Traduzido por Ana Paula Pâni 1ª Edição

Rio de Janeiro 2014

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Todos os direitos reservados. Copyright © 2014 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina. Título do original em inglês: Jesus, Lover of Woman´s Soul Tyndale House Publishers, Carol Stream, Illinois, EUA Primeira edição em inglês: 2006 Tradução: Ana Paula Pâni Preparação dos originais: Elaine Arsenio Revisão: Daniele Pereira Capa: Fábio Longo projeto gráfico e Editoração: Oséas F. Maciel CDD: 248 - Vida Cristã ISBN: 978-85-263-1131-2 As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário. Para maiores informações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos lançamentos da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br. SAC — Serviço de Atendimento ao Cliente: 0800-021-7373 Casa Publicadora das Assembleias de Deus Av. Brasil, 34.401, Bangu, Rio de Janeiro – RJ CEP 21.852-002 1ª edição: Fevereiro/2014 Tiragem: 5.000

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Dedicatória

À

s nossas amadas filhas, Lorisa, Lynette e Lisa, mulheres de fé e esperança e que sabem que são amadas por Jesus. Elas trouxeram para nossa vida mais alegria, ensinaram-nos muitas coisas e deram-nos netos amados.

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Agradecimentos

Q

ueremos expressar a mais profunda gratidão à maravilhosa equipe da Tyndale House Publishers: • • • • • •

Jan Long Harris, Sharon Leavitt, Nancy Clausen, Caleb Sjogren, Lisa Jackson e Bonne Steffen.

Sua cordialidade e opiniões nos fizeram escrever apaixonadamente sobre Jesus e compassivamente para todas as mulheres que lerão este livro. Jan, como editora associada, você nos desafiou e nos inspirou a escrever este livro. Lisa, como editora sênior, você nos conduziu estando conosco. Foi um prazer trabalhar com vocês. Agradecemos à maravilhosa equipe da The Lodge* em Buchanan (Michigan), que generosamente nos ofereceu sua hospitalidade para meditarmos nas Escrituras e trabalharmos nos manuscritos deste livro. Sempre seremos gratos pela sua bondade. E, para finalizar, agradecemos a vocês, queridas mulheres, cujas histórias emocionantes tornaram-se parte deste livro. Oramos para que suas provações e sofrimentos sejam usados por Deus para encorajar e inspirar outras mulheres que ainda hoje procuram por Jesus, o amado de suas almas. Erwin e Rebecca Lutzer *N.doT.: Uma pousada em Buchanan, Michigan.

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Sumário Agradecimentos .........................................................................7 Jesus e as Mulheres de Hoje .................................................... 11 1 Jesus, o Amado de Maria Madalena ........................................ 17 2 Jesus, o Amado da Divorciada ................................................. 33 3 Jesus, o Amado da Mãe Perseverante ...................................... 51 4 Jesus, o Amado da Prostituta ................................................... 67 5 Jesus, o Amado da Doente e Moribunda .................................. 81 6 Jesus, o Amado da Adúltera ..................................................... 99 7 Jesus, o Amado da Preocupada e Ansiosa .............................. 113 8 Jesus, o Amado da Extravagante ............................................ 131 Notas ...................................................................................... 143

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Introdução

JESUS E AS MULHERES DE HOJE

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ue importância tem um homem que viveu há dois mil anos para a mulher da atualidade? Se esse homem foi Jesus, a resposta é — em uma simples palavra — muita! Através dos séculos, Jesus nos convida a aproximarmo-nos dEle, dando-nos a esperança e a cura que Ele deu às mulheres que encontrou há tanto tempo. Ao contrário de outros grandes mestres, que só podem nos inspirar pelos seus exemplos, Jesus permanece ao nosso lado, aguardando a resposta que daremos ao seu convite de restauração e valorização humana. Suas promessas de descanso para o cansado, pão para o faminto espiritual e perdão para o culpado ainda são tão válidas hoje em dia como quando Ele as fez. “Jesus foi o feminista original”, foi o que disse Sir Leigh Teabing à criptologista Sophie Neveu (personagens fictícias) no livro O Código Da Vinci.1 Para muitas pessoas, a palavra feminista evoca imagens de individualismo radical, direito ao aborto e uma série de outras causas. Mas podemos dizer com convicção que Jesus não era um feminista nesse sentido moderno, nem pretendia que a Igreja fosse construída sobre Maria Madalena, como o autor Dan Brown afirma em seu best-seller.

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Se ao chamarmos Jesus de feminista queremos dizer que Ele rompeu com a visão humilhante que os homens de seu tempo tinham sobre as mulheres e que ultrapassou os limites preconceituosos do legalismo — se tal for a nossa interpretação da frase dita no livro, então sim, Jesus foi o “feminista original”. Jesus revolucionou em seu tratamento com as mulheres. Ele ousou ao acreditar no serviço feminino e em valorizá-las em um tempo em que isso era estranho. Críticos atuais dizem que o cristianismo tem incentivado o domínio machista e a cultura da subjugação feminina. É bem verdade que as mulheres têm sido tratadas como uma classe secundária na história da Igreja e tais alegações podem ser comprovadas pelo registro dos muitos fatos depreciativos às mulheres. Mas tal linha de pensamento contrário à mulher não pode ser traçada a partir das páginas do Novo Testamento, na Igreja Primitiva. No primeiro século, depois da morte e ressurreição de Jesus, as mulheres que seguiram Jesus foram honradas, e seus maridos, por sua vez, foram ensinados a honrar suas esposas. Muitas das restrições que escritores cristãos registraram têm mais a ver com a cultura do que com o próprio Novo Testamento. Intencionamos mostrar nesse livro como Jesus minou o injusto padrão que marginalizava as mulheres em seus dias. Fazendo isso Ele não estava negando os ensinamentos do Antigo Testamento, mas ratificando-os. Ele revelou que líderes religiosos adicionaram suas próprias restrições autojustificáveis à lei e ignoraram a totalidade dos seus ensinamentos. Infelizmente esses líderes religiosos contaminaram seus pensamentos com os costumes dos seus dias e elevaram tais pensamentos ao status de lei divina. Jesus afirmou e valorizou as mulheres como coparticipantes na família divina que viera estabelecer. Quando Ele proclamou liberdade aos cativos, o fez, em parte, por ser contrário à tendência cultural humilhante à mulher. Jesus claramente criou uma nova família de irmãos e irmãs que compartilham do mesmo Pai celestial (Mc 3.31-35). Assim, sendo membros de uma nova família, as mulheres têm iguais privilégios espirituais. Jesus não falou que viera mudar a ordenança do Antigo Testamento sobre a liderança do homem na adoração e na estrutura familiar. Ele mesmo escolheu doze homens como apóstolos. Mas em seu comportamento Ele simplesmente ignorou a tradição prevalente de 10

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Introdução

seus dias, tradições que relegavam as mulheres em uma classe secundária. Em sua presença, mulheres saíram da obscuridade e foram valorizadas como filhas de Deus. Muitos de vocês conhecem a história de homens que deixaram tudo para seguir Jesus. Mas na maioria das vezes nos esquecemos das mulheres que também deixaram tudo para segui-lo. Só compreenderemos que tal fato é algo radical quando compreendermos que tais mulheres judias não poderiam sequer ler as Escrituras, muito menos deixar suas casas, a não ser por pouco tempo para cumprir alguma obrigação doméstica. Um rabino do primeiro século chegou a dizer que as palavras da Torá (a Bíblia Hebraica) deveriam ser queimadas em vez de confiadas a uma mulher. E Jesus partilhou suas palavras com diversas e diferentes mulheres na sua jornada pelas antigas estradas empoeiradas de Israel. Na realidade, Ele confiou que fosse proclamada por uma mulher de passado duvidoso a mais importante mensagem para a Igreja Primitiva — a sua ressurreição. Em resumo, o propósito deste livro é conduzi-la ao coração de Jesus. Você verá como Ele quebrou muitos tabus, como rejeitou preconceitos arraigados e como estava disposto a ser incompreendido a fim de ajudar as mulheres que encontrou. Se você pudesse encontrar Jesus hoje, o que lhe pediria? Perdão? Cura? Vida eterna? Libertação? Purificação? Valorização? Esperança? Amor? As mulheres que encontraram Jesus tinham as mesmas necessidades. Algumas delas o procuraram, outras foram por Ele encontradas. Cada uma delas já tinha esgotado todos os recursos humanos possíveis e todas necessitavam de um milagre da parte de alguém que as entendesse e que não as condenasse. Algumas tinham grande fé; outras não. Cada história neste livro nos fala sobre esse encontro divino. E você pode encontrar esse mesmo Jesus nos dias de hoje se buscá-lo 11

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com um desejo profundo. Ele nos chama em alta voz para que o ouçamos em meio aos ruídos de nossa cultura preconceituosa. Nossa oração é que no término da leitura desses capítulos você seja capaz de dizer com profunda confiança: Jesus é o amado da minha alma. Junte-se a nós em uma jornada por um caminho certo. Erwin e Rebecca Lutzer Moody Church Chicago, Illinois

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aconteceu, depois disso, que andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas.

LUCAS 8.1-3

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JESUS, O AMADO DE MARIA MADALENA

K

arla entrou em nossas vidas no início de nosso ministério. Uma infância traumática tornou Karla insegura para enfrentar os desafios e tensões do mundo real. Ainda na juventude, e sendo uma cristã imatura, sofreu por vários meses uma turbulência emocional e espiritual. Seu casamento de dois anos era um desafio, e seu trabalho era estressante e mentalmente desgastante. Além dessas situações, sua mãe inválida era um fardo, pois com frequência incumbia Karla de cuidar de suas necessidades físicas e emocionais. Sua mãe há anos já não frequentava os rituais de uma religião ocultista, mas ocasionalmente lutava contra visões assustadoras e possessão demoníaca. Pouco tempo atrás, contou à Karla que havia sonhado com imagens demoníacas que a deixaram aterrorizada e que acordara chamando insistentemente por ela. Como a confusão e a tensão cresciam em sua mente, Karla começou a ter pensamentos estranhos e assustadores sobre si mesma. Um dia, durante o seu horário de trabalho, partilhou seus medos com uma colega de serviço, uma cristã superzelosa de um grupo religioso. Na hora do almoço, a mulher insistiu em impor as mãos sobre ela e fazer uma estranha oração. Dentro de pouco tempo, Karla começou

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a ouvir vozes. Sua percepção sobre a realidade foi alterada e ela começou a ter pensamentos grandiosos sobre si mesma. Mais tarde naquele mesmo dia e visivelmente alterada, Karla saiu de seu trabalho e dirigiu-se ao seu bairro. Foi de porta em porta fazendo pronunciamentos bizarros sobre Jesus e o fim do mundo. Até parou em um parque infantil para avisar as crianças sobre a iminente desgraça. E assim permaneceu mesmo depois da chegada do seu marido. Ele então decidiu levá-la a um hospital para ser avaliada. Chegando lá, ela disse à equipe médica que tinha o poder de Jesus, e quando começou a demonstrar uma força incomum, teve que ser violentamente dominada e sedada com remédios psiquiátricos para se acalmar. É nesse momento que entramos no cenário. Após recebermos um telefonema nos informando sobre essa situação, começamos a interceder por essa jovem mulher em desespero. Dentro de poucas horas, Karla se acalmou e começou a falar racionalmente, e no outro dia teve alta do hospital. O médico disse que ela tinha sofrido um colapso nervoso e lhe aconselhou descansar e tomar alguns tranquilizantes. Ela externava racionalidade, mas internamente ainda sofria da agitação mental. Eu (Rebecca) pude atender Karla logo após sua alta. Por várias horas, Deus me deu compaixão e paciência para ouvir e conversar com ela. Seus pensamentos eram confusos e sem foco. O que ela sabia sobre si mesma, sua vida e seu relacionamento com Deus eram conflitantes. Em alguns momentos ela estava agitada; em outros, chorava inconsolavelmente. Crendo que ela sofria uma opressão maligna, pedi à Karla permissão e no nome de Jesus falei diretamente com os espíritos malignos que a estavam torturando, ordenando-lhes que parassem e que saíssem de sua presença. Após isso, seu semblante ficou tranquilo, ela se acalmou, começou a se concentrar e se conscientizou da batalha espiritual pela qual estava passando. Karla necessitava de um lugar seguro e tranquilo para se recuperar; um lugar onde pudesse receber conselhos e onde houvesse um esforço concentrado que a ajudasse a restaurar sua paz de pensamento. Era muito importante que ela soubesse que poderia ser liberta de toda influência e opressão maligna. Conversamos sobre a experiência de Karla com um pastor amigo que havia escrito um livro sobre 16

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batalha espiritual e ele concluiu que alguns dos espíritos demoníacos que atormentavam a mãe de Karla foram transferidos para ela, segundo ele. Nós estávamos prontos para empenhar o tempo e esforços necessários para vermos Karla completamente liberta e restaurada. Era algo com que ainda não sabíamos como lidar, mas estávamos dispostos a aprender sobre como batalhar contra espíritos demoníacos. Então convidamos Karla para ficar conosco. As respostas e o pensamento de Karla eram imaturos. Seu conceito sobre quem ela era em Cristo havia sido destruído. Pensamentos de desespero e suicídio atordoavam-na. Ela crera nas mentiras de Satanás em vez da verdade nas Escrituras. Através da oração e da leitura e estudo da Bíblia, Deus nos capacitou a trazê-la de volta à verdade bíblica e a uma “mente sã”. Como fomos atenciosos e lhe mostramos gentileza e paciência, em amor, o Espírito Santo iniciou o processo de cura e restauração de sua alma. Ficamos em contato com Karla durante anos. Sua vida não foi fácil — ela lutou contra a infidelidade do marido, o divórcio, a criação dos filhos sozinha, as dificuldades financeiras, os problemas de saúde e foi incompreendida por muitos. Mas em momento algum sua fé em Jesus, que se tornou o amado de sua alma, vacilou. Assim como Jesus libertou Maria Madalena do tormento demoníaco, Ele fez o mesmo com Karla. E tal como Maria Madalena devotou sua vida em seguir Jesus, amando-o mais do que qualquer outra pessoa, assim o fez Karla. Jesus fez por elas o que ninguém pode fazer — Ele perdoou seus pecados, libertou-as, deu-lhes integridade e restaurou sua sanidade. É de se admirar que elas o amem tanto?

Por muitos séculos, Maria Madalena foi repudiada como a “prostituta arrependida”, que interrompeu uma festa na casa de um fariseu para mostrar sua devoção a Cristo. Com certeza a igreja estava feliz por ela ter recebido o perdão, mas era estigmatizada como uma mulher das ruas. Contra a vontade, foi elogiada por se apresentar a Cristo, mas não conseguiu escapar da desgraça da letra escarlate.1 Essa errônea identificação vem desde o ano 591 d.C., quando o papa Gregório disse em uma de suas mensagens que a prostituta 17

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cuja história está registrada em Lucas 7 era Maria Madalena, a mulher mencionada em Lucas 8 e que fora liberta da possessão de sete demônios. Entretanto, estudiosos concordam que não há razão para que seja feita tal conexão. No Evangelho de Lucas, a história da prostituta não nominada está separada da passagem em que Maria Madalena é mencionada. Somente no Segundo Concílio do Vaticano, em 1964, que a igreja católica oficialmente corrigiu o erro. Leia Lucas 8.1-3 e você concordará que o escritor apresenta Maria Madalena como uma nova pessoa na vida de Jesus. Não há indícios para que se conecte sua pessoa com a história anterior, a da mulher que ungiu Jesus durante a festa na casa de Simão. Sim, Maria era uma mulher conturbada antes de conhecer Jesus, mas não temos razão alguma para pensar que ela fosse uma prostituta. Maria Madalena tem muitas irmãs. Ela serve de motivação para todas as mulheres que se sentam nos bancos de nossas igrejas e que desejam uma oportunidade para servir, mas não têm certeza se serão aceitas e apoiadas. Muitas mulheres talentosas procuram em vão ser valorizadas, sendo úteis e respeitadas em vários ministérios. A história de Maria, que se inicia em uma turbulenta vida secreta e termina com uma afirmação pessoal de Jesus, traz a todas as mulheres a esperança. Essa mulher, com o fim de um passado conturbado, tornase a primeira testemunha da ressurreição do seu Senhor.

TRANSFORMADA POR JESUS Jesus fez o que nenhum rabino de sua época jamais poderia ter aprovado: Ele permitiu que mulheres viajassem com Ele em sua jornada por Israel. Uma dessas seguidoras era Maria Madalena, uma mulher que evidentemente não era casada, pois é identificada apenas pelo lugar de onde viera. O nome “Madalena”, ou “Magdala”, provavelmente se referia à moderna cidade Migdal, que historicamente foi um importante centro comercial de agricultura e de pescaria na costa ocidental da antiga Galileia. Não sabemos onde foi o primeiro encontro de Maria e Jesus. Talvez tenha sido quando Ele visitou sua cidade próxima à Galileia, e, ao ouvir sobre seus milagres, ela pediu-lhe que a libertasse com o seu poder de cura. Maria Madalena se distingue por ter sido liberta por Jesus. Era possuída por demônios e, sem dúvida, estes a aterrorizavam. Há 18

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muitas especulações sobre os sete demônios que possuíam Maria. Um poeta italiano do século XIV, Dante, acreditava que os demônios de Maria Madalena não eram literais; ele os denominou como sete cicatrizes: orgulho, inveja, intemperança, lascívia (luxúria ou obscenidade), cobiça e preguiça espiritual. Na verdade, Dante pode ter minimizado a situação de Maria, pois as passagens do Novo Testamento que falam sobre demônios não podem ser interpretadas como superstições de uma era antiga, nem mesmo simbolicamente como escaras psicológicas. A história registra que Jesus frequentemente encontrava espíritos alienados que tinham uma existência independente e que tentavam desafiar sua autoridade, algumas vezes até falando com Ele. Por isso, sabemos que quando Maria Madalena encontrou Jesus, Ele a libertou pelo seu poder. Muitos de nós que temos interesse em conhecer as causas que estão por trás do comportamento humano gostaríamos de sentar com Maria e questioná-la sobre o seu passado. Gostaríamos de saber como ficou possessa e como lidou com esse sofrimento. Teria ela se envolvido com práticas ocultistas? Claro que não sabemos as respostas para esses questionamentos. Mas sabemos algumas características comuns daqueles que são assombrados por entidades do mal, invisíveis e poderosas. Sentimentos de morte, medo, baixa autoestima e inquietação com frequência são identificados nos atormentados. Podemos imaginar que Maria estava deprimida e perdera sua vontade de viver. Poderia haver uma constante batalha entre o que sabia ser certo e o que era direcionada a fazer. Será que ela tinha tendência a um comportamento antissocial? Sem dúvida estava constrangida e envergonhada. Não gostava de nada em si; se sentia amaldiçoada e confusa. Depois que Jesus a libertou, podemos retratá-la vivenciando duas grandes certezas. Primeiro, ela estava limpa: a interna turbulência emocional acabara e sua alma atormentada estava em paz. Segundo, ela recebeu a dádiva da dignidade e valor. Depois de anos de desespero, encontrou alguém que podia libertá-la. Alguém que viu nela algo que valesse salvar, redimir e amar. Era alguém cuja opinião valia muito mais do que a de todos os outros. A transformação de Maria foi algo extraordinário. Ela provavelmente parecia ser mais jovem; o peso do mundo havia sido tirado de seus frágeis ombros. Já não se importava com o que pensavam sobre 19

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ela. Encontrara um homem que tinha o poder de mudar sua vida. Agora devotaria sua vida para seguir e servi-lo.

UMA SEGUIDORA DE JESUS Pelo que sabemos, Maria não retornou para Madgala. Se o fez, foi apenas para uma breve visita. Ela se tornou parte de um grupo de mulheres, incluindo Joana, a esposa do mordomo de Herodes, e Suzana. Alguns nomes estão listados em Lucas, outros não. Devemos nos lembrar disso quando nos sentirmos insignificantes e quando nossos nomes não forem recordados ou homenageados. Não são todos os fiéis que têm seus nomes registrados na Bíblia, mesmo os que viveram no tempo de Jesus. Nossos nomes podem nunca estar em um jornal ou em uma lista, mas Deus sabe quem somos e tal qual Maria foi especial para Ele, também o somos. Em Lucas 8.3 lemos: “... o serviam com suas fazendas”. Elas não apenas serviam Jesus e seus discípulos financeiramente, mas pessoal e espiritualmente também. A palavra “ajudar”, algumas vezes traduzida como “ministrar”, no grego é diaokinos, de onde provém a palavra diácono. Paulo chamou Febe de uma diaokinos em Romanos 16.1. Essas mulheres que auxiliaram Jesus são as primeiras diaconisas. Jesus e seus amigos precisavam de dinheiro para poder viver; afinal, não recebiam salário para viajar e compartilhar as Boas-Novas. Essas mulheres auxiliavam nas orações, obtendo e preparando a comida e mostrando-se úteis com atos de bondade e encorajamento. De cidade em cidade, vilarejo em vilarejo, frequentemente vivendo em campos abertos ou cavernas, essas mulheres estavam prontas para ajudar. Maria foi um membro dessa comitiva de Jesus, desse grupo de mulheres que viajava com Ele e o ajudava. Os mestres da lei jamais aceitaram tal fato. Mulheres eram vistas como desonestas e sedutoras; de fato, eram geralmente acusadas por induzirem os desejos dos homens e de quaisquer relações adúlteras que viessem a ter. Então é provável que os líderes religiosos pensassem ser imprudente viajar com alguém que desse a entender que fosse como um harém. Mas Jesus não permitiria que os homens acusassem as mulheres por suas indiscrições sexuais e luxúria. Quando Ele disse: “Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” 20

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(Mt 5.28), Jesus estava colocando a culpa pelos desejos masculinos impuros diretamente sobre seus próprios ombros. Eles tinham a responsabilidade de controlar a si mesmos e, se fosse necessário, arrancar os olhos para não pecar (v. 29). Indo diretamente contra a cultura vigente, Jesus deixou claro que a mulher não seria tratada com rejeição ou teria seu ministério desmerecido. Viajando em grupo, assegurava que seu séquito manteria uma conduta apropriada. E podemos ter a certeza de que a presença contínua de Jesus impediria qualquer atitude indecorosa. Mas Ele não protegeria a si mesmo ou aos seus discípulos da presença de mulheres que tiveram um zelo divino em servi-los. Em segundo — e isso é importante —, os outros mestres não teriam viajado com esse séquito porque as mulheres eram vistas como “mentes fracas”. Uma parte dos fariseus orava toda manhã: “Deus, agradeço por não ser uma mulher”. E mais, para legalizar um divórcio com suas esposas por algo trivial, como queimar o pão, um homem apenas deveria bater três vezes as palmas. Predominava uma atitude em que as mulheres eram consideradas dignas apenas para ter filhos e servirem à espécie masculina. Jesus pensava diferente! O ensino frequente da má interpretação sobre a liderança masculina tem sido a causa de o homem olhar com sentimento de superioridade para as mulheres. Ou seja, os fariseus no tempo de Jesus e a liderança da atualidade, em algumas igrejas, têm levado as mulheres a se sentirem limitadas no exercício dos seus dons. Entretanto, muitas têm superado tal desencorajamento e têm realizado grandes coisas em nome de Cristo. Como Maria Madalena, colocam-se acima de suas limitações para desempenharem papéis importantes na propagação do evangelho. Veja esses exemplos: uma mulher chamada Fabíola fundou o primeiro hospital cristão na Europa; Amy Carmichael abriu um orfanato cristão para meninas violentadas na Índia; e uma recém-viúva, Elisabeth Elliot, viveu em uma remota tribo equatoriana que havia assassinado seu marido, a fim de traduzir o Novo Testamento para seu idioma. Nós sabemos que Jesus aplaude essas mulheres dadivosas e muitas outras da história da Igreja. Sua visão e determinação motivaram-nas a realizar grandes coisas pelo amor do Reino. 21

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DIANTE DA CRUZ Desde que se juntaram a Ele, é evidente que essas mulheres continuaram ajudando Jesus até a sua crucificação. Falando sobre esse evento, lemos: “E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia, para o servir, entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu” (Mt 27.55,56). É notável que Maria Madalena não foi a única que fora importante ou tornara-se especial para Jesus. Com um grande risco pessoal, todas essas mulheres arriscaram-se a estar próximas da horrível crucificação do seu amigo e Salvador. A profundidade do compromisso de Maria Madalena pode ser medida por sua presença ante a cruz. O apóstolo João descreve essa cena: “E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena” (Jo 19.25). Elas ficaram juntas, chorando e vendo tal horror. Esse não era um lugar onde uma mulher deveria estar e também não era lugar para um homem estar. O filme de Mel Gibson A Paixão Cristo modificou o modo como olhamos para o sofrimento dos que eram crucificados. Provavelmente era difícil para as mulheres estarem próximas de Jesus na cruz por causa do grupo de soldados e da aglomeração de pessoas que as oprimiam. Mas com o passar das horas, a multidão se diluiu e as mulheres chegaram o mais próximo que podiam, “até que finalmente pararam onde podiam ouvir os gemidos baixos do seu sofrimento, ver o sangue lentamente pingando de suas feridas e ouvir sua exaurida voz quando Ele entregou sua mãe, Maria, aos cuidados do apóstolo João”.2 Evidentemente, quando Cristo entregou sua mãe a João, a maioria das mulheres foi deixando pouco a pouco o local. Mas duas mulheres se recusaram a sair. Uma foi a mãe de Tiago e José, e a outra foi Maria Madalena. Elas ficaram mesmo depois de Jesus morrer e seu corpo ser levado. José de Arimateia, um homem que seguia Jesus em secreto, pediu ao governador romano, Pilatos, pelo corpo de Jesus. Pilatos atendeu ao seu pedido. Com a ajuda de Nicodemos, outro seguidor de Jesus, José baixou o corpo da cruz. Os dois homens preparam o corpo de Jesus com especiarias caras, envolveram-no com panos de linho e 22

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colocaram-no em um túmulo que pertencia a José, recém-cortado em uma rocha no seu jardim. “Então José comprou um lençol de linho, baixou o corpo da cruz, envolveu-o no lençol e o colocou num sepulcro cavado na rocha. Depois, fez rolar uma pedra sobre a entrada do sepulcro. Maria Madalena e Maria, mãe de José, viram onde ele fora colocado” (Mc 15.46,47, NVI). A última a sair de diante da cruz. A primeira a vê-lo ser posto no túmulo. Maria amava este homem, Jesus, que lhe dera um novo começo — um homem que perdoara seu passado e oferecera a ela um futuro eterno. Ele também restaurou sua dignidade ao lhe trazer para servi-lo em seu ministério. A intensidade do seu amor nasceu da salvação e perdão que recebera. Quanto mais perdoada, mais ela amava. Maria, assim como os doze discípulos, não estava preparada para a morte de Cristo. Quando Jesus predisse que seria morto, o núcleo de seu grupo de seguidores simplesmente se recusou a acreditar em suas palavras, insistindo que aquilo não era verdade. Eles acharam difícil, se não impossível, acreditar que o Messias poderia ser tão impotente a ponto de ser superado pelos homens maus. Durante seu tempo com Jesus, concluíram que Ele poderia “passar a perna” em seus inimigos. Eles o viram com seus próprios olhos. Mas agora Jesus estava morto. Estavam devastados. E se não tinham como certa a sua morte, com mais certeza não esperavam a ressurreição. Maria aguardou até o fim do sábado judaico para, junto com outra mulher, seguir lentamente pela escuridão da madrugada até o túmulo onde o corpo de Jesus fora colocado. Era de costume as mulheres prepararem o corpo para o sepultamento colocando nele especiarias. Então Maria procurou pelo corpo de Jesus para completar tal tarefa. Quão gratos somos por ela não ter encontrado o que procurava! Maria também foi ao túmulo para encontrar respostas para seus questionamentos. Como poderia o único que tinha poder para libertá-la de sete demônios estar morto? Como poderia o homem em quem confiava não estar mais ali para ela? Como poderia o Messias ter uma horrível e injusta morte? “Quando procuraram e penduraram-no em uma cruz, realmente mostraram como Deus é impotente. Quando somos abatidos, Maria disse a si mesma, uma pessoa está só e abandonada.”3 23

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A RESSURREIÇÃO

Quando Maria chegou ao túmulo, não pensava que houvesse acontecido algo incomum. O luto distorce a realidade. Maria não estava procurando pelo Cristo vivo, estava procurando por um morto. De repente um homem aproxima-se dela. Pensando que fosse um jardineiro, ela pergunta: “Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei” (Jo 20.15). “Maria.” O homem a chamou pelo nome. Cristo, o Bom Pastor, “chama pelo nome às suas ovelhas... as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10.3,4). Jesus sempre se relaciona conosco de modo pessoal. Nós nascemos em um mundo impessoal, onde recebemos um número em nossa certidão de nascimento e depois outro número em nossa certidão de óbito. E entre esses dois eventos, nossas identidades são definidas por números, como também nosso cartão da previdência social e os cartões de créditos. Se não tomarmos cuidado, alguém pode roubar nossa identidade. Mas Jesus sabe quem nós somos, pessoal e confidencialmente. Ele nos chama pelo primeiro nome da mesma forma como fez com Maria. Maria rapidamente voltou-se e “exclamou em aramaico: ‘Rabôni!’ (que significa ‘Mestre!’)” (Jo 20.16, NVI — grifo do autor). Jesus disse: “Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai” (v. 17, NVI). Ela estava chocada por vê-lo e tentou alcançá-lo para poder tocar nEle, possivelmente não lhe permitindo andar. Jesus lhe disse para parar de tocá-lo, pois ainda não havia ido para a presença do seu Pai. A natureza de seu relacionamento mudara. Ele não era mais o Jesus terreno, mas o Jesus celestial em transição. Esse é o único momento no Novo Testamento em que Jesus e Maria Madalena estão sozinhos. De pé em sua presença ela foi abençoada de duas maneiras: Primeiro, Jesus chamou Maria de sua irmã quando disse: “Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês” (v. 17, NVI). Claro que se Deus é seu Pai e também de seus discípulos, isso fazia de Maria sua irmã. Essa é também a primeira vez que Ele chama seus discípulos de irmãos, dando clara evidência para a nova família que fora criada. Jesus é o “irmão mais velho” e todos nós somos parte dessa família. 24

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Segundo, Jesus deu a Maria uma ordem: “Vá, porém, a meus irmãos”. Ela deveria retornar e dizer aos discípulos o que vira e ouvira. Essa mulher foi a primeira testemunha da ressurreição, a primeira a levar as novas aos outros. A doutrina central do cristianismo foi primeiramente proclamada por uma mulher! Por que Jesus escolheu Maria para entregar essa alegre mensagem? É provável que haja várias razões. Primeiramente Ele a escolheu por causa de sua fidelidade. Ela não o negou como fizera Pedro. Ela não o abandonou como haviam feito os discípulos. Ela ficou junto à cruz enquanto Ele morria. Ela foi até o túmulo para ungir o seu corpo. Ela estava disposta a procurar pelo seu corpo desaparecido. Jesus também escolheu Maria por causa do seu amor por Ele. Ela amava Jesus, não no sentido romântico, mas com um amor decorrente de sua gratidão e devoção pelo que Ele lhe fizera. Ele a havia libertado de uma prisão demoníaca de aflição e tormentos. Ele havia dramática e completamente modificado sua vida e lhe dado sentido para viver. Não é de se admirar que ela o amasse tão profundamente! Não seria assim com você? Aqueles de nós que foram libertos e perdoados de seus pecados também o amam profundamente. Todo pecador tem um passado; todo santo tem um futuro. E por último, não nos esqueçamos do fato de ser ela a única no túmulo naquele momento. Maria havia ganhado o direito de ser honrada como uma das grandes mulheres na história do Novo Testamento. Isso, no entanto, é uma prova da historicidade da narrativa. Nenhum judeu do mundo antigo haveria de inventar uma história em que uma mulher fosse a primeira testemunha do mais importante evento da cristandade! Na realidade, os judeus não aceitam o testemunho de uma mulher, que era considerado inválido dentro ou fora de uma corte. Não é de se admirar o fato de Maria solicitar que outra mulher fosse com ela para dizer as novas aos discípulos. Era previsível que os discípulos não acreditassem em Maria e na outra mulher quando elas dissessem que Jesus estava vivo. “Mas eles não acreditaram nas mulheres; as palavras delas lhes pareciam loucura” (Lc 24.11, NVI). Na verdade, Jesus estava dizendo a Maria: “Eles não acreditam em você, mas eu acredito... Eu sei que você é uma mulher íntegra; sei que é digna de levar uma mensagem para mim”. Todos os quatro Evangelhos relatam que Jesus apareceu primeiramente para uma mulher. Darrel Bock escreveu: “Este detalhe, tão 25

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contraditório à cultura antiga, é uma prova fundamental de que as histórias sobre a ressurreição não foram inventadas por uma igreja que queria atribuir a Jesus um status maior do que Ele tinha”.4 Jesus quebrou os estereótipos. Leonard Swindler disse que, ao escolher Maria para proclamar a ressurreição, Jesus estava claramente rejeitando o status de segunda categoria dado às mulheres. O esforço de Jesus em conectar as mulheres ao seu evangelho, ele escreve, “é obviamente uma prova esmagadora que nenhum míope intelectual pode efetivamente discernir em dois mil anos”.5 Esse evento foi uma grande confirmação do valor e mérito da mulher. Maria foi transformada pela ressurreição. Todos nós já conhecemos pessoas que estiveram ao lado do túmulo de crianças ou de um ente querido e perguntamos como elas poderão seguir em frente. A ressurreição nos dá a certeza de que um dia esses túmulos estarão vazios como o de Jesus. “Porque eu vivo, e vós vivereis” (Jo 14.19). Estar na cruz e não saber que há uma ressurreição pode ser motivo de desespero. Mas como Maria proclamou “Eu vi o Senhor!”, podemos ter a certeza de que o Cristo que amamos está vivo e que passaremos a eternidade com Ele. Jesus era atraído por aqueles que estavam enfraquecidos, aqueles que eram marginalizados, aqueles que precisavam e reconheciam necessitar de ajuda. O mesmo vale para hoje. Nos tempos antigos, as mulheres também foram atraídas por Jesus. “Sua alma pura, seu respeito pelo sexo oposto, sua campanha em prol da mesma dignidade com os homens diante de Deus e sua ordem pelo zelo supremo em tudo na propagação do novo Reino, atraiu-as a Ele.”6 Hebreus 13.8 diz: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente”. Jesus é o mesmo homem hoje para todas pelas mesmas razões. Podemos confiar nEle, tal como as mulheres nos dias de Jesus encontraram nEle um homem em quem pudessem confiar. Subsequentemente, Ele descobriu que elas eram amigas confiáveis. Jesus rompeu com precedentes e deu-lhes um papel expansivo na Igreja. Deixou que elas o ajudassem, e demonstraram devoção e confiança. Quando a mãe de Tiago e José questionou-o, Ele ouviu educadamente. Cada mulher que encontrou Jesus sentiu-se valorizada e honrada porque Ele lhes deu sua total atenção. Hoje Ele convida mulheres a saírem das sombras e servi-lo com o melhor de suas ha26

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bilidades, usando os seus dons. Maria Madalena é a prova de que o que fomos não determina quem seremos. Ela também nos lembra de que Jesus está perto mesmo que não saibamos. Nós seguimos ao Cristo ascendido. Ele está ao nosso lado. Ele nos chama pelo nome, mas é possível que estejamos muito ocupadas para ouvi-lo. Pelas circunstâncias, pelo sofrimento, por uma amizade e, especialmente, pelas narrativas do Novo Testamento, Ele fala e quer que o ouçamos. Ele está mais próximo de nós do que imaginamos. Podemos concordar com o fato de as mulheres terem contribuindo de modo significativo por toda a história da Igreja. Umas que têm sido esquecidas são autoras de hinos. E tais hinos, em alguns casos, são cantados em igrejas onde mulheres não têm permissão para falar. Uma dessas autoras é Jennie Evelyn Hussey, que viveu em New Hampshire entre os anos de 1874 e 1954. Mesmo sofrendo de artrite, ela gastou a maior parte de seus anos cuidando de sua irmã inválida. Quando a dor estava quase insuportável, Jennie escreveu um memorável poema chamado “Leva-me ao Calvário”, que lhe deu um lugar entre os grandes poetas do seu tempo: Estou disposto, Senhor, a suportar Diariamente a minha cruz por ti. E mesmo o cálice de tua dor compartilhar. Leva-me ao Calvário. Mas a estrofe que podemos usar como se fosse nossa oração é esta: Deixe-me como Maria através da escuridão Vir com um presente para ti. Mostre-me agora o túmulo vazio. Leva-me ao Calvário. Maria nos ensina que devemos ir além da cruz ao túmulo vazio. Lá, entre lágrimas, encontraremos esperança e socorro quando Jesus nos chamar pelo nome. E quando ouvimos nosso nome, somos convidadas a partilhar as Boas-Novas de Jesus com todos que cruzarem nosso caminho. 27

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OREMOS! Sim, Pai, como Maria quero perscrutar o túmulo vazio de Jesus e experimentar a certeza de que estás ao meu lado, independentemente de minhas decepções e solidão. Agradeço por ter tirado Maria de sua masmorra e lhe dado esperança e cura. Faço esta oração por mim e por todas ao meu redor que também necessitam do toque de tua graça. Obrigada por teu amor e companheirismo. Em nome de Jesus, amém!

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era-lhe necessário passar por Samaria. Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José. E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isso quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos)? Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado? Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la. Disse-lhe Jesus: “Vai, chama o teu marido e vem cá. A mulher respondeu e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.

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Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis ao Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo. JOÃO 4.4-26

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divórcio acontece até entre aqueles que se casam com as melhores intenções. Há muitos anos Deus trouxe às nossas vidas uma querida mulher chamada Ellen. Durante todo o tempo de sua vida, ela sofreu com muitas dores e tristes desapontamentos. Ellen cresceu em um lar abusivo, vergonhoso, com base na pobreza e disciplina rígida. Ela pensou que havia se casado bem, mas os insultos do seu marido logo se transformaram em insinuações ridículas, cruéis e de sugestão sexual. Por mais de anos ela suportou esse abuso verbal. Uma noite ele acusou-a de infidelidade, bateu nela severamente e a deixou, levando sua filha consigo. Semanas depois, ele coagiu Ellen a assinar o divórcio ameaçando sua vida e a da criança. Assustada com o que ele poderia fazer, ela assinou sem perceber que ao fazê-lo estava lhe dando a custódia de sua filhinha. Sem o conhecimento de Ellen, seu ex-marido a impediu de saber que sua filha estava vivendo com seus pais a apenas oito quilômetros de distância mais ou menos. Eu (Rebecca) estava com Ellen no dia que ela descobriu que seu ex-marido estava levando sua filha para morar em outro Estado. Em choque e não acreditando na-

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quilo, Ellen foi ao chão, gritando e lamentado a perda de sua preciosa filha. Voltei-me para as Escrituras para confortá-la e dar-lhe esperança, mas Deus parecia estar longe e Ellen não pôde ser confortada. Mesmo estando inconsolável e sofrendo, Ellen envolveu-se com um homem cuja esposa o havia deixado. Ele declarava ser cristão e que se casaria com ela assim que o divórcio saísse. Esse casamento durou quase quinze anos e durante esse tempo seu novo marido várias vezes foi infiel. Ellen esforçou-se todas às vezes para perdoá-lo e tentou desesperadamente manter seu casamento por causa de seus dois filhos. Mas, para sua tristeza, ele finalmente os abandonou para viver com uma mulher baixa e vingativa. Outro divórcio, durante o qual Ellen passou por uma humilhação e sofrimento indescritível. Desempregada, na eminência de ficar sem moradia e sofrendo um forte trauma emocional, Ellen mudou várias vezes em busca de um lugar seguro para as duas crianças que tivera com seu segundo marido. Ela se esforçou para dar sustento à família, conduzir as crianças até o Ensino Médio e vê-los irem para a faculdade. Parecia que Deus a estava socorrendo e abençoando. Inocentemente, iniciou uma amizade com um homem com quem ela trabalhava. Ele também era uma pessoa sofrida, que tivera um trauma, mas que não vivia para Deus. Sendo um companheiro de traumas, Ellen teve grande compaixão por ele, ajudando-o até a superar lembranças terríveis de seu passado. Tornaram-se grandes amigos e ajudavam um ao outro em todas as mudanças de vida. Ela orou fervorosamente para que ele visse a necessidade de ter Deus e de um Salvador. Por fim, se envolveram romanticamente e falaram em casamento. Mas assim que os meses tornaram-se anos, o relacionamento começou a mudar. Ele envolveu-se com um grupo de pessoas desonestas e começou a se encontrar com outra mulher. Ellen tinha esperança de que ele retornaria para Deus, mas seu comportamento foi desmoralizador para ela. Seu relacionamento tornou-se caracterizado por abusos verbais, emocionais e físicos. Um relacionamento que parecia ser tão promissor deteriorou-se em um pesadelo horrível. Ellen voltou a caminhar pela dolorosa estrada da indiferença, humilhação, solidão e recomeço de vida. Mais uma vez Deus e o homem haviam falhado com ela — pai, maridos, amigos, família. Ela se sentia usada e abandonada. Em dor e desesperada, desejou a morte. 32

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Mas Ellen está viva, dando graças a Deus mesmo nesses anos de peregrinação, busca e sofrimento. Ela não o abandonou. Dois divórcios, um relacionamento pecaminoso e com crianças que foram feridas por lares desfeitos — nada disso a separou do amor de Deus. Do mesmo modo, a mulher do poço descobriu que Jesus veio para aqueles que têm cicatrizes de um passado de pecado e lhes dar esperança para um futuro melhor. Ele é o amado da ferida e desesperada, que vive com pesar e profunda ruína.

CINCO CASAMENTOS FALIDOS! A mulher no poço estava desiludida com a vida e com os homens em geral. Ela tentara desesperadamente encontrar o homem ideal, mas suas escolhas eram limitadas. Tinha esperança de que cada novo casamento fosse melhor que o anterior. Mas dessa vez parecia ridículo se casar de novo. Os homens podiam se divorciar de suas esposas por razões frívolas. Ela não podia passar por isso novamente. Era possível que o homem que com ela vivia não tivesse uma história diferente da dela. Talvez um de seus maridos, ou mais, tenha morrido e por causa dos filhos ela tenha precisado de sustento. Quais sejam os detalhes, estava cheia de vergonha, culpa, raiva e descrença — essas emoções eram sua constante companhia. Ela era um fracasso, um desapontamento para seus amigos e, especialmente, para si mesma. Além de ser péssimo ela ter tal reputação, também era uma samaritana, um povo desprezado. Estava devastada e sozinha, uma mulher sem respeito e sem direitos. Quem era ela? Nós a conhecemos simplesmente como a mulher samaritana, a mulher junto ao poço que acordou em uma manhã sem saber que teria um encontro divino.

O CAMINHO DE JESUS Nos dias de Jesus, a Palestina era dividida em três áreas bem definidas: Galileia, Judeia e Samaria. Quando Jesus deixou a Judeia para retornar à Galileia, lemos: “Era-lhe necessário passar por Samaria. Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da 33

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herdade que Jacó tinha dado a seu filho José. E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isso quase à hora sexta” (Jo 4.4-6). Entre a Judeia, no sul, e o destino de Jesus para a Galileia, ao norte, estava o território de Samaria, uma mancha dolorida na história da nação judaica. Esse ódio racial teve início em 722 a.C., quando os assírios chegaram a Israel e levaram para sua terra milhares de judeus antes de repovoarem a área de Israel com seu próprio povo pagão. Inevitavelmente, houve casamentos entre eles e seus descendentes foram considerados uma desgraça para a pureza do povo judeu. Os judeus, na verdade, recusavam-se a passar por Samaria. Eles cruzavam o rio Jordão em seu extremo sul, perto do Mar Morto, e seguiam o caminho pelo lado leste do rio para o território que depois foi denominado “Transjordânia”. Então atravessavam de novo o rio mais ao norte, próximo à Galileia, evitando completamente Samaria. Por quê? Porque Samaria estava fora de sua zona de conforto por causa do preconceito e do paganismo. Qualquer judeu que se prezasse queria ter a certeza de que não pisaria em solo contaminado. Até o pão samaritano era considerado como carne suína. Havia também uma barreira religiosa. Os samaritanos não eram bem-vindos em Jerusalém para adorar no Templo. Sendo uma minoria desprezada, não viajavam a Jerusalém nos dias de festa. Então criaram sua própria religião, com um altar no monte Gerizim, localizado mais ou menos a 800 metros do poço de Jacó. Ao longo do tempo, sua religião se degenerou para o paganismo. Infelizmente, hoje é comum evitarmos qualquer pessoa que pratique uma religião diferente da nossa ou cujo estilo de vida entre em choque com nossas convicções. Em vez de entrarmos em seu mundo com o evangelho, somos tentados a guardá-lo conosco e apontar nossos dedos, tendo a mesma atitude que os judeus demonstravam. Judeia. Galileia. Jerusalém. Para os judeus, Samaria “não estava no caminho” de nenhum desses lugares. Ao seguir esse “caminho”, Jesus escolheu cruzar os limites do racismo, da cultura e da religião, para levar esperança e libertação para essa mulher. Por isso que nos surpreendemos com a afirmação de João sobre Jesus: “Era-lhe necessário passar por Samaria” (Jo 4.4).1 No grego o texto é mais enfático, pois contém a pequena palavra dei, que significa “de neces34

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sidade”. Não geograficamente necessário, mas espiritualmente. É a mesma expressão que Ele utilizou aos doze anos quando estava com os mestres da lei em Jerusalém: “Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai”? (Lc 2.49, NVI — grifo do autor).

O PEDIDO INUSITADO Jesus e os discípulos estavam cansados, famintos e sedentos por causa da jornada sob o sol quente da Judeia. Ele sentou-se perto do poço de Jacó enquanto os discípulos foram comprar comida em uma cidade vizinha. Ele estava sozinho quando uma mulher se aproximou com seu jarro de água. “Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber” (Jo 4.7). Esse simples pedido por uma bebida abriu uma porta para uma extensa discussão sobre seu passado, suas falhas e o presente da água da vida, que está disponível para todos que a desejam. Mais tarde, quando os discípulos retornaram, ficaram espantados por Jesus conversar sozinho, em plena luz do dia, com uma mulher. Por que se espantaram? Vamos dar uma olhada no texto do segundo século depois de Cristo intitulado Mishna, uma coletânea de escritos da lei oral judaica que reflete a atitude dos judeus perante as mulheres nos dias de Jesus. O Mishna discute, entre outras coisas, como um homem poderia se relacionar com uma mulher. Lemos: “Quem tem negócios a tratar com uma mulher não deve ficar sozinho com ela”. Mais à frente ordena: “Não converse por muito tempo com uma mulher”. A justificativa era que tais conversas trariam problemas para a própria pessoa.2 Os rabinos não conversavam nem mesmo com suas próprias esposas ou filhas em público. Jesus não seguiu tais tradições. Se lermos essa história rapidamente perdemos o real significado do que Ele disse ao conversar com a mulher samaritana. Nessa única cena Jesus derrubou estereótipos e tabus que há séculos foram cuidadosamente alimentados. Ele deu sua atenção e tempo a uma mulher que fora ignorada por qualquer homem, religioso ou não. Ele lhe falou — em público — sobre os segredos do seu coração. Jesus foi onde outros recusavam ser vistos e fez o que outros não poderiam fazer. Quem era ela? Uma mulher do desprezado povo samaritano — imoral, pobre e pagã. 35

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Sua carga emocional era mais pesada do que o jarro de água que pretendia levar de volta à cidade. Jesus sabia que Ele era o único que poderia ajudá-la. Era importante que Ele estivesse ali quando ela chegasse.

A CONVERSA ÍNTIMA João diz que a mulher chegou ao poço “à hora sexta”. Nos tempos antigos, o primeiro horário era seis horas da manhã. Então podemos deduzir que ela chegou ao poço quando o sol estava no seu auge.3 Por que esse detalhe é importante? As mulheres da cidade buscavam água juntas, em grupo. Geralmente iam de manhã para evitar o sol muito quente do meio dia. Seu costume era ir ao poço cedo e aproveitar esse encontro, um tempo em que elas podiam conversar com outras mulheres da comunidade. Tinham tão poucas oportunidades de socialização que se aproveitavam desse ritual diário. Então, possivelmente essa mulher foi sozinha no meio do dia ao poço para evitar o contato com as outras mulheres que já tinham tirado água para o dia. É provável que ela tenha sido motivo de comentários maldosos em outras ocasiões. E, embora desejasse sua amizade, a dor da rejeição e desprezo a mantinha afastada até que elas saíssem do poço. Se apenas outra mulher tivesse lhe dado a chance de falar, ela poderia ter explicado como alguns de seus maridos haviam pedido o divórcio por razões frívolas, como seu desespero por prover sustento aos seus filhos a forçara a se casar novamente, como fora enganada por promessas e mentiras de homens. Na verdade, ela não culpava as outras mulheres por a evitarem. Ela sabia que tinha uma péssima reputação em sua cidade. Fosse ou não justo, a verdade é que ela era desprezada e sozinha. Eis uma mulher que precisava ouvir o que Jesus tinha a dizer e aprender o que apenas Ele poderia ensinar. Ela precisava de um convite para beber uma água nova de uma fonte diferente, água que lhe daria uma nova qualidade de vida. E essa mulher seria o meio improvável pelo qual muitas outras pessoas encontrariam a vida eterna. Quando Jesus pediu água à mulher samaritana, ela soube imediatamente que o estranho sedento era judeu. Surpresa, ela disse: “Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se comunicam com os samarita36

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