam crianças pode ser uma referência a futuras campanhas educativas para o trânsito. Os sujeitos da pesquisa informaram, ainda, que a mensagem deixada pela campanha foi “Se beber não dirija”. Esse resultado vai ao encontro do objetivo da campanha: Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”, ou seja, “[...] sensibilizar as pessoas com as tragédias causadas pela combinação de bebida e direção” (BRASIL, 2011). A atitude de dirigir sob o efeito de álcool representa uma grande irresponsabilidade, com consequências irreparáveis, conforme observamos no vídeo em questão. Campanhas que orientam a população sobre os riscos de beber e dirigir são fundamentais. Os sujeitos da pesquisa demostraram perceber isso nos depoimentos, justificando a importância da mensagem deixada pela Campanha: Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”, conforme algumas falas a seguir: “[...] tem pessoa que acha que saiu de uma festa alcoolizada e está bem para dirigir, isso é uma falta de pensamento.” (Sujeito 2). “Talvez com esta mensagem as pessoas se conscientizem e obedeçam às leis do nosso País.” (Sujeito 7). “[...] muitos ainda não respeitam os sinais de trânsito e ainda continuam sob o efeito de álcool dirigindo. Matam e se matam e, muitas vezes, vão até presos por isso e acabam também perdendo o veículo e multados por isso.” (Sujeito 13). “[...] para mostrar as consequências de álcool e direção, pois as duas coisas não podem andar juntas.” (Sujeito 21).

As justificativas, as quais podem ser vistas na íntegra no Apêndice C desta dissertação, confirmam que todos os sujeitos da pesquisa avaliaram positivamente esse tipo de campanha educativa para o trânsito. Com base nas respostas provindas da pesquisa, é possível deduzir que o Vídeo A mexeu com a sensibilidade da maioria dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos participantes da

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pesquisa. Grande parte dos informantes demonstrou uma percepção sensível para a campanha educativa, percebendo as consequências das infrações de trânsito e manifestando sua indignação com a violência viária. Cabe, aqui, uma reflexão sobre a importância da percepção sensível, proporcionada pela campanha educativa em análise, e sua relação com o inteligível. Duarte Jr. esclarece-nos que “‘[...] o ‘sensível’ é o objeto próprio do conhecimento sensível, assim como o ‘inteligível’ é o objeto próprio do conhecimento intelectivo.” (DUARTE JR., 2001 p. 15). Mas qual a importância da integração do sensível com o inteligível para a segurança viária? Conforme Duarte Jr. (2001, p. 225), “[...] talvez a valorização do sensível e a busca de sua integração com o inteligível possa consistir num pequeno e primordial passo rumo a tempos menos brutais e permeados de maior equilíbrio entre as muitas formas de vida conhecidas”. Desta forma, quem sabe, a integração do sensível com o inteligível possibilite a reflexão e a aprendizagem sobre as maneiras coerentes de se comportar ao transitar nas vias. No entanto, para que haja a integração entre o sensível e o inteligível, Maffesoli explica que: “É para dar conta disso que o intelectual deve saber encontrar um modus operandi que permita passar do domínio da abstração ao da imaginação e do sentimento ou, melhor ainda, de aliar o inteligível ao sensível”. (MAFFESOLI, 1998, p. 304). Com base nessa citação de Maffesoli, podemos interpretar que a culpa será vista, também, como um indicador de aprendizagem se houver a integração do sensível com o inteligível. Assim sendo, para promover a segurança no trânsito, é importante considerar o modus operandi

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no planejamento das campanhas

educativas, a fim de proporcionar a sensibilidade por meio da conexão entre o sensível e o inteligível. Cabe, aqui, o argumento de Novaes sobre a culpa, sentimento em destaque na campanha em análise. “[...] a culpa também pode ser entendida como parte da experiência humana, como um guia. Nesse sentido é vista de forma positiva, funcionando como um indicador e como um meio de aprendizado”. (NOVAES, 2005, p. 61).

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Modus operandi é uma expressão em latim que significa "modo de operação".

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3.3.2 Campanha: Pedestre. "Pare, pense, mude" – Vídeo B Penso que uma cidade é construída sobre relações humanas, gente se encontrando, e, entre outras coisas, o amor incrementaria as próprias coisas que são desejáveis numa cidade. James Hillman

As palavras de Hillman (1993, p. 42) indicam a importância das relações humanas e de amor para o desenvolvimento da cidade. Essa relação de amor pelo próximo e pela cidade envolve todos que partilham o mesmo espaço nas vias, ou seja, motoristas, pedestres e ciclistas. Exige, segundo Duarte Jr., um compromisso social. Dessa relação, portanto, emerge em nós um sentimento de instalação no mundo e de compromisso social, não só com o próximo, a partilhar o mesmo espaço, mas também com o nosso ambiente e as coisas que o preenchem. Passear pela paisagem urbana se mostra, pois, fundamental para a constituição de uma realidade estável, sensível e acolhedora, uma realidade com a qual nos identificamos e pela qual nos sentimos um pouco responsáveis. (DUARTE JR., 2001, p. 85).

O autor argumenta que somos responsáveis pela realidade do nosso ambiente e que passear pela cidade é fundamental para tornar essa realidade estável, sensível e acolhedora. Esse “passear” refere-se ao ato de caminhar, de transitar pela cidade a pé, a maneira mais antiga e natural que existe para a realização de um deslocamento. No dia-a-dia das grandes cidades, com o aumento de calçadões e da distância dos estacionamentos, mesmo que estejamos nos locomovendo por meio de veículo motorizado, na maioria das viagens, precisamos também caminhar. Contudo, esse caminhar, muitas vezes, é individualista e sem compromisso com o próximo e com a cidade. Duarte Jr. (2001, p. 84) destaca que, para os habitantes de nossas cheias metrópoles, “[...] o andar significa tão-só uma ação mecânica que os conduz de um ponto a outro, a transposição de uma distância que não pode ser vencida com o concurso de máquinas ou equipamentos”. A falta de compromisso social induz as pessoas a não se enxergarem como solução para os problemas no trânsito. Podemos conferir este ponto de vista dos cidadãos na pesquisa realizada pelo Ministério das Cidades. Pesquisas do Ministério das Cidades indicam que a atitude normal das pessoas é culpar os demais pelos problemas no trânsito. De acordo com as 2.000 entrevistas, 3 em cada 4 brasileiros se enxergam como solução, em

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vez de problema no trânsito. E consideram não ser necessário mudar suas atitudes. Observa-se que a maioria dos problemas é atribuída às práticas dos “outros” e quase nunca à própria conduta ao volante, nas ruas e calçadas. Apenas quando indagados de forma objetiva sobre certas atitudes (como o uso do cinto no banco traseiro, o respeito aos limites de velocidade, a preocupação em beber e dirigir, o uso da faixa de pedestre, etc.) é que alguns reconhecem falhas e passam a se ver mais como problema do que como solução. Apenas os motoristas de carro veem em seus iguais o “principal adversário”. Ciclistas e motociclistas acham que a culpa costuma ser dos motoristas de carro. Já os motoristas profissionais culpam os ciclistas. (BRASIL, 2011).

Com o objetivo de conscientizar a população brasileira sobre a necessidade de mudança de atitude das pessoas no trânsito, para torná-lo um espaço de convivência mais pacífico e seguro, o Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran, promoveu, em julho de 2011, a Campanha Pedestre. “Pare, pense, mude” 17 . O planejamento dessa campanha iniciou com uma pesquisa sobre a percepção das pessoas em relação aos problemas no trânsito (o resultado está na citação anterior). Essa é a metodologia recomendada na resolução 314 do Contran, já vistas nesta dissertação (ver páginas 38-39). O lema da campanha é: “O trânsito só muda quando a gente muda”. A veiculação da campanha foi por meio de comerciais veiculados nas TVs, nos rádios, nos anúncios em revistas e na Internet e nas redes sociais. Ela foi divulgada, também, em espaços exteriores de grande circulação de pessoas e veículos, por meio de mensagens educativas nos postos de gasolina, pedágios, paradas de ônibus, para-brisas de taxis e ônibus e outdoors em avenidas e estradas para orientar os motoristas que saíram de férias. Faz parte dessa campanha, o vídeo, com duração de 15 segundos, contendo a representação de uma entrevista realizada com uma senhora idosa.

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O vídeo dessa campanha pode ser encontrado também no seguinte endereço: . Acesso em: 25 out. 2013.

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Figura 2 - Pedestre. "Pare, pense, mude"

Fonte: Brasil (2012b).

O repórter pergunta à senhora que está atravessando a rua: “O que você faria para melhorar o trânsito?”. Ela responde: “Ah! Tá tudo errado, os motoristas não enxergam mais a gente”. Então, o repórter questiona: “O que mudaria em você para melhorar o trânsito?”. A senhora responde, olhando a sua volta: “Ai, que vergonha! Eu tô fora da faixa! Você não vai passar isso não, né?”. Na sequência, aparece a legenda e o áudio com os seguintes dizeres: “O Trânsito só muda quando a gente muda”. O filme encerra com a imagem e o áudio do lema da campanha: “Pare! Pense! Mude!”. Esse vídeo, por provocar graça, devido à reação da entrevistada ao perceber que estava fora da faixa, possui o estilo cômico, de acordo com os estilos apontados por Lima (2009). Essa campanha proporciona a reflexão sobre dois importantes aspectos: o primeiro refere-se às dificuldades enfrentadas pelos idosos ao caminhar pelas vias, principalmente ao atravessar as ruas. Segundo Wold: Atravessar a rua é um problema significativo para pedestres idosos. Um estudo revelou que apenas 1% dos idosos independentes acima dos 72 anos é capaz de atravessar a rua no tempo determinado pelo sinal de pedestres. Ainda que a incidência de acidentes nesse caso seja baixa, o risco de ferimentos graves é alto. (WOLD, 2013, p. 379).

A dificuldade de locomoção das pessoas idosas, aliada à pressa e à falta de respeito dos motoristas, faz com que os idosos sintam-se muito inseguros quando vão atravessar a rua.

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O segundo aspecto percebido no vídeo é a atitude da idosa, que reclamava da falta de respeito no trânsito, mas também não estava respeitando a sinalização. Esse aspecto foi percebido por diversos estudantes da Educação de Jovens e Adultos, sujeitos desta pesquisa, como podemos observar em algumas de suas falas a seguir: “A senhora queria os direitos dela no trânsito, mas nem ela respeita as leis.” (Sujeito 8). “Uma senhora reclamando do trânsito, mas esquecendo que a mudança tem que começar por nós mesmos, pois ela estava cometendo uma infração.” (Sujeito 16). “As pessoas cobram dos outros, mas não se cobram a si mesmo...” (Sujeito 19).

A atitude da idosa pode ser comparada a atitude da esposa, personagem da parábola Os Lençóis da Vizinha. Um casal, recém-casado, mudou-se para um bairro muito tranquilo. Na primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou através da janela em uma vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido: - Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo! Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas! O marido a tudo escutava, calado. Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal e a mulher comentou com o marido: - Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas! E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal. Passado um mês, a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos e, toda empolgada, foi dizer ao marido: - Veja, ela aprendeu a lavar as roupas! Será que a outra vizinha a ensinou? Porque eu não fiz nada! O marido calmamente respondeu: - Não, hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela! (Autor desconhecido)

A esposa critica a vizinha sem perceber que era ela que estava errada. No caso da idosa, ela critica os motoristas sem se dar conta que também está agindo incorretamente, atravessando a rua fora da faixa de pedestres18. 18

Sinalização horizontal constituída por uma série de faixas que delimitam a área determinada para a travessia de pedestres (pessoas que andam a pé), em ruas, avenidas e vias em geral.

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O comportamento da senhora idosa sensibilizou os sujeitos da pesquisa, entre as manifestações de sentimentos, vale destacar o comentário do Sujeito 3: “Senti um pouco de culpa, pois a gente sabe que é errado e atravessa a rua fora da faixa de pedestres.” Muitas pessoas são imprudentes conscientemente, ou seja, sabem que estão erradas, mas fazem. Por que agem assim? Por que se comportam como homens bárbaros? Conforme Schiller (1995, p. 33), o homem pode ser selvagem, “quando seus sentimentos imperam sobre seus princípios”, ou bárbaro, “quando seus princípios destroem seus sentimentos”. O autor argumenta, no entanto, que há também o homem cultivado, aquele que “faz da natureza uma amiga e honra sua liberdade, na medida em que apenas põe rédeas a seu arbítrio” (SCHILLER, 1995, p. 33). Podemos deduzir, pelo pensamento de Schiller, que, no trânsito, convivemos com o cidadão selvagem, aquele que não conhece as leis e a maneira correta e segura de transitar e deixa-se levar pelo impulso e pelos sentimentos; com o cidadão bárbaro, aquele que tem conhecimento sobre as leis e às regras de segurança no trânsito, mas age com base em seus princípios, com imprudência e sem obedecer às leis; e com o cidadão cultivado, aquele que é sensível, controla sua liberdade e, consequentemente, é educado e prudente no trânsito. Assim sendo, talvez as pessoas que agem como homens bárbaros no trânsito o fazem porque estão dando mais atenção aos seus princípios, do que aos seus sentimentos. São pessoas que não controlam seu livre-arbítrio e cometem todo tipo de infração. É possível que tais atitudes estejam relacionadas aos valores profundamente enraizados. Sobre esse assunto, Pinto explica que: Os esforços para mudar os valores profundamente enraizados estão entre as causas mais difíceis de serem levadas a efeito. O sentido de identidade e bem-estar de um indivíduo está enraizado em seus valores básicos. Seus valores básicos orientam suas percepções e escolhas sociais, morais e intelectuais. A intromissão da dissonância em seu conjunto de valores criará um intenso constrangimento e stress. Ele procurará evitar as informações dissonantes, ou irá desprezá-las pela racionalização, ou as colocará de lado para que não afetem seus próprios valores. O sistema psicológico humano resiste à informação que o desoriente. (PINTO, 2002, p. 22).

Pelo visto, a tarefa da educação para o trânsito, de alterar os valores profundamente enraizados, a fim de provocar a mudança de atitudes nas vias, é um grande desafio.

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Em relação à campanha: Pedestre. "Pare, pense, mude", consideramos importante destacar a interrogação do sujeito 19: “Como educar os novos se os mais experientes, "idosos", não dão exemplo?” Entende-se que os mais velhos, por possuir mais experiência, devem servir de exemplo aos mais novos. Quando isso não acontece, como demonstrou a senhora idosa, personagem da campanha, parece que estamos enfrentado um problema sem solução, ou seja, temos a impressão de que os mais jovens estão condenados a serem também imprudentes no trânsito. Por outro lado, é importante ressaltar que alguns sujeitos da pesquisa indicaram soluções para a falta de harmonia no trânsito. Destacamos, assim, as seguintes falas: “Que não adianta reclamar sobre mudanças se não mudar seus próprios hábitos.” (Sujeito 14). “Que bom seria se motoristas e pedestres tivessem educação, respeito, consciência e vontade para mudarmos o trânsito e diminuirmos os números de acidentes.” (Sujeito 16).

Podemos perceber que eles realçaram a importância da mudança de atitudes individuais para transformar o trânsito e que essa mudança deve partir dos motoristas e dos pedestres. Tal mudança refere-se a um compromisso motivado pelo amor à vida e ao próximo. São atitudes pessoais que envolvem a alteração de valores profundamente enraizados. São condutas com propósito coletivo, em prol do bem comum, em prol das relações humanas na cidade e em prol da cidade. É a construção da cidade a partir das relações humanas, idealizada por Hillman (1993), ou seja, uma cidade composta por pessoas que se encontram e que com amor fazem-na desenvolver. 3.3.3 Campanha: Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar” – Vídeo C Eu senti o mesmo que aconteceu com o meu irmão, que também morreu num acidente com moto, ele bebia e dirigia, ultrapassou o caminhão na curva e o caminhão passou por cima. Sujeito 13

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As palavras do sujeito 13 antecipam os acontecimentos exibidos no filme Campanha: Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar”19. Esse vídeo faz parte de uma campanha realizada pelo Ministério das cidades em parceria com o Denatran. Os motociclistas foram o público-alvo da campanha lançada no dia 30 de dezembro de 2011 e veiculada nas primeiras semanas de janeiro de 2012. O expressivo aumento da frota de motocicletas no Brasil vem sendo acompanhado pelo número crescente de acidentes envolvendo este público. Alarmados com este quadro, o Denatran lançou uma campanha com o conceito “Moto é preciso saber usar. É preciso respeitar.”, que visava incentivar o respeito mútuo entre motociclistas e motoristas, além de apresentar dicas de segurança que podem evitar maiores problemas no trânsito. Para a divulgação da campanha, foram produzidos dois filmes para TV, peças para rádio, peças gráficas e uma grande mobilização na internet. (BRASIL, 2012a). Figura 3 - Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar”

Fonte: Brasil (2012c).

O filme, com duração de 32 segundos, inicia com a imagem de uma moto transitando, primeiramente, em uma estrada pavimentada, depois em uma estrada de chão. A moto é estacionada em frente a uma casa simples. Um jovem desembarca e entra na casa, abraça uma senhora e pergunta chorando: “Como é que foi Tia?”. Ela responde bastante emocionada: “Eu avisei tanto o seu primo. Não usava capacete, não respeitava nada. Mas com moto, a gente tem que tomar cuidado”. Durante a fala da tia, é transmitida a imagem de uma moto se envolvendo 19

O vídeo dessa campanha pode ser encontrado também no seguinte endereço: . Acesso em: 25 out. 2013.

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em uma violência viária. Em seguida, tia e sobrinho seguem abraçados até um cômodo da casa onde está havendo um velório. Enquanto eles caminham é narrada a frase: “Uma moto significa poder ir mais longe, ou nunca mais voltar”. O filme é encerrado com a imagem da campanha: “Pare! Pense! Mude! Parada! Pacto nacional pela redução de acidentes!” e o áudio da frase: “Moto. É preciso saber usar. É preciso respeitar”. Essa campanha mostra uma violência de trânsito, porém omite os detalhes. Ela exibe a moto indo em direção ao automóvel, mas não mostra a colisão. A campanha mostra o caixão, porém fechado, dando indícios de graves danos à vítima. Conforme Lima (2009), campanhas com essas características possuem o estilo choque implícito. É possível identificar, também, o estilo emotivo, pois mostra a tristeza e a comoção da família no velamento. Os sujeitos da pesquisa, após assistirem ao vídeo, deixaram claro que o que mais perceberam nas cenas foi a imprudência do motorista. Entre as respostas dos sujeitos, destacam-se: “Vídeo de uma pessoa que não respeitava as leis e colocava em risco a sua vida e a vida das outras pessoas.” (Sujeito 5). “Eu vi um acidente com moto eu ouvi que ele não escutava ninguém, não respeitava e não usava capacete.” (Sujeito 13). “Vi que com uma moto ele sentiu o direito de fazer, andar, correr como e onde bem quisesse...” (Sujeito 19). “O desespero de uma mãe, com a falta de consciência que o filho tinha em andar de moto sem capacete e em alta velocidade”. (Sujeito 22).

As mortes envolvendo motoristas de motos vêm aumentando muito no Brasil. Em matéria publicada no Globo.com, consta que: O número de mortes em acidentes de trânsito com motos no Brasil aumentou 263,5% em 10 anos, segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), criado pelo Ministério da Saúde. Em 2011, foram 11.268 mortes no país, contra 3.100 usuários de motos mortos em 2001. (MIOTTO, 2013).

São dados alarmantes que demonstram o quanto as pessoas que transitam em motocicletas estão suscetíveis a se envolver em uma violência de trânsito. Os ocupantes de motocicletas estão em uma situação muito vulnerável, basta uma

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simples queda para provocar graves ferimentos. Apesar disso, muitos não tomam os devidos cuidados e são imprudentes, desrespeitando as sinalizações de trânsito e não usando os equipamentos de segurança. Em uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da USP, com 326 vítimas da violência de trânsito, que estavam em motocicleta, no período de 19 de fevereiro de 2013 a 12 de maio de 2013, em hospitais e clínicas da Zona oeste de São Paulo (SP), constatou-se que “[...] o comportamento de risco do motociclista e a falta de respeito e visibilidade do motorista foram os fatores que mais contribuíram para a ocorrência do acidente” (FMUSP/HCFMUSP, 2013, p. 8). A imagem 4, a seguir, representa a conclusão dessa pesquisa. Figura 4 - Causas de acidentes com Motociclistas

Fonte: FMUSP/HCFMUSP (2013, p. 6).

Segundo a pesquisa, os principais culpados pela violência do trânsito envolvendo motociclistas é o ser humano - 37% são os próprios motociclistas e 37% os motoristas. São seres humanos que não respeitam as sinalizações, que são imprudentes, colocando sua vida e a de outros, que estão no espaço do trânsito, em risco. Sobre o questionamento aos sujeitos da pesquisa, com relação ao que sentiram assistindo ao vídeo, destacamos as seguintes respostas: “Medo de andar de moto.” (Sujeito 5). “Tristeza em saber que isto acontece realmente todos os dias, são milhares de jovens perdendo suas vidas por serem imprudentes.” (Sujeito 16).

O sentimento de medo provavelmente é uma consequência da falta de segurança oferecida às pessoas que transitam de moto. Pode ser um sentimento

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que afasta as pessoas da motocicleta, mas, por outro lado, pode provocar a reflexão e a conscientização sobre os riscos e as responsabilidades dos condutores e passageiros de motocicletas. O sujeito 16 sentiu tristeza, pois está ciente de que, apesar de a campanha ser um filme contracenado por atores, as cenas apresentadas acontecem diariamente. Trata-se de uma ficção baseada em fatos reais, representa a vida de pessoas jovens perdidas pela imprudência no trânsito, representa o sofrimento de mães chorando a morte de filhos. Muitos sujeitos, ao serem questionados sobre a lembrança de alguma situação, quando assistiram ao vídeo, relataram lembrar-se de situações semelhantes a do filme que aconteceram com eles, com familiares, ou no ambiente de trabalho. “Sim, quando eu estava indo trabalhar de moto, estava na minha mão certa de repente um carro entra e quase bate em mim.” (Sujeito 2). “No meu acidente, felizmente sobrevivi, mas poderia ter morrido.” (Sujeito 8). “Sim, foi muito triste quando perdi familiares em acidente de moto.” (Sujeito 11). “Sim, na mesma madrugada que morreu o meu irmão, disse que não tinha bebido, mais foi encontrado uma grande quantidade de álcool no sangue.” (Sujeito 13). “Sim, pois trabalho num hospital e a maioria dos acidentes é de moto e muitas vezes é fatal causando a morte.” (Sujeito 21). “Sim, no meu primo, ele pilotava a moto dele quando voltava de uma festa com o amigo dele na garupa, não usavam capacete, em uma curva, bateu de frente com um carro, morreram os dois.” (Sujeito 23).

O que entendemos, a partir dessas declarações, é que a violência viária acontece em todo lugar, não há faixa etária, nem classes sociais e culturais eleitas para serem vítimas do trânsito, é como se a sociedade estivesse sendo contagiada por uma epidemia. Qualquer um de nós pode ser atingido por esse mal, a qualquer momento. Entretanto, existem formas de preveni-lo, e uma dessas maneiras é por meio da sensibilidade, que, provavelmente, será capaz de proporcionar a tomada de consciência e a mudança de atitudes. É possível promover uma educação do sensível, que, segundo Duarte Jr. (2001, p. 199), deve “[...] visar a algo mais que

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apenas uma sensibilidade acurada ao lado de uma razão exercida no modo instrumental. Antes, ela precisa remeter a uma mudança de atitude, a um enriquecimento da vida, a ser vivida”. Assim sendo, uma campanha educativa para o trânsito deve proporcionar no público alvo um saber sensível capaz de provocar a reflexão e incentivar a mudança de atitudes. Podemos identificar indícios dessa educação sensível nas manifestações dos sujeitos 5 e 8, após assistirem à campanha Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar”: “Eu sou motoqueiro, tenho que parar e pensar melhor.” (Sujeito 8). “Hoje, quando sair da escola, vou mais devagar para minha casa, parar nos sinais e chegar com segurança em casa.” (Sujeito 5).

Sujeitos que foram sensibilizados pelo vídeo e que declararam rever suas atitudes de motociclistas. Que essa tomada de consciência permaneça e seja multiplicada. 3.3.4 Campanha de fim de ano – Vídeo D Quem me acode à cabeça e ao coração neste fim de ano, entre alegria e dor? Que sonho, que mistério, que oração? Amor. Carlos Drummond de Andrade

Drummond (1997) descreve o fim de ano como uma época de alegria e de dor. Podemos entender, pelas palavras do poeta, que essa mistura de sentimentos é provocada pela presença e ausência de amor. Essa mistura de sentimentos de alegria e de dor pode ter, dentre seus motivos, a perda de um ente querido durante as festa de fim de ano, por exemplo. Essa época do ano, devido às festas e, principalmente, devido à mistura de álcool e direção, a ocorrência de mortes e feridos no trânsito aumenta. Conforme balanço realizado pela Polícia Rodoviária Federal, somente nas estradas federais brasileiras, no período de 21 de dezembro de 2012 a 2 de janeiro de 2013, foram registrados 7.040 acidentes, que resultaram em 4.171 feridos e 392 mortes.

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(LEITÃO, 2013). Cabe salientar que há, ainda, as ocorrências nas rodovias estaduais e municipais, que não foram calculadas nesse balanço. Nesse mesmo período, o Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran, lançou a Campanha de fim de ano20. Faz parte da campanha, um vídeo com a duração de 34 segundos, veiculado na TV em dezembro de 2012. Figura 5 - Campanha de Fim de Ano

Fonte: Brasil (2012d). Todos os anos, a tradição do Natal toma conta do Brasil e derrama sobre a maioria dos nossos lares sentimentos como a solidariedade, a alegria e o bem querer. Vivemos a esperança de dias ainda melhores para todos os brasileiros no novo ano que se aproxima. Infelizmente, é nessa época de festas que acontece um impressionante aumento do fluxo de veículos em nossas ruas e estradas e uma acentuada presença de motoristas alcoolizados no trânsito. Para ajudar a diminuir o número de acidentes que mancham de tristeza as festas e a vida de milhares de famílias, o Ministério das Cidades, por meio do Denatran, está lançando uma ampla campanha de conscientização que convida todos os segmentos da sociedade a ajudarem a mudar essa triste tradição do aumento de acidentes nos feriados de fim de ano. (BRASIL, 2012d).

O vídeo exibe cenas de uma família comemorando o Natal e o Ano Novo: uma menina colocando meias na janela e presentes na árvore de Natal. A mãe preparando um peru assado. É transmitida, também, a cena em que o marido está bebendo, ao lado da esposa, fazendo promessas de ano novo. As cenas são interrompidas repentinamente pela imagem de um acidente de trânsito envolvendo o casal. A esposa aparece morta, toda ensanguentada, caída no asfalto. O marido 20

O vídeo dessa campanha pode ser encontrado também no seguinte endereço: . Acesso em: 25 out. 2013.

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olha para a esposa, desesperado. Durante a transmissão das imagens, é narrada a seguinte mensagem: “Mortes no trânsito. Já está na hora de abandonar essa tradição de fim de ano. O número de acidentes dispara em razão das festas de Natal e Ano Novo. Não dê esse presente para sua família. Se beber não dirija”. O vídeo é finalizado com a imagem da campanha: “Pare! Pense! Mude! Parada! Pacto nacional pela redução de acidentes!” e o áudio da frase: “Consciência no trânsito: um pacto pela vida”. A campanha, assim, mostra uma mulher ensanguentada no asfalto. Lima (2009) esclarece que campanhas com essa característica possuem o estilo chocante. Porém, por mostrar a família unida no Natal e depois o sofrimento do marido, podemos perceber também o estilo emotivo. A ruptura de um momento de alegria das festas de Natal e de Ano Novo para um momento de tristeza com a morte causada pela mistura de álcool e direção foi percebida pela maioria dos sujeitos da pesquisa. “Ouvi que todos estavam festejando o Natal e o ano novo, beberam demais, saíram de carro e bateram. Invés de ser festa de Natal e Ano Novo, foi a tristeza de uma morte movida à bebida.” (Sujeito 11). “Pessoas festejando, festa de final de ano, todos alegres, mas no final, mais uma vez a bebida acabando com tudo e o marido desesperado vendo sua esposa morta no chão.” (Sujeito 21).

A combinação de álcool e direção tem sido a causa de muitas mortes no trânsito. Conforme pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em setembro de 2011, com 47.455 vítimas de violências e acidentes, atendidos nos serviços de urgência e emergência do SUS (Sistema Único de Saúde), em 71 hospitais nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, o Álcool está relacionado a 21% da violência no trânsito. “O levantamento aponta que uma em cada cinco vítimas de trânsito atendidas nos prontos-socorros brasileiros ingeriram bebida alcoólica” (BRASIL, 2013). O álcool é uma droga lícita 21 que provoca diversos efeitos colaterais no organismo. Moreira destaca que: O álcool acarreta no ser humano uma redução da capacidade de reagir adequadamente a estímulos (reflexos); diminui a visão periférica; altera o 21

Droga lícita é aquela que possui a produção, o uso e a comercialização permitidos por lei.

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controle corporal causando desequilíbrio e dificuldades de marcha; aumenta a agressividade; causa sono; e leva a embriaguez. Tendo ação sobre todos os tecidos, o álcool exerce marcadamente seus efeitos no sistema nervoso. (MOREIRA, 2008, p. 53).

Por isso, dirigir sob a influência de álcool é considerado, segundo o artigo 165 do CTB, uma infração gravíssima, cuja penalidade é multa e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. A multa será aplicada em dobro, no caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses. Está previsto, ainda, no artigo 306 do CTB, que o condutor que apresentar concentração de seis decigramas de álcool por litro de sangue, 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar 22 ou sinais que indiquem alteração da capacidade psicomotora terá a pena de seis meses a três anos de detenção e “multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor” (BRASIL, 1997). A grande consequência da mistura de álcool e direção, no entanto, não está na penalidade, mas sim na perda de vidas que desestruturam as famílias. Está na quantidade de feridos que lotam nossos hospitais e oneram o Sistema Único de Saúde. A maioria dos sujeitos da pesquisa considerou, como o ponto forte do vídeo, a cena que mostra a mulher morta. É uma imagem violenta e chocante, pois exibe a cena da morte no trânsito mais próxima da realidade, ou seja, a vítima ferida ensanguentada, caída no asfalto. Alguns sujeitos insinuaram que a Campanha de Fim de Ano é mais interessante por apresentar essas características, como podemos observar nas falas a seguir: “Porque mostrou mais a realidade de morte no trânsito.” (Sujeito 3). “É o que passa a realidade mais forte e assustadora.” (Sujeito 5). “Porque é um acidente brutal que leva a pensar na morte imediata e causa um grande impacto nos telespectadores.” (Sujeito 7).

Muitas pessoas interessam-se mais em ler ou assistir a filmes de violência do que coisas positivas. Conforme pesquisa realizada por Odin e Popiu (2012), sobre a quantidade de acessos no Portal Catve.tv 23 , onde há uma grande variedade de editoriais e notícias diárias, durante o mês de abril de 2012, “[...] a maioria das matérias que obtiveram mais visualizações dos internautas envolvem acidentes e mortes violentas, entre outros temas de aspecto negativo que aconteceram na 22 23

Ar expirado pela boca de um indivíduo, originário dos alvéolos pulmonares. O portal pode ser encontrado no seguinte endereço . Acesso em: 25 out. 2013.

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cidade ou na região” (ODIN; POPIU, 2012, p. 120). As estatísticas do portal apontam que: No período de um mês são mais de dois milhões de notícias visualizadas dentro do portal, o que significa que, em média, cada pessoa acessa cinco matérias cada vez que entra no site. Dentro desse número de matérias visualizadas, 30% pertencem à editoria policial, que noticia mortes violentas, tiroteios, prisões, apreensões entre outros crimes e operações policiais. Essa porcentagem representa cerca de 600 mil notícias visualizadas no mês. Em seguida vem a editoria de trânsito, que também noticia mortes violentas, acidentes graves, operações no trânsito entre outros assuntos. Essa editoria detêm 15% dos acessos mensais ao portal, cerca de 300 mil notícias visualizadas. Em terceiro lugar no número de acessos ficam as matérias da editoria de esporte, com 8% das visualizações, cerca de 160 mil acessos. (ODIN; POPIU, 2012, p. 122).

Percebemos que cenas de violência atraem as pessoas. Talvez, por isso, a Campanha de Fim de Ano, com estilo chocante, tenha despertado o interesse dos sujeitos da pesquisa. Talvez, por isso, as imagens violentas foram consideradas como o ponto forte da campanha. Por outro lado, é possível observar, também, que mostrar cenas fortes, ou seja, os fatos como eles realmente são, após a violência de trânsito, podem deixar, nos receptores, mensagens relacionadas à segurança nas vias, como estas relatadas pelos sujeitos da pesquisa, após assistir ao Vídeo D: “Que nossa vida é mais importante que o álcool e que ele não combina com direção.” (Sujeito 3). “Festas de fim de ano e comemorativas são melhores em família e em casa.” (Sujeito 5). “Que todos os seres humanos têm que ter consciência que volante e bebida não se misturam.” (Sujeito 12). “Que por mais que sejam festas de fim de ano, devemos ter mais responsabilidade na hora de dirigir.” (Sujeito 14).

São mensagens que demonstram a sensibilidade dos sujeitos sobre o conteúdo apresentado na campanha, ou seja, os riscos e as possíveis consequências da mistura de bebida e direção e a importância da vida e do convívio familiar. Alguns sujeitos forneceram justificativas sobre a importância da mensagem deixada pela campanha, como mostram as falas a seguir:

68

“Porque a vida é tão importante, que ninguém tem noção.” (Sujeito 12). “Porque a imprudência no trânsito aumenta nessa época, é bom alertar para suas consequências.” (Sujeito 14). “Quem sabe as pessoas que assistiram ao vídeo pensem mais nas coisas que estão fazendo.” (Sujeito 17). “Pois várias pessoas morrem sem ter culpa, é um incentivo a não beber e dirigir.” (Sujeito 18). “Porque devemos ter consciência, respeitar às leis de trânsito e preservar nossas vidas e das outras pessoas.” (Sujeito 23).

As declarações demonstram a percepção sensível dos sujeitos para a campanha. Sobre essa percepção convém destacar as palavras do sujeito 12 que conceituou a vida como algo de tamanho valor, incapaz de ser compreendido pelas pessoas. Schiller (1995, p. 81-82) explica que: “O objeto do impulso sensível, expresso num conceito geral, chama-se vida em seu significado mais amplo; um conceito que significa todo o ser material e toda presença imediata nos sentidos”. Podemos deduzir, assim, que a valorização da vida serve de impulso para a sensibilidade e que, por outro lado, os sentidos incentivam o ser humano a valorizar a vida. Provavelmente, os sujeitos que ao assistirem ao vídeo mencionaram a importância da vida em suas declarações perceberam o quanto ela é frágil e como podemos

perdê-la

facilmente.

Em instantes,

a

mulher

que

estava

feliz,

comemorando o Ano Novo, passou a ser um cadáver ensanguentado no asfalto. Essa possibilidade, possivelmente, mexe com os sentidos e serve de impulso para pensar no valor da vida.

3.4 A COMOÇÃO A PARTIR DAS CAMPANHAS DE EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Martha Medeiros

É possível perceber nas palavras de Martha Medeiros (2002) que a comoção proporciona a mudança de sentimentos e de humor. Assim, uma pessoa comovida é

69

capaz de mudar sua maneira de agir. A autora, por meio da comoção, demonstra vivenciar uma experiência estética, ou seja, passa por situações que envolvem as sensações e as emoções. Muitos sujeitos que fizeram parte desta pesquisa também tiveram essa experiência estética ao assistirem aos quatro vídeos. Assim, após assistirem aos quatro vídeos correspondentes às campanhas educativas para o trânsito, eles foram questionados sobre o vídeo que mais os tocou. Como resposta, conforme podemos observar no gráfico 3 a seguir, em primeiro lugar, foi o Campanha de fim de ano (39%). Em segundo lugar, foi mencionado o vídeo Campanha: Depoimento – Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” (35%), e, em terceiro lugar, o vídeo Campanha: Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar” (26%). O vídeo Campanha: Pedestre. “Pare, pense, mude” não foi citado pelos sujeitos da pesquisa. Gráfico 3 – Vídeo que mais tocou

A

D

C

B

Fonte: Elaborado pela autora a partir da tabulação de questionário aplicado.

A maioria dos sujeitos que escolheu o vídeo Campanha de fim de ano, como o que mais tocou, justificou a escolha citando a morte (sujeitos 1, 6, 9, 10 e 16). As justificativas podem ser conferidas na tabela 2 a seguir.

70

Tabela 2 – Justificativas para a escolha do vídeo Campanha de fim de ano como o mais tocante Sujeitos

Justificativas

1

Pelo simples fato da mulher ter morrido.

4

Porque todo mundo estava com a família e agora não vai poder ser mais a família, por uma besteira.

6

Porque estavam todos felizes e acabou morrendo bruscamente.

8

A gente acha sempre que acontece só com os vizinhos, mas também pode acontecer com a gente.

9

Porque o acidente foi muito triste e ela morreu.

10

Porque eu botei a vida da moça dentro de mim. Se fosse eu? Não estava bebendo e dirigindo e bati o carro e matei a moça.

11

Por motivo que depois de uma festa veio a tristeza.

16

Porque geralmente neste tipo de acidente há muitas vítimas fatais. No meu ponto de vista, os acidentes envolvendo bebidas alcoólicas são sempre de grandes proporções.

19

Por ser uma data comemorativa, no dia seguinte iriam falar que no próximo ano iriam se lembrar com alegria, mas não foi bem assim. Fonte: Elaborada pela pesquisadora com base nas repostas dos questionários.

A morte é o fim da vida na terra. Seu significado e as atitudes diante dela variam de uma pessoa para a outra, de acordo com suas crenças, religião e experiência de vida. Ela pode causar, nas pessoas, diversas sensações, como medo, revolta, tristeza e comoção. Para Loureiro: As atitudes diante da morte dependem das relações que os homens mantinham uns com os outros e com a natureza, do seu apego a bens e de sua religião. No passar inexorável do tempo, as relações entre os homens modificam-se e as imagens que o homem faz da vida e da morte se diferenciam. (LOUREIRO, 1998, p. 92).

Na Campanha de fim de ano, há a ruptura de um momento de alegria. A felicidade da festa de fim de ano resulta em momento de tristeza: a morte no trânsito, causada pela imprudência de um motorista. Esse fato foi citado como justificativa para a escolha do vídeo como o mais comovente pelos sujeitos 6, 11 e 19 (ver Tabela 2 anterior). A morte que representa uma ruptura é classificada por Barbosa (2004) como midiática, pois é fortuita, imprevisível e violenta. A morte também aparece nas justificativas para a escolha da campanha Depoimento – Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”, como o mais tocante (ver tabela 3 a seguir). Porém a morte de uma criança é destacada, faixa etária que é citada pelos sujeitos 2, 5, 15, 17, 18 e 21.

71

Tabela 3 – Justificativas para a escolha do vídeo da campanha Depoimento – Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” como o mais tocante Sujeitos

Justificativas

2

A morte de um pequeno futuro.

5

Mexe com a família e crianças, envolvem pessoas inocentes.

15

Porque matou uma criança.

17

Sou mãe e não quero ver meu filho passar por isso nunca.

18

Por que era uma criança inocente de apenas cinco anos.

20

Porque não é fácil viver uma vida igual a do vídeo. Devemos respeitar mais as sinalizações de trânsito.

21

Porque foi a morte de uma criança inocente sem o direito de seguir sua vida e crescer normalmente.

22

Fiquei comovida de ver uma pessoa se arrepender do que fez, pois tirar a vida de uma pessoa inocente não deve ser fácil pra ninguém, deve pesar na consciência. Fonte: Elaborada pela pesquisadora com base nas repostas dos questionários.

O fato de o vídeo envolver a morte de uma criança causou comoção nos sujeitos da pesquisa. Alguns argumentaram que ele tocou porque a vítima de trânsito era uma criança inocente (sujeitos 5, 18 e 21). Inclusive, o sujeito 17, do sexo feminino, colocou-se no lugar da mãe da vítima, dizendo que não gostaria de ver seu filho passar por isso nunca24. De acordo com Rebelo, a perda de um filho que amamos é [...] a experiência mais dilacerante e prolongada que é suscetível de ser vivida. É uma tragédia que se abate sobre a felicidade de nosso cotidiano, começando por manietar de modo asfixiante os passos com que era uso caminharmos, seguros e tranquilos, nas veredas da existência e por nos assustar com a insegurança de um terrível e inconsolável desassossego. (REBELO, 2013, p. 2).

O natural é filhos enterrarem os pais, pois, com idade avançada, adquirem doenças e vão a óbito. Quando pais enterram filhos, dá a impressão que estamos caminhando contra a natureza. Por outro lado, para os sujeitos 20 e 22, o vídeo A foi o mais comovente porque mostrou o sofrimento do infrator após ter atropelado uma criança - sofrimento causado pela culpa e pelo arrependimento. A pessoa com culpa, segundo Pompeia e Sapienza (2004, p. 89), possui pensamentos e sentimentos desagradáveis, um mal-estar, uma sensação de que alguma coisa não foi como devia e ela tem algo a

24

Apesar de parecer que o sujeito 17 refere-se ao sujeito que atropelou a criança, na continuidade da conversa, ficou mais claro que ela se referia à criança morta.

72

ver com isso. No vídeo, o infrator demonstrou estar passando por essas sensações, comovendo, assim, os sujeitos da pesquisa. O sofrimento de familiares de vítimas fatais de trânsito é enfatizado, também, como justificativa para a escolha da campanha Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar”, como o mais tocante pelos sujeitos 3 e 7 (ver tabela 4 a seguir). Tabela 4 – Justificativas para a escolha do vídeo da campanha Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar” como o mais tocante Sujeitos

Justificativas

3

Pelo fato de mostrarem a cena de um velório, de todos os familiares estarem sofrendo.

7

Porque mostra o sofrimento dos familiares e a história é bem reportada.

12

Pela irresponsabilidade do motoqueiro, foi avisado mais não ouviu.

13

Porque a maioria dos acidentes está relacionada às motos.

14

A falta de responsabilidade. Somada com o mau uso, de uma moto pode resultar em consequências fatais.

23

Porque, há 15 anos, perdi meu primo em um acidente de moto, foi uma dor que até hoje não passou, ele tinha só 15 anos, ainda me lembro do rosto dele e a vontade dele viver, foi horrível. Fonte: Elaborada pela pesquisadora com base nas repostas dos questionários.

É possível observar que os sujeitos 12, 13, 14 e 23 justificaram que esse vídeo é o mais comovente porque está relacionado à motocicleta e à falta de responsabilidade do motociclista. O sujeito 23 salienta que se lembrou da morte do primo, que aconteceu nas mesmas circunstâncias exibidas na campanha. Conforme dados da Seguradora Líder (2013), administradora do seguro DPVAT, no Brasil, em 2012, das 60.752 indenizações pagas por morte no trânsito, 39% foram para famílias de vítimas que estavam em motocicleta. Além disso, das 352.495 indenizações pagas por invalidez permanente, 74% foram para ocupantes de motocicletas (ver gráfico 4 a seguir).

73

Gráfico 4 - Indenizações pagas por invalidez, faixa etária e tipo de veículo

Fonte: Seguradora Líder DPVAT (2013).

São jovens que perdem a vida precocemente, conforme exibido na campanha Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar”. Jovens que perdem a saúde por causa da violência do trânsito. Em uma situação assim, toda a família sofre. Schiller (1995,

p. 55) argumenta:

“A infelicidade

da

espécie

toca

profundamente o homem de sentimentos, porém mais ainda a sua degradação”. Podemos constatar essa característica do ser humano, destacada por Schiller, nesta pesquisa, cujos resultados demonstram que os sujeitos foram tocados pela infelicidade do infrator que perdeu a esposa nas festas de fim de ano, pela tristeza do condutor que atropelou uma criança de 5 anos e pela infelicidade da mãe que perdeu o filho que transitava de moto imprudentemente. Podemos verificar, ainda, que, principalmente na campanha Depoimento – Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”, a “degradação” da vida da criança tocou ainda mais. A partir dos dados coletados, é possível afirmar que as campanhas educativas para o trânsito com os estilos chocante e emotivo causaram maior comoção nos sujeitos da pesquisa. Os dois estilos estão presentes no vídeo Campanha de fim de ano – escolhida como a mais tocante por 39% dos sujeitos pesquisados, sendo o elemento morte o principal motivo da escolha. Assim,

74

percebemos, por meio desses sujeitos, que a comoção não significa consciência, mas pode ser um caminho importante para chegarmos à reflexão, à conscientização e à segurança no trânsito. Cabe lembrar que o estilo emotivo também consta na campanha Depoimento – Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”, indicada por 35% como o mais tocante, e na campanha Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar”, citada por 26% como a mais comovente. Já a campanha Pedestre. “Pare, pense, mude”, com estilo cômico, não tocou nenhum dos sujeitos da pesquisa, demonstrando que esse estilo não causa comoção. A partir disso, podemos deduzir que campanhas que possuem esse estilo provocam menos sensibilidade no público alvo e talvez menos efeito com relação à mudança de atitudes inseguras no trânsito. Com base na investigação dos dados, podemos interpretar que a percepção sensível dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos, sobre as campanhas de educação para o trânsito, exibidas nesta pesquisa, em relação à comoção, apresenta-se conforme a figura 6 a seguir. Figura 6 – A comoção nas Campanhas de Educação para o Trânsito

Morte.

Vídeo D

Comoção

Ruptura de um momento de alegria. Morte de uma criança.

Vídeo A Sofrimento do infrator Sofrimento dos familiares da vítima.

Vídeo C Relação com a motocicleta. Fonte: Elaborada pela autora para fins de pesquisa.

75

Percebemos, assim, que principalmente a morte e o sofrimento alheio foram aspectos determinantes na percepção sensível dos estudantes da Educação de Jovens e adultos sobre as campanhas de educação para o trânsito. Os sujeitos demonstraram que a violência viária provocou-lhes sensibilidade, talvez porque viram que a morte no trânsito pode acontecer em qualquer idade, entre os adultos, os jovens e as crianças, ou porque observaram que a morte, no trânsito, pode ocorrer em qualquer data, não importa se as pessoas estão em festas ou não. Tiveram uma percepção sensível ao colocarem-se no lugar do outro, seja da vítima, ou do infrator, sentindo, também, as emoções representadas pelos personagens dos filmes, sentindo a importância de dirigir com segurança e responsabilidade. No contexto em que se vive, os indivíduos são levados a ver o mundo de modo prático, conforme vimos em Duarte Jr. (2001). Eles são levados a transitar de maneira insensível, sem perceber o outro, conforme vimos em Vanderbilt (2009). Essa análise, no entanto, mostrou-nos que é possível sensibilizar as pessoas sobre as consequências e as causas da violência viária. A percepção sensível dos sujeitos da pesquisa, demonstrando comoção, é um exemplo de que uma educação sensível para o trânsito é possível. Cabe ressaltar, porém, que, para ter-se educação no trânsito, há necessidade de trabalhar com a sensibilidade - aspecto relevante na formação do ser humano, na sua relação com o seu cotidiano e, em especial, com sua ação diante do trânsito. Assim, deseja-se acenar para uma educação que prime o sensível e articule o inteligível a ações mais harmônicas, seguras e respeitosas no trânsito.

3.5 A REFLEXÃO A PARTIR DAS CAMPANHAS EDUCATIVAS PARA O TRÂNSITO [...] não basta a estimulação desenfreada dos sentidos e sentimentos sem o contraponto da reflexão acerca deles. É preciso sentir, ser estimulado nas múltiplas formas sensórias possíveis, mas é necessário prestar atenção ao que se sente, pensar naquilo que os estímulos provocam em nós e no papel desses sentimentos no correr de nossa vida em sociedade. Afinal, a construção de nossa realidade sensível é também fruto de uma ação social e cultural. (DUARTE JR., 2001, p. 224).

76

As palavras de Duarte Jr. advertem-nos que, para a promoção da segurança no trânsito, não basta apenas nos sensibilizarmos com os mortos e feridos nas vias, é importante estarmos atentos aos nossos sentimentos, colocarmo-nos no lugar das vítimas, refletirmos sobre nossas atitudes no trânsito e o que nossas ações representam para a sociedade. Assim sendo, entendemos que é fundamental estimular os sentidos por meio das campanhas educativas para o trânsito, para que haja a aquisição de conhecimentos e a prática de atitudes seguras nas vias. No entanto, entendemos, também, que a reflexão é muito importante para que ocorra esse movimento. Desta forma, com o propósito de verificar qual o estilo de campanha educativa para o trânsito provoca mais reflexão, foi solicitado aos sujeitos da pesquisa que indicassem, dentre as quatro campanhas audiovisuais exibidas, qual fez pensar mais. As respostas a este questionamento, conforme o gráfico 5

a seguir,

indicaram que, na opinião de 48% dos sujeitos, a Campanha de fim de ano foi a que mais fez pensar. Em segundo lugar, foi a campanha Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” (26%); em terceiro, a campanha Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar” (22%); e, em quarto, a campanha Pedestre. "Pare, pense, mude" (4%). Gráfico 5 – Vídeo que mais fez pensar

A D B

C

Fonte: Elaborado pela autora a partir da tabulação de questionário aplicado.

Foi solicitado também aos sujeitos da pesquisa que descrevessem o que pensaram ao assistir ao vídeo que consideraram como o que mais fez pensar. Os

77

sujeitos que indicaram o vídeo D como o que mais proporcionou reflexão fizeram as seguintes declarações (ver tabela 5 a seguir): Tabela 5 – Reflexões dos sujeitos que escolheram o vídeo Campanha de fim de ano como o que mais fez pensar Sujeitos O que pensou 1

Pois a mulher morreu de acidente.

2

Porque se sair de uma festa bêbado, melhor ir de carona, ou pegar um táxi.

8

Pensei na família, tudo pode acontecer.

9

Tem que ter muita responsabilidade para dirigir porque um descuido pode matar algum inocente.

10

Eu não faria o que o dono do carro fez.

12

Porque quando tem uma festa no final do ano, temos que fazer festa, não fazer velório. Por isso beba com moderação e se beber não Dirija.

14

Que mesmo em clima de festas, se perdermos a responsabilidade, como beber e dirigir, o clima pode mudar para tristeza.

16

Quando? Será que algum dia vai ser possível falar de festas, carnaval e baladas sem ter esta consequência?

18

Sobre dirigir embriagado e botar vidas inocentes em risco. É preciso ter muita atenção e não dirigir embriagado.

19

O marido ficará com a imagem da esposa morta e com a data infeliz para sempre.

20

Em ter mais atenção dentro das leis de trânsito. Fonte: Elaborada pela autora com base nos questionários.

Dentre as declarações, podemos verificar que os sujeitos 2, 12, 14 e 18 declararam ter pensado na mistura de bebida e direção, e que os sujeitos 12, 16 e 19 refletiram sobre a ruptura de um momento de felicidade, as festas de fim de ano, para um momento de tristeza, a morte no trânsito. Por que, para algumas famílias, as festas terminam assim? Os bares, as festas e as baladas25, ambientes relacionados ao prazer e à alegria, são animados com músicas e bebidas alcoólicas e seus frequentadores, muitas vezes, bebem álcool e voltam para suas residências dirigindo. A Secretaria Nacional Antidrogas realizou, em 2006, o I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira. Segundo a pesquisa, o local do consumo de álcool antes da última situação de beber e dirigir foram as apresentadas na tabela 6 a seguir.

25

CASA NOTURNA do ramo do entretenimento musical.

78

Tabela 6 - Local do consumo do álcool antes da última situação de beber e dirigir (em %) (somente para adultos que beberam mais de 3 doses e dirigiram) Local Total de Local Total de Adultos Adultos Bar/restaurante faculdade.

próximo

à

escola

ou

4

Fazendo compras

1

Bar/balada

26

Festa

17

Casa de amigo

20

No trabalho

1

Casa de parentes

14

Restaurante

1

Evento esportivo

2

Sua casa

7

Outro Fonte: Laranjeira et al. (2007, p. 61).

7

Os dados demonstram que a maioria dos que beberam mais de três doses de bebidas alcóolicas e depois dirigiram estavam em bares, baladas ou festas. De acordo com Laranjeira et al.: O que esses dados mostram é que no Brasil o fenômeno do dirigir alcoolizado ou ser carona de alguém alcoolizado é muito comum. Possivelmente, como nos tornamos uma sociedade motorizada e como o beber está relacionado com lazer e festas, esta associação facilita o comportamento do dirigir alcoolizado. As consequências do ponto de vista de saúde pública são enormes, pelo aumento provável do número de acidentes com motoristas alcoolizados. (LARANJEIRA et al., 2007, p. 63).

Essa constatação está presente nas reflexões dos sujeitos da pesquisa desta dissertação, inclusive, vale a pena destacar os questionamentos do sujeito 16, sobre o que pensou ao assistir à Campanha de fim de ano: “Quando? Será que algum dia vai ser possível falar de festas, carnaval e baladas sem ter esta consequência?”. Para tentar entender porque as pessoas bebem e dirigem, é importante refletir sobre as causas do alto consumo de bebidas alcóolicas em eventos de entretenimento e lazer. Um dos motivos, principalmente para o consumo de cerveja, podem ser as propagandas. Conforme Bertolo e Romera: Observa-se que atualmente tais propagandas são incansavelmente veiculadas na televisão principalmente em momentos que antecedem aos jogos de futebol dos diversos campeonatos nacionais e internacionais. Tais inserções se dão de dois modos distintos: patrocinando o espetáculo futebolístico ou nas chamadas para o início da partida. As referidas peças publicitárias são veiculadas também nos intervalos das novelas e filmes, podendo ser transmitidas a qualquer horário indiferente do público que esteja assistindo. (BERTOLO; ROMERA, 2011, p. 6).

79

As propagandas de cerveja costumam ser criativas e são exibidas em horários com maior audiência na televisão. Possuem uma linguagem que atrai os telespectadores, principalmente os jovens. Além disso, não há restrição de horários para as propagandas de cerveja. Conforme Pinsky: Hoje, a legislação (Lei 9.294, de 1996) só considera bebida alcoólica aquela 26 com teor alcoólico acima de 13º GL , excluindo, portanto, alguns vinhos, “coolers” e todas as cervejas. Isso significa que propaganda de cerveja pode passar a qualquer hora, em qualquer programa. (PINSKY, 2009, p. 11).

Desta forma, até as crianças estão expostas aos anúncios de cerveja, podendo tornar-se futuros consumidores de bebidas alcoólicas. Pinsky adverte sobre a influência da publicidade no consumo de cerveja e faz uma analogia com as campanhas de prevenção ao uso do álcool. A influência da publicidade no consumo tem, também, uma relação muito mais sutil do que a vontade de ir para o bar logo que se assiste a um comercial. É a imagem que se faz da bebida: a associação entre bebida e bons momentos, alegria, festa, relaxamento, sexualidade. Diante disso, o espaço para trabalhar com a “chata” prevenção é radicalmente diminuído. Em termos quase caricatos poderíamos dizer que a imagem que se passa é: beber é fazer parte, não beber é estar de fora. Beber é libertador, não beber é repressor. (PINSKY, 2009, p. 17).

Baseados nas palavras de Pinsky, podemos afirmar que o consumo de bebida alcóolica em festas e baladas, ou em outros ambientes de diversão e lazer, faz parte da cultura do ser humano e que as campanhas de prevenção tornam-se insignificantes diante do apelo emocional oferecido pelas propagandas de cerveja. Segundo o autor, as estratégias de publicidade são bem-sucedidas por associarem o consumo da cerveja com “[...] uma série de imagens agradáveis, tornando a mensagem alegre, bonita, erótica ou engraçada” (PINSKY, 2009, p. 54). Ele argumenta, ainda, que: Assim, o indivíduo exposto tenderá a associar o consumo do álcool com prazer sempre que se colocar em uma situação ou ambiente que recorde as cenas “vivenciadas” na publicidade ou sempre que necessitar buscar essas vivências para reequilibrar-se psiquicamente. Em qualquer uma das duas 26

Graus Gay-Lussac: indicam a percentagem de álcool que uma mistura contém. Mede-se segundo a quantidade de álcool existente para cada 100 litros da mistura. Assim, uma mistura de 11º GL tem 11 litros de álcool puro para cada 100 litros de mistura. (PINSKY, 2009, p. 11).

80

situações, o consumo do álcool surge como parte do quadro, seja por seus efeitos psicológicos, seja por seus efeitos psicotrópicos. Junte-se a isso o fato de que mensagens de prevenção, de contenção, de moderação podem ser associadas imediatamente a proibições e restrições: “Não beba e dirija”, “Não beba se tem menos de 18 anos”, “Não beba demasiadamente”. Entre a festa e a proibição, entre a liberdade e a transgressão, o que será que um adolescente prefere? (PINSKY, 2009, p. 55).

Podemos observar que a publicidade tem como meta o convencimento do público. Para isso, tem procurado mexer com a sensibilidade em vez da razão, demonstrando que o consumo de cerveja proporciona momentos emocionantes de prazer e de descontração. Parece um paradoxo. Neste estudo, estamos investigando a percepção sensível sobre as campanhas educativas para o trânsito e descobrimos, no caminho, o uso do sensível para atrair o público para o consumo de cerveja. Hábito que combinado com a direção representa um grande risco à sociedade. Entretanto, vamos olhar essa situação pelo ângulo positivo - se o sensível é capaz de persuadir o público ao consumo de cerveja, pode ser capaz, também, de prevenir para tal uso combinado com a direção de veículo automotor. Retornando aos motivos que, provavelmente, incentivam o consumo de bebidas alcoólicas, convém destacar as músicas sertanejas. Lioto (2012, p. 18), em uma pesquisa realizada com 48 cantores do gênero sertanejo, constatou que apenas sete não possuíam nenhuma música abordando a bebida alcóolica. 85% das duplas abordam o tema em pelo menos uma canção. Cabe aqui um exemplo de música com esta temática: Balada Louca27 , da dupla Munhoz & Mariano. O vídeo com o clip oficial da música, publicado em 5 de maio de 2012, em 11 meses, teve mais de 16 milhões de visualizações no YouTube.

Meu Deus do céu / Aonde é que eu to? / Alguém me explica, me ajuda por favor / Bebi demais na noite passada / Eu só me lembro do começo da balada / Alguém do lado aqui na mesma cama / Nem sei quem é mais ta dizendo que me ama / Cabeça tonta, cheirando cerveja / O som no talo só com moda sertaneja / Cadê meu carro? / Cadê meu celular? / Que casa é essa? Aonde é que eu vim para? / O sol rachando já passou do meio dia / Daqui não saio, daqui ninguém me tira / Achei meu carro dentro da piscina / E o celular no micro-ondas da cozinha / DJ mais louco que o padre do balão / Remixando até as modas do Tião / Dá um remédio preciso melhorar / Que pelo jeito a festa aqui não vai parar. (TERRA, 2013).

27

O vídeo com o clip da música pode ser encontrado no seguinte endereço:

81

Conforme observamos, o cantor relata que foi para a balada, bebeu demais, que não lembra onde está, com quem está e nem o que fez na noite anterior. Há a insinuação que ele dirigiu após beber, pois encontrou o carro na piscina. No clip, toda essa situação é posta como uma grande festa, repleta de diversão, sem hora para acabar, e o remédio para curar a ressaca é mais cerveja. Os bares, as festas e as baladas costumam ser animadas por diversas músicas semelhantes a essa, que estimulam o consumo de bebidas alcóolicas. Conforme Lioto (2012, p. 113): “Entre as promessas feitas pela música, estão: beba e seja livre, beba e se divirta sem limites e beba e tenha mulheres”. Situações postas por cantores, muitos deles considerados ídolos pelos jovens, como comuns, rotineiras, sem consequências. Observamos que as propagandas de cerveja e as músicas podem influenciar o uso de bebidas alcóolicas nas festas, bares e baladas e que, conforme a tabela 6 anterior, muitas pessoas que estão nesses ambientes dirigem após beber. Talvez, se os conteúdos das propagandas e das músicas que incentivam o uso de bebidas alcóolicas forem avaliados e censurados, tenhamos mais êxito nas campanhas de educação para o trânsito e, consequentemente, a mudança de comportamento das pessoas que bebem e dirigem. Em se tratando do Vídeo A, a campanha Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre”, a tabela 7 que segue revela sobre o que os sujeitos que elegeram esse vídeo como o que mais fez pensar refletiram ao assisti-lo.

82

Tabela 7 – Reflexão dos sujeitos que escolheram o vídeo Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” como o que mais fez pensar Sujeitos

O que pensou

3

Saber que ele tirou a vida e os sonhos de uma criança inocente.

6

O cara ter esse trauma pelo resto da vida, não quero isso pra mim.

11

Pois tinham lembranças tristes, todos foram de acidente e de tristeza, não traziam alegria a ninguém, muitas famílias carregam essa tristeza pelo resto dos dias que vivem nesta terra.

17

Em como não estamos seguros. Temos que cuidar de nós e dos outros para que não venha acontecer essas situações. Por mais que pensamos que somos livres e independentes, pode vir uma pessoa que nunca vi na vida e acabar com tudo, sem avisar.

22

Pensei na minha filha, se isso acontecesse comigo não sei o que faria.

23

Porque, antes de beber, pensamos na vida. A vida é mais importante, a minha e a do próximo. Fonte: Elaborada pela autora com base nos questionários.

Percebemos que as reflexões dos sujeitos estão relacionadas aos seus sentimentos: a comoção pela morte de uma criança (sujeitos 3 e 22), a comoção pelo trauma do infrator (sujeito 6), a tristeza (sujeito 11), a insegurança no trânsito (sujeito 17) e a importância da vida (sujeito 23). É possível observar, ainda, que o sujeito 6 colocou-se no lugar do infrator e o sujeito 22, no lugar da mãe da criança que morreu. Tais declarações demonstram que a campanha Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” tocou os sujeitos da pesquisa citados, pois, além de a elegerem como a que mais os fez refletir, suas reflexões foram pautadas na sensibilidade. As reações desses sujeitos indicam um caminho para a construção de valores. Duarte Jr. (2001, p. 219) argumenta que “[...] os valores, ao mesmo tempo em que brotam de uma atitude sensível frente à realidade, carecem de um aprimoramento através da reflexão ético filosófica”. Sentir o drama das personagens da campanha educativa e refletir sobre esses sentimentos, articulando com a realidade, como fizeram os sujeitos da pesquisa, é um movimento que provavelmente resultará em valores diferenciados, em benefício da segurança no trânsito. A seguir, veremos as declarações dos sujeitos da pesquisa sobre as reflexões que fizeram ao assistir ao Vídeo C, terceiro escolhido como o que mais fez pensar (Ver tabela 8 a seguir).

83

Tabela 8 – Reflexões dos sujeitos que escolheram o vídeo Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar” como o que mais fez pensar Sujeitos

O que pensou

4

Por que o cara estava uma velocidade não permitida e matou uma pessoa inocente.

5

Eu tenho uma moto e por isso me fez pensar que, às vezes, meio atrasado, a gente passa direto e não respeita as sinalizações, sem pensar que pode resultar em tragédia.

7

Sobre eu mesmo, nesta situação, em como posso evitar essa fatalidade.

13

Porque a moto de meu irmão matou quatro pessoas e hoje sou eu que dirijo. É para pensar duas vezes antes de montar, porque quem bebe não embarca na nave, porque pode ir para o espaço chamado cemitério.

21

Pensei que têm muitas pessoas morrendo no trânsito principalmente os jovens. Fonte: Tabela criada pela pesquisadora com base nos questionários.

Podemos observar que os sujeitos 5, 7 e 13 pensaram sobre suas atitudes no trânsito, colocando-se na mesma situação do infrator. Entre as respostas, é interessante realçar a do sujeito 5, pois é praticamente a confissão de um infrator de trânsito sobre o desrespeito às sinalizações. Nas vias constam sinalizações verticais28 e horizontais29, com “[...] a finalidade de fornecer informações que permitam aos usuários das vias adotarem comportamentos adequados, de modo a aumentar a segurança, ordenar os fluxos de tráfego e orientar os usuários da via”. (BRASIL, 2007, p. 21). O desrespeito a essas sinalizações comprometem a fluidez e a segurança nas vias. O sujeito 5 justificou que, às vezes, desrespeita as sinalizações de trânsito, sem pensar nas consequências, porque está atrasado, ou seja, dirige com pressa e sem reponsabilidade. A pressa no trânsito tem como consequência, muitas vezes, a imprudência e a negligência, colocando a vida das pessoas que estão transitando em risco. Por outro lado, a reflexão do sujeito 5 sobre seu comportamento no trânsito demonstra que está ciente de suas atitudes de risco no trânsito e das possíveis consequências dessas atitudes. Talvez, essa conscientização tenha ocorrido após ter assistido aos vídeos apresentados durante a pesquisa. É importante destacar, ainda, a resposta do sujeito 21. Ao assistir ao filme, ele pensou na quantidade de pessoas, principalmente de jovens, que morrem no trânsito. Cabe lembrar, aqui, dos dados já mostrados nesta dissertação (ver gráfico 1) sobre a quantidade de indenizações pagas pelo seguro DPVAT, em 2012, no 28

A sinalização vertical se utiliza de sinais apostos sobre placas fixadas na posição vertical, ao lado ou suspensas sobre a pista. 29 A sinalização horizontal é composta de marcas, símbolos e legendas, apostos sobre o pavimento da pista de rolamento.

84

Brasil, por morte no trânsito - 41% (24.908) foram para jovens na faixa etária de 18 a 34 anos. O Brasil está perdendo, estupidamente, muitos jovens em virtude da violência no trânsito, pessoas que poderiam ter vários anos de vida produtiva e feliz. Podemos observar, a partir dos dados, que os principais aspectos que motivaram a reflexão nos sujeitos da pesquisa foram o sofrimento alheio e os riscos relacionados à mistura de álcool e direção e ao uso da motocicleta, conforme podemos perceber na figura 7 que segue. Figura 7 – A reflexão a partir das campanhas de educação para o trânsito

Vídeo D

Mistura de bebida e direção. Ruptura de um momento de alegria.

Reflexão

Compaixão pela morte da criança.

Compaixão pelo trauma do infrator.

Vídeo A

Tristeza. Insegurança no trânsito. Importância da vida.

Vídeo C

Colocaran-se no lugar do infrator. Morte de jovens.

Fonte: Elaborada pela autora para fins de pesquisa.

A percepção sensível dos estudantes da educação de jovens e adultos sobre as campanhas exibidas foi bastante significativa, eles refletiram sobre as consequências da violência no trânsito: a morte de crianças e de jovens, a ruptura de um momento de alegria para um momento de tristeza, o sofrimento dos personagens dos filmes e a falta de segurança no trânsito. Os sujeitos refletiram, ainda, sobre as causas dessa violência, como a mistura de bebida e direção e a

85

imprudência dos motociclistas. Pensaram, também, em suas atitudes na qualidade de motoristas e no valor da vida. Essas reflexões foram possíveis, provavelmente, devido a um saber denominado por Duarte Jr. como um saber sensível. Sem dúvida, há um saber sensível, inelutável, primitivo, fundador de todos os demais conhecimentos, por mais abstratos que estes sejam; um saber direto, corporal, anterior às representações simbólicas que permitem os nossos processos de raciocínio e reflexão. (DUARTE JR., 2001, p. 14).

Assim sendo, o sensível é capaz de provocar a reflexão e a aprendizagem, é capaz de fazer as pessoas pensarem sobre suas atitudes no trânsito e de promover a prática de atitudes seguras nas vias. Esse movimento de perceber sensivelmente e pensar sobre é muito importante, conforme argumenta Duarte Jr.: “O vivido, o experienciado, o sentido, é aquilo que se apresenta para ser pensado” (DUARTE JR., 2001, p. 196).

86

4 CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTE PROCESSO O sensível, o cognitivo e o ético são esferas essenciais para a formação do homem. Adair de Aguiar Neitzel Carla Carvalho

Compartilhando do mesmo pensamento de Neitzel e Carvalho (2011), sobre a importância do sensível, do cognitivo e do ético para a formação do homem, finalizo esta etapa da viagem pelo mundo das ideias. Educar para o trânsito faz parte de minha vida, dedico-me a este ofício várias horas do dia. Assim, a oportunidade de pesquisar sobre o tema tem um grande valor, faço com grande satisfação. A promoção da segurança viária é urgente. A busca por alternativas eficazes, que tragam resultados positivos, capazes de formar um homem sensível e ético no trânsito, é essencial para a diminuição da violência nas vias. Essas convicções já faziam parte do meu ser, mas era necessário entender este movimento - o quanto a sensibilidade é valiosa para o conhecimento e para a transformação do ser humano e como ela é percebida nas campanhas educativas para o trânsito. Em busca das respostas, por meio de leituras, compreendi que as ideias passam pelos sentidos, que somos movidos pelas sensações e pelas percepções causadas pela visão, pela audição, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Entendi que a sensibilidade é capaz de interferir na aprendizagem e na aquisição de conhecimento. Cabe ressaltar que estive, durante todo trajeto, muito bem acompanhada por diversos pesquisadores, dentre eles Duarte Jr. (2001), grande inspirador de minha dissertação. A partir das pesquisas, refleti, também, sobre a cultura da falta de sensibilidade entre as pessoas que ocupam o espaço das vias, identificada nos costumes, como o de não olhar o outro e a falta de responsabilidade. Entendi, assim, o quanto o sensível é valioso e necessário na educação para o trânsito. As respostas ao questionário, instrumento desta pesquisa, preenchido pelos estudantes da EJA, após assistirem aos vídeos das campanhas de educação para o trânsito, promovidas pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran, demonstram que as campanhas proporcionaram uma percepção sensível nos sujeitos. Não pretendo, neste estudo, tirar conclusões definitivas, porém as respostas indicam que as mensagens das campanhas foram percebidas e

87

compreendidas pela maioria dos sujeitos da pesquisa. Os vídeos tocaram os sujeitos, fazendo-os refletir sobre suas atitudes no trânsito. A Campanha de fim de ano, com estilos chocante e emotivo foi a que mais tocou e a que mais fez pensar. Por meio dos dados, foi possível observar a percepção sensível dos sujeitos da pesquisa com relação ao vídeo. Eles consideraram como ponto forte a cena que mostra a mulher morta, ensanguentada no asfalto e comoveram-se com a dor dos personagens que estavam comemorando o Ano Novo e foram surpreendidos com a morte. Essa ruptura de um momento de alegria para a tristeza, provocada pela violência no trânsito, além da comoção, proporcionou a reflexão nos sujeitos da pesquisa. Eles refletiram sobre as consequências da perda de um ente querido em um momento de festa e sobre as causas dessa perda - a mistura de álcool e direção. Podemos deduzir, a partir desses dados, que o estilo chocante, com cenas fortes e de impacto, chama a atenção do público alvo. Podemos deduzir, ainda, que o fato da Campanha de fim de ano ter causado comoção, motivou os sujeitos da pesquisa a pensarem, não apenas nas consequências da violência viária, apresentada no filme, mas também nas suas causas. Esses resultados demonstram que os estilos chocante e emotivo são mais eficazes para provocar a sensibilidade e a reflexão no público alvo, se comparado ao estilo cômico, que foi o que menos tocou e menos fez os sujeitos pensarem. Cabe ressaltar que o estilo emotivo esteve presente também nos Vídeos A e C e que estes tiveram votações e justificativas bastante significativas, com relação à percepção sensível dos sujeitos da pesquisa. O vídeo A, por apresentar como foco a morte de uma criança e o depoimento emocionado do infrator demonstrando arrependimento, provocou bastante sensibilidade nos sujeitos. Já o vídeo C, principalmente, por ter motivado a reflexão sobre atitudes pessoais em sujeitos que transitam de moto. Reflexões que demonstram que a percepção sensível sobre a campanha foi expressiva, possibilitando a tomada de consciência e a mudança de atitudes inseguras no trânsito. Concluo, neste estudo, que é preciso sensibilizar para formar um homem ético, um ser humano que tenha autonomia e saiba fazer escolhas, que faça as escolhas certas, que dê preferência à segurança, à saúde e à vida. Ficou claro, para mim, que a comoção provoca a reflexão e que é necessário sentir para se comover.

88

É importante, então, a utilização de estilos, linguagens e métodos de aplicação das campanhas educativas para o trânsito que mexam com as emoções do público alvo. Acredito que esta pesquisa irá contribuir para o desenvolvimento de atividades educativas para o trânsito. A análise da percepção do público receptor das campanhas educativas para o trânsito é muito relevante para os educadores da área. Profissionais que necessitam de estratégias metodológicas eficazes, que sensibilizem a sociedade para a tomada de consciência e a prática de atitudes seguras e éticas no trânsito. Cabe salientar, ainda, que a exibição das campanhas foi realizada de maneira diferente da veiculada nos meios de comunicação, ou seja, os sujeitos assistiram aos vídeos já cientes das perguntas que teriam de responder. Isso pode ter possibilitado uma melhor atenção ao conteúdo das campanhas e uma maior atenção aos sentimentos proporcionados por elas. Já, na televisão, geralmente, a exibição das campanhas educativas para o trânsito acontecem entre os comerciais e os programas, ou seja, o conteúdo, muitas vezes, se mistura com informações muito diferentes das propostas pelas campanhas. Assim sendo, talvez o motivo da falta dos resultados almejados pelas campanhas de educação para o trânsito, como a prática de atitudes seguras nas vias e a diminuição da violência viária, não esteja relacionada aos conteúdos e aos estilos das campanhas, mas sim aos métodos de difusão das campanhas. Defendo, então, que as campanhas de educação para o trânsito, promovidas pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran, desenvolvidas por profissionais de qualidade, com produção, provavelmente, de alto custo, sejam melhores aproveitadas. Sugiro que, além da veiculação nos meios de comunicação, estas campanhas venham acompanhadas de projeto educativo para ser aplicado em palestras e em outras atividades nas escolas e nas universidades, de maneira transversal. As campanhas podem estar inseridas dentro de um contexto educativo, onde os receptores sejam provocados a refletir e a interagir sobre as mensagens deixadas por elas. Encerro esta etapa da viagem muito feliz pelas descobertas proporcionadas pelas leituras e pelos dados da pesquisa. Meu objetivo era investigar a percepção sensível dos estudantes da EJA, no entanto, em vários momentos, o sujeito tocado pela emoção e pela sensibilidade fui eu, como na leitura da declaração a seguir:

89

“[...] devemos ter consciência, respeitar às leis de trânsito e preservar nossas vidas e das outras pessoas. Boa Noite! Foi muito importante.” (Sujeito 23).

Uma declaração que demonstra que o que era para ser apenas uma coleta de dados para uma pesquisa de mestrado, transformou-se em uma aula de educação para o trânsito. Uma declaração que me deixa muito satisfeita e com entusiasmo para continuar a trilhar este caminho em busca de alternativas que promovam a segurança no trânsito.

90

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95

APÊNDICES

96

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A: Questionário 1

97

Apêndice B: Questionário 2

101

Apêndice C: Quadros analíticos

103

97

Apêndice A - Questionário 1

NOME: _________________________________________________________

Vídeo A a) Você se lembra deste vídeo? _______________________________________________________________ b) O que viu e ouviu no filme? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ c) O que sentiu, assistindo ao vídeo? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ d) O filme fez você pensar em alguma coisa ou situação? Em quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ e) Qual foi o ponto forte? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ f) Que mensagem o vídeo deixou? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ g) Você considera a mensagem importante? Por quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

98

NOME: _________________________________________________________

Vídeo B 1. Você se lembra deste vídeo? _______________________________________________________________

2. O que viu e ouviu no filme? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

3. O que sentiu, assistindo ao vídeo? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

4. O filme fez você pensar em alguma coisa ou situação? Em quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

5. Qual foi o ponto forte? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

6. Que mensagem o vídeo deixou? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

7. Você considera a mensagem importante? Por quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

99

NOME: _________________________________________________________

Vídeo C 1. Você se lembra deste vídeo? _______________________________________________________________

2. O que viu e ouviu no filme? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

3. O que sentiu, assistindo ao vídeo? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

4. O filme fez você pensar em alguma coisa ou situação? Em quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

5. Qual foi o ponto forte? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

6. Que mensagem o vídeo deixou? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

7. Você considera a mensagem importante? Por quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

100

NOME: _________________________________________________________

Vídeo D 1. Você se lembra deste vídeo? _______________________________________________________________

2. O que viu e ouviu no filme? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

3. O que sentiu, assistindo ao vídeo? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

4. O filme fez você pensar em alguma coisa ou situação? Em quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

5. Qual foi o ponto forte? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

6. Que mensagem o vídeo deixou? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

7. Você considera a mensagem importante? Por quê? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

101

Apêndice B - Questionário 2

1. Assinale o vídeo mais interessante. Por que é mais interessante? A.

B.

C.

D.

_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2. Assinale o vídeo que mais tocou você e responda por quê. A.

B.

C.

D.

_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3. Assinale o vídeo que mais fez você pensar. Pensou sobre o quê? A.

B.

C.

D.

_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

102

Identificação Nome: Idade:

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Profissão: Tem Carteira Nacional de Habilitação? _______________________________ Se sua resposta foi sim, há quanto tempo? Dirige veículo automotor com frequência? Já se envolveu em acidente de trânsito? ______________________________ Se sua resposta foi sim, assinale uma das alternativas, a seguir. No acidente você era: ( ) motorista ( ) passageiro ( ) pedestre ( ) ciclista Foi grave? ( ) sim ( ) não Você foi considerado culpado? ( ) sim ( ) não Data:

Irene Rios da Silva – Mestrado em Educação – UNIVALI

103

Apêndice C – Quadros analíticos Vídeo A: Depoimento - Bebida e direção. “O efeito do álcool passa, a culpa fica para sempre” Sujeitos A.2. O que viu e ouviu no filme? 1

A pessoa falando e chorando

2

O individuo bebeu e foi dirigir, em seguida atropelou uma criança de 5 anos.

3

O depoimento de um homem que bebeu, dirigiu e atropelou um criança de 5 anos.

4

Eu vi o cara com um sentimento de culpa e ouvi-o falando sobre uma tragédia que cometeu.

5

Que álcool e direção não combinam.

6

Eu vi que o cara estava com uma tristeza muito grande por causa do ato que cometeu.

7

Vi o testemunho de um homem arrependido por ter bebido, e em seguida atropelado uma criança de 5 anos.

8

Dirigiu alcoolizado e matou uma criança de cinco anos.

9

O que eu vi é que ele estava desesperado porque atropelou uma criança e a matou.

10

Um homem pedindo ajuda, ele estava muito mal.

11

Ouvi um homem falando da sua tristeza por ter bebido e atropelado uma criança.

12

Eu vi que o personagem do filme tinha bebido ao volante, mas ele estava arrependido do que tinha feito, pelo acidente ter acabado com o destino de uma vida.

13

Eu ouvi que o autor do filme bebeu demais dirigiu e bateu o carro numa criança de 5 anos de idade.

14

Um homem que se arrepende do que fez ao beber e dirigir

15

Muita tristeza. Um moço alcoolizado atropela uma criança.

16

Por que fui dirigir após beber? Vi um homem psicologicamente abalado pelo fato de cometer um erro que trouxe graves consequências.

17

Sobre a falta de responsabilidade no trânsito.

18

Vi um jovem comentando sobre dirigir alcoolizado e atropelar uma criança de 5 anos, destruindo muitos sonhos.

19

Ele foi a uma festa no trabalho onde bebeu dirigiu e ocasionou um atropelamento.

20

Um homem que bebeu e atropelou uma criança.

21

Um homem desesperado por ter dirigido bêbado e ter atropelado uma criança, arrependido e se sentindo culpado.

22

Ouvi o relato de uma imprudência no trânsito por ter ingerido álcool. É uma pessoa muito abalada.

23

Uma pessoa embriagada dirigindo, atropelou uma criança de 5 anos.

104

Sujeitos A. 3. O sentiu assistindo ao vídeo? 1

Nada

2

Triste com a ignorância da pessoa.

3

Pena, por ele ter destruído os sonhos de uma criança.

4

Um sentimento de tristeza.

5

Medo dos alcoólatras, dos perigos.

6

Esclarecimento, tive a noção, me veio na cabeça que temos responsabilidade.

7

Tristeza. É realmente triste saber que muitas pessoas hoje cometem esse crime, beber é crime.

8

Tenho que me conscientizar que não posso beber e dirigir.

9

Tristeza.

10

Triste.

11

Uma sensação de tristeza.

12

Que o ser humano tem que ter mais responsabilidade. Álcool e direção não se misturam.

13

Eu senti um drama muito forte porque ele teve um sentimento de culpa.

14

Nada.

15

Me senti mal.

16

Senti que é preciso conscientizar mais os seres humanos para prevenirmos este tipo de acidente.

17

Uma profunda dor de saber que aquela criança sofreu com o ocorrido.

18

Sentimento triste.

19

Que falta consciência nos seres humanos quando se mistura bebida e direção.

20

Fiquei triste.

21

Fiquei triste por ele ter atropelado e sem querer tirado a vida de uma criança.

22

Tristeza e pena.

23

Uma tristeza.

Sujeitos

A.4. Em que pensou

1

Não.

2

Não, sempre tive consciência deste assunto.

3

Sim, que direção e álcool não combinam.

4

Sim, que não devemos beber e dirigir.

5

Se beber não dirigir.

6

Nas atitudes mal administradas em nossa vida.

7

Sim. Muitas situações e casos semelhantes.

8

Sim, poderia ser eu, ou com meu filho.

9

Não beber quando for dirigir.

105

10

Não.

11

Em várias vítimas que se têm a cada dia por causa do álcool.

12

No caso, me fez pensar que, imagina se fosse o meu filho.

13

Esse filme me fez pensar cada vez que vou para as baladas e dirijo sob efeito de álcool e que muitas vezes, ainda faço isso em alta velocidade.

14

Não.

15

Na tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, na boate.

16

No curso em que estou fazendo, técnico em segurança do trabalho, nossa meta é a prevenção e a conscientização dos trabalhadores e indivíduos, para diminuirmos o número de acidentes de trabalho.

17

Sim. Tem varias situações que lembramos ao ver esse tipo de depoimento.

18

Refletir em beber e dirigir, tomar mais cuidado e se beber não dirigir.

19

Quando ele relatou o fato, imaginei quantas pessoas saem para se divertir e não voltam, por imprudência de outras pessoas.

20

Sim. Num atropelamento que meu marido fez. Mas ele não tinha bebido.

21

Sim, pois aí fora acontece muito isso, pessoas embriagadas tirando a vida de pessoas.

22

A situação onde uma pessoa inocente morre.

23

Sim, na dor que a família da criança estava sentindo.

Sujeitos

A. 5. Qual foi o ponto forte?

1

Morte?

2

No momento que ele falou que destruiu um sonho de uma criança.

3

Quando ele falou do menino com os olhos cheios de lágrimas o olhando.

4

A bebida o arrependimento.

5

Quando o senhor atropelou uma criança de 5 anos.

6

Ele bebeu, e sem querer matou.

7

A criança que tinha toda uma vida pela frente, vendo seus sonhos e planos sendo enterrados por um ato.

8

Quando ele tentou socorrer, mas não adiantava mais, a criança estava morta.

9

Ele estava desesperado.

10

Não tem.

11

O ponto onde ele se arrepende.

12

Foi que ele se arrependeu do que fez, mas isso não é tudo porque tirou uma vida toda pela frente.

13

O ponto forte foi que ele percebeu que matou o menino e que ele errou em beber e dirigir.

14

No que diz que o efeito da bebida passa, mas a culpa pelo que acontece não.

15

A criança sendo morta.

106

16

A criança.

17

Ao saber que foi uma criança a vítima.

18

Destruir uma vida, um sonho.

19

O incentivo a consciência de não misturar álcool e direção.

20

O atropelamento

21

Foi a morte de uma criança inocente que não teve o direito de viver sua vida.

22

O ponto forte foi ver o arrependimento da pessoa que provocou o acidente.

23

Dirigindo alcoolizado.

Sujeitos A.6. Que mensagem o vídeo deixou? 1

Não dirija bêbado.

2

Se beber, não dirigir.

3

Que o sonho de uma pessoa pode ser destruído a qualquer instante.

4

Para não beber.

5

Nunca dirigir depois de beber.

6

Não dirija bêbado, não beba quando for dirigir, cuide da sua vida e da dos outros.

7

Bebida e Direção. Não!

8

Que se eu beber não devo dirigir.

9

Deixou tristeza.

10

Se beber não dirija!

11

Deixou que quem bebe, não dirige e quem dirige não bebe.

12

Uma mensagem ótima para refletir sobre a bebida.

13

Esse vídeo deixou não só uma mensagem, mas sim um exemplo para todos nós que continuamos errando.

14

Se beber não tente dirigir.

15

Para as pessoas tomarem cuidado. Não dirigir bêbado.

16

Bebida e direção não combinam.

17

Que existe o próximo, fazer as coisas por diversão e esquecer que pode prejudicar outras pessoas.

18

Se beber não dirija.

19

Se beber não dirija.

20

Se beber não dirija.

21

Para que as pessoas se conscientizem e não dirijam embriagadas.

22

Para que as pessoas tenham mais consciência e responsabilidade.

23

Ter consciência e pensar antes.

107

Sujeitos

A.7. Você considera a mensagem importante? Por quê?

1

Sim para as pessoas se conscientizarem e não dirigirem bêbados.

2

Sim, porque tem pessoa que acha que saiu de uma festa alcoolizada e está bem para dirigir, isso é uma falta de pensamento.

3

Sim, porque serve de conscientização para pessoas que insistem em beber e dirigir.

4

Sim, porque muitas pessoas matam inocentes dirigindo bêbados.

5

Sim, nos ensina a ser mais humanos no trânsito.

6

Sim muito, temos que aprender com os erros, que seja dos outros.

7

Sim. Talvez com esta mensagem as pessoas se conscientizem e obedeçam as leis do nosso País.

8

Sim, para nunca beber e dirigir.

9

Porque tem que ter consciência do que fazer.

10

Sim! Uma frase muito importante.

11

Sim, se todos ouvissem não teria tantas tristezas em família.

12

Porque alerta sobre direção e bebida, não se misturam.

13

Sim, porque muitos ainda não respeitam os sinais de trânsito e ainda continuam sob o efeito de álcool dirigindo. Matam e se matam e, muitas vezes, vão até presos por isso e acabam também perdendo o veículo e multados por isso.

14

Sim, porque muitas pessoas bebem e acham que estão em condições e acabam colocando em risco a sua vida e das pessoas.

15

Sim. Para alertar as pessoas.

16

Com certeza, acho toda e qualquer campanha relacionada à segurança do ser humano muito importante, para preservarmos a vida.

17

Claro! Não importa quantos depoimentos vamos assistir, sempre vai acontecer esse tipo de coisa. Ainda existem pessoas egoístas, que só pensam nelas e esquecem do próximo, só pensam na diversão do momento. Puro egoísmo.

18

Sim, pois embriagado o risco de ter um acidente é maior, podendo envolver pessoas inocentes.

19

Se todos fizerem a sua parte o mundo melhora sim e muito.

20

Sim, porque quem ama a vida não faz esse tipo de coisa.

21

Sim, para mostrar as consequências de álcool e direção, pois as duas coisas não podem andar juntas.

22

Sim, porque através desses depoimentos de arrependimento pode mudar alguma coisa.

23

Sim, porque dirigir alcoolizado coloca sua própria vida em risco e a vida das pessoas também.

108

Vídeo B: Campanha - Pedestre. "Pare, pense, mude"

Sujeitos B.2. O que viu e ouviu no filme? 1

Carros buzinas, velha entrevista.

2

O pedestre reclamando que o trânsito está errado, mas na verdade quem estava errado era a pedestre que não estava na faixa de pedestres.

3

O depoimento de uma senhora que atravessava a rua fora da faixa de pedestre.

4

Uma senhora reclamando do trânsito.

5

Senhora reclamando e estava fora da faixa de pedestre.

6

Uma senhora reclamando do trânsito.

7

Uma entrevista com uma senhora sobre o que poderia ser feito para melhorar o trânsito.

8

A senhora queria os direitos dela no trânsito, mas nem ela respeita as leis.

9

Uma senhora.

10

Não passar fora da faixa etc. prendem pedestre.

11

Que a senhora reclama do trânsito mais ela estava fora da faixa.

12

Ouvi que a Senhora tinha uma ideia sobre o trânsito, mas não sabia que as regras a ser cumprida sobre passar na faixa de pedestre.

13

Eu vi uma Senhora e ouvi ela dizer que os motorista não enxergam mais a gente.

14

Uma senhora reclamando do trânsito.

15

Uma senhora com medo de ser atropelada.

16

Uma senhora reclamando do trânsito, mas esquecendo que a mudança tem que começar por nós mesmos, pois ela estava cometendo uma infração.

17

Sobre o trânsito. É fácil falar quando o pedestre também está errado.

18

Uma senhora idosa comentando sobre o risco no trânsito, as faixas de pedestres que muitas pessoas não utilizam causando acidente.

19

Pessoas cobram dos outros, mas não se cobram a si mesmo...

20

Que ninguém tem respeito no trânsito.

21

Uma senhora falando que o trânsito esta uma vergonha que os motoristas não respeitam os idosos, vi também que ela também não respeita as regras de trânsito, pois atravessou fora da faixa de pedestre.

22

Uma pessoa indignada pela falta de respeito no trânsito.

23

Uma pessoa idosa, reclamando da falta de respeito dos motoristas.

Sujeitos B. 3. O sentiu assistindo ao vídeo? 1

Nada.

2

Ignorância da parte da pessoa.

3

Um pouco de culpa, pois a gente sabe que é errado e atravessa a rua fora da faixa de pedestres.

109

4

Nada.

5

Vontade de ser melhor.

6

Nada.

7

Senti que há um total desrespeito com as leis de trânsito.

8

O mesmo ocorre comigo.

9

Nada.

10

Nada.

11

Que em nosso pais não há lei.

12

Que as pessoas não respeitarão os pedestres.

13

Eu senti que ela esta apavorada com inúmeros de acidentes e que muitos não olham e não prestam atenção nas faixas de pedestres e varias outras faixas

14

Nada.

15

Senti pavor, pois as pessoas não respeitam mais ninguém.

16

Mas uma vez falta a consciência da sociedade, para diminuirmos os acidentes.

17

Senti a realidade da vida.

18

Que o trânsito é complicado e pessoas idosas sofrem mais.

19

Falta de atenção do Brasileiro.

20

O desrespeito de quem dirige.

21

Senti que tanto os motoristas quanto os pedestres tem que respeitar às leis de trânsito, senti frustação.

22

Indignação.

23

Ter consciência, usar a lei de trânsito respeitar o idoso.

Sujeitos

B.4. O filme fez você pensar em alguma coisa ou situação? Em quê?

1

Não.

2

Sim, uma vez fui entrar numa rua, estava de carro, o ciclista, em vez de parar para eu entrar, seguiu reto, quase atropelei o ciclista.

3

Sim, em quantas vezes errei em atravessar a rua fora da faixa de pedestres.

4

Sim não fazer besteira.

5

Atravessa fora da faixa de segurança.

6

Nada.

7

Sim! Todos os dias pessoas morrem no trânsito.

8

Seria bom que todos respeitassem, não só cobrassem as leis.

9

Respeitar a sinalização.

10

Nada.

11

Fez pensar que os nossos governantes tem que mudar as leis.

12

Um ponto mais educação no trânsito e respeito ao pedestre.

110

13

Fez pensar no dia que meu cunhado estacionou em lugar proibido e foi multado. Em que muitas vezes eu também passo dos limites e não paro para pensar no que pode acontecer.

14

Em algumas situações em que mesmo estando errado o pedestre se acha no direito de reclamar.

15

Uma pessoa sendo atropelada na rua.

16

Que bom seria se motoristas e pedestres tivessem educação, respeito, consciência e vontade para mudarmos o trânsito e diminuirmos os números de acidentes.

17

Não.

18

Sim, ajudar uma pessoa com dificuldade atravessar na faixa.

19

É mais fácil ver os erros dos outros que os nossos.

20

Não.

21

Sim, que às vezes até eu mesmo acabo desrespeitando as leis de trânsito. Como posso cobrar?

22

Sim, uma situação onde as pessoas são mortas por atravessar na faixa de pedestre.

23

A falta de educação e respeito no trânsito.

Sujeitos B. 5. Qual foi o ponto forte? 1

A idosa fora da faixa.

2

Quando a senhora se lembrou que não estava na faixa de pedestre.

3

Na hora em que ela criticou os motoristas e não percebeu que ela também estava errada.

4

O trânsito.

5

A senhora sabia que estava errada e por isso se sentiu envergonhada.

6

A senhora há há.

7

Que é necessário obedecer à faixa de pedestre, não apenas falar, mas cumprir.

8

Quando ela notou que estava fora da faixa.

9

Não sei.

10

Não.

11

O ponto onde ela estava fora da faixa.

12

Ela quis explicar sobre o trânsito, mas se se esbarrou na resposta.

13

O ponto forte foi que eles, os motoristas não enxergam e se bobear, passam por cima.

14

Que não adianta reclamar sobre mudanças se não mudar seus próprios hábitos.

15

Medo de ser machucada.

16

A senhora está parada em cima da faixa.

17

Vê a senhora preocupada se iriam passar o vídeo.

111

18

Que as pessoas não são mais vistas.

19

Como educar os novos se os mais experientes, "idosos", não dão exemplo?

20

A senhora que não tinha ninguém acompanhando ela na rua.

21

Foi a Senhora com vergonha, pedindo por entrevistador não passar este vídeo.

22

Uma senhora não podendo andar sem risco na rua, medo de perder a vida.

23

A idosa fora da faixa.

Sujeitos B.6. Que mensagem o vídeo deixou? 1

Para as pessoas se conscientizarem.

2

Para alguma coisa dar certo, é só a gente querer.

3

Que nunca devemos atravessar a rua fora da faixa.

4

Que o trânsito está uma bagunça.

5

Devemos melhorar primeiro para depois querer falar dos outros.

6

Besteira, não entendo nada.

7

Que devemos ter prudência.

8

Teríamos que pensar melhor para depois não vir as consequências.

9

Respeitar os pedestres no trânsito.

10

Nada.

11

Deixou que quem anda a pé não tem onde andar.

12

Uma mensagem de analfabetismo no trânsito.

13

Para prestar atenção na estrada e nas placas de sinais e não abusar do excesso de velocidade.

14

Não reclame sobre mudanças, mude você mesmo.

15

Para as pessoas prestarem mais atenção no trânsito.

16

As mudanças no trânsito não dependem somente dos motoristas, depende também dos pedestres.

17

Faça a sua parte.

18

Deixou a mensagem que o trânsito é complicado e perigoso.

19

Faixa é para Pedestres...

20

Pare e Pense e preste muita atenção no trânsito.

21

Que todos nós temos que ter consciência para as coisas realmente mudar.

22

Para que tenham mais consciência.

23

Respeitar a lei de trânsito, ver, pensar e agir.

Sujeitos B.7. Você considera a mensagem importante? Por quê? 1

Sim, pois eles estão conscientizando as pessoas a não infringir as leis.

2

Sim, porque pedestres tem que respeitar o trânsito e o trânsito respeitar os pedestres.

112

3

Sim, por que se fizermos a nossa parte vamos evitar muito mais acidentes

4

Sim, para motorista que não respeitão o trânsito.

5

Sim, alerta sobre a faixa de segurança.

6

Não, a velha senhora falando besteira, mas é claro o trânsito é uma loucura.

7

Sim! Porque sequer os pedestres obedecem às leis de trânsito. Se cada um de nós fizer a nossa parte tudo será melhor.

8

Sim, a mensagem mexe com todos que assistem.

9

Porque tem que respeitar as leis do trânsito.

10

Sim? Mensagem muito importante?

11

Sim tem uma importância muito grande mais não é assim que funciona.

12

Para alertar o povão para o trânsito.

13

Sim porque não adianta tirar a carteira de motorista e não saber dirigir ou respeitar as leis de trânsito.

14

Sim, porque é muito fácil criticar, mas ser exemplo é difícil.

15

Sim. Para alertar as pessoas.

16

Sim, muito importante, pois a mudança depende de todos.

17

Sim, pois vimos quando estamos errados e criticamos, ao invés de fazer certo.

18

Sim, pois o trânsito precisa ser melhorado.

19

Sim é importante as pessoas verem quando tão erradas e corrigir os erros.

20

Sim. Tem que pensar antes de fazer qualquer coisa.

21

Sim, para as pessoas refletirem e melhorarem a sua conduta.

22

Sim, muito importante afinal são vidas que estão em jogo.

23

Sim, porque respeitando a lei estamos evitando acidentes.

Vídeo C: Campanha - Moto Interior. “É Preciso Saber Usar. É Preciso Respeitar”

Sujeitos C.2. O que viu e ouviu no filme? 1

Pessoas falando, choros.

2

Motoqueiro não estava usando capacete.

3

O homem que morreu em um grave acidente de moto.

4

Um cara bem louco de moto.

5

Vídeo de uma pessoa que não respeitava as leis e colocava em risco a sua vida e a vida das outras pessoas.

6

Um cara que não sabe andar de moto.

7

Um rapaz indo de moto no funeral do primo que morreu num cruzamento, pois estava sem capacete.

8

Que todos avisaram, mas ele não escutou.

9

Um cara irresponsável que acabou morrendo.

113

10

Moto, homem, carro, placa, moça, acidente?

11

Ouvi que um moço morreu por ele ser imprudente.

12

Que ele não tinha a consciência que andar de moto tem que usar capacete, para proteger a sua vida.

13

Eu vi um acidente com moto eu ouvi que ele não escutava ninguém, não respeitava e não usava capacete.

14

Um rapaz que não respeitava as leis de trânsito.

15

Um motoqueiro sem capacete sendo atropelado.

16

Um acidente com moto, levando a óbito um jovem, ouvi o sofrimento de uma mãe.

17

Acidente de moto consequência morte.

18

A morte de um jovem, sobre a sua tia falando do uso de capacete, andar certo e tomar mais cuidado.

19

Vi que com uma moto ele sentiu o direito de fazer, andar, correr como e onde bem quisesse...

20

Que com moto não se brinca.

21

Uma mãe desesperada por seu filho ter morrido em um acidente por ter pilotado sem capacete e em alta velocidade.

22

O desespero de uma mãe, com a falta de consciência que o filho tinha em andar de moto sem capacete e em alta velocidade.

23

Uma pessoa pilotando uma moto, não usava capacete.

Sujeitos C. 3. O sentiu assistindo ao vídeo? 1

Indignação.

2

Falta de prudência do motoqueiro, ele tirou a própria vida.

3

Tristeza em ver quantas pessoas imprudentes existe.

4

Raiva.

5

Medo de andar de moto.

6

Tomar cuidado.

7

Os jovens querem apenas se divertir, maus se esquecem do mais importante, a segurança.

8

Eu sou motoqueiro, tenho que parar e pensar melhor.

9

Muito triste.

10

Adrenalina pura.

11

Cena muito forte.

12

Senti uma irresponsabilidade do rapaz e mais o que deu a sua moto.

13

Eu senti o mesmo que aconteceu com o meu irmão, que também morreu num acidente com moto, ele bebia e dirigia, ultrapassou o caminhão na curva e o caminhão passou por cima.

14

Nada.

114

15

Senti medo.

16

Tristeza em saber que isto acontece realmente todos os dias, são milhares de jovens perdendo suas vidas por serem imprudentes.

17

Senti um frio na hora da batida, assustou.

18

Senti que devemos ter segurança e atenção sempre.

19

É só falta de consciência e falta de amor a própria vida.

20

Um susto.

21

Senti que infelizmente tem muitos jovens morrendo desse jeito, pois eles, muitas vezes não pensam nas consequências.

22

Tristeza e pena, por mais uma vida.

23

Mal, tristeza.

Sujeitos

C.4. O filme fez você pensar em alguma coisa ou situação? Em quê?

1

Em não desobedecer as leis de trânsito.

2

Sim, quando eu estava indo trabalhar de moto, estava na minha mão certa de repente um carro entra e quase bate em mim.

3

Sim, que devemos sempre respeitar os limites de velocidade e as leis de transito.

4

Que não devemos andar corrido de moto.

5

Sim, hoje, quando sair da escola, vou mais devagar para minha casa, parar nos sinais e chegar com segurança em casa.

6

Sim, eu ando de moto, ando corridinho, mas sabe como é.

7

Sim, temos que respeitar nossas Leis. Motoqueiros querem andar a 150 Km/h. Os outros é que saiam da frente. Não é bem assim. Pra tudo há uma consequência.

8

No meu acidente, felizmente sobrevivi, mas poderia ter morrido.

9

Ser mais responsável.

10

Nada.

11

Sim, foi muito triste quando perdi familiares em acidente de moto.

12

Quando se tem uma moto, a pessoa tem que se precaver, para a sua própria segurança.

13

Sim, na mesma madrugada que morreu o meu irmão, disse que não tinha bebido, mais foi encontrado uma grande quantidade álcool no sangue.

14

Não.

15

Sim, nas pessoas sendo atropeladas e os motoqueiros andando sem capacetes.

16

Sim, na quantidade de jovens que nosso país perde a cada ano, por imprudência no trânsito.

17

Sim, meu primo teve um acidente de moto, estava sem capacete e morreu no local.

115

18

Sim, em acidentes.

19

Sim, pensar que se for mal conduzida "moto, saibam, mata".

20

Sim, quem ama a vida não faz o que fez no vídeo, porque depois da morte não adianta chorar.

21

Sim, pois trabalho num hospital e a maioria dos acidentes é de moto e muitas vezes é fatal causando a morte.

22

Sim, acidente com amigos e parentes que tem moto e que por algum problema morreram em acidente com moto.

23

Sim, no meu primo, ele pilotava a moto dele quando voltava de uma festa com o amigo dele na garupa, não usavam capacete, em uma curva, bateu de frente com um carro, morreram os dois.

Sujeitos C. 5. Qual foi o ponto forte? 1

A morte do motoqueiro.

2

No final do vídeo, com o caixão a vista.

3

Na hora em que ele bate a moto de frente a um carro.

4

Acidente.

5

O momento que aparece o caixão.

6

O cara que não se cuidava e a família sofre.

7

Uma pessoa morreu pela imprudência.

8

Quando a moto colidiu com a caminhonete.

9

A morte.

10

Nada.

11

Quando os familiares choraram.

12

Foi que falta de aviso não foi porque eles o avisaram.

13

Foi que, antes do acidente, ele mão escutava e não respeitava ninguém e que não foi por falta de aviso.

14

O uso adequado de uma moto.

15

A morte.

16

A tristeza da família.

17

Sofrimento da família, são os que sofrem, é claro.

18

A moto vai mais rápido, mas pode não voltar.

19

O uso e o respeito com a sinalização e os equipamentos de segurança (capacete).

20

A tristeza de ver um pai e uma mãe chorando pela morte de um filho.

21

Que ela a mãe falava que tinha avisado pra ele usar capacete e não correr e que por isso morreu seu filho.

22

Em ver ele pilotando a moto em alta velocidade, sem temer as consequências.

23

A morte, o fim.

116

Sujeitos C.6. Que mensagem o vídeo deixou? 1

Para não desobedecer às leis de trânsito.

2

Convivência e mais prudência.

3

Respeite as leis e os limites de velocidade.

4

Para nós andarmos de moto com proteção.

5

Segurança sempre.

6

Ande corretamente de moto.

7

Se ele tivesse usado capacete talvez tivesse se salvado.

8

Sempre faz a gente pensar melhor.

9

Andar sempre dentro da lei.

10

Nada

11

Deixou que quem andar de moto tem que usar capacete e sentir amor a si mesmo para não se aventurar no trânsito.

12

Um alerta, quando se anda de moto, tem que usar capacete.

13

Essa mensagem deixou um exemplo para muitos que ainda não param para pensar no que estão fazendo.

14

Que se usada de maneira errada, uma moto, as consequências podem ser fatais.

15

Que as pessoas tem que tomar cuidado no trânsito.

16

Vamos ser prudentes no trânsito, dirigir com segurança, respeitando às leis.

17

Prudência é tudo.

18

Use capacete, e tenha atenção e segurança sempre.

19

"Quem corre menos Vive mais".

20

Não corra e tenha respeito.

21

Para os motoqueiros dirigirem com cuidado, pois moto é um veículo muito perigoso.

22

Para que as pessoas tenham mais consciência quanto à velocidade e à imprudência.

23

Respeitar às leis de trânsito, cuidar e se prevenir pela sua vida.

Sujeitos C.7. Você considera a mensagem importante? Por quê? 1

Sim, pois com esta mensagem ensina a não desrespeitar as leis de trânsito.

2

Sim, porque temos que respeitar a lei.

3

Sim, para sermos mais prudentes no trânsito.

4

Sim, porque a maioria dos motociclistas é perigoso.

5

Sim, nos passa na verdade a realidade o que acontece todos os dias.

6

Sim e muito, porque tem que ter respeito e preservar a Vida, não só a nossa, mas a dos nossos familiares.

117

7

Sim, temos que mostrar as consequências do que acontece com as pessoas envolvidas em acidentes de trânsito.

8

Sim, não só para mim, mas para todos que assistiram.

9

Sim, não fazer as coisas erradas.

10

Sim, para nos termos consciência.

11

Sim, para as pessoas lembrarem que tem que cuidar mais no trânsito.

12

Para alertar os pais que o filho deve ter mais responsabilidade.

13

Sim porque muitos ainda não respeitam, não usam capacete, são avisados, mas eles não estão nem aí.

14

Sim, porque muitos jovens não respeitam as leis de trânsito, por toda a liberdade que uma moto oferece.

15

Sim, para alertar as pessoas.

16

Sim, porque é através de mensagens, palestras e campanhas que podemos começar a mudar esta situação, buscando sempre alertar os jovens para que sejam mais prudentes.

17

Todas elas são importantes, a vida é uma só, não dá para arriscar e brincar com ela.

18

Sim, pois muitas pessoas fazem manobras na rua, não utilizam capacete etc.

19

Porque hoje morrem mais pessoas no trânsito que por qualquer outra doença, só por imprudência.

20

Sim, porque com moto também tem que ter cuidado.

21

Sim, para conscientização.

22

Sim, passa a mensagem que a imprudência muitas vezes pode ter um final muito triste.

23

Sim, porque respeitando a lei você previne sua vida e as das outras pessoas.

Vídeo “D”: Campanha de fim de ano

Sujeitos D.2. O que viu e ouviu no filme? 1

Família feliz, festa de Natal, música natalina, pessoas felizes.

2

Final de ano, Natal, tudo em festa, se tem bebida, a pessoa bebe e depois vai dirigir.

3

Álcool e direção não combinam.

4

Morte e mais morte.

5

As festas de fim de ano. As pessoas se esquecem de que a vida continua.

6

Se beber não dirija.

7

Dia de Natal, comemorações, pessoas bebendo, consequência um acidente fatal.

8

Todos comemorando o natal e ano novo. No final uma tragédia.

9

Felicidade, a seguir, morte.

118

10

Peru assado, festa, meia e acidente.

11

Ouvi que todos estavam festejando Natal e ano novo, beberam demais, saíram de carro e bateram. Invés de ser festa de Natal e ano novo foi tristeza de uma morte movida à bebida.

12

Vi que todos estavam esperando alguém chegar para a festa, mas infelizmente tiveram um acidente.

13

Eu vi sobre as festas de ano novo e ouvi que os números de acidentes disparam a cada ano.

14

Beber nas festas de fim de ano e as mortes causadas no trânsito.

15

Uma festa de fim de ano, as pessoas bebendo, foi dirigir e acontece um acidente. Não pode beber e dirigir.

16

Uma festa de comemoração onde todos bebem e depois, na volta para casa, sofrem um grave acidente de trânsito.

17

Está tudo ligado ao trânsito e acidentes de trânsito, imprudência, bebida e direção.

18

Uma família comemorando o final de ano e depois dirigi embriagado causando acidente.

19

Vi que uma noite feliz não terminou tão feliz, por imprudência no consumo de álcool.

20

Uma alegria de todos e mais tarde a morte.

21

Pessoas festejando, festa de final de ano, todos alegres, mas no final, mais uma vez a bebida acabando com tudo e o marido desesperado vendo sua esposa morta no chão.

22

Vi um começo feliz e um final trágico.

23

Uma festa de comemoração de Natal.

Sujeitos D. 3. O sentiu assistindo ao vídeo? 1

No início alegria, por fim tristeza.

2

Começo de ano trágico.

3

Tristeza, por saber que tanta gente bebe e dirige.

4

Tristeza.

5

Um pouco de medo.

6

Dois dramas.

7

Descaso 1º das pessoas sem consciência.

8

Que isso pode acontecer com qualquer pessoa.

9

Nada.

10

Adrenalina pura.

11

Senti que não é fácil ter uma notícia tão ruim.

12

Vi um lado corretivo que alerta as pessoas para: se beber não dirija.

13

Eu senti um drama muito forte, pois a vítima entrou em óbito, após sair de uma festa, com o efeito do álcool, e bater o carro, onde levou a morte.

119

14

Nada.

15

Alegria e ao mesmo tempo tristeza.

16

Tristeza, mais uma vítima da imprudência no trânsito.

17

Perder família durante uma época tão feliz é difícil. Experiência própria.

18

Senti tristeza, pois muitas vezes chega a atingir pessoas inocentes.

19

Senti que o homem não faz noção do uso de Bebida.

20

Momento de alegria e tristeza.

21

Tristeza por uma família destruída.

22

Um sentimento de pena ao ver o fim de duas pessoas jovens.

23

Mal, tristeza.

Sujeitos

D.4. O filme fez você pensar em alguma coisa ou situação? Em quê?

1

Não, nenhuma.

2

Não.

3

Sim, que nossa vida vale muito mais que um copo de bebida.

4

Não devemos dirigir ou andar com pessoas bêbadas.

5

Sim, na família, nas pessoas que perdem alguém da família em tragédias como esta.

6

Não, não faço nada de errado.

7

Sim, todo ano aumenta o número de acidentes de trânsito em dias de feriado.

8

Fez tomar mais cuidado no trânsito.

9

Não.

10

Nada.

11

Fez pensar que, mesmo quem não bebe, mas tem que andar com bêbado, que nos leva a essas tristezas.

12

Se beber, passe o volante para alguém que não bebeu.

13

Esse filme me faz pensar em vários casos que ainda acontecem e que está na hora de abandonar essa prática de beber e dirigir.

14

Não.

15

Sim, acidentes de fim de ano.

16

Sim, quantas e quantas pessoas perdem a vida nas festas de fim de ano, carnaval e outras.

17

Sim como citei antes, perdi um primo em acidente de moto, em época de festa.

18

Acidentes, embriaguez e direção.

19

Penso que se as pessoas pensassem no seu semelhante não beberiam tanto.

20

Sim, minha amiga, vindo de uma festa, o carro que ela estava capotou.

120

21

Que acontece muitos acidentes em época de festa, tanto no Natal como em outras comemorações.

22

Sim, numa situação de festa e harmonia que acaba em tristeza.

23

Em muitas comemorações nas festas de fim de ano, festa, muita bebida e um final em tragédia.

Sujeitos D. 5. Qual foi o ponto forte? 1

A morte!

2

A mulher morta.

3

No momento em que passa a moça morta e o marido dela se lamentando.

4

Acidente.

5

Uma pessoa morta no trânsito.

6

Se beber não dirija, cuide, tenha responsabilidade.

7

As consequências, que uma vida foi tirada porque pessoas beberam e dirigiram.

8

Hora da batida, do corpo no chão e o marido desorientado.

9

O acidente em que morre a moça.

10

A batida.

11

Onde ouve o acidente.

12

Todos os filmes foram um bom exemplo para todos nós.

13

O ponto mais forte foi que era um fim de ano feliz, uma noite bonita e que se transformou de uma alegria para uma tragédia.

14

Que, mesmo por serem festas de fim de ano, temos que dirigir com cautela e não beber.

15

A morte.

16

A vítima fatal.

17

Sempre o sofrimento da família, nessas situações.

18

A mulher morta.

19

Mais uma vez que beber não combina com direção

20

O acidente no trânsito.

21

O marido vendo sua esposa morta, desesperado colocando as mãos na cabeça, vendo sua esposa sendo coberta.

22

O acidente em que morre a moça.

23

Perdeu a vida, um final triste.

Sujeitos D.6. Que mensagem o vídeo deixou? 1

A mesma de sempre, se conscientizar sobre bebida e direção.

2

Se beber não dirigir.

3

Que nossa vida é mais importante que o álcool, e que ele não combina com direção.

121

4

Não dirigir alcoolizado.

5

Festas de fim de ano e comemorativas são melhores em família e em casa.

6

Atenção.

7

Se beber não dirija, "Não corra, não mate, não morra".

8

Como minha mãe sempre falou, tomar cuidado.

9

Andar atento.

10

Nada.

11

Deixou muita tristeza.

12

Que todos os seres humanos tem que ter consciência, que volante e bebida não se misturam.

13

Se beber não dirija.

14

Que por mais que sejam as festas de fim de ano, devemos ter mais responsabilidade na hora de dirigir.

15

Se beber na dirija.

16

Se beber não dirija e se for dirigir não beba.

17

Se beber não dirija, isso é essencial.

18

Se beber não dirigir.

19

Se beber Não dirija.

20

Se beber não dirija.

21

Que famílias são destruídas todos os dias por acidente envolvendo motoristas bêbados.

22

Se beber não dirija.

23

Se beber não dirija.

Sujeitos D.7. Você considera a mensagem importante? Por quê? 1

Sim, para ajudar a mobilizar as pessoas.

2

Sim, beba com moderação.

3

Sim, para conscientização.

4

Sim, porque muitas pessoas dirigem depois de bêbadas.

5

Sim, a segurança sempre deve ser lembrada.

6

Sim, muito, porque a pessoa tem que se conscientizar que seus atos são muito importantes.

7

Sim! Quanto mais vemos esses fatos, podemos nos conscientizar mais a esse respeito.

8

Sim, para pensar melhor.

9 10

Sim.

11

Porque tem que ter muita consciência para que isso não aconteça. Sim, todos

122

deveriam, quando beber, não andar de carro ou de moto. 12

Muito importante porque a vida é tão importante, que ninguém tem noção.

13

Sim porque os inúmeros acidentes continuam e não é por falta de aviso, tem TV, jornais, palestras sobre acidente nas escolas etc. E continuam errando.

14

Sim, porque a imprudência no trânsito aumenta nessa época, é bom alertar para suas consequências.

15

Sim, é um alerta para as pessoas.

16

Sim, como já citei anteriormente, toda e qualquer campanha que venha a conscientizar os indivíduos a terem mais cuidado e serem mais prudentes, em relação a evitar acidentes, é muito importante.

17

Sim, quem sabe as pessoas que assistiram ao vídeo pensem mais nas coisas que estão fazendo.

18

Sim, pois várias pessoas morrem sem ter culpa, é um incentivo a não beber e dirigir.

19

Que um bêbado imprudente só mata os inocentes.

20

Sim, porque quem bebe não pode dirigir.

21

Sim, para que deixem de beber quando for dirigir e dirigir com cuidado.

22

Sim, muito importante, afinal por meio de propaganda tentam levar consciência às pessoas e fazer elas pensarem sobre isso.

23

Sim, porque devemos ter consciência, respeitar às leis de trânsito e preservar nossas vidas e das outras pessoas. Boa Noite! Foi muito importante.

Sujeitos Assinale o vídeo mais interessante. Por que é mais interessante? 13

A. Bom, para mim foi a alternativa (A) porque ele tirou a vida de uma criança de 5 anos ao beber e dirigir.

12

A. o A é o mais importante por que ele teve a consciência do quê fez e se arrependeu de ter tirado a vida de uma Criança

2

A. Pois foi a morte da criança de cinco anos, destruição de um sonho.

17

A. Porque é uma criança a vitima e pensar que essa criança e os pais sofreram. Deve ser muito doloroso para a família.

14

B. É uma situação que ocorre com muita Frequência.

4

B. Por que se nós respeitarmos o trânsito diminuirá uma grande parte dos acidentes.

20

B. Porque a senhora gostava que todos tivessem responsabilidade no transito.

6

B. Porque ela não estava respeitando o transito e ninguém morre.

9

B. Porque ela não estava respeitando o transito.

21

B. Porque, apesar de não ser o mais forte, é uma senhora de idade que não respeita as leis de trânsito.

23

C. Para mim, no momento, tive uma Lembrança muito triste, de 15 Anos atrás.

19

C. Por mostrar que as motos e os motoqueiros não são os donos do mundo.

15

C. Por que eles estavam comemorando o Natal.

123

18

C. Por que muitas pessoas não utilizam capacete e fazem manobras no trânsito.

1

C. Porque tinha uma CG Titan (azul) que bateu e o cara veio a óbito.

5

D. É o que passa a realidade mais forte e assustadora.

22

D. Estavam todos felizes e de repente uma tragédia sem volta.

11

D. Foi interessante porque ouve uma festa, todos felizes, paz alegria e no fim da festa ouve tristeza. É assim que se pensa quando tem festa em nossas casas, quando acaba tudo, todos vão embora e ficamos pensando se todos chegarão bem.

10

D. Não sei, porque ele me marcou.

8

D. Para mim ele e o mais forte todos comemorando depois a tragédia.

16

D. Porque e a situação que mais mata no trânsito, ou seja, dirigir após sair de alguma festa onde tinha ingerido bebida alcoólica.

7

D. Porque é um acidente brutal que leva a pensar na morte imediata e causa um grande impacto nos telespectadores.

3

D. Porque mostrou mais a realidade de morte no trânsito.

Dissertação - Irene Rios.pdf

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