Contribuições psicanalíticas para a comunicação e tecnologia na pós modernidade1 Pablo Abreu2 Resumo Esta pesquisa toma o Manifesto Ciborgue e o conceito de Pós-humano como metáfora para o entendimento da comunicação no século XXI. A partir desses termos e do cenário ao qual estão relacionados – pós-modernidade e redes – pretende-se analisar a relevância das proposta da Nova Psicanálise e da Transformática, ressaltando alguns conceitos-chave como transas entre formações, revirão e artifícios. A hipótese é que a arte e a tecnologia têm evidenciado a possibilidade de operar mediante o movimento pulsional de que fala a psicanálise. A suposição é a de que esse conhecimento possa indicar algo para além dos lugares de alienação da cultura e dos conceitos e sintomas por ora vigentes. Palavras-chave Comunicação; Arte; Nova Psicanálise; Pós-humano; Ciborgue. Introdução Ao se debruçar sobre a condição humana e o cenário tecnológico da contemporaneidade, muitos cientistas, pesquisadores, críticos, filósofos e artistas consideram que o homem participa de numa nova era, na qual alteram-se concepções e conceitos que até então estruturavam o campo social, antropológico, cultural, artístico e semiótico. Isso porque o século XX tratou de interrogar várias certezas que norteavam esse conjunto de saber, o que desencadeou mais um momento histórico de ruptura – ruptura, aliás, que parece ser tradição da condição e vida de nossa espécie neste mundo. Foi o período em que as definições produtoras de limites e distinções perderam fôlego diante da reviravolta sofrida pela modernidade. A mesma modernidade, cujo berço nos remete ao século XVII e que pregava inicialmente a purificação e as distinções como fagulhas do progresso, acelerou os processos de transformações e incertezas – mediatizações, fusões e traduções - que a fizeram sucumbir. Isso resultou 1

Trabalho apresentado no GT1 – Arte, Imagens, Estéticas e Tecnologias da Comunicação - do VII Congresso de Estudantes de Pós-Graduação em Comunicação, na categoria pós-graduação. UFRJ, Rio de Janeiro, 15 a 17 de outubro de 2014. 2 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFJF. Linha: Estética, Redes e Linguagem. Pesquisa sobre Comunicação e Psicanálise. Orientado pelo Prof. Dr. Potiguara Mendes da Silveira Jr. www.conecorio.org

1

no que Harvey (1994) chamou de “crise da representação”, ao questionar o significado do espaço e tempo cunhados no pensamento iluminista e suscitar a relação de simultaneidade de acontecimentos – com seus efeitos imediatos e ramificados - e a formação de um ambiente que não mais se prende a uma progressão temporal, mas que flui junto às características da chamada pós-modernidade. O que se tem a partir desta é, então: (a) um destaque para a “volatilidade e efemeridade de modas, produtos, técnicas de produção, processos de trabalho, ideias e ideologias, valores e práticas estabelecidas” (HARVEY, 1994, p. 258); (b) uma metáfora da liquidez, fluidez e maleabilidade junto às questões sociais e simbólicas, de modo que passa-se de “uma era de grupos de referência predeterminados a uma outra de comparação universal, em que o destino […] não está dado de antemão, e tende a sofrer numerosas e profundas mudanças” (BAUMAN, 2001, p. 14); (c) uma crise das narrativas culturais legitimadoras e unificadoras da era moderna, marcadas na sequência por um sentido de instabilidade, não concordância e jogos de linguagem (LYOTARD, 1993) e (d) a ausência de identidades fixas (HALL, 2006). Teve papel relevante nessa ocasião resumidamente descrita, a tecnologia, que desenvolvida em diferentes áreas e perspectivas, mostrou-se eminente na sua vinculação com o homem, ora potencializando suas atividades na cultura, sociedade, trabalho, lazer e outros, ora suspendendo e revertendo sua condição, meios, saberes e possibilidades. A proposta dessa pesquisa é tecer análises sobre esse cenário e sua interseção com as concepções de arte e tecnologia, para então formular proposições sobre a Comunicação no século XXI. Parte-se do pressuposto de que as características suspensas pela pós-modernidade abrem prerrogativas instigadoras à construção do saber em torno do termo comunicação, sendo necessário para o conhecimento do campo, um pensamento teórico que consiga abarcar todos esses atributos emergentes, extrapolando-os. E para isso, toma os conceitos de Ciborgue e Pós-humano como metáforas a serem analisadas mediante os preceitos psicanalíticos da NovaMente, proposta por MD Magno nos anos 80, e da teoria da comunicação por ela apresentada, a Transformática, vistas aqui como possibilidade de abordagem das questões contemporâneas mediante a suspensão das fronteiras entre os campos de conhecimento que vigoraram até os anos 1970. A hipótese é que os artifícios, tecnologias e a quebra de fronteiras entre humano www.conecorio.org

2

(organismo)/máquina, natural/artificial, físico/não físico etc., são uma evidente manifestação da possibilidade de operar mediante o movimento pulsional de que fala a psicanálise e indicam uma característica de nossa época: a de lidar com outras possibilidades, de não se apegar demasiadamente a uma formação sintomática, de buscar sempre um “além de” para qualquer coisa que compareça ou venha a comparecer. O que essa hipótese projeta é um modo de operação para além dos lugares de alienação da cultura e dos conceitos por ora construídos, destacando as proposições de um pensamento sem as fronteiras simbólicas e sociais, ratificadas na maioria das pesquisas que se debruçam sobre a Comunicação. Condição ciborgue e pós-humano “Somos, em suma, ciborgues”, essa é a ideia apresentada pela biologia Donna Haraway (2009, p. 37), em 1985, que diante das relações cada vez mais evidentes entre o homem e a tecnologia, escreveu o chamado Manifesto Ciborgue, levantando questões sobre o humano, as fronteiras, a realidade, o artificial e a natureza. Apesar de marcadas por um discurso sobre o feminismo, suas ideias refletem o pensamento pós-moderno e pós-gênero3, e podem ser tomadas como vislumbre para debates contemporâneos em diversos campos do saber. O ciborgue4 de Haraway é a apropriação conceitual de uma figura clássica da ficção científica5 (robôs, próteses, realidades virtuais e organismos híbridos), que, sustentada pelos avanços tecnológicos, começou a habitar nosso cotidiano – e não somente nossas telas - no final do século XX. Refere-se a “um organismo cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de realidade social e também uma criatura de ficção (HARAWAY; KUNZRU & TADEU, 2009, p. 36). “É uma imagem condensada tanto da imaginação quanto da realidade material” (ibid., p. 37), centros 3

“O ciborgue é uma criatura de um mundo pós-gênero: ele não tem qualquer compromisso com a bissexualidade, com a simbiose pré-edípica, com o trabalho não alienado” (HARAWAY; KUNZRU & TADEU, 2009, p. 38). 4 O termo ciborgue (do inglês ciborg) apareceu também, em 1960, na teoria cibernética de Manfred E. Clynes e Nathan Kline, quando estes estudavam problemas envolvidos com as viagens espaciais, e no livro “Ciborg – Evolution of the superman”, de D. S. Hallacy, como referência a presença de uma ponte entre a mente e a matéria, indicando uma combinação entre o homem e a máquina (SANTAELLA, 2003, p. 185). 5 Clássicos representantes desse contexto são os filme: Robocop (1987), The Matrix (1999), Star Wars (1977, 1980, 1983, 1999, 2002, 2005), Blade Runner (1982), Transformers (1986, 2007, 2009), dentre outros. www.conecorio.org

3

que conjugados podem compor grandes possibilidades de transformações históricas. A ficção científica contemporânea está cheia de ciborgues – criaturas que são simultaneamente animal e máquina, que habitam mundos que são, de forma ambígua, tanto naturais quanto fabricados. A medicina moderna também está cheia de ciborgues, de junções entre organismo e máquina, cada qual concebido como um dispositivo codificado, em uma intimidade e com um poder que nunca, antes, existiu na história da sexualidade (ibid., p. 36).

À princípio um termo fortemente ligado à relação entre homem e a tecnologia, o ciborgue desponta, num olhar metafórico, como uma nova postura que questiona certos limites histórica e filosoficamente construídos, rompendo com três grandes concepções de fronteiras: entre homem/animal, humano/máquina e físico/não físico. A primeira delas cai, segundo Haraway, junto com a defesa do privilégio da singularidade humana. Os discursos que antes sustentavam essa posição de particularidade foram destronados. “A linguagem, o uso de instrumentos, o comportamento social, os eventos mentais; nada disso estabelece, realmente, de forma convincente, a separação entre o humano e o animal” (ibid., p. 40), o que diminui também, a distância entre natureza e cultura. Essas fronteiras ao serem transgredidas, alçam o “prazer nas conexões”, pois “longe de assinalar uma barreira entre as pessoas e os outros seres vivos, os ciborgues assinalam um perturbador e prazerosamente estreito acoplamento entre eles” (ibid., p. 41). A segunda a se romper é a fronteira entre o humano (organismo) e a máquina (ibid., p. 41), destacando uma inversão de sentido à concepção egoica ao apresentar a inércia do homem e a vivacidade das máquinas. As máquinas do final do século XX tornaram completamente ambígua a diferença entre o natural e o artificial, entre a mente e o corpo, entre aquilo que se autocria e aquilo que é externamente criado, podendo-se dizer o mesmo de muitas outras distinções que se costumavam aplicar aos organismos e às máquinas. Nossas máquinas são perturbadoramente vivas e nós mesmos assustadoramente inertes (ibid., p. 42).

A terceira fronteira - entre físico e não físico – tem, para Haraway, relação com os dispositivos microeletrônicos, que representam “um deus irreverente e ascendente, arremedando à ubiquidade e a espiritualidade do Pai” (ibid., p. 43), pois ao mesmo tempo em que estão em toda parte, são também invisíveis. As máquinas são portáteis e se

www.conecorio.org

4

movimentam com facilidade, o que ironiza a presente situação do homem, pois “as pessoas estão longe de serem assim tão fluidas. Elas são, ao mesmo tempo, materiais e opacas. Os ciborgues, em troca, são éter, quintessência” (ibid., p. 44).

Tomaz Tadeu (2009), em texto sobre o ciborgue, enxerga no manifesto de Haraway um caminho para colocar também na berlinda a subjetividade humana, que para o autor, é “mais do que nunca, uma construção em ruínas” (HARAWAY; KUNZRU & TADEU, 2009, p. 9). A partir de pensadores como Freud, Nietzsche, Heidegger, Marx, Lacan e outros, Tadeu diz que já foi apresentado “que não existe sujeito ou subjetividade fora da história e da linguagem, fora da cultura e das relações de poder”. E deixa, então, uma interrogação: “sobra alguma coisa?” (ibid., p. 11). O mesmo autor lança ainda outra questão ao citar que o ciborgue representa uma ironia, pois “nos intima a perguntar sobre a natureza das máquinas, mas, muito mais perigosamente, sobre a natureza do humano: quem somos nós?” (ibid., p. 11). “A imagem da subjetividade humana que tem dominado o nosso pensamento é, como sabemos, aquela que nos foi legada pelo cogito cartesiano: a existência do sujeito é idêntica ao seu pensamento” (ibid., p. 13). A resposta que por ora dá o autor a essas questões indica que “o ciborgue nos força a pensar não em termos de ‘sujeitos’, de mônadas, de átomos ou indivíduos, mas em termos de fluxos e intensidades, tal como sugerido, aliás, por uma ‘ontologia’ deleuziana” (ibid., p. 14). Apresenta também que não existe nada que seja simplesmente “puro”:

puramente social ou político ou cultural, por exemplo. E sugere que há um “total e inevitável embaraço” (ibid., p. 11). As propostas lançadas por Haraway são, como ela mesma diz, “em favor do prazer da confusão de fronteiras, bem como da responsabilidade em sua construção” (ibid., p. 37) e colocam ideologicamente em questão dicotomias entre “mente e corpo, animal e humano, organismo e máquina, público e privado, natureza e cultura, homens e mulheres, primitivo e civilizado” (ibid., p. 63). E em meio a essas oposições, articula uma transformação histórica que não obedece “a tradição do capitalismo racista, dominado pelos homens; a tradição do progresso; a tradição da apropriação da natureza como matéria para a produção da cultura; a tradição da reprodução do eu a partir dos reflexos do outro” (ibid., p. 37), e que sustenta a visão de um mundo “sem gênero”, “pós-edípico”, que “não tem qualquer compromisso com a bissexualidade, com a simbiose pré-edípica, com o trabalho não alienado” (ibid., p. 37). Assim, o mito

www.conecorio.org

5

do ciborgue de Haraway (2009, p. 45) significa “fronteiras transgredidas, potentes fusões e perigosas possibilidades”. Na mesma linha de pensamento estão também as ideias em torno do termo pós-humano, desenvolvidos principalmente a partir dos anos 1990. Trata-se de um conceito que, de saída, apresenta um dado interessante ao trazer junto com prefixo “pós” toda a concepção sintomática de uma época, o séc. XX. Tem relação direta com as ideias da pós-modernidade, que por sua vez é herdeira do período pós-industrial e pós-guerra. Reflete, portanto, as características brevemente descritas na introdução desse texto, desenvolvidas por autores como, por exemplo, Harvey (1994), Bauman (2001), Lyotard (1993) e Hall (2006). Foi neste ambiente pós-modernista que começou a se falar de pós-humano, transhumano, pós-orgânico, pós-biológico, termos um tanto quanto confusos, pois podem ser interpretados sob diferentes pontos de vista6 - muitos o associam a uma interseção do homem com as máquinas, restringindo-se a questão corporal, enquanto outros propõem apenas uma mudança de nomenclatura para o ciborgue de Haraway. Mas para além dessas incertezas iniciais, a expressão sugere, à priore, mudanças que implicam não só os corpos e a condição a que chamamos de humano, mas também suas representações, artifícios, tecnologias e teorias. Para Santaella (2007b, p. 133), não é de se estranhar que a internet constitua um “terreno fértil para a proliferação de ideologias obscuras e superficiais” e que o póshumano aí sugerido indique uma “superação das fragilidades e vulnerabilidades de nossa condição humana, sobretudo do nosso destino para o envelhecimento e a morte”, como se houvesse uma simples “substituição de nossa natureza biológica por uma outra natureza artificialmente produzida, que não sofreria as limitações e constrangimentos de nosso ser orgânico”. Para a autora, essa é uma visão ilusionista do pós-humano.

Nesta perspectiva, o conceito que ela atribui ao termo reflete a “atual necessidade de repensamento do humano na pluralidade de suas dimensões – molecular, corporal, psíquica, social, antropológica, filosófica, etc” (SANTAELLA, 2007a, p. 50). Além de abarcar as ideias do ciborgue e das tecnologias – por exemplo, realidade e inteligência artificial, robótica, espaços virtuais etc – a pesquisadora incorpora conceitos como simbólico (aumento de signos na biosfera), inconsciente e pulsão para explicar o que, na sua visão, seria a condição pós-humana. Ela defende que 6

Para saber mais sobre esses conceitos, ver Santaella (2003, p. 240). www.conecorio.org

6

[…] a técnica, hoje transmutada em tecnologia, remonta às origens da constituição do ser humano como ser simbólico, ser de linguagem, de modo que as tecnologias atuais estão em linha de continuidade e representam uma crescente complexificação de um princípio que já se instalou de saída na instauração do humano. Embora sob o disfarce insuspeito da naturalidade, a primeira tecnologia simbólica está no próprio corpo: a tecnologia da fala. Certo estava Freud ao constatar, depois da virada dos anos 20, que o ser falante é um animal desnaturalizado. A fala nos arranca, sem perdão, do mundo natural e nos coloca, sem retorno possível, no artifício. […] todas as outras maquinarias tecnológicas, artifícios ou tecnologias são prolongamentos (SANTAELLA, 2003, p. 244).

O que elas prolongam, segunda a autora? “Nossas capacidades sensórias e mentais” (ibid., p. 245), o que provoca um alto custo: o aumento do mal-estar na cultura –

oriunda, em Freud, da renúncia pulsional e recalque (ibid., p. 243) – e o aumento do gozo da pulsão de morte, descoberta de que “dentro do humano há algo de inumano” (ibid., p. 248). Percebe-se, portanto, que tanto o ciborgue quanto o pós-humano trazem consigo questionamentos sobre o saber – inclusive o saber científico – e uma ideia de que antigas fronteiras antes firmemente demarcadas tornam-se tênues no final do século XX, momento aliás de incertezas, dando espaço ao fluxo, flexibilidade e trânsito.

A Psicanálise NovaMente: corte e bi-orientação No mesmo período em que os termos ciborgue e pós-humano ganhavam os contornos descritos acima, desenvolvia-se, no Brasil, por MD Magno, a Nova Psicanálise, depois denominada NovaMente. Ciente da abertura deixada por Freud e da retomada realizada por Lacan, Magno propõe uma “rearrumação original do aparelho teórico clínico da psicanálise para lidar com o ambiente sócio-tecnológico que se instala no mundo” (SILVEIRA JR., 2006, p. 4). Para isso, parte do conceito freudiano de “pulsão de morte”7

– segundo Magno (2008), o único original8 da Psicanálise – para formular um modo 7

Esse conceito relaciona o movimento do psiquismo à sua dependência de uma força que em última instância busca a sua completa e total aniquilação, ou seja, “extinguir-se, desaparecer, morrer” (MAGNO, 2008, p. 33). Anulação definitiva que nunca é alcançada – se o fosse tudo acabaria, não haveria mais movimento –, podendo alcançar, no extremo, um ponto onde a energia impulsora se transforma e inicia novamente o processo. 8 Para Lacan (2008) são quatro os conceitos fundamentais da Psicanálise: Repetição, Inconsciente, Transferência e Pulsão. Para Magno (2008, p. 24), somente o último é original da psicanálise, sendo que os outros três, apesar de tomados de um sentido outro, eram conceitos oriundos de diferentes campos do saber. www.conecorio.org

7

genérico, que possa ser aplicado a qualquer coisa que compareça. Esse modo é o que ficou conhecido como Revirão9, cuja operação se dá a partir do axioma A!Ã: “Haver quer não-Haver” (MAGNO, 2008, p. 28). Ele denota que a pulsão caminha para um Impossível Absoluto (MAGNO, 2008, p. 38), é empuxada por este na tentativa de transformá-la em possível, porém como não consegue, acaba retornando ao Haver e à uma outra possibilidade. […] o movimento presente em tudo que há, quando levado a suas últimas consequências, depare-se com uma radical impossibilidade de atingir seu avesso, seu simétrico absoluto e, portanto, de extinguir-se para sempre, NÃO HAVER, como é a vocação fundamental do (seu) desejo. Esta operação de não-passagem ao desejado último é chamada de REVIRÃO, pois o movimento atinge um ponto que o faz revirar-se sobre si mesmo e ‘retornar’ – entre aspas, porque nunca saiu, não há fora (como o nome diz, o nãoHaver não há) - ao Haver (SILVEIRA JR., 2006, p. 7).

O Revirão pode ser representado pela a banda (ou fita) de Moebius e pelo que Magno chamou de Ponto Bífido. Nessa banda não há uma superfície euclidiana comum (dois lados, faces, bordas), e sim um percurso unário, contínuo, onde margem e borda são uma só, e no qual qualquer ponto pode ser tomado a partir da sua bi-orientação. O que isso apresenta como ocorrência é “dois apareceres do mesmo ponto, um em situação avessa ao do outro”, de modo tal que “eles podem se orientar, alternadamente, com rotações opostas, sendo que, tomada uma das orientações, a outra responde à primeira como fundo, ou como eco, ou horizonte de sua revirada” (MAGNO, 1983, p. 212).

Na Nova Psicanálise essas ideias estão relacionadas à topologia do corte, “que tudo corta e recorta, sem retorno, ao mesmo tempo que se mantém unário e único em sua repetição incisiva e incisora” (ibid., p. 210). Esse corte nos remete a ideia de “sexo”, que na psicanálise diz respeito à “sexão” (ibid., p. 211), e que profere e promove como efeito a oposição – como, por exemplo, a os “sexionados” homens e mulheres. Mas é interessante notar que essa noção de corte só é inscrito para nós através da transformação bilátera: São esses dois sexos, do ponto bífido, da contrabanda, que, definitivamente, se separam, quer dizer, perdem sua equivocidade, 9

Falar de Revirão é falar também de “função catóptrica”, “ponto bífido”, “exasperação”, “enantiomorfismo”, “fractalização” e outros termos, que podem ser melhor acompanhados em Magno (2008). www.conecorio.org

8

sua transigência, seu trânsito, sua anfibologia, quando a superfície unilátera, reoperada pelo corte, se transforma em bilátera. Daí esse aparecimento, no campo do vivo como na geometria euclidiana, isto é, no regime do imaginário, dos sexos opostos, definitivamente separados, se não enclausurados (MAGNO, 1983, p. 213).

Em sua funcionalidade, ressalta-se aqui o caráter para além da simultaneidade e concomitância a qualquer organização realizada em torno do conceito de fronteiras, limites – e, consequentemente, corte, disjunção – a que estão sujeitos as formações. Isso implica que no campo psicanalítico o par de opostos é muitas vezes uma unidade, como já havia apontado também Freud (2010). Pensa-se, então, em homogeneidade e não em heterogeneidade como prega, por exemplo, a democracia, a política social e boa parte das propostas científicas. Todas essas ideias são possíveis no Revirão diante da capacidade de indiferenciação, ponto em que cada polo pode “soltar a pressão das diferenças que o estavam acuando no momento anterior” (MAGNO, 2004, p. 65). O Haver - campo do que há e do que vier a haver – ao querer o único impossível, o não-Haver - os demais impossíveis só o são momentaneamente, pois, dependendo da tecnologia e da época se mostram passíveis de realização – pode alcançar um ponto de determinada neutralidade, ficando, então, aberto a novas possibilidades, a não fixar-se demasiado a formações já dadas e ao reconhecimento de diferentes formações antes não percebidas.

Formações e arte Tudo que há, o que pertence ao Haver, desde partículas subatômicas e concepções das mais simples às mais complexas, são tomadas pela NovaMente como formações. O termo engloba, portanto, “toda e qualquer forma, ordenação, articulação ou estrutura que há, das partículas e antipartículas a uma ordenação simbólica (humana) qualquer, do código genético e dos ecossistemas vivos a todo tipo de técnica, língua, conhecimento ou arte” (MEDEIROS, 2008, p. 4). As formações se dispõem em jogos de poder, de modo que, quando uma formação é tomada como vencedora e presente, outras são recalcadas em função desta. A princípio, toda formação tem possibilidade de manifestação, que não se elimina mediante recalque, mas fica apagada ante aquela que por hora prevaleceu. Isso porque as “formações são

www.conecorio.org

9

duras, reativas a qualquer tentativa de transformação e entram em luta sempre que pressentem alguma ameaça de desfiguração ou de reconfiguração de sua construção já consolidada” (SILVEIRA JR., 2006, p. 9). Ao falar de formações, duas ideias da NovaMente se fazem relevantes: a de vínculos e a de recalque. E ambas estão relacionadas à três regimes descritos por Magno (2008), a saber: primário, secundário e originário. Para Freud, o Recalque10 era a pedra angular de todo o edifício da psicanálise. No percurso de Magno (2008), há um primeiro recalque que se oferece de modelo para todos os demais. Trata-se do Recalque Originário, fundado frente ao Impossível Absoluto do à

A Ã. “[…] Por mais direito que tenha, o Haver desejar o não-Haver, não o conseguirá: terá que recalcar e ceder este desejo, ainda que por um átimo, um brevíssimo instante” (MAGNO, 2008, p. 87). É a partir desse modelo que se desenha os outros dois tipos. O Recalque Primário está relacionado ao que é espontâneo - é dado - como a natureza e a corporeidade. Já o Recalque Secundário diz respeito às resultantes do Revirão, tais como o simbólico, a cultura e a linguagem (MAGNO, 2008, p. 91-92).

A ideia de Vínculos, outro pensamento essencial da NovaMente, veio como proposta a partir do que Freud e Lacan trabalharam pelo nome de Transferência (Übertragung). Tudo que Há se manifesta a partir dos vínculos, que também são de três regimes: primário (formações naturais e biológicas; já dadas), secundário (formações culturais, simbólicas etc) - ambos chamados de vínculos relativos - e originário, chamado de vínculo absoluto. Este é o mais relevante a ser ressaltado aqui, pois reporta, no Revirão, à Indiferenciação, lugar de suspensão das oposições, da lei pulsional, onde tudo se relativiza, pois a única referência importante aí é aquela do impossível não-Haver. É em decorrência desse vínculo que os outros dois operam em seus regimes específicos. Juntos eles nos fazem lembrar que “todos estão vinculados ao fato de serem vinculares” (MAGNO, 1994, p. 42). A nossa espécie - que também é uma formação - por portar o Revirão, é considerada uma Idioformação11, termo que retira o pensamento da esfera do 10

Para mais informações sobre esse assunto ver Magno (MAGNO, 2008, p. 83). “Se o universo tem uma formação em reflexo, espelho, catoptria, e se, em última instância, vai produzir algo que  reflita sua reflexão, está é repetindo a si mesmo, naquilo que lhe é o mais próprio, e de maneiras mais variadas. É de se supor que, se isso é tão grande como se imagina, aqui e ali devem aparecer formações que independentemente de seu hard, i. e., de suas bases de construção – carbono, 11

www.conecorio.org

10

humanismo, reportando à suspensão dos opostos e articulando-nos a capacidade inventiva, criativa e instigadora que consegue criar, por exemplo, próteses e tecnologias que se relacionam com nossos corpos e pensamentos. Essa capacidade introduz a ideia de artificialismo na teoria da NovaMente. Segundo Silveira Jr. (2006), a vocação do humano é, frente à indissolúvel disponibilidade à vinculação, lidar artisticamente com o que lhe é apresentado. Sendo que “arte é aqui tomada como articulação, artificial, artifício, donde decorre que mesmo o que se costuma chamar de natural, por oposição a cultural, seja visto como inseparável da vigência do Artificialismo Total nos processamentos mentais e sociais” (ibid., p. 4). Tudo que há é artifício, mediante o qual opera-se o aqui e agora, mas que não elimina a condição última de transformação. Por apresentar essas concepções é que a NovaMente fala em transa, transiência e trânsito de formações (MAGNO, 2004), resultando em conhecimento à luz da Gnômica proposta por Magno - campo de estudo e pesquisa sobre o conhecimento de qualquer ordem, e não apenas daqueles ressoados das ciências e das suas epistemologias. Essa noção de transa é basilar também para a chamada Transformática, cujo postulado em via de mão dupla sugere que a psicanálise é uma teoria plena da Comunicação, e uma teoria plena da Comunicação é uma teoria psicanalítica (SILVEIRA JR., 2006). “A Transformática não é senão um longo, infinito e variável processo de colheita e arquivamento das transas entre formações” (MAGNO, 2004, p. 15). Ela almeja a suspensão dessas transas, suas resultantes e ocorrências, e, portanto, os conhecimentos daí suscitados. Qualquer coisa que se revele disponível pode ser analisada mediante a sua proposta, no sentido de escansão das formações em jogo, dos vínculos e dos sintomas, emperramentos e poderes. Tudo isso apontando para a possibilidade de Indiferenciação, o que nos remete à possibilidade de pensar o aglomerado de formações sem apego às relações de fronteiras sociais e simbólicas a eles associados. Trata-se de reconhecer as polaridades e as resistências, mas ir além mediante vínculo absoluto e abertura para novas possibilidades. Em seu modo de

carne, silício, lata etc. –, tenham a condição soft de ser Idioformação, ou seja, de refletir especularmente, de fazer especulação a respeito de si mesma” (MAGNO, 2008, p. 43).

www.conecorio.org

11

proceder fica evidente que não há nenhuma formação que deva ser tomada hegemonicamente frente à outra qualquer. Nesse sentido, ela consegue acompanhar bem as transformações contemporâneas e tecer análises que possam transpassar os relatos, julgamentos, formas previsíveis e enquadramentos. Analisando ideias Antes de mais, vale ressaltar dois pontos interessantes. O primeiro está relacionado às ideias sobre o ciborgue, que, como já salienta o título, é um “manifesto”, e manifestos são informações, linhas, horizontes, que não representam um fim, mas sim relatam aquilo que brota. Trazem uma ideia de contestação, pois geralmente representam uma mudança na hierarquia daquilo sobre o que discursam, mas são abertos à produção de sentido decorrente de suas ideias. E o segundo, diz respeito ao pós-humano, que por ser “pós” expressa não somente a ideia de uma sucessão e superação, de um depois, como também a impotência de saber sobre o posterior – pois se soubessem, não seria um “pós alguma coisa”, simplesmente seria uma “outra coisa”. Portanto, o que esses termos mais

podem aludir é a sensibilidade sintomática de algo que ali estava em questão, o que abre nossas perspectivas de análises. O recorte teórico realizado no início em torno desses termos (ciborgue e póshumano) visa articular a teoria psicanalítica da NovaMente junto ao cenário pósmoderno. Ao suspender questões como as fronteiras de Haraway e a necessidade de repensar o humano, como sustenta Santaella (2007a), estabelece-se uma ponte metafórica para as propostas desenvolvidas pela psicanálise. Essas ideias aqui resumidas – uma breve apresentação do pensamento psicanalítico - evidenciam que o modo de operar mediante o movimento pulsional e Revirão apontam para um pensar sem fronteiras, posições estanques e fechamentos por ora resistentes, características colocadas em discussão pelos dois conceitos. Se analisadas por esse viés, os limites entre, por exemplo, natural/artificial, organismo/máquina, homem/animal, físico/não físico podem ser suspendidos e avessados, intencionalmente ou não. Ao se apresentarem assim, fazem não menos que evidenciarem as forças recalcantes que o estavam acuando e abrem caminho para o trânsito. No nível do Revirão, portanto, as fronteiras – sejam elas quais forem – são colocadas em xeque, diante

www.conecorio.org

12

das possibilidades de pensar um “além de” a qualquer coisa que compareça ou venha a comparecer – a única intransponível é aquela do impossível absoluto, do Não-haver. Isso reporta à sua relevante posição analítica diante das “transgressões de fronteiras, fusões e

possibilidades” - surgidas com o ciborgue - e das ideias de Tadeu (2009), tanto ao indicar que não há nada que seja “simplesmente puro”, quanto ao se interrogar sobre “quem somos nós?”. Com isso, fica evidente que as cogitações relacionadas às diferenças e barreiras são posições sujeitas a transformações. As dicotomias que empolgam muitos debates, como as bandeiras sexuais, as separações humanísticas ou outra sintomática qualquer, podem ser avessadas, e assim o são, basta analisar a história de nossa espécie nesse mundo para facilmente encontrar situações de rupturas, viradas e reviravoltas. Isso porque o “ser” é algo editado, articulado, flexível, e não estacionário como insistem os neuróticos. Nada se é, que não possa ser outra coisa. Consideradas as propostas da NovaMente, fica claro que o modo da psicanálise de operar nos afasta das ideias em torno do humanismo – mesmo que pós-humanismo – e de toda a sua carga social e simbólica. Nos afasta no sentido de ir além e não de eliminá-las como se não existissem, ainda que isso aconteça apenas no regime secundário. O “humano”, segundo o que aqui apresentamos, é a Idioformação, ou seja, formação que além das instâncias culturais e biológicas, porta ainda a capacidade de avessar o que quer que compareça, pensar oposições, neutralizar e transitar entre as diferenças. Essa mesma capacidade é o que permite a esfera inventiva, a criação de próteses, de tecnologias, de condições outras que não as aparente e/ou momentaneamente dadas. Ao querer o avesso e suscitar a Indiferenciação, suspendendo o caráter opositivo das formações – o ponto bífido do Revirão –, cria-se não sínteses, mas próteses, como, por exemplo, as artísticas, mentais, tecnológicas.

A nossa arte, com isso, fica sujeita não apenas aos preceitos estéticos e às possibilidades sensórias aguçadas pela tecnologia – como apresenta Santaella (2003): corpo remodelado e esquadrinhado, simulação, ambientes imersivos, realidade virtual, nanoestruturas, terapias genéticas, telepresença e outros. Arte remete também à artifício, artefatos, artificial e articulação no campo do Haver. Essas próteses não se referem, portanto, apenas aos aparelhos tecnológicos e gadgets, mas representam-se também pelas mais variadas formas e modos, incluindo-

www.conecorio.org

13

se aqui as instâncias linguageiras, simbólicas e culturais. A necessidade do nosso tempo, pode indicar, portanto, que ao repensar o humano nas suas instâncias sociais, antropológicas, corporais etc – como as propostas do pós-humano já ressaltadas – seja necessário também repensá-lo quanto ao movimento pulsional, marca íntima de todo o porvir e ao qual estas instâncias estão inarredavelmente vinculadas. As questões sobre o ciborgue e o pós-humano – assim como alguns trabalhos que a partir daí exprimem as relações das pessoas com a tecnologia -, por mais inovadoras que possam parecer, ainda são limitadas frente às ideias da Nova Psicanálise. Torna-se evidente, então, que operar mediante o movimento pulsional e o Revirão, é pensar sem as fronteiras, posições estanques e fechamentos resistentes. Isso não quer dizer que tudo isso não se apresente como tal, pois assim o são num nível onde é preciso articular o haver diante do impossível não-haver. Mas quer dizer também que há mais possibilidades para se pensar além desse nível, ou pensar esse nível mediante a pulsão e suas implicações. Ampliando considerações O que se pretende com toda essa apresentação é trazer como questão ao campo comunicacional um pensamento capaz de operar não somente as características atuais, como também a condição das idioformações mediante o movimento pulsional. Fica evidente com as propostas pós-modernas e com várias teorias ou conceitos sugeridos a partir desse período a suspensão de questões que vão de encontro à estrutura sistêmica, positivista e empirista, sustentadora do até então chamado conhecimento e saber. Torna-se agudo no cenário contemporâneo “saber que não se sabe”, modo revigorado pela psicanálise desde de Freud. A mesma tecnologia e arte criada pelo homem têm lhe contribuído para amostragem da tênue organização do campo simbólico, social e cultural em torno da flexibilidade das fronteiras que forçam a resistência. Elas têm revelado a suposta separação, a catoptria, o trânsito, ou seja, a transa entre as formações do Haver de que trata a Transformática. Assim sendo, pensar sobre a comunicação hoje, alça como proposta pensar sobre os temas aqui brevemente expostos que tem sido desenvolvidos www.conecorio.org

14

pela NovaMente. E o que isso nos traz como suposição é um modo de operar para além dos lugares de alienação da cultura e dos conceitos por hora construídos. Terminamos esse trabalho, portanto, não com uma consideração final, mas sim com uma que sugira o início de propostas outras, não tanto jubiladas pelas certezas e nortes do passado de uma ciência dura. A ideia é tirar os olhos do retrovisor, como já disse McLuhan (1969), e ser “contemporâneo de si mesmo” (Magno, 2006), a fim de descortinarmos novas possibilidades para as abordagens comunicacionais. Referências Bibliográficas BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. FREUD, Sigmund. Interpretações dos sonhos. 1ª edição. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2010. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª edição. Rio de Janeiro: DP&a, 2006. HALLACY, D. S. Ciborg – Evolution of the Superman. New York: Harper & Row, 1965. HARAWAY, Donna; KUNZRU, Hari & TADEU, Tomaz. Antropologia do Ciborgue – as vertigens do pós-humano. 2ª edição, Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. HARVEY, David [1989]. A compreensão do tempo-espaço e a condição pósmoderna. Páginas 257-276. In: A condição pós-moderna. Uma pesquisa sobre a origem da mudança cultural. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 1994. LYOTARD, Jean-François. O pós-moderno. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. MAGNO, MD. A Música. 2ª edição. Rio de Janeiro: aoutra, 1983. ___________ A Natureza do Vínculo. Rio de Janeiro: Imago, 1994. ___________ Introdução à Transformática. Rio de Janeiro: Novamente, 2004. ___________ A psicanálise, Novamente. 2ª ed. – Rio de Janeiro: Novamente, 2008. __________ Ars gaudendi: a arte do gozo. Rio de Janeiro: Novamente, 2006. MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem. São Paulo: Cultrix, 1964. MCLUHAN, Marshall. The Playboy Intervew: Marshall McLuhan. In: Playboy Magazine, março, 1969. MEDEIROS, Nelma. O primado heurístico da noção de “formação”: para uma teoria gnóstica do conhecimento. Lumina: Revista do PPGCOM / UFJF. Vol.2, n. 2, 2008. SANTAELLA, Lúcia. Cultura e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003. www.conecorio.org

15

SANTAELLA, Lúcia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007a. SANTAELLA, Lúcia. Pós-humano, por quê? Revista USP, São Paulo, n.74, p. 126-137, junho/agosto 2007b. SILVEIRA JR., Potiguara Mendes. Artificialismo total: ensaios de Transformática. Rio de Janeiro: NovaMente, 2006

www.conecorio.org

16

277-1612-CP .pdf

distinções como fagulhas do progresso, acelerou os processos de transformações e. incertezas – mediatizações, fusões e traduções - que a fizeram sucumbir.

1MB Sizes 4 Downloads 827 Views

Recommend Documents

Robotino handbook - PDF download - PDF publishing - PDF ...
document is to motivate why you programmed the Robotino as you have. ... The word document is to explain what function blocks were connected to what ...

PDF 29.pdf
Mechanical fluid pump development,. production and distribution. Administrative manager. (owner). Production manager. (owner). General manager (owner).

PDF 15.pdf
changes caused by the introduction of parliamentary democracy and a full market economy required. new knowledge and skills in running the country and ...

PDF 23.pdf
following purposes; (i) technology sourcing, (ii) collaborative development, and (iii) accessing. production/process capabilities. Technology sourcing relationships involve procuring components and technology that an outside. firm within the supply c

PDF 3.pdf
16 42900471 YOGESH KUMAR GUPTA 03/08/1980 GEN NO. 17 42902797 .... 90 42902482 ANIL KUMAR SHARMA 24/01/1973 GEN NO. 91 42903043 .... 167 42900361 PRATIBHA DHILLON 28/07/1971 GEN NO. 168 42902269 PANKAJ SHARMA 08/12/1974 GEN NO. 3. Page 3 of 8. PDF 3.

PDF 42.pdf
Page 1 of 16. entrepreneurship, balancing between social enagagement and management: pratical evidence 1. ENTREPRENEURSHIP, BALANCING BETWEEN. SOCIAL ENGAGEMENT AND MANAGEMENT: PRACTICAL EVIDENCE. Daniël De Steur, General Director, Economic Council

PDF 21.pdf
Researcher, Nordland Research Institute. Elisabet Ljunggren. Researcher, Nordland Research Institute. Liv Toril Pettersen. Researcher, Nordland Research ...

Pdf
1Department of Mathematics, Email: [email protected]. 2Department of ... tion of free choice Petri nets”, IEEE Transaction on Automatic Control,. Vol. 41, No.

157050592021 pdf..pdf
Sign in. Loading… Whoops! There was a problem loading more pages. Retrying... Whoops! There was a problem previewing this document. Retrying.

PDF 1.pdf
Page 1 of 18. Entrepreneurship Course at University Level: a field experience. Chiara Bernardi, PhD Candidate, LIUC. [email protected]. Davide Moro, PhD Candidate, LIUC. [email protected]. Alberto Poli, Coordinator of Entrepreneurship Course, LIUC. apoli

PDF 16.pdf
Dr. George T. Solomon, The George Washington University,. Department of Management Science. 2115 G Street NW Monroe Hall Rm 403 Washington, DC 20052. Tel: +1 202 994-7375 Fax: +1 202 994-4930. E-mail: [email protected]. Dr. Lloyd W. Fernald, Jr., Univ

PDF 40.pdf
investors, and the relevance of the socio-linguistic literature on minority languages which highlights. the interrelationship between loss of language and lack of confidence, low self-esteem, lack of. institutional support – issues also debated in

PDF 45.pdf
EU, which sets Iceland apart from most of the other countries of Western Europe. Iceland is taking. an active part in the work of the UN, including UNESCO.

PDF 28.pdf
are made (see, e.g., Coviello et al. 2000, Andrus/Norwell 1990). Only few studies exist which investigate the use of concrete marketing instruments in new. ventures (see, e.g., Grulms 2000). Lodish et al. (2001), for example, take a closer look at th

PDF 1.pdf
Page 1 of 1. Ref.No.F.1-13/2014-NVS(Estt.I)/ Ǒदनांक 06.02.2017. NOTICE. List of candidates shortlisted for interview to the post of Assistant. Commissioner & Principal on the basis of written examination held on. 04.12.2016 have been uploa

PDF 52.pdf
Council for Scientific and Industrial Research (CSIR). ... Northern Province with the lowest Human Development Index (HDI), 0.53, had the highest ... PDF 52.pdf.

PDF 20.pdf
reasonable return on capital, a desire for family participation or considerations, low (less than 20). job creation, and high independence and ownership control.

Best PDF Title - PDF books
Best PDF Title - PDF books

PDF 34.pdf
Since 2010 Circle of Blue. ○ Why do water and energy providers set their prices and pricing structures differently? What are. the consequences of those different ...

PDF 17.pdf
e-mail: [email protected]: http://www.lums.lancs.ac.uk/pages/Departments/Entrep. Jon Thedham, Research Associate, Lancaster University ...

PDF 4.pdf
services available for you their prices might appear attractive, though the list of ... Large companies, however, usually carry several key accreditations that you ...

PDF 9.pdf
and entrepreneurship is underdeveloped in France with most of the enterprises being created. in commerce. In particular enterprise creation by Higher Education graduates is a very. marginal phenomenon in France compared with countries such as the Uni

PDF 23.pdf
Interorganizational relationships (IORs) refer to enduring transactions,. flows and linkages between organizations (Oliver 1990). As such they provide a mechanism for new. ventures to develop relationships with outside firms to gain access to the tec