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Playing For Keeps

The Games #2

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E

la está apaixonada por ele. Ele está tentando não amá-la. Uma noite altera tudo.

Aston Banks nunca quis chegar perto de Megan Harper - nem mesmo naquela noite. Assombrado por uma infância que ele se recusa a enfrentar, ele sabia que ela poderia romper todas as paredes que ele já tinha construído e derrubá-las, mesmo sem perceber que ela estava fazendo isso. Traindo Braden, iniciando um relacionamento com Aston não estava na lista de afazeres de Megan, mas no segundo, que ela vê um vislumbre de alguém que não seja o idiota arrogante que ela chegou a conhecer, ela não pode ir embora. A infância de Aston é pior do que Megan algum vez imaginou, mas quando ele tenta e não consegue afastá-la, fica claro que o seu amor é mais forte que os demônios que se agarram a ele todos os dias. E agora, por causa dela, ele finalmente tem de lidar com o que está enterrado lá no fundo. Algo que ele não quer enfrentar. Algo que ele lutou contra por muito tempo. E eles têm que fazer tudo sem Braden descobrir. Manter uma relação secreta nunca foi mais difícil.

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Capítulo Um Megan

H

á sempre uma decisão na vida que nós temos que fazer que não é fácil. Aos dezenove anos, eu tenho vergonha

de dizer que a decisão mais difícil que já tive que fazer é se devo ou não tirar proveito do fato de que Braden não está aqui neste fim de semana e fazer o que eu quero fazer. O que, ou melhor, quem, eu quero fazer, está sentado do outro lado da cozinha. Ele está brincando com os caras como de costume, os olhos casualmente sacudindo fora sempre quando qualquer vagabunda habitual passa por ele. Seus lábios se enrolam em um lento sorriso sexy e ele olha para mim como se ele pudesse sentir meus olhos nele. Seus lábios se contorcem um pouco, uma de suas sobrancelhas se movendo para cima. Sua expressão mostra a arrogância que ele carrega consigo, arrogância mostrada na sua postura relaxada na cadeira. Ele coça o queixo, as perguntas em seus olhos. Eu levanto o meu copo, franzindo os lábios enquanto eu chupo o canudo. Meus pés batem no ritmo da música pulsando da outra sala e eu seguro seu olhar firme, fazendolhe minhas próprias perguntas. 4

Eu sei o que eu quero fazer - Eu quero ser a garota que ele leva para o andar de cima, em vez daquela observando-o ir. Eu só não sei se uma noite será suficiente. Eu não sei se vou ser capaz de deixar isso em apenas isso. Eu tenho estado apaixonada por ele por três meses, uma semana, cinco dias, 20 horas e 37 minutos

-

aproximadamente. Eu nunca disse uma palavra. E eu nunca planejei dizer. O sorriso cai de seu rosto, e eu arrasto os meus olhos para longe dele. Kyle está preso rindo com Lila e Kay no meio do bar e, em vez de chamá-lo, eu mexo nos cubos de gelo do meu copo vazio, com o canudo. Às vezes, só às vezes, eu gostaria de nunca ter vindo para Berkeley. Eu gostaria de ter ido para outro lugar - em algum lugar onde Braden não estivesse. Em algum lugar onde eu não teria que me preocupar com ele chutando a bunda de alguém apenas por olhar para mim. Afinal de contas, não tive o suficiente na escola? — Eu não acho que já tenha a visto sozinha. — A voz de Aston rasteja sobre mim enquanto ele desliza no banco ao meu lado. — Isso não acontece muitas vezes. Eu poderia dizer o mesmo para você. — Eu viro meu rosto lentamente, encontrando seus olhos cinzentos. — Isso não acontece muitas vezes, — ele me imita, um meio sorriso se formando em seu rosto.

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— Então por que você está aqui e não em um canto escuro com sua companhia de sempre? — Ai, Megan. É uma pitada de amargura em sua voz? — Nojo, — murmuro, olhando para longe dele. — Não se confunda, Aston. — Eu acho que você está enganando a si mesma, — ele comenta. Ele se inclina um pouco mais perto de mim, com os joelhos roçando o meu. — Dez minutos, Megan. Eu balanço minha cabeça um pouco quando ele se levanta e desaparece atrás de mim. Kyle, sem dizer nada, pega o meu copo e recarrega-o. — Você está quieta esta noite. — Ele se inclina contra o bar em frente a mim. — Isso acontece de vez em quando. — Eu sorrio. — Estranho sem Maddie e Braden aqui, hein? Encolho os ombros. — Um pouco. Pelo menos toda a merda deles está resolvida, o que significa que o resto de nós pode seguir em frente com as nossas vidas. Kyle bufa. — Certo. Braden irritou cada indivíduo nesta casa quando ela voltou para o Brooklyn. Era como viver com uma mulher com TPM. Afastei-me de casa para fugir disso. — Deveria tentar ficar com caras que não transam o bastante, — eu comento secamente. Ele sorri. — Nenhum desses por aqui. — Você está provavelmente certo sobre isso, na verdade. 6

— Parece que você precisa transar. — Justamente quando eu estava começando a pensar que você era um cara legal, você vai e explode dizendo isso. — Eu reviro os olhos. — Vocês são todos iguais. — Ei, eu só estou dizendo. — Ele se inclina para frente, sorrindo. — Eu aposto que você não teria falta de ofertas, especialmente sem o homem das cavernas aqui. Eu mordo o canto do lábio, lutando contra o meu sorriso. — Essa coisa de homem das cavernas está realmente pegando, né? — Você não tem ideia. — Os olhos de Kyle brilham. Por que não posso querer ele em vez disso? Ele não é feio, com seu cabelo escuro rebelde e olhos castanhos. É musculoso o suficiente - não vistoso como Braden é, mas obviamente musculoso. Ele seria uma grande distração - se eu não estivesse tão distraída com Aston. Eu tomo o resto da minha bebida e coloco o copo ao lado. — Diga a Lila que a verei amanhã. Estou voltando para o dormitório. — Entendi. — Kyle balança a cabeça e se afasta. Eu olho em volta rapidamente e fujo da cozinha. Paranoia se junta a mim quando eu empurro o meu caminho através da sala de estar para as escadas, e eu passo os meus dedos pelo meu cabelo. Eu puxo a barra do meu vestido, subindo a escadaria final para o quarto de Aston.

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Hoje à noite eu estou assumindo um risco. Um grande risco. Uma mão agarra meu braço e me gira empurrando as minhas costas contra a parede. Meu grito é engolido pela boca que cobre a minha, a minha tentativa de joelhadas na pessoa me agarrando sendo frustrada por seus próprios movimentos rápidos. — Você não está sendo atacada, — Aston resmunga contra a minha boca. — A menos que você queira. Eu abro meus olhos. — Você é um porco. — Ainda assim você está aqui. — Aparentemente, — eu digo mais silenciosa, abaixando os meus olhos. Suas mãos seguram o lado da minha cabeça e seus dedos enfiam no meu cabelo, puxando meu rosto para cima um pouco. Seus lábios tocam os meus novamente, e os meus olhos fecham. Eu deslizo minhas mãos pelos seus braços até o seu pescoço onde eu agarro o colarinho, empurrando meu corpo contra o dele. Ele suga meu lábio inferior em sua boca e varre a sua língua através dela, enviando tremores na minha espinha. Aston alcança a fechadura a minha volta e coloca a chave na porta dele. Ele empurra-a aberta, sua mão arrastando por minhas costas. Eu permito que ele me puxe para o seu quarto e ele chuta de lado algumas roupas no chão, batendo a porta atrás de mim.

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Ele puxa meu corpo contra o dele, e eu sinto sua respiração em meus lábios. Meus olhos caem para sua boca, fechando quando nossos lábios se encontram novamente. Ele serpenteia uma mão em volta de mim e pega a minha bunda, me segurando contra ele. Eu movo uma mão de sua gola até sua cintura, o ombro do meu vestido cai e expõe minha pele nua. Meus dedos rastejam debaixo de sua camisa polo em sua pele quente. Eu abro meus dedos, o polegar escovando o músculo sólido em seu estômago. Ele me solta por um segundo, puxa a sua camisa sobre sua cabeça, e procura meu rosto. Eu corro o meu lábio inferior entre meus dentes enquanto meus olhos correm pelo seu torso. Já vi caras sem camisa antes, até mesmo ele, mas de perto ele é lindo. Seu peito é sólido, mas não excessivamente óbvio. As pequenas sombras das reentrâncias entre seus músculos são como uma luz esculpindo em sua pele. Eu não tenho nenhuma ideia de como ele foi tão cortado, porque o único esporte que eu já o vi praticar são os jogos de futebol casuais no quintal. Mas neste momento, eu não me importo. Eu passo para frente e toco levemente seu peito com a minha boca. Ele segura atrás da minha cabeça e beija minha orelha, correndo os lábios pelo meu pescoço e no meu ombro nu. Minhas mãos tremem enquanto correm na parte inferior de suas costas. Uma de suas mãos escova o meu seio, e eu choramingo contra a sua pele.

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Suas mãos deslizam pelo meu corpo com facilidade, a barra do meu vestido esbarrando em suas mãos, quando é puxada para cima do meu corpo. Ele puxa-a sobre minha cabeça, e nós nos movemos em direção a sua cama juntos. Eu caio de costas nela e ele arranca sua calça jeans, inclinando-se sobre mim. Ele pressiona em minha coxa, duro e pronto, e eu ligo a minha outra perna ao redor de sua cintura, minha boca encontrando a sua. Sua língua traça a costura dos meus lábios e eu pincelo a minha contra a dele. Ele geme baixinho, sua pegada apertando em mim. Sua língua varre minha boca, saboreando cada canto dela, seus cabelos emaranhados ao redor dos meus dedos enquanto eu seguro-o para mim. Suas mãos sondam o meu corpo, massageando a minha pele, soltando os músculos, enviando arrepios. Meus músculos do estômago se apertam e eu posso sentir tudo indo para baixo do meu corpo, precisando dele. Eu gemo um pouco, metade em frustração, metade querendo, e ele rosna, arrastando sua boca para baixo do comprimento do meu corpo. Seus lábios se movem através de minha pele, sua língua rodando em círculos minúsculos enquanto ele continua. Seus dedos se ligam nas laterais da minha calcinha e ele puxa-as em um movimento rápido. Sua mão fica para baixo quando sua boca viaja de volta para cima, e no primeiro toque de seus dedos deslizando em meu clitóris, meus quadris arqueiam e minha respiração acelera. Seu polegar se move em círculos pequenos e rápidos, e eu arco minhas costas, pressionando-o.

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Aston chupa meu pescoço levemente, sua respiração pesada, e meus músculos tensos. Eu não posso evitar o gemido que sai da minha boca ou a súplica por mais em seu ouvido. Eu não posso parar o suor que cobre o meu corpo ou o sentimento inegável de prazer que varre o meu corpo como um tsunami. Sua mão me deixa, e ele tateia em uma gaveta. Ele rasga um pacote de camisinha aberta com os dentes e rola-a em si mesmo. — Eu tenho desejado você por tanto tempo, — ele sussurra com voz rouca contra a minha orelha enquanto ele se

posiciona

contra

mim.

Eu

inclino

meus

quadris,

convidando-o. Ele desliza para dentro de mim e eu suspiro, cavando os dedos em suas costas. — Tão. Fodidamente. Mau. Megan. Eu ranjo os dentes e arranho suas costas. Suor se forma entre os nossos corpos, e nós deslizamos um contra o outro, eu sentindo cada flexão dos seus quadris dentro de mim. — Agora você me tem, — Eu arfo fora. Ele me segura contra ele, seus dedos cavando a minha volta, e solta um longo suspiro que não é nada parecido com o Aston que eu conheço. — Sim, — ele respira. — Sim, eu tenho você.

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Capítulo Dois Aston

E

u

deveria estar arrependido

pela

noite

passada. Eu deveria estar pendurando minha cabeça e me sentindo culpado pra caralho por trair

um amigo da maneira que eu fiz. Dormir com a garota que é praticamente sua irmã? Isso é baixo, mesmo para o tipo de porcaria que eu sou. Eu deveria estar me sentindo como o maior idiota de todos. E eu - bem, me sinto como o maior idiota de todos, mas não pelas razões que eu deveria. Eu não me arrependo, e eu serei amaldiçoado se eu estou pendurando a minha cabeça por algo que eu queria fazer. Eu só me sinto como um idiota, porque de mais de cinquenta mil alunos malditos neste campus, pelo menos vinte mil devem ser meninas, e eu poderia ter tido qualquer uma delas. E eu tive Megan. A única garota que é perigosa. A única que poderia me despir da minha atitude imprudente e colocar a minha bunda arrependida no lugar. Ela é a única garota que poderia me fazer sentir novamente. Ela é a única garota que poderia

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quebrar o que eu tentei por tanto tempo colocar junto novamente. Eu deveria ter ficado longe dela. Mas não o fiz. E agora eu sei como é sentir a sua pele lisa contra a minha, eu conheço o gosto doce da boca dela, eu conheço o aperto de quando ela me abraçou dentro dela. Eu sei qual a sensação de suas unhas em minhas costas, de sua respiração no meu pescoço, e eu sei o som sexy dos pequenos gemidos que ela faz. E eu sei que vai precisar de um milagre para me convencer a ficar longe dela. Minha mão pega o meu celular e vou procurando o nome dela, isso prova que ontem à noite foi mais do que eu queria que fosse. Eu tenho certeza que eu mostrei o Mico ontem à noite. Eu pressiono enviar, lembrando-me da nossa conversa em Las Vegas, e sorrio. De qualquer coisa, eu quero fazê-la rir, porque mesmo que eu não posso vê-la, eu sei que tipo de sorriso ela vai ter quando ela lê essa mensagem. Ele vai ser o único que iluminará todo o seu rosto, e faz com que ela pareça ainda mais bela que o normal. Aprendeu alguns truques dos meninos grandes em Las Vegas, não é? Ela retruca. Eu sorrio ainda mais e digito a resposta. Você me diz, querida. ;) 13

Eu rolo na cama, atingindo o lado vazio. O lado vazio que ela deitou ontem à noite antes dela obviamente ir embora. Eu empurro para longe o calendário, percebendo que dia é hoje, não importando o quanto eu quero ignorá-lo. Esta semana é sempre a mais difícil. A que eu odeio e amo ao mesmo tempo. A semana que mudou minha vida para melhor, mas para sempre destruiu a do meu avô. Alegria de uma pessoa é a maldição de outra. Apesar de ser mais cedo do que de costume, eu saio da cama, jogo algumas roupas e pego as chaves do carro. O velho provavelmente vai me bater com a bengala por aparecer antes do almoço, mas é melhor do que sentar aqui no meu quarto e nadar na minha própria auto piedade de merda. Eu escorrego para fora da porta da frente sem ser detectado e subo no meu carro, rapidamente me afastando da casa

grande

que

pode

se

tornar

sufocante

muito

rapidamente. Não é muito longe a casa do Vovô, sua insistência em se mudar para longe de São Francisco, mas não fora do norte da Califórnia é a razão pela qual eu estou na faculdade, em Berkeley, e não lá. São Francisco tem muitas lembranças. Muita merda para algum dia eu voltar lá. Eu estaciono do lado de fora de sua casa, o sol rastejando sobre o jardim da frente uma indicação que vou passar meu dia trabalhando em seu quintal fazendo o que ele não pode. Abro a porta da frente e o cheiro de sua rica fumaça de charuto me atinge instantaneamente. Meu rosto se

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enruga como ele faz todos os domingos e se contenta com a nossa saudação habitual. É seguro - e há conforto na segurança. — Eu queria que você parasse de fumar essas coisas malditas, vovô. Sua risada baixa e rouca me atinge pela casa. — Você diz isso toda semana menino e eu vou continuar dizendo a mesma coisa de volta - Eu queria que você parasse de falar sobre mim fumando essas ―malditas coisas‖. Eu sorrio, permitindo a porta bater fechada, e faço o meu caminho para a sala da frente. O velho enrugado conhecido como meu Vovô está sentado em seu lugar de costume na frente da janela. A cadeira floral é tão antiga e resistente como ele é, mas há definitivamente mais vida no Vovô do que em sua cadeira surrada. — Eu sei. Vale a pena a tentativa, no entanto, certo? — Eu dou de ombros, jogando-me no sofá em frente a ele. Ele sorri quando ele vira o rosto para mim, seus olhos cinza escuro enrugados um pouco nos cantos. — Se você diz rapaz.

O

que

você

está

fazendo

aqui

tão

cedo,

me

incomodando? Eu olho para fora da janela. — Não tenho nada melhor para fazer em um domingo. Ele ri. — Nunca se sabe, não é? Provavelmente o que tinha que fazer na noite passada.

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— Não é certo para alguém de sua idade fazer um comentário como esse. — Por quê? Porque eu sou enrugado? Encontre-me uma boa ―amiga‖ em uma sexta-feira no Bingo e eu vou colocá-lo à vergonha. Ha! — Ele fuma uma última vez seu charuto e joga-o no cinzeiro sobre a mesa ao lado dele. — Tantas coisas erradas com essa maldita frase. — Eu balanço minha cabeça. — Então, quem você incomodou desta vez? — Quem disse que eu irritei alguém? — Você está aqui antes das dez da manhã, garoto! Algo está acontecendo. Você nunca tem sua bunda arrependida para fora da cama mais cedo do que meio dia em um domingo. — Eu não irritei ninguém. Além disso, eu sabia que você ia querer minha ―bunda arrependida‖ em seu quintal hoje. Os conhecidos olhos cinzentos do vovô estão em mim. Ele bate os dedos no braço de sua cadeira, cada batida de seus dedos me analisando. Tempo se estende enquanto ele investiga o meu rosto, chegando à sua conclusão. Eu vejo isso em seu rosto. — Eu sei o que você vai dizer, e você está errado, — eu digo com firmeza. Ele começa suavemente. — Você nunca falou sobre ela. — Eu não quero falar sobre ela. Eu não tenho nada a dizer sobre ela. 16

— Eu acho que você tem. Eu acho que você apenas finge que não. Eu balanço a minha cabeça e olho para longe. — E eu acho que você está de sacanagem, vovô. Eu entendo tudo bem? Você sente falta dela e você quer falar sobre ela, mas eu não. Eu não posso me relacionar com a mãe que você conheceu. Ela nunca foi, e eu quero dizer nunca, essa pessoa para mim. —Você não pode viver do ódio para sempre, rapaz. — Não é ódio, vovô, — eu argumento. — Tenho pena dela. Tenho pena da vida que ela me obrigou a ter até ela morrer, até que você me acolheu. — Com todo o seu aprendizado, você nunca aprendeu a perdoar e esquecer? —, ele diz com uma voz mais suave, o tom persuadindo meus olhos de volta para ele. — Perdoar e esquecer são duas coisas muito diferentes, vovô. Você pode perdoar, você pode esquecer, mas raramente elas são feitas em conjunto. Eu não posso esquecer minha infância. Eu não posso apagar as cicatrizes. Eu não posso mudar as coisas que ela me ensinou e eu não posso queimar essas imagens ou memórias da minha mente. Elas significam que eu nunca vou esquecer, e porque eu não posso esquecer, eu não posso perdoar. É simples assim. Seus

olhos

cinzentos

escurecem

um

pouco

com

decepção e tristeza. A angustia habitual de culpa me atinge culpa por odiar a pessoa que ele ama. Culpa por sentir alívio em seu desespero. 17

— Vovô — Não. — Ele arrasta o olhar para a janela, o seu foco no pátio exterior. — Eu entendo. Eu só queria que você entendesse rapaz. — Nada para entender, — eu respondo. — Eu só estou superando, vovô. Eu não posso me deixar viver na merda do meu passado. Nem agora, nem nunca. — Há algum capinado que precisa ser feito no canto mais distante da minha horta. Quando isso estiver feito, eu preciso de alguns buracos cavados para alguns arbustos que estou recebendo esta semana. Tomo a mudança de assunto – e a fuga. Nós dois, sempre fugindo do que precisamos dizer. O que queremos dizer. — Arbustos? — Para as Hortênsias da sua avó. Sempre Hortênsia, — resmunga para si mesmo. — Para a devoção e compreensão. Todos nós precisamos de um pouco disso. Concordo com a cabeça, embora ele não esteja olhando para mim. Sua maneira de se lembrar dela. Eu me pergunto se ele está feliz que vovó nunca viu o que aconteceu com sua única filha. Eu me pergunto se ele está feliz que, por toda a dor que ela sofreu, ela nunca teve que assistir seu bebê morrer. Eu me pergunto o que, como eu vagamente me lembro, uma mulher feliz pensaria de mim agora. 18

Pego a espátula do galpão, agachando-me na horta. Vovó provavelmente estaria revoltada comigo. Deus sabe que não há muito para se sentir orgulho.

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Capítulo Três Megan

N

inguém sabe. É

algo

que

eu

tenho

que

ficar

me

lembrando. Ninguém sabe. Não que isso pare os sentimentos intensos de quase paz

e da culpa que estão em guerra dentro de mim. É o velho clichê - sua cabeça contra seu coração. Minha cabeça está me dizendo o que eu sei - eu sou uma pessoa terrível. Eu traí o meu melhor amigo, dormindo com seu melhor amigo. Meu coração está me dizendo o que eu deveria saber Eu não sou uma pessoa terrível. Pela primeira vez na minha vida

fui

atrás

do

que

eu

queria,

sem

pensar

nas

consequências. Isso me faz irresponsável e insensível? Ok, talvez insensível seja um pouco de exagero, mas imprudente? Uma parte de mim acha que sim, mas, em seguida, também é a mesma parte de mim que acha que eu não sou uma pessoa terrível, então eu não tenho certeza se aquele pedaço de meu corpo é particularmente confiável.

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Pensamentos estão rodando em volta de minha mente com a força de um tornado. Um sobressai mais forte do que o resto - ontem à noite foi um erro? Eu fiz a única coisa que eu disse que nunca faria. Dormi com o melhor amigo do meu melhor amigo. Sim - o plano saiu pela culatra no segundo que eu olhei para os nebulosos olhos cinzentos de Aston, no primeiro dia de faculdade. Eu nunca duvidei por um segundo que haveria alguma coisa entre nós. Às vezes você apenas sabe. Então, talvez seja por isso que, assim como eu lutei para manter ele e a sua cobra escorregadia longe de mim, eu ainda de alguma forma acabei caindo no seu sorriso pretensioso e jeito prostituto que poderia rivalizar com o de Braden. Não que eu ame o jeito prostituto. Eu quero incendiar o cabelo falso, unhas postiças e cílios postiços de cada menina que dorme com ele. Porque é isso que elas são - e ele sabe disso. Eles são todos falsos. Quero dizer, vamos lá. Existe realmente alguma coisa errada com peitos reais e um penteado normal? Eu acho que é fácil dizer quando você tem naturalmente peitos grandes, como eu, mas sério... Você poderia apenas ter um sutiã que levanta os seios. Eu não sou tão estúpida a ponto de alimentar seu ego para o seu próximo corpo fodível. Eu sei que tudo isso nunca vai ser mais que sexo. Uma noite. E é porque isso é tudo o que Aston pode fazer.

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Maddie disse que Braden nunca iria se apaixonar - mas ela estava errada. Ele se apaixonou, mas Bray e Aston são totalmente diferentes. Se Braden engatinhava atrás das meninas, Aston praticamente corre atrás delas em um ritmo de recorde mundial. Isso me faz estúpida? Não. Porque eu nunca tive nenhuma expectativa de um ―nós‖. Posso ser uma romântica incorrigível, feliz em se perder entre as páginas de um romance quente e úmido ou um ‗água com açúcar‘, mas eu não sou ingênua o suficiente para acreditar que esses tipos de coisas acontecem o tempo todo. Algumas pessoas vão ter esse tipo de amor que faz os caras se espantar e as mulheres delirarem, mas não todos. O amor é uma coisa inconstante. Só porque você tem uma pessoa lá fora que te elogia que acalma sua tempestade e alimenta o fogo, isso não significa que você sempre a terá. Você pode nunca encontrá-la. Você pode encontrá-la - mas pode não ser o momento certo para você. Tenho dezenove anos. Sei o que é amor e luxúria. Eu sei a diferença - e eu sei que por alguma estranha razão, Aston é a minha tempestade mais calma, meu alimentador de fogo. Eu também sei que não é o momento certo para nós. Pode nunca ser. Mas, depois de ontem à noite, eu não tenho mais tanta certeza de que eu estou bem com isso.

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Eu cutuco a porta aberta e entro na sala, meus olhos examinando as mesas. Um suspiro de alívio me deixa quando eu vejo que eu ultrapassei tanto Braden e Aston para a aula, e eu corro entre as mesas para o meu lugar. E baixo minha cabeça na mesa quando me lembro que eu troquei de lugar com Braden permanentemente quando ele e Maddie voltaram. — Crápula, — murmuro. A cadeira ao meu lado guincha. — Se você está tentando se esconder querida, você está falhando. Eu posso te ver. — As palavras de Aston rastejam por cima de mim em uma carícia suave, fazendo minha garganta secar e meu sangue ferver ao mesmo tempo. — Por que eu estaria me escondendo? — Eu sento e olho para frente, determinada a não encontrar seus olhos. Ele encolhe os ombros descuidadamente, girando uma caneta entre os dedos. Eu pego todos os seus movimentos com o canto do meu olho. Seus olhos estão queimando na lateral da minha cabeça - eles estão me implorando para virar, me implorando para olhar. — Porque você me quer tão mal que você não pode suportar me ver, — diz ele, em um tom dramático, com um toque de arrogância. Endireito minhas costas. — É evidente que alguém alimentou o seu ego de novo, — eu respondo secamente. — Porque eu não me lembro de alguma vez dizer-lhe que eu quero você. 23

Seus bíceps raspam nos meus enquanto ele se inclina para frente. — É isso mesmo? — ele pergunta, em voz baixa e quase imperceptível. Eu luto com a vontade de baixar meus olhos para a mesa. —Certíssimo que é. A ponta do dedo trilha as costas do meu braço, a sensação de formigamento me faz lutar contra um arrepio. — Eu acho que você está errada, — ele sussurra. — Porque eu tenho certeza que você disse que me queria no sábado à noite - logo antes de você cavar as suas unhas nas minhas costas e envolver suas bonitas perninhas ao redor da minha cintura. Minha cabeça se vira de volta para ele, e nossos rostos estão a centímetros de distância. Seus lábios se curvam em um sorriso um pouco presunçoso, e eu odeio o fato de que é para onde meus olhos caem primeiro. Eu arrasto-os longe de sua boca e através dos planos penetrantes de seu rosto até se encontrarem com seus olhos esfumaçados. Lembro-me de por que eu não queria olhar para ele. Seus olhos têm o poder de me penetrar e me quebrar. Agora é a forma - a sugestão prateada na borda de sua íris me puxando e segurando-me cativa. Lembro-me que desde o primeiro toque de seus lábios contra os meus no sábado à noite, nada poderia ter nos impedido de acontecer. Eu abro minha boca para falar, mas a voz de Braden corta através de qualquer nevoeiro que Aston tenha colocado dentro de mim. 24

— Ele está sendo um idiota de novo? Meus olhos mudam de cinza para azul. — Essa é uma pergunta estúpida, Bray, até mesmo para você. Aston é sempre um idiota. Braden sorri e dá um tapa no braço do Aston. — Obtenha as porras das suas mãos pegajosas longe da Megan, cara. Eu disse a você em Vegas, ela tem mais classe do que essas meninas habituais que você pega nos fins de semana. — Eu sei disso, — responde Aston. Eu arrasto meus olhos para longe, tentando não rir da ironia de sua declaração. Claro, eu tenho mais classe do que essas meninas habituais que ele pega nos fins de semana, porque eu sou a única que não vai implorar por mais. Não importa o quanto eu queira. Maddie me chama a atenção no outro lado da sala e sorri. —Café, — ela fala. Deus, sim! Concordo com a cabeça em resposta, querendo saber todos os detalhes do seu fim de semana com Braden e seus pais. Se alguém sabe como excêntrica sua mãe pode ser, sou eu. — Acho que ele não sabe? — Aston cutuca meu pé com o seu. Eu salto, olhando de volta para ele. Braden se foi. — Não. Não é exatamente algo que eu possa jogar em uma conversa, não é? 25

— Eu não acho. — Ele esfrega o polegar sobre a boca. — Além do mais— Deixe-me adivinhar — Eu digo inexpressiva. — Seu rosto é bonito demais para enfrentá-lo e tê-lo desarrumado pelo seu punho? Ele faz uma pausa por um segundo, então sorri. — Eu não ia dizer isso, mas eu estou feliz que você pense assim. — Braden não é o único com um punho que poderia encontrar a sua face. — Eu gosto de uma garota mal-humorada. Eu abaixo a minha voz. — E você também gosta de descartá-las depois de uma foda rápida sem sentido, então o que você gosta realmente não importa muito, não é? Ele para de novo, e eu me afasto dele. Minhas próprias palavras me picam, porque não importa quantas vezes eu diga que eu não me importo, eu faço. Ninguém gosta de ser usado. Ninguém gosta de ser usado pela pessoa que eles querem que se importe. — Eu nunca disse que você era uma foda rápida sem sentido, Megs — Aston sussurra enquanto a aula começa. Ele se inclina para frente em seu assento, ainda girando a caneta entre os dedos. — Eu sou muitas coisas - e nem todas elas boas - mas eu não sou um mentiroso. Eu estaria mentindo se eu dissesse que o que aconteceu entre nós não significou nada. 26

Eu engulo o caroço na minha garganta, aquele cheio de emoção que não tem lugar aqui. Eu engulo as palavras se formando em minha boca, aquelas cheias de verdade que não têm lugar em um momento de dúvida. Eu resolvo por ignorar ele e focar na classe, porque essa é a coisa mais segura que posso fazer agora. Ou, eu tento ignorá-lo. É difícil quando eu posso sentir cada centímetro dele ao meu lado, quando eu sei cada movimento de seu corpo, e quando eu posso sentir cada piscada de olhos para mim. Sua perna se estende debaixo da mesa, seu pé batendo no meu. Enfio meus pés debaixo da minha cadeira e deixo meu cabelo cair em uma cortina entre nós. Se não há nada nos bloqueando, eu fico muito consciente dele. Fico muito consciente de como ele me faz sentir. Um puxão no meu cabelo me tira do meu estado forçado de concentração, e meu pescoço quase se encaixa com a força da minha cabeça girando. — O quê? — Eu assobio. Ele mastiga a extremidade de sua caneta. — Você está me evitando? — Eu estou sentada ao seu lado, idiota. Como diabos eu posso estar evitando você? — Você estaria sentada aqui se você não tivesse que?

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— Não, eu não estaria. Mas o mesmo se aplica a cada vez que eu tenho o prazer de estar ao seu lado, por isso não acho que hoje seja nada de especial. — Você acha que eu sou um idiota. — Você quer uma estrela de ouro? Levou-lhe tempo suficiente para perceber. — A lição termina, e eu enfio todas as minhas coisas na minha bolsa, fico de pé e coloco-a no meu ombro. — Apenas lembre Megan... — ele sussurra atrás de mim. — ...Quem veio para quem no sábado à noite. Foda-se. Espertinho do caralho. — Pronta para ir? — Maddie mantém a porta aberta, e eu deslumbro depois que Aston me passa. — Contanto que nós não encontremos mais idiotas enquanto estivermos lá, então vamos. — O que ele fez? — Ela tenta não rir. — Ele está apenas sendo Aston. — Eu dou de ombros. — Você sabe - seu jeito babaca de ―presente dos Deuses para as mulheres‖. — É. Ele estava assim todo fim de semana? — Eu não tenho ideia. Eu mal o vi, — eu minto, interiormente vacilando. Oh, eu o vi bem. Eu vi tudo dele. — Provavelmente tão bem, — ela reflete, alisando o cabelo do rosto. — Braden quase entrou em combustão neste fim de semana com o pensamento de que tinha deixado você

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aqui em Berkeley em torno dele, e cito “vai foder qualquer coisa com um pulso” amiga. Eu balancei minha cabeça. — Honestamente, você acha que Braden não tem fé nenhuma na minha capacidade de ficar longe de alguém assim? E com razão. Maddie encolhe os ombros. — Você sabe como ele é. Claro que, em seguida, sua mãe ouviu o seu uso frequente de palavras ―vulgares‖ e entregou-lhe a bunda em uma bandeja de prata. Eu rio alto. — Oh, rapaz. Como eu gostaria de ter visto isso! — Foi hilário. — Ela ri. — Ela ficava me perguntando se ele era assim aqui na faculdade. — O que você disse? — Eu examino o quadro no Starbucks. —Caramel Macchiato, por favor. — Eu disse que não e discretamente acenei um sim. — Droga, garota. Você conhece Braden quase tão bem quanto eu. Ela sorri e pede o seu café habitual e um muffin. — Eu tenho certeza que eu o conheço melhor do que você. — E você pode ficar conhecendo-o melhor do que eu nesse departamento, — murmuro, tomando meu café. — Honestamente, apesar de tudo. Pensei que Bray ia matar a mãe pela quantidade de vezes que ela envergonhou

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ele. — Maddie ri e escorrega em uma das poltronas. — Eu nunca vi um cara corar antes. — Braden é de corar. — Eu sorrio, o aroma de caramelo flutuando do meu copo. — Você nunca iria acreditar, mas ele cora direto, e você vai tê-lo corando como uma caloura do ensino médio, que só descobriu que a saia ficou presa na calcinha dela depois de um dia todo. Maddie bufa. — Então, eu descobri. Ele realmente raspou o gato dela? Eu engasgo com a minha bebida e aceno com a cabeça. — Eu queria um poodle. Ele pensou que ele seria meu salvador e raspou o gato. — Eu dou de ombros. — O gato se parecia em nada com um poodle, e ele ficou de castigo por duas semanas. Ela acena com a cabeça. — A mãe dele me disse isso também. E que ele passou metade do tempo em seu quarto, inclinando-se para fora de sua janela gritando com os pedestres, na esperança dela ficar tão irritada que ela o tiraria do castigo. — É verdade — Eu rio em silêncio. — Ele o fez. Ela se recosta na cadeira e suspira ligeiramente. — E aqui? Algo interessante aconteceu? — O de sempre. — Eu mudo na minha cadeira um pouco. — Nada muito emocionante.

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— Em outras palavras, Kay bebeu muitas doses e ofendeu alguém, Lila esgueirou-se com Ryan, e Aston levou uma garota de volta para seu quarto. — Basicamente, — eu concordo, deixando de fora a minha parte nisso. — E você, como sempre, recusou os avanços e desapareceu de volta para seu quarto. Certo? — Ela levanta uma sobrancelha, olhando para mim com ceticismo. — Certo. — Braden não estava aqui respirando no seu pescoço... — Ela se inclina para frente. — ...E você não tirou proveito disso? — Não. — Eu me aproveitei tirando vantagem, em vez disso. — Uau. — Ela inclina a cabeça para o lado e sorri. — Você realmente precisa transar. — Uau. — Eu copio seu movimento, tentando não rir. — Você realmente passa muito tempo em torno de Braden. Ela abre sua boca, faz uma pausa, e fecha-a novamente. Ela sorri. — Você provavelmente está certa. Oh, Deus. Ele está me transformando em um irmão da fraternidade fêmea! — Só se juntou a uma irmandade? — Eu dou de ombros. Maddie franze os lábios. — Eu não acho que eu sou bem um membro de irmandade. E a maioria das meninas do grêmio provavelmente já dormiram com meu namorado em 31

algum momento, assim me odeiam porque eu sou ―aquela que ele manteve‖. — Isso seria estranho, — eu murmuro. — Mhmm. — Então, onde está Braden? Estou um pouco surpresa que ele a deixou sair do lado dele, — eu brinco com ela. Ela revira os olhos. — Ele foi resolver suas porcarias. Em outras palavras, interrogar Aston e certificar-se que ele não usou seus truques habituais e entrou nas suas calças.

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Capítulo Quatro Aston

-P

ela décima vez porra, eu não dormi com Megan neste fim de semana. Eu nem sequer tentei.

Braden olha para mim. — Ela parecia mais chateada com você do que o habitual na sala de aula. Eu dou de ombros descuidado. — Provavelmente porque eu a irritei mais do que o normal na noite de sábado. Ryan sorri. — Ela fez parecer como se quisesse arrancar suas bolas depois que você falou com ela no bar. — Sim, bem, mesmo que ela as torcesse não teria sido duramente difícil encontrar alguém para torná-las melhor depois, não é? — Merda, cara. — Braden balança a cabeça e se senta. — Eu realmente era assim tão idiota antes de Maddie? Ry joga seu celular no ar e pega. — Sim. — A diferença entre você e eu, cara, — eu digo. — É que eu posso admitir que eu sou um idiota. Você pensava que era ‗Jesus‘ ou algo assim.

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— Isso é porque eu sou - por trás de portas fechadas. — Ele sorri como o bastardo presunçoso que ele é. — Pelo menos você não tentou nada com a Megan. — Eu não sei por que você está tão preocupado. Megan tem mais cérebro do que isso para ficar com este idiota. — Ry aponta o polegar na minha direção, e eu mostro-lhe o dedo. — Você diz isso, mas eu sou o único aqui com a minha liberdade. Suas meninas têm seus paus nas palmas de suas mãos, — Eu lembro-os. — E que malditas mãos mágicas que elas têm. — Ryan ri. — O quê? Você nunca sentiu uma mão mágica antes de Lila? — Eu brinco com ele. — Eu acho que eu sou uma pessoa abençoada. — Abençoado com a capacidade de escorregar seu caminho para a cama com quem quiser, — Braden continua. — Porque você não tem a mesma capacidade, — eu respondo com sarcasmo. — Um dia, Aston, você vai acabar assim como nós. — Se eu acabar dominado por uma mulher como vocês, por favor, me de uma porra de um soco. — Eu bufo. — Mas isso não vai acontecer, confie em mim. Ser dominado por uma mulher significa ter sentimentos - e eu não faço isso. Eu não me permito fazer isso, e a garota que poderia me fazer é a única garota que está fora dos limites. 34

E isso é uma coisa boa. Se eu não posso tê-la, eu não posso me apaixonar por ela. Se eu não posso sentir, não posso

machucá-la.

Porque

eu

iria,

eventualmente.

Eventualmente, as paredes iriam subir, a empurrariam para fora, e eu voltaria a sentir os únicos sentimentos que importam. Os físicos. Você é exatamente igual a ela. Isso será tudo pra o que você é fodidamente bom. — Cara? — Ryan bate as mãos uma vez. — Você está aí? — Sim. — Eu me puxo da minha cabeça. — Pensei que vi alguma coisa. — Você diz que você não vai encontrar ninguém, mas você vai, — Braden continua. — Confie em mim. E vai ser a garota com bolas grandes o suficiente para ficar com você e colocar seu pau no lugar. — Se há alguma menina que pode me domar, eu darei boas vindas ao desafio. — Eu me inclino para trás. — Eu gostaria de ver alguém tentar. Ter a sensação de ser domado, meninos, e eu não sinto nada, exceto por quem quer que esteja na minha cama em um fim de semana. — Eu não sentia nada. Então eu tive que jogar com Maddie. — Braden pausa, passando a mão pelo cabelo e concentrando-se em mim. — Algumas coisas são muito reais para serem ignoradas. Eu resmungo. — Que seja. Vocês dois não tem algo melhor para fazer do que sentar aqui e me dizer que eu preciso de amor na minha vida? 35

— Provavelmente. — Ry sorri novamente. — Mas isto é muito mais divertido. — O que é divertido? — Lila pergunta, passeando na sala e olhando para o Ryan. — Infernizar o Aston. — Ele chega para ela, segurando as mãos e puxando-a para o seu colo. Ela geme. — Você percebe que um Aston irritado geralmente é igual a sexo, o que significa que haverá uma menina irritada perseguindo a gente? — Sério? — Sento-me em linha reta. — As meninas fazem isso? Os olhos de Lila estão tão planos quanto sua voz quando ela se vira para mim. — Sim. Elas pensam que porque eu sou a namorada do Ryan, eu tenho um passe VIP dentro de sua cabeça. Eu não tenho, graças a Deus, mas elas não entendem isso. Todos querem saber por que você não liga. — Ei, eu nunca prometo ligar. Eu não ofereço, e elas não pedem. Metade delas nem sequer deixam seus números! Lila levanta as sobrancelhas, e os meninos riem. — Elas não! — Eu insisto. — Não é minha culpa. Como diabos eu posso ligar, se elas não deixam o seu número? — Talvez elas queiram que você pergunte para elas. — Se eu perguntar para elas, então elas vão esperar que eu ligue. — O problema é...?

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— Eu não vou ligar. Se eu pedir por isso, isso será enganoso. Ela suspira e baixa a cabeça, olhando para o Ryan. Ele briga com o seu sorriso. — Não há nenhuma maneira de anexar um aviso nele? — Como o quê, amor? — Ryan bufa. — Idiota viciado em sexo que não vai ligar, então nem se preocupe? — Isso iria prejudicar seriamente a minha reputação! — Eu protesto. Lila revira os olhos e empurra-se fora do colo de Ryan. Ela dirige-se para a porta, parando e olhando por cima do ombro para mim antes que ela saia. — Você dificilmente tem uma reputação estelar, Aston. O que você precisa fazer é ter uma noite com uma garota legal. Você nunca sabe você pode gostar. Ela pode mudar sua perspectiva idiota sobre as coisas. — É ela tem um ponto. — Braden encolhe os ombros. — Idiotas. — Eu levanto e a sigo através da porta, subindo as escadas de dois em dois para o meu quarto. Eu estou cheio dessa conversa. Eu tive uma noite com uma garota legal. Aquela noite me arruinou, porque não posso imaginar estar com outra pessoa que não ela. Os caras veem o Aston que eu quero que eles vejam. Eles não veem a bagunça fodida dentro, eles não veem o 37

Aston real. Eu não pretendo mostrar o meu verdadeiro eu para ninguém. Nunca. Você não vale uma merda. Eu deixo minha porta do quarto bater fechando atrás de mim, empurrando para trás o eco em minha mente. Eu sei que eu não valho nada. Eu não preciso de um fantasma do meu passado para me lembrar disso.

**** Eu tremo no canto, esperando, imaginando. O cobertor fino que está enrolado no meu corpo não fez nada para bloquear o frio vindo da minha janela aberta - a janela aberta que meu corpo de seis anos de idade era muito pequeno para alcançar. Ela disse que ia voltar. Ela prometeu que o faria, mas ela demorou muito e ele foi para encontrá-la. Eu não sei o nome dele, mas ele disse que ia fazê-lo neste momento. Ele estava com raiva. Eu esfreguei em cima da minha perna, vacilando e tentando não chorar com a dor pungente lá. Sempre foi minha culpa. Desta vez foi porque a mamãe demorou muito e eu chorei. Eu não sei quem ele é, mas eu não gosto dele. Ele machucou mais do que da última vez. Ele tinha os braços maiores para me bater. — Mamãe? — Eu sussurrei na escuridão silenciosa. Eu estava com medo. Sozinho e com medo. Onde estava a minha 38

mãe? Por que ela não estava em casa ainda? Esfreguei meus olhos para me impedir de chorar. Eu queria que a mamãe voltasse para casa antes dele. Se ele chegasse em casa primeiro ele iria me machucar novamente. — Mamãe?

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Capítulo Cinco Megan

E

le realmente é um idiota, — diz Kay, espiando Aston através do quintal. Ele está em pé na frente de uma menina com

mais luzes do que o meu e-reader, e abençoe-a, ela está fazendo o seu melhor para elevar o peito em seu rosto. Ele sorri lentamente para ela, descansando seu braço contra a árvore ao lado dele. Ela gira um pouco de cabelo em volta do dedo, fingindo o que ela acha que é um sorriso acanhado. — Eu vejo que ele levou a sério a conversa que tivemos há dois dias, — observa Lila. — Que conversa é essa? — Maddie pede. — Eu disse a ele que ele precisava encontrar uma garota legal. — Vocês obviamente têm diferentes definições da palavra – legal — eu digo mais dura do que eu pretendia. — Porque a única coisa boa sobre ela vai ser quando ela se virar e for embora. Kay bufa. — Eu adoro quando vocês ficam com ciúmes. Minha cabeça se vira. — Quem disse que eu estava com ciúmes? 40



Você

está

tão

verde

que

está

praticamente

misturando-se com o capim. — Certo. Porque estar com ciúmes de alguém como Aston é muito provável. Todavia, eu estou ciumenta. Estou chateada. Estou enojada. E eu estou ainda mais irritada comigo mesmo por causa do aperto no meu peito. Eu sabia que ele estaria de volta aos seus truques habituais de imediato, mas vê-lo em ação, agora que eu conheço cada pedaço dele é como um soco no estômago. Ao vê-lo com outra garota quando ele foi meu, mesmo que apenas por uma noite, é como uma mão com garras atingindo em meu peito e arrancando o meu coração. — Eu não estou dizendo que você está com ciúmes de Aston... — Kay começa. — Uh, sim, você está, — murmura Maddie. — Cala a boca, Stevens. Eu não estou dizendo que você está com ciúmes de Aston, Megs, eu só estou dizendo que você está com ciúmes, porque todo mundo além de você está conseguindo um pouco! — Oh meu Deus! — Eu exclamo em voz alta e jogo os braços para o ar. — Por que todo mundo nesse lugar é tão focado em sexo? Kay ri. — Porque todos nós estamos recebendo algum, e é melhor do que se concentrar nos prazos daquelas porras de trabalhos que parece que temos centenas deles. 41

— Mas falando sério. Sexo não faz o mundo girar. — Isso ajuda, no entanto. — Lila encolhe os ombros. — Eu não estou com ciúmes do fato de todo mundo está tendo sexo, além de mim. — Parece que é o meu tipo de conversa. — Aston senta no chão ao meu lado. Isso é real? — O quê? Será que a Barbie teve que ir ter seus implantes ajustados ou algo assim? — Eu estalo, me deslocando para longe dele. — Ela não é meu tipo, — diz ele sem se comprometer. — Uau. Você tem um tipo? — Kay finge estar chocada. — Oh, espere. Esse deve ser o tipo desagradável que costumamos ver com você. — Merda, Kay, o que há com você? Não recebeu nada de sua própria espécie neste fim de semana? Kay olha de cima a baixo e fica de pé. — Eu provavelmente já vi mais bucetas do que você, Aston. Pelo menos, a julgar pelo estado das coisas que você toma no andar de cima, uma buceta mais decente, de qualquer maneira. — Ela sai como uma tempestade de volta para a casa. — Você não pode evitar, não é? — Lila suspira. — Não importa quanto tempo contanto que elas sejam do sexo feminino. Você tem Megan perpetuamente chateada com você, Kay está agora lançando para suas bolas - e não vamos

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falar da quantidade de meninas no campus que querem atirar em você. — Eu disse a você antes. Não é minha culpa se elas pensam que eu vou ligar. — Eu vou ficar fora disso, — murmura Maddie, levantando-se. — Eu tenho classe. Até mais. — Elas ficam chocadas que ele não ligou? — Eu levanto uma sobrancelha, pegando a grama do meu joelho. — Honestamente? — Lila balança a cabeça e olho para Aston. — Droga. Você realmente dorme com garotas estúpidas. — Eu durmo né? — Ele vira o rosto para mim lentamente, seus olhos cinzentos me desafiando. — Sim, você faz. — Eu corro uma espessa folha de grama entre os dedos, com foco nele. — Se eu fosse elas, eu ficaria chocada se você ligasse - hey, eu ficaria chocada se você mandasse uma mensagem. Quer dizer, a menina que falou com você no dia depois de dormir com você teria que ser alguma coisa, né? — Depende de quando falei com ela, — ele responde de maneira uniforme. — Digamos... Na manhã seguinte? — Eu vocalmente desafio o que está em seus olhos e silenciosamente envio-lhe um dos meus próprios. Você me disse que isso significava alguma coisa. Eu falo que é besteira.

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— Se eu falasse com ela na manhã seguinte, então eu diria que ela é mais do que uma transa. Isso significaria que ela significa alguma coisa. Eu perco. Meu coração bate dolorosamente no meu peito, torcendo e amassando enquanto o que eu nunca posso ter está pendendo abertamente na frente do meu rosto. Estamos pendendo abertamente, para que todos possam ver, mas eles nunca vão saber. Um segredo aberto, uma contradição completa de si mesma. — Então é uma coisa boa, que nenhuma menina já teve essa conversa de manhã, hein? — Eu pergunto mais calma, forçando a borda dura em minha voz. Olhos cinzentos voltam para os meus lábios, fazendo-me separa-los e tirando o meu fôlego. Aston esfrega o queixo, me estudando com cuidado. — Sim, é não é? — Ele responde tão silenciosamente como eu fiz. Lila tosse, e eu olho para longe de Aston. Seus olhos se agitam entre nós, e eu pego a minha bolsa. — Eu tenho que ir para a aula. Te vejo mais tarde. — Eu me levanto e saio sem olhar para trás. Lila é a versão de Sherlock Holmes adolescente. Se ela tiver qualquer suspeita de que alguém está tramando algo, então ela vai seguir o seu rabo ao redor até que ela chegue ao

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fundo da questão. Se não formos cuidadosos, Aston e eu vamos tê-la em nossas costas. Mas, enquanto eu ando de volta para o campus principal, eu não posso parar de pensar sobre o que ele disse. Ele disse que eu significava alguma coisa, que eu era mais do que apenas só uma noite para ele - mas o que é esse ―mais‖? Não importa. Isso não pode acontecer. Aquela noite não deveria ter acontecido, de modo que qualquer outra coisa definitivamente não deve acontecer. E se ―qualquer outra coisa‖ for o mais? E se nós dois quisermos mais? O que aconteceria então? Eu posso lutar contra a minha necessidade por ele. Não há a chance na Terra de que eu seja capaz de lutar contra qualquer coisa se ele me quiser, também.

**** Maddie e Lila enrolam os braços através do meu, e eu não estou surpresa quando começamos a caminhar na direção da Starbucks. — Por que tenho a sensação de que eu não vou gostar de qualquer conversa que estamos prestes a ter? — Eu gemo. Maddie encolhe os ombros. — Eu não tenho nenhuma ideia. — Pode ser, oh, eu não sei... Talvez o fato de que vocês me amarraram e estamos nos dirigindo para a ―sala de bate 45

papo‖ da Starbucks? — Eu disse impassível, olhando para Lila. — E o fato de Lila ter aquele sorriso em seu rosto que significa que ela está aprontando. — Ok. — Lila suspira enquanto ela empurra a porta aberta. — Vá se sentar. Eu vou pegar um café. — Isso não é bom, — murmuro para mim mesma. — O que ela fez? O que ela quebrou? — Nada. — Maddie me empurra para baixo em uma cadeira e senta-se à minha frente. — Ela não fez nada. — Então, ela está prestes a fazer algo, e se ela está me comprando café, eu não acho que vou gostar muito. — Bem, é um ―talvez baby‖ exista uma situação. — Ela bate no queixo. — Você ou vai amá-la ou odiá-la, mas eu não acho que importa... — Porque eu vou fazer isso de qualquer maneira, — Lila canta, colocando uma bandeja em cima da mesa na nossa frente. — Eu não vou mentir para você, eu estou começando a ficar um pouco assustada. — Apenas diga a ela, Lila! — Maddie exclama. — Antes que ela pegue o café e jogue em você! Eu pego o meu café e aponto-o na direção de Lila. — Okay! Então, eu estive pensando, — ela começa. — Que nunca é uma coisa boa, — eu interrompo.

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— Qualquer que seja. Tenho notado que você e Kay são as únicas solteiras no bar - e eu nunca sonharia em fazer isso com ela. — Caramba, você notou que eu estou solteira? — Ela está sempre com algum errr alguma menina, eu estou com Ryan, e Maddie com Braden, deixando-a sozinha. — Oh, não. — Eu sei exatamente onde ela está indo com isso. — Então, eu estava pensando que você precisa de um cara... — Não. — Então você não vai estar sozinha. Obviamente Aston está fora de questão... Ha. — E Braden vai chutar o seu traseiro se você tentar ficar com alguém da casa da fraternidade, — Maddie ressalta. — Mas a casa da fraternidade é apenas uma pequena parte dos caras incrivelmente saborosos deste campus. Quero dizer, vamos lá. — Lila olha em volta um pouco e se inclina para a frente, baixando a voz. — Você já viu James Lloyd ultimamente? Puta merda! Ele está na minha aula de matemática e ele realmente é quente como o inferno. — Namorado, — Maddie lembra com um suspiro. — O ponto é Megs, nós não queremos que se sinta deixada de fora. — Eu já disse que me sinto deixada de fora? — Eu olho para as duas. 47

— Bem, não... — Mas eu sinto que você está, — pressiona Lila. — E eu não quero que você esteja. Sabe, em nome da amizade e lealdade feminina em todos os lugares, realmente é do seu melhor interesse me deixar juntá-la com um cara quente. — Do meu melhor interesse, ou do seu? — Eu levanto uma sobrancelha. — Seu definitivamente o seu. — E se eu disser que não? — Ah, isso não importa. — Você não fez. — Ela fez. — Maddie acena com a cabeça. — Você tem um encontro amanhã à noite para a festa de Marcos. — Lila sorri.

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Capítulo Seis Aston

O

tempo passa muito rápido. Rápido demais. Nos seis dias desde Megan, eu lentamente tenho recuado para a minha própria mente. Cada

dia

traz

um

novo

conjunto

de

memórias, fatiando um novo conjunto de cicatrizes. Todos os dias, cortes abrem uma nova ferida que sangra durante horas. Cada conjunto de memórias começa um novo ataque de cortes dentro da minha mente que nunca vai cicatrizar. Cada um tem sua própria forma, seu próprio significado, a sua própria dor. Cada um é um lembrete de porque eu não posso dar a Megan o que ela merece. Quebrado. Despedaçado. Incompatíveis. São as três primeiras palavras que eu penso quando eu tenho que me descrever. Inútil. Sem valor. Nada. Essas são as três seguintes. As palavras que foram batidas em minha mente tantas vezes, por tantas vozes, por tanto tempo. São as palavras que se arrastam sob a pele, rastejam seu caminho em você e nunca mais saem. 49

Uma boa palavra pode permanecer com você por alguns instantes fugazes, enquanto uma má nunca vai sair. É muito perto das palavras que tanto destroçaram e construíam a minha vida. As palavras que me quebraram e me salvaram. Ela se foi. Eu esfrego as minhas mãos nos meus olhos, inclinando para frente, e tomo uma respiração profunda. Eu levanto de repente, atravesso todo o quarto e abro minha porta. Deixo-a bater atrás de mim enquanto eu voo escada abaixo para onde a música está pulsando pela festa de aniversário do Mark, aluno do segundo ano. Eu pego uma garrafa de cerveja na geladeira e abro-a, levantando a borda até meus lábios e deixo o líquido frio correr na minha garganta. Eu preciso esquecer. Eu não me importo com quem eu esqueça, eu só preciso esquecer toda a merda de antes. Seria muito mais fácil se Megan Harper não tivesse fodidamente me arruinado para todas as outras meninas. Seria certamente fodidamente muito mais fácil se eu não estivesse comparando os lábios de todas as jovens ao rosado suave lábios dela, ou seus olhos de uma interminável lagoa azul. Sim. Seria muito mais fácil se nunca tivesse acontecido. Eu vejo uma garota do outro lado da cozinha. Seus olhos escuros me dão uma olhada e ela joga seu cabelo preto por cima do ombro, seus lábios curvando-se num sorriso. Eu 50

me inclino contra o fim do bar, vendo o seu corpo esguio. Ela passeia para mim com confiança e me dá um sorriso deslumbrante. — Posso ajudá-la? — Eu sorrio, girando a garrafa de cerveja entre os dedos. Ela dá um passo mais perto, e meus olhos caem para o peito. Seus peitos estão quase derramando do seu sutiã de renda preta subindo acima da borda de sua camisa. — Eu não tenho certeza, — diz ela em um tom sensual. — Mas eu tenho certeza que eu posso te ajudar. Ela arrasta um dedo pelo meu braço, inclinando-se ainda mais perto. Woah - Eu adoro as meninas para frente, mas essa garota nunca ouviu falar de espaço pessoal. Eu dou um passo para trás ligeiramente. — E como você pode fazer isso? — Será que você não apenas gostaria de saber? — Ela corre a língua sobre o lábio superior em um movimento que eu tenho certeza que ela pensa que é sexy, mas ele simplesmente não está fazendo isso para mim esta noite. Eu vejo a cabeça de uma loira por cima do ombro e viro os meus olhos lá. Megan pega uma dose e bate o copo na mesa, olhando por cima do ombro e olhando para a menina na minha frente. O cara ao lado dela diz algo e eu ouço-a rir baixinho, o som me irrita. Ela se inclina para mais perto dele, alisando o cabelo todo para um lado. Suas pernas estão cruzadas sobre o banco, a saia preta apertada mostrando a pele suave de sua coxa. 51

As coxas que eu quero enroladas no meu pescoço e minha cintura. Eu bebo um pouco, ignorando a menina na minha frente, e vejo como Megan franze os lábios em torno de um canudo. Os lábios que eu quero nos meus. Sua mão atravessa o cabelo, afofando-o e deixa-o cair em um estilo bagunçado. A mão que eu quero enfiar meus dedos enquanto eu seguro-a debaixo de mim, bagunçando o cabelo de uma forma totalmente diferente. Ela olha por cima do ombro, olhos azuis frios quando eles encontram os meus. Ela sorri, mas não há nada de verdadeiro nisso. Sua cabeça gira e ela diz algo para o cara antes dela desaparecer no meio da multidão. É um jogo de merda. Ela está jogando como se eu fosse uma guitarra e ela é a única dedilhar as cordas. Eu volto a minha atenção para a menina na minha frente, realmente não a vendo. — Olha querida, você não é realmente o meu tipo. Experimente o cara do outro lado do bar. Parece que ele poderia usar um pouco do seu auxílio. — Eu aceno para o cara que Megan estava falando e saio, deixando a garota descontente atrás de mim. Deixo a casa da fraternidade, o ar mais frio do lado de fora enquanto Berkeley se move lentamente para o inverno, e atravesso a rua para o campus principal - e dormitórios das meninas. Ainda bem que ela divide com Lila, eu sei seu prédio e o número do seu quarto. E eu sei que é onde ela 52

estará. Ela conseguiu tirar fora de mim à reação que ela queria. Eu não estou pensando sobre o que eu estou fazendo. Eu não estou pensando que isso pode me prejudicar, o que pode acontecer depois disso, ou até mesmo como eu vou me sentir. Tudo o que posso pensar é em Megan e ela me ajudando a esquecer. Se eu não posso esquecê-la, eu preciso esquecer o meu passado com ela esta noite. Amanhã, eu vou lidar com as consequências de merda que virão. Eu pisco para o par de meninas que me deixam entrar em seu bloco de dormitório e subo as escadas de dois em dois para o andar dela. Eu bato na sua porta duas vezes e me apoio no batente da porta. — Não há ninguém aqui, — ela grita. Eu bato novamente. — Abra esta maldita porta, Megan, me ajude ou então eu vou derrubá-la. A fechadura estala e ela range aberta. — Não é preciso ser um idiota sobre isso. O que diabos você está fazendo aqui? Eu desloco-a para o quarto e fecho a porta, virando-me para girar a chave na fechadura. Seu quarto é arrumado, um forte contraste com a bagunça do meu, é assim que é Megan. Os livros estão empilhados sobre a mesa, tanto os escolares ou não, e apesar de que ela está escondendo isso, eu posso 53

ver os brinquedos de pelúcia debaixo da cama. Roupas estão empilhadas sobre a cadeira no canto, e a julgar pela cama arrumada ao seu lado, eu estou supondo que elas são de Lila. — Olá? Que diabos você está fazendo aqui? — Ela repete. Eu olho para ela. — Honestamente? Eu não tenho nenhuma porra de ideia. — Aquela garota não era o seu tipo? - Seus peitos eram muito grandes dentro do top para você? — Megan levanta as sobrancelhas. — Ciúme não fica bem em você, Megs. — Eu giro por isso estou bem na frente dela e ela de costas contra a porta. Ela inclina a cabeça para cima, olhando para mim desafiadoramente, e seu top desliza fora de seu ombro ligeiramente. — Eu não era a única que parecia que queria arrancar a cabeça de alguém na festa. Eu achato as minhas mãos na porta de cada lado da cabeça dela, encurralando-a, e movo o meu rosto para o dela. Meus olhos procuram o azul em frente a mim. — E eu não era o único que parecia que queria arrancar fora as extensões de alguém, — eu digo baixinho. — Quem está com ciúmes, Megan? — Você, — ela sussurra. — Não tenho porque ter ciúmes. — Você está certa. — Eu deixo cair uma das minhas mãos em sua cintura, flexionando os dedos. Ela aperta o 54

punho, olhando para mim com firmeza. — Você não tem nada para ter ciúmes, porque eu estou aqui e não lá. — E exatamente por que você está aqui? Eu fico olhando para ela, quase sem respirar, sem me mover, e as palavras queimam seu caminho até a minha garganta com uma necessidade feroz de sair. — Porque eu preciso de você. Eu preciso sentir você de novo. Uma vez não foi suficiente. Uma vez nunca será o suficiente. Os lábios dela partem um pouco e seu corpo relaxa um pouco. Seu peito se ergue quando ela inspira — você... — Ela engole. — Você não deveria estar aqui. — Eu não deveria estar, mas eu estou. — Isso é errado. — Sim. Ela faz uma pausa e fecha os olhos por um segundo. Quando os abre, calor ruge para a vida neles. — Mas eu não me importo. — Nem eu — eu bato meus lábios nos dela, quente e duro. Seus dedos cavam em meus ombros e prensa seu corpo contra o meu, moldando a forma de mim. Eu beijo-a com mais força, fazendo-a inclinar para trás um pouco, e eu estou esticando através do meu jeans com a força da minha necessidade por ela. Eu passo as minhas mãos através de seu corpo como se eu estivesse morrendo de fome, o que estou. Eu toco e 55

seguro, suave e duro, sondagem e cócegas. Eu varro a minha língua em sua boca, profundamente, desesperadamente, precisando e querendo provar cada centímetro de sua boca. As costas dela batem na porta, e ela choraminga. Seu lábio inferior está macio e inchado entre meus dentes, quando eu puxo-o ligeiramente, e gemo sem fôlego enquanto eu libero-o. Ela abre os olhos, o peso de suas pálpebras aumentando o fogo ardendo neles. Meu olhar é firme, minha posse sobre ela não menos. Eu ligo meus dedos sob sua camisa, tremendo ligeiramente, resistindo à vontade de rasgá-la longe de sua pele bonita. Sua respiração pesada entre os lábios, e estamos tão perto que eu quase posso prová-lo. — Megan, — eu sussurro meu coração batendo. Eu sei como isso é ruim. Sei que nada de bom pode vir disso. Três dias atrás, ela estava me xingando, me odiando, e agora ela está presa contra sua porta por mim. Eu encarno tudo o que ela odeia. Mas eu não dou a mínima agora. Eu preciso dela. Eu preciso dela tão malditamente mal que me assusta. Suas mãos deslizam sobre meus ombros e meu pescoço até a parte de trás da minha cabeça, onde ela afunda os dedos no meu cabelo, enrolando-o em volta deles. — Não, — ela respira para fora. — Isso é errado. Tão errado. Mas eu não consigo parar. Eu não posso parar. Ar corre dos meus pulmões em suas palavras, e eu levo sua boca com a minha duramente. 56

Sua língua desliza em meus lábios, se contorcendo um pouco na costura deles. Eu deslizo a minha para fora, acariciando a dela, e eu soco minhas mãos por suas costas, puxando-a pela porta ligeiramente. Seu beijo é exigente, pedindo e me dizendo o que ela quer, ao mesmo tempo. Eu sou incapaz de negar-lhe isso. Eu sou incapaz de negar-lhe qualquer coisa. Seus quadris moem contra o meu e despertam um desejo primitivo dentro de mim. Eu quebro o contato de nossas bocas e tiro sua camisa por cima da cabeça, deixando meus olhos percorrerem todo o seu corpo por um tempo. Seu peito está subindo e descendo rapidamente, e eu perco meu próprio fôlego. Ela não é perfeita. Seu estômago não é perfeitamente tonificado, a cintura não é pequena, e ela tem a melhor maldita bunda que eu já toquei - mas é por isso que ela é tão bonita. O que ela vê como imperfeições fazem com que ela seja linda para mim. Meus olhos sobem de volta para ela, e eu vejo sua cautela. Eu movo minhas mãos dela e puxo-a para longe da porta, recuando em direção à cama. A cautela se transforma em fogo, e seus lábios inchados se separam novamente. Eu a puxo com força para mim, o peito quase nu batendo contra o meu, e deixo suas mãos ir. Eu beijo-a duro e afundo minhas mãos em seu cabelo, correndo os dedos através dele até as pontas. Minhas mãos descem para a curva da sua bunda, e

57

suas mãos seguram minha cintura, suas unhas cavando dentro. Eu deslizo meus dedos dentro do cós da saia e seguro a pele lisa lá, massageando-a. Ela choraminga, me segurando com mais força, e eu beijo em seu pescoço. Sua cabeça cai ligeiramente para trás e ela choraminga novamente. Eu giroa, deitando-nos na cama. Eu beijo ao longo de sua clavícula, redemoinho minha língua sobre a curva de seu peito e respiro quente e fortemente para baixo do seu estômago para o botão segurando a saia para cima. Eu trago minhas mãos, desencaixo o botão e puxo-a dela. Ela está olhando para mim com seus grandes olhos azuis e eles são tudo menos brincalhões. Eles estão com desejo e quentes, moldados com longos cílios em pálpebras pesadas. Meu sangue corre através de meu corpo com seu olhar e eu não posso evitar, a beijo novamente, porque, porra, se ela ficar me olhando desse jeito, eu vou terminar antes de começar. Eu seguro seu pescoço com uma mão e a outra desliza dentro de sua calcinha. Ela engasga com o toque da minha mão fria em sua carne quente e molhada. Eu deslizo meus dedos ao longo dela antes de deslizar um dentro dela, curvando ligeiramente. Ela dobra a perna na altura do joelho e levanta os quadris para mim. Meu dedo desliza com facilidade, e não tenho certeza de quanto tempo mais eu posso mantê-lo.

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Sentir seu corpo macio sob o meu, o seu aperto no meu dedo, e seus dentes raspando meu lábio inferior é quase mais do que posso suportar. Toda vez que ela acaricia a minha língua com a dela eu me sinto como se ela estivesse acariciando ao longo do comprimento do meu pau. Os dedos de Megan escorregam dentro das minhas calças, as pontas deles roçando a ponta do meu pau, e ela puxa o tecido. Eu libero a boca, beijando a mandíbula, trabalhando meus dedos dentro dela. — Fora, — ela respira. — Aston. Por favor. — Os ecos da sua respiração pesada no meu ouvido, e eu deixo-a seguir. Eu levanto, arrancando minhas calças, seguido por minhas boxers, e rolo uma camisinha. Eu me inclino sobre ela, correndo a mão sobre sua coxa até sua calcinha e retiroa. Ela empurra a mão contra o meu peito. — Vire-se, — sussurra. Eu caio de costas, e ela sobe em cima de mim. Se eu já não tivesse fodidamente duro, eu com certeza ficaria agora. Ela estende a mão entre as suas pernas e envolve seus dedos em torno de mim. Eu empurro-o levemente, e ela inclina seu corpo para frente. Seu cabelo cai como uma cortina em torno de nossos rostos enquanto ela toca sua testa na minha e abaixa sobre mim. Ela

respira

pesadamente,

sua

respiração

correspondendo a minha, e eu seguro seus quadris para eu não me bater para dentro dela como eu quero. Ela move a 59

mão dela enquanto ela me leva totalmente, o aperto quente dela me engole. Seus dedos vagueiam em meu peito, e eu olho para seus olhos fechados. Seus quadris se movem, para cima e para baixo, ondulando, moendo, seus músculos retesando. Ela pode mover-se como nada que eu já senti antes porra, e quando os peitos

esfregam

contra

o

meu

peito,

seus

mamilos

endurecidos raspando pela minha pele, eu cravo meus dedos mais fundo em seus quadris. Eu quero penetrar meu pau nela mais profundo, por todo o caminho. Eu quero ver o brilho do suor que eu sei que está revestindo sua pele. Eu quero sentir sua respiração em toda a minha pele. Eu quero prendê-la a essa maldita cama e fazê-la gozar tão forte que ela desmaie. E então eu quero abraçá-la até que ela volte a si. Megan grita, e eu cerro os dentes. O som viaja através do meu corpo, direto para a parte do meu corpo mais perto dela do que qualquer outra coisa. Seus músculos apertam em torno de mim, e eu não posso lutar mais. Eu levanto os quadris ligeiramente, agarrando-os e começo a me mover dentro dela do jeito que eu quero. Rápido, furioso, desesperado. Eu empurro nela até que eu sinto todo o seu corpo apertar em cima de mim, e seus músculos apertando-me. Ela agarra meu cabelo com força, empurrando o rosto no meu ombro, e grita bem alto. Eu sinto o aumento dentro de mim, e enquanto ela desce do seu orgasmo, eu seguro-a contra mim, ainda batendo nela. Seus 60

músculos se contraem e relaxam, puxando meu próprio orgasmo para fora de mim. Eu deixo ir, rosnando o nome dela em seu ouvido, e afrouxo o meu aperto sobre ela. Eu movo minhas mãos por suas costas, lisas do suor, e beijo seu pescoço uma vez, duas, três vezes. Ela vira o rosto em meu pescoço, e eu sinto as bochechas se mover quando ela sorri. — Mmph, — ela murmura. Eu dou risada, precisando deixá-la ir, mas não consigo. Mesmo quando ela move-se sobre os braços e as pernas trêmulas, eu não quero deixar meus braços caírem para longe dela da maneira que eles fazem. Ela sorri para mim, pega suas roupas, e se dirige para um pequeno banheiro ao lado do quarto dela. Eu me empurro para cima dos cotovelos, deixando minha cabeça cair para frente por um segundo, aceitando a realidade da situação. A realidade é que eu estou bem e verdadeiramente fodido - e não apenas no sentido físico. Eu estou fodido em todos os sentidos possíveis. Eu me levanto rolo para fora o preservativo, e despejo-o no lixo. Eu me limpo com algum lenço e começo a me vestir. Estou prestes a puxar a minha camisa sobre a minha cabeça quando eu ouço a porta aberta e Megan falar em voz baixa. — Temos que ir e fingir, não é? — Ela olha para mim, com o rosto sério. — Temos que fingir que isso nunca aconteceu. Assim como da última vez. — Ela deixa os olhos caírem para o chão. 61

Eu coloco minha camisa sobre a minha cabeça, enquanto eu atravesso o quarto até ela. Eu paro em frente a ela, respirando fundo. — Sim. Essa é a ideia geral. Ela suspira pesadamente, soltando a mão da maçaneta da porta atrás dela. — Eu achei que seria. — Mas isso não significa que temos que fingir que não existimos. — Eu toco sua cintura antes que ela possa moverse, e ela vira o rosto para mim, com a testa franzida ligeiramente. — O quê? — Eu não sinto vontade de ter meu traseiro chutado por Braden, mas por alguma louca razão sair daqui andando sem saber que você ainda vai estar aqui, me deixa louco, — eu admito, segurando seu olhar. — Eu não vou sair daqui sem você me prometer que ainda estará aqui, Megan. — Aqui para o que? Sexo? Porque eu posso conseguir isso em qualquer lugar, Aston. Não é exclusivo para você, — ela rosna, me empurrando para longe. — Eu não vou fazer isso. Eu agarro-a de volta, segurando-a contra mim. Eu baixo a minha boca para sua orelha, e eu posso sentir o ligeiro tremor na maneira como ela se segura. — Eu disse que precisava de você esta noite. Eu nunca disse que era apenas sexo. Supondo, Megan. Nós todos sabemos o que acontece em seguida. 62

— Sim, mas você já é um idiota, então eu não acho que faria muita diferença. Meu queixo aperta. — Encare isso, baby, você precisa de mim tanto quanto eu preciso de você. Talvez eu precise de você mais. Eu não descobri ainda, mas acredite em mim, Megan Harper, se eu tiver que sair desse quarto sem você me prometer que você é minha, eu vou voltar e te perseguir. Eu vou atrás de você, e se eu a tiver, eu vou prender seu corpo nu, tremendo, em uma maldita cama até você dizer isso. Ela solta a respiração e calafrios. Seu corpo relaxa contra o meu um pouco enquanto ela envolve seus braços em volta da minha cintura. — Eu vou estar aqui, — diz ela em meu peito. — Eu não sei se havia alguma chance de eu não estar. Eu inclino seu rosto para o meu e pressiono nossos lábios. Eu poderia me arrepender. Eu vou me arrepender disso. Porque ela me faz sentir. Ela me faz sentir humano novamente, como uma pessoa, em vez de como uma casca vazia sem alma. Ela me faz sentir de verdade, mesmo que seja apenas por um curto período de tempo, enquanto eu estou com ela. Eu belisco seu lábio superior. — Bom, — eu digo contra sua boca. — Porque eu estava debatendo seriamente sobre te amarrar na cama. Ela sorri. — Talvez da próxima vez.

63

Capítulo Sete Megan

M

inha cama cheira a ele, e eu estou sendo uma

total

adolescente,

me

aconchegando debaixo dos cobertores

em vez de me levantar. É um aroma picante que é tão fora de lugar na Califórnia, mas tão certo para ele. Eu

me

sinto

um

pouco

como

Julieta

agora,

secretamente apaixonada e segurando-o desesperadamente. Claro, isso é provavelmente muito mais adequado para uma garota de 13 anos de idade do que para mim, mas eu irei tomá-lo, porque isso é tudo que tenho. A ideia de contar a Braden passa pela minha cabeça. Por que não? Essa é a coisa decente a fazer - a coisa certa a fazer. Eu deveria dizer a ele e acabar logo com isso. Ele provavelmente vai me ignorar por alguns dias e tudo bem, socar Aston, mas certamente seria mais fácil do que fingir? Não, não o faria. Dizer-lhe significaria admitir que ambos mentimos sobre o último fim de semana. Dizer-lhe apenas causaria dor desnecessária - para todos nós. Rasgaria Braden e ele rasgaria Aston e nos separaria antes de nós mesmo estarmos juntos. 64

Mas será que estamos mesmo juntos? Eu não tenho nenhuma ideia. Eu estou completamente, absolutamente certa, certa ao ponto de dizer a Braden? Não há nenhuma razão em tê-lo irritado com algo que pode até não ser. Sim. Isso me faz sentir melhor. Um pouco. Eu inspiro profundamente, tomando um último cheiro de Aston, e saio da cama, a minha decisão egoísta tomada. Eu bato de volta a culpa borbulhando para cima e entro no chuveiro. A água quente passa por cima do meu corpo, aliviando o retesamento dos meus ombros. Mas não a tensão. Esta ainda está lá – só que a tensão que está dentro, em algum lugar, a batida relaxante da água não pode alcançar. Eu

saio

do

chuveiro

e

me

visto

rapidamente,

empurrando o meu cabelo molhado em cima da minha cabeça com alguns grampos. O dormitório ainda está tranquilo, e eu espero que a única pessoa na casa da Fraternidade seja Lila - mesmo porque ela passa mais tempo lá do que em nosso dormitório. Meus braços abraçam o meu casaco mais apertado ao redor do meu corpo enquanto eu cruzo a partir do campus principal

até

a

casa.

As

temperaturas

estão

caindo

rapidamente e é evidente. É uma grande distância do Sul da Califórnia, isto é certo. Eu agarro a maçaneta da porta com força e puxo a porta ao mesmo tempo em que é empurrada a partir do interior. Eu chio um pouco, pulando. Duas mãos agarram meus braços,

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mãos que eu conheço. Eu olho diretamente nos olhos cinzentos. — Cuidado, — murmura Aston com um sorriso, esfregando o polegar em meus braços. — O que você está fazendo acordado? — Eu pergunto. Eu nunca o vi sair da cama antes das onze a menos que ele tenha classe. — Indo para uma corrida. Eu posso fazer isso, não posso? — Ele levanta uma sobrancelha, ainda sorrindo, e deixa os braços caírem. Suas palmas escovam meus braços e os dedos trilham ao longo de seu caminho. Arrepios sobem como se fosse pele na pele, e eu perco o fôlego levemente. As pontas dos seus dedos pincelam os meus enquanto suas mãos caem longe de mim completamente. — É claro, — eu consigo dizer e decido fazer minha próxima pergunta silenciosamente. — Alguém mais está acordado? — Eu articulo com os lábios. Ele acena que sim com a cabeça. — Estou surpresa que você está acordado tão cedo.

Quero

dizer,

você

normalmente

não

está

se

recuperando de tudo o que você arrastou para cima na noite anterior? Um músculo sob seus olhos contraem, e realmente me dói dizer isso. — Oh, a noite passada foi diferente das outras noites, — diz ele em sua voz arrogante. Os olhos fixados nos meus são mais suaves do que a borda em seu tom. — Na verdade, eu não acho que vou esquecê-la tão cedo. 66

— Vou deixá-lo lembrando então. — Eu passo para o lado, lutando contra o desejo de alcançá-lo da maneira que eu fiz ontem à noite. Ele se move para mais perto, seus lábios roçando minha orelha. — Boa escolha. Eu assisto-o por cima do meu ombro enquanto ele foge. Sua camisa está agarrada ao seu corpo, suas pernas fortes quando batem contra a calçada. Corrida - isso explica aquele abdômen duro e definido dele. — Se ele puxasse essa merda em torno de Braden, sua bunda estaria na calçada. Eu me viro de repente, ficando cara a cara com Maddie. Ela está se inclinando contra o corrimão casualmente, seus olhos em mim. — Na verdade, — ela continua. — Estou surpresa que você não colocou sua bunda no lugar. — Qual é o ponto? — Eu dou de ombros e entro na casa. — Não feriria seu ego demasiado grande, nem cortaria uma parte dele fora. — Nunca te impediu antes. — Estou aprendendo a escolher minhas batalhas. — E, pondo um egoísta, idiota arrogante em sua bunda não é uma das suas batalhas?

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— Não... Não mais. — Eu deslizo sobre um banquinho na cozinha e olho ao redor. — Uau. Este lugar foi destruído ontem à noite. — Você não tem ideia. — Maddie inicia a máquina de café. — Então deixe-me adivinhar - Braden foi a última batalha egoísta que você lutou? — Não. Eu não lutei contra isso - eu simplesmente passei ele para você — eu sorrio... — Falando de mim de novo, meninas? — O tema da nossa conversa entra na sala vestindo apenas um par de calças de moletom. Ele joga sua camisa para mim enquanto ele passa. — Eu pensei que vocês estivessem fazendo algo produtivo. Não é, geralmente, o que vocês fazem? — Eca. Coloque isso. — Eu lanço sua camisa de volta. — Eu não quero ver você seminu tão cedo da manhã. Na verdade, eu tenho certeza que eu não quero nunca mais te ver seminu. Braden sorri e puxa sua camisa sobre a cabeça. — Você está com inveja porque você não tem um corpo como o meu. — Ele envolve seus braços em volta de Maddie e mostra a língua para mim. Eu faço o mesmo de volta. — Eu não quero um corpo como o seu. Estou feliz com o de menina, muito obrigado. Você pode manter seus músculos. E por manter, eu quero dizer mantê-los sob sua camisa, Bray. Maddie revira os olhos e se contorce fora de seu controle. — Eu não sei como lidar com vocês dois. Eu diria 68

que são como irmão e irmã, mas é verdade. Você é cadela como ela. — É porque, apesar das diferenças de DNA, nós somos irmão e irmã, — protesta Braden. — E agradeço a Deus por essas diferenças de DNA! — Eu tomo uma xícara de café oferecido por Maddie. — Eu concordo. Quem sabe o que eu teria feito se eu acabasse como você. Eu mordo meus lábios. — Cuidado, Carter. Eu sei todos os seus pequenos segredos sujos, lembra? —E eu sei os seus. — Ele balança as sobrancelhas. Não, você não sabe. — Eu não tenho segredos sujos. Você fez tudo para garantir isso. — Com certeza que eu fiz. Mas você acha que eu não sei sobre Sam Carlton no último ano? Eu sei. — Então é daí que o olho roxo veio. — Com certeza. — Você é de verdade? — Maddie olha para Braden. — Você lhe deu um olho roxo porque Megan teve relações sexuais com ele? — Não. Eu dei-lhe um olho roxo porque ele teve relações sexuais com Megan, — Braden explica. — Há uma diferença. Eu dou um gole no meu café, e Maddie pisca para ele. — Você realmente tem sido reencarnado da Idade da Pedra, não 69

é? Você obteve sua grande clava e balançou-a para ele? Talvez você tenha subido nas costas de um tigre dente de sabre e rosnando para ele? Eu engasgo, cobrindo minha boca com a mão para que eu não cuspa o café em todos os lugares. — Só há uma clava que tem balançado por aqui — Uh-uh. — Ela segura sua mão. — Não fique sexual para mim, Braden Carter. Não me admira que Megan esteja tão tensa. Ela não está obtendo nenhum, porque você ainda está assustando todos para longe! — Eu não estou tensa! — Eu chio. E eu estou tendo um pouco. Pra você ver. — Eu não os assusto! — Braden argumenta. — Eu simplesmente aviso-os que eles podem acabar encontrando meu punho se eles a pegarem para coçar sua coceira1... — ele termina em um murmúrio contra o copo. — Você está dizendo que desde o início da faculdade? — Eu salto para cima. — Oh meu Deus, Bray! — Apenas um aviso, — ele resmunga. — Apenas um aviso? — Maddie gritou. — Não é de admirar que, de nós quatro, ela é a única que não está em um relacionamento! — Kay não está em um relacionamento, — eu indico. — Ela está em um relacionamento com o sexo. — Maddie encolhe os ombros. — A mesma coisa. 1

Coçar sua coceira: expressão que significa: satisfazer seus desejos.

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— Eu não avisei ninguém desde... — Braden pausa. — Desde que fomos para seus pais e você disse para cada indivíduo nesta casa que se tocassem nela, você, pessoalmente, iria castrá-los, — oferece Maddie. — Bem, sim. Então. — Ele abaixa sua caneca e mordisca a unha do seu polegar — É o cuidado que conta certo? Eu estreito meus olhos para ele e abaixo-me de volta para o banco. Eu não posso acreditar que ele realmente fez isso. Eu sabia que ele era protetor comigo, mas puta merda! Isto é cimentar que o que aconteceu comigo e Aston tem que ficar em segredo - por tanto tempo quanto possível. No entanto por mais incerto que – nós - poderíamos ser, eu posso sentir o peso do pensamento solidificando na minha mente, cada vez mais forte, até que ele seja uma certeza. — Você percebe que eu posso cuidar de mim mesma, né? — Eu o questiono. — Você percebe que eu não tenho mais nove anos no trepa-trepa? — Eu sei, — ele responde em um tom um pouco mais suave, virando-se para olhar para mim. — Eu só não quero que ninguém te machuque, Meggy. Você é minha melhor amiga. Eu quero que você encontre a pessoa perfeita para se apaixonar. — E se eu tiver que ter algumas imperfeições no caminho?

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Ele encolhe os ombros. — É isso que eu vou impedir. Nenhum dos caras aqui são bons o suficiente para você. — Você sempre disse que não era bom o suficiente para mim, — resmunga Maddie. — Eu não era Anjo, e eu provavelmente ainda não sou. A diferença é, eu sabia que eu estava lentamente me apaixonando por você todos os dias. Eu não posso garantir pelos idiotas deste lugar. Eu quero alguém para amar Megan tanto quanto eu te amo. Inferno, eu quero alguém para amar Megan tanto quanto eu faço, e se isso significa que eu tenho que lutar contra todos os caras que vem chamando por ela até que ele apareça então eu vou. Se há duas pessoas que eu sempre vou proteger, são vocês duas. Sim. Braden não pode descobrir.

**** — Não, mãe, eu não estou ficando para trás. — Bem, soa como se um monte de festa acontecesse nessa faculdade. — Mamãe. Minhas notas estão boas. Ela exala o telefone estalando. — Eu acredito em você, Megan, eu só não gosto da ideia de minha menina ficando grávida de um adolescente com tesão. — Você está assistindo muita TV.

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— Bem, aquele ―16 and Pregnant‖2 está em quase todos os lugares hoje em dia. Isso me preocupa. Meus lábios se curvam. — Não vou ficar grávida, mãe. — Bem, pelo menos você está usando proteção? — Eu nunca disse que eu estava fazendo sexo. — Isso vai agradar o seu pai, — diz ela em voz mais efusiva. — Falando de seu pai, nós vamos jantar hoje à noite, então eu preciso ir. — Ok. Divirta-se e dê um beijo no papai por mim. — Eu vou, Megs. Você se comporte. — Eu sempre faço, — eu respondo secamente. — Tchau, mãe. — Eu desligo e solto meu celular na cama, balançando a cabeça. Honestamente. São momentos como este que eu me lembro porque eu vim para Berkeley, em primeiro lugar. Perto o suficiente para visitar, longe o suficiente para a liberdade. Eu me troco e visto um top e shorts de pijama, pronta para fazer um pouco do trabalho escolar na minha cama. A mãe pode acreditar que há festas todos os finais de semana e elas podem até estar lá, mas isso não significa que eu estou em todas as festas todo fim de semana. Apenas um fim de semana... Eu solto um longo suspiro, pronta para enfrentar o trabalho de Inglês que me aguarda, e sento-me no estilo

2

16 and Pregnant ou Grávida aos 16: programa que passa na MTV.

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indiano. Uma batida soa na minha janela antes que eu possa começar, e eu franzo a testa. Minha janela? Eu rastejo sobre minha cama e empurro minha cortina eOlho direito para a cara de Aston. Ele sorri. — O que? — Eu empurro a janela aberta. — Apenas... O quê? — Abra a janela antes que eu caia dessa porra de árvore, — ele murmura, ainda sorrindo. Eu a abro totalmente e sento contra o aglomerado. Ele olha em volta rapidamente, antes de enganchar sua perna sobre o peitoril da janela e lançar-se para o meu quarto. Ele cai de cara na cama, e eu me inclino sobre suas pernas para puxar a janela e fechar as cortinas. — Hum, — eu digo quando ele se levanta. — O quê? — Ele chuta os sapatos e se senta na frente de mim. Eu olho para a janela e de volta para ele, apontando entre os dois em confusão. — Será que você realmente subiu em uma árvore e entrou pela minha janela? — Sim. — Por quê? Aston coloca as mãos espalmadas de cada lado de mim e se inclina para frente, a ponta de seu nariz quase tocando o meu. — Porque eu queria te ver. 74

Eu levanto uma sobrancelha, sem me mover. — Mhmm. — Isso e desde que toda esta coisa é segredo eu pensei que eu poderia puxar alguns movimentos ninja. Eu sempre quis ser uma Tartaruga Ninja Mutante Adolescente, você sabe. — Ele se inclina para frente, pressionando seus lábios nos meus, e eu sorrio. — Quem você era? — Quem eu era? — Qual tartaruga você era? Você não sabe que é definido por sua escolha de tartaruga? Ele relaxa um pouco, com a cabeça inclinada para o lado. —Sério? Concordo com a cabeça. — Oh, sim. Você tinha que ser a tartaruga certa, ou você não era legal absolutamente. Quem você era? Suas sobrancelhas se reúnem um pouco quando ele franze a testa. — Donnatello. — Você era legal. — Eu pressiono minha mão em seu rosto e suavizo as rugas em sua testa. — Por que você fez cara feia? — Eu não lem... eu estava pensando. — Ele balança a cabeça um pouco e pega a minha mão de seu rosto, ligando seus dedos nos meus. Ele olha para as nossas mãos entrelaçadas por um segundo, virando-as ligeiramente. Sua palma é áspera contra a minha e sua mão é muito maior, abrangendo quase completamente a minha. 75

O silêncio se estende entre nós por um segundo, e eu viro meus olhos para ele. Ele está franzindo a testa novamente, seus claros olhos cinzentos mais escuros. Seus lábios estão franzidos e seu aperto na minha mão aumenta, me fazendo flexionar os dedos. — Aston? — Eu peço baixinho, minha mão livre pairando entre nós, sem saber ao certo se devo tocá-lo ou não. Ele afrouxa seu aperto na minha mão e concentra seus olhos nos meus. — Desculpe... eu ...pensei em algo. Não importa. — Você está bem? — Eu chego um pouco mais perto dele, minha mão decidindo repousar contra seu pescoço. Ele acena com a cabeça. — Eu estou... Tudo bem. Eu puxo o seu rosto para o meu e encosto minha boca na dele. Sua mão serpenteia nas minhas costas, me puxando contra ele, e acho que meu corpo nivela contra o dele. Ele me inclina para trás, baixando lentamente o meu corpo contra a minha cama, e fica em cima de mim. Eu corro o meu pé ao longo de sua perna quando ele corre a sua língua pela minha boca, beijando-me da mesma maneira que ele fez na noite passada. Profundamente. Desesperadamente. Ele se afasta, apoiando a testa no meu ombro por alguns instantes. Ele tira as mãos da minha e levanta-se, andando pelo quarto. O quê?

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Sento-me, meus olhos confusos sobre ele enquanto ele aperta as mãos contra a testa e, obviamente, tomando algumas respirações profundas. — Aston? — Eu não vou fazer isso, — ele resmunga, cavando com as mãos na testa. — Eu não vou fazer isso. Tantas coisas estão acontecendo ao redor da minha mente, eu não sei nem se eu posso colocá-las em palavras, exceto... — Fazer o quê? — Peço baixinho. — Eu não vou... Usar você. Não gosto disso. Não. Desse. Jeito. Não mais. — Ele deixa cair suas mãos e exala irregularmente. — Não você. — Suas mãos estão tremendo do seu lado, é como se ele soubesse que eu posso vê-lo, ele aperta os punhos. Eu fico em silêncio e me movo pelo quarto, parando logo atrás dele. Eu envolvo minha mão em torno de um de seus punhos cerrados e inclino minha bochecha contra seu ombro, minha outra mão envolve em torno de sua frente. Eu afunilo meus dedos contra seu estômago, sentindo todo o seu corpo enquanto ele leva respirações profundas. Ele joga a cabeça para trás contra o meu ombro, virando o rosto para o meu cabelo, e estremece ligeiramente. Este é um lado que eu nunca vi. Concedido, eu nunca vi o lado do Aston que sobe através de uma janela, mas isso... Isso parece um estranho. Isto parece um Aston que só deve existir em um universo paralelo. Isso não se parece com nada do que eu já imaginei que ele poderia ser. 77

Simplesmente eu não sei o que ele é. Eu pensei que ele era um ―tenha o que você vê e veja o que você tem‖ tipo de cara. Agora eu acho que eu estava errada. Agora eu acho que - não, eu sei - há um lado dele que nunca é mostrado a ninguém, que continua enterrado profundamente dentro. A julgar pela tensão de seu corpo, as batidas de seu coração, e sua respiração um pouco irregular, é um lado que ele não quer mostrar. Mas é um lado que eu quero ver. Um lado que eu quero conhecer. Um lado que eu quero corrigir, porque algo me diz que é um lado que é um pouco quebrado.

78

Capítulo Oito Aston

V

ocê não vale nada. Você não é melhor do que a puta da sua mãe. Seu corpo contra o meu. Mão na mão. Pele

contra pele.

Você acha que alguém vai querer você, moleque? Eles não vão. A suavidade de sua mão contra a minha. Você não é nada. O aroma suave de baunilha do seu cabelo. Ninguém vai querer você. Megan. Você não é melhor do que ela. Eu não estou lá. Ratinho. Eu estou aqui. Com Megan. Megan. O calor de seu corpo contra as minhas costas, me segurando agora, quando tudo o que a minha mente quer fazer é ceder e voltar. Ceder e voltar para um tempo da minha vida que eu não quero expor para ninguém. Um tempo que eu não quero expor para Megan. 79

Eu sei que preciso ir embora. Agora. Eu preciso empurrá-la, ir até a janela, abrir e descer pela porra da árvore. Em vez disso, eu viro, segurando-a junto a mim. Minhas mãos espalmadas em suas costas, meus dedos cavando em sua pele, e ela envolve seus braços em volta da minha cintura. Seu rosto pressiona em meu pescoço e ela escova os lábios em toda a minha clavícula, num leve toque. Meu punho aperta nela e eu empurro o meu rosto em seu cabelo novamente, as extremidades fazendo cócegas no meu nariz. Eu balanço minha cabeça ligeiramente, mantendo-a cada vez mais apertada. Sexo. Sexo não faz mal - não pode ferir ninguém. É tudo para o que você vai ser bom. Minha fuga e maneira de lidar. Assim como ela. A única coisa que mantém os demônios acuados e os impede de arranhar os cantos da minha mente. Este fim de semana, 13 anos desde que a mãe morreu, os demônios estão mais fortes do que nunca. As lembranças daquele fim de semana inundam minha mente e não há nada que eu possa fazer para impedi-los. Exceto segurar Megan. Eu não tenho nenhuma ideia o que é sobre ela, mas eu sei que eu preciso dela. E eu sei que para todo o meu esquecimento ao longo dos anos, ela me faz lembrar. Por isso, eu deveria afastá-la. Eu deveria fugir gritando. Mas a dor da lembrança é nada comparada com a suavidade de seu toque quando ela afasta essa dor. 80

E é por isso que eu não vou usá-la, não do jeito que me tornei tão habituado. Eu respiro profundamente e viro o meu rosto para Megan, acariciando o lado de sua cabeça com o meu nariz. — Lila estará na fraternidade hoje à noite? Ela acena com a cabeça contra mim. — Sempre no final de semana. — Suas mãos esfregam ao longo da minha volta em um movimento suave, deslizando sob a minha camisa, com as mãos como seda contra a minha pele. Seus dedos sondam

suavemente,

persuadindo

os

meus

músculos

apertados em relaxamento. — Eu quero ficar, — eu sussurro. — Deixe-me ficar. Ela se afasta, levando uma das mãos das minhas costas e colocando-a em volta do meu corpo. Ela sobe no meu estômago e no peito, finalmente encostada ao lado do meu rosto. Abro os olhos para encontrar os seus grandes azuis, a segurança suave deles me puxam para dentro. — É claro, — responde ela baixinho. — Tudo o que você precisar. Deixo escapar um suspiro. — Eu só preciso de você para me segurar. Megan chega na ponta dos pés e me beija suavemente. — Durante toda a noite? Eu não posso perder a cautela de seu tom de voz, duas palavras simples repletas de incerteza. — Durante toda a noite. 81

**** Um corpo está em cima de mim. Um braço sobre minha barriga, a coxa macia entre a minha, cabelos espalhados em meu peito. Um cabelo que cheira a baunilha. Megan. Isso também explica a dura ereção que eu tenho dentro da minha cueca. Eu mudo ligeiramente, colocando sua perna longe de meu pau, tentando não me concentrar nas curvas elegantes sob meus dedos em movimento. Eu corro meus lábios em sua testa, e ela fareja, aproximando-se de mim. Seu corpo entra em

atrito

com

o

meu,

e

eu

pulso,

meus

quadris

involuntariamente empurrando para dentro dela. Há apenas uma maneira de me livrar disso. Minha mão percorre as costas e eu afundo-as em seu cabelo, correndo os dedos pelas extremidades. Sua boca se curva lentamente para cima em um sorriso, e ela lentamente abre os olhos. — Bom dia, — ela murmura, com foco em mim. — Depende para qual cérebro você está perguntando, — eu respondo, inclinando sua cabeça para trás e tomando sua boca com a minha. Sua mão aperta as minhas costas e ela desliza sua coxa mais para cima de modo a esfregar por baixo do meu pau.

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— Talvez precisemos ter ambos os cérebros de acordo? — ela sugere, expirando. Ela move sua coxa entre as minhas pernas e conecta-as sobre meu quadril, movendo-se com ele até que ela está sentada em cima de mim. Ela esfrega contra o meu pau, inclinando-se e beijando-me com força. Corro minhas mãos por seu corpo e deslizo-as dentro de seu pequeno shorts, segurando sua bunda. Suas mãos deslizam para o meu cabelo, seu corpo entra em atrito com o meu, e eu pressiono meus quadris para dentro dela. Eu deslizo minha língua ao longo da costura de sua boca, molhando-lhe os lábios, e colocando-a dentro de sua boca. Corro ao longo do comprimento dela, provocando-a, cada movimento acompanhado por uma flexão dos dedos. Minhas mãos deslizam debaixo dela, as pontas dos meus dedos roçando sua umidade. Ela faz uma respiração, moendo seus quadris para baixo. Eu nos ajusto na pequena cama para ter ela debaixo de mim e olho para suas bochechas coradas e lábios entreabertos. Seus olhos quentes olham para mim, querendo mais. Estou mais do que feliz pra caramba em cumprir. Eu tiro o top do seu corpo e desencaixo o sutiã, jogandoos no chão, e abaixo minha boca para seus seios. Eu tomo um na minha boca, e suas costas arqueiam enquanto eu brinco com a minha língua em seu mamilo endurecido, esfregando o polegar através do outro. Ela corre seus pés ao longo das minhas pernas, às coxas dela lutando para 83

embrulhar ao redor da minha cintura, e eu volto minha atenção para o outro mamilo. Dou-lhe o mesmo tratamento, provocando enquanto ela engasga. Sua mão se move entre nós e encontra o seu caminho para as minhas boxers. Ela desliza-a para dentro, envolvendo seus dedos gentis ao meu redor e me acariciando levemente. Eu empurro em sua mão e corro minha língua em seu mamilo com firmeza, mas lentamente, fazendo-a se contorcer. Eu beijo até o pescoço, deixando beijos de boca aberta contra ela. Sua mão acaricia o comprimento do meu pau, apertando e torcendo. Esfrega o polegar em toda a minha ponta, girando em torno dela em um movimento rápido. Eu empurro ainda mais em sua mão, rosnado, e ligo os meus dedos dentro de seu short. Sento-me, puxando meu pau de sua mão, e descanso seus tornozelos sobre os meus ombros. Seus shorts deslizam para baixo de suas pernas com facilidade, seguido de um pedaço rendado de material vermelho que eu não posso nem fodendo, compreender agora. Suas pernas se abaixam e eu passo minhas mãos por seu corpo, uma descansando sobre ela. Eu deslizo meu dedo dentro de seu corpo enquanto eu deslizo minha língua em sua boca, e seus quadris levantam. Outro dedo o segue, se afogando na suavidade dela. Eu pressiono o polegar contra o clitóris e agito-o ligeiramente. Ela grita, os músculos de suas pernas retesando, e eu cedo.

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Megan senta porque ela chega na gaveta ao lado da cama e tira um preservativo. Eu empurro minhas boxers para baixo, coloco-o, e descanso meu pau contra sua abertura. Seus dedos agarram os meus ombros, e entro nela, sibilando um suspiro. Seu corpo se fixa ao meu tão forte em cada lugar que estamos nos tocando como se fôssemos uma só pessoa. Eu cubro os seus lábios com os meus enquanto eu bombeio dentro dela, pela primeira vez necessitando da liberação que só ela pode me dar. Apenas Megan. Nossa pele desliza uma contra a outra, as nossas respirações

se

misturam,

e

eu



consigo

focar

no

crescimento do prazer em ambos os nossos corpos. Pela primeira vez, é mais do que sexo. É mais do que eu. Somos nós. Eu quero vê-la se entregar para mim. Eu quero ver o seu corpo

arquear

e

sentir

seus

músculos

se

contraírem

enquanto ela deixa ir. Eu quero ver o brilho nos olhos, ouvir o grito deixar seu corpo, sentir as unhas em minhas costas. Eu quero sentir que ela é completamente minha, por apenas um segundo. Seu corpo ondula sob o meu, empurrando o rosto no meu pescoço. Ela respira pesadamente, com a boca contra mim, e eu sinto isso no meu corpo, quando os dentes raspam minha pele quando todo o seu corpo aperta. Seus músculos seguram meu pau latejante em um punho de ferro, levando-

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me em seu mais profundo até que não há mais nada para dar. A cabeça de Megan cai para trás e seu corpo treme um pouco, dando mais para mim. Eu roubo um beijo enquanto eu esvazio dentro dela, sentindo o momento. Neste momento, ela é minha. Ela pode não ser amanhã, na próxima semana, no próximo mês, mas agora... Ela é fodidamente minha. Eu me movo para retirar dela, mas ela balança a cabeça, puxando-me mais perto. Deixo minhas mãos inserirem sob suas costas e seguro-a contra mim, o calor de seu corpo e o bater de seu coração é tudo o que eu sei, é tudo o que eu sinto. E eu me deixo abraçá-la, perguntando-me se há uma chance dela alguma vez vir a saber a paz que ela me traz.

**** Megan me olha especulativamente. — Eu tenho uma pergunta. — Nunca é bom quando você tem uma pergunta. — Eu sorrio. — Não é tão ruim assim! — Ah, é? Como daquela vez em Inglês quando você prometeu que não era uma grande questão e manteve o professor falando por metade da aula?

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Ela encolhe os ombros, sorrindo um pouco. — Hey, fez a aula mais fácil! Eu me inclino para frente, pegando o rosto dela. — E a porra de um trabalho depois. — Hum, sim. — Ela sorri de maneira fofa, franzindo o nariz. — De qualquer forma... — Vá em frente, então. — Eu espero que a merda que ela pergunte não— Ontem, quando eu perguntei qual tartaruga você era. — Merda. — Você... Você parecia estar em outro lugar. Como... Se você não tivesse ideia do que eu estava falando. Sento-me para trás, palavras e desculpas rodam em minha mente. — Eu tinha aulas em casa, — eu respondo timidamente. — O meu avô me ensinou. — Seu avô? Por que não a sua mãe? Ou o pai? — Eu não posso... — eu me levanto. — Eu não posso ter essa conversa hoje, Megs. Qualquer dia, menos hoje.

— Ele está aqui em algum lugar. Eu tinha deslocado mais para o canto do meu quarto, abraçando meu cobertor apertado. Mamãe ainda não estava em casa. Eu ainda estava esperando, e agora uma senhora engraçada estava na minha casa falando sobre “ele”. Ela estava aqui para mim?

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Não. Eu não queria deixar a mamãe. Eles sempre disseram que isso iria acontecer, os homens grandes. Eles sempre disseram que um dia iriam me tirar de minha mãe. Eu cobri meu rosto com minha mão de modo que eles não poderiam me ouvir respirando e deslizei debaixo da minha cama. Eu me movi de volta para o canto mais escuro, tremendo e tentando não chorar. Eu não quero deixar minha mãe. Eu não quero que eles me levem. A porta do meu quarto se abriu, e eu balancei mais. Não. Não deixe que eles me encontrem. Por favor. A luz acendeu, e eu podia ouvir seus passos em meu piso de madeira nua. Eu podia ver as sombras enquanto caminhavam mais. — Você já viu debaixo da cama? — perguntou uma mulher. — Não. Eu vou fazer isso. Nãonãonãonãonão. Não me encontre. Por favor, não me encontre. Um rosto amável apareceu e se transformou em um sorriso suave de persuasão. A mulher estendeu a mão. — Vamos, agora, querido. Vamos tirá-lo daqui. Eu balancei minha cabeça, encolhendo-me ainda mais. — Eu quero a mamãe, — eu sussurrei. — Eu não tenho ela, querido, mas eu posso te ajudar. Você está tremendo, você está com frio? Eu balancei a cabeça. 88

— Eu tenho um cobertor grosso bom aqui para você. E alguns biscoitos - você gosta de biscoitos? — Biscoitos? — Eu fiz uma careta. — Sim. Eles são muito gostosos e têm gotas de chocolate neles. Gostaria de experimentar um? Eu não tinha ideia do que ela estava falando, mas eu estava com fome. Eu fugi para frente um pouco. — Um biscoito? — Sim. Saia de baixo de sua cama, vamos aquecê-lo e você pode ter um biscoito. Ok, Aston? — Você sabe o meu nome? — Mordi o lábio, meus olhos arregalados, e recuo um pouco. — Sim, eu estou aqui para ajudá-lo. Eu não vou te machucar, eu prometo. Podemos ser amigos, sim, amigos? — ela perguntou em voz baixa. Ela não era um homem. Ela não parecia horrível. Eu não podia ver todas as imagens em sua pele e ela não cheira como os homens. Eu arrastei pelo chão e debaixo da cama. Outra mulher estava lá e eu me afastei quando ela se aproximou. — Está tudo bem, querido. Eu estou te dando esse cobertor para mantê-lo aquecido. — Ela sorriu encorajadora, e eu peguei o cobertor, não querendo que ela me tocasse. A outra mulher abaixou-se e me olhou nos olhos. Agarrei meu coelhinho mais apertado contra mim. — Que tal o biscoito? 89

Eu balancei a cabeça, subi na minha cama. Ela enfiou a mão na bolsa e tirou um pacote vermelho brilhante. Ela abriu o pacote e tirou um roliço círculo marrom claro com manchas escuras. Eu o peguei dela, ainda com medo dela. Meus olhos estavam sacudindo entre as duas mulheres que estavam na minha frente, sendo mais agradáveis para mim do que qualquer um já foi antes. — Experimente, — a primeira mulher persuadiu. — Apenas uma pequena mordida? Eu o trouxe a minha boca e mordisquei uma mancha escura. O sabor doce explodiu na minha boca e eu engasguei, mordendo o biscoito. Meu estômago roncou quando as migalhas

inundaram

minha

boca.

Eu

nunca

tinha

experimentado nada parecido. Foi a melhor coisa do mundo. — Meu Deus, — a segunda mulher respirava. — Os vizinhos estavam certos. O sistema falhou com esse garoto. Ele nunca comeu um biscoito com seis anos de idade.

— Só não hoje. — Eu repito, respirando profundamente enquanto eu deixo a memória ir. Treze anos, e a principal referência que eu tenho desse dia é o primeiro biscoito que eu já comi. — Eu preciso ir. Eu tenho que ir ver o meu avô. Megan olha para mim com preocupação, há tristeza em seus olhos, e eu atravesso o quarto até ela. Eu toco seu rosto com minhas mãos, descansando minha testa contra a dela, e expiro.

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— Não é você, Megs. Há muita coisa sobre mim que você não sabe - muita coisa que eu não quero que você saiba. Não são coisas legais, não é bom, ok? Hoje não é um dia para falar sobre isso. Talvez nunca vá haver um dia. Eu não sei. — Eu quero saber, — ela sussurra, descansando as mãos nos meus braços. — Eu não quero que você saiba. — Eu beijo-a e rapidamente me afasto. Abro a janela, certifico-me que está limpo, e salto para o galho da árvore. Eu olho por cima do ombro, e ela está me olhando ir. Eu faço contato visual com ela por um segundo e viro, saltando para baixo da árvore, indo ver Vovô.

**** — Não achei que eu iria vê-lo hoje. — A voz de Vovô resmunga pela casa. — Hoje é domingo, — eu respondo simplesmente, cruzando a sala da frente e afundando em meu lugar habitual à sua frente. — Não é apenas qualquer domingo. — Ele torce o charuto aceso entre os seus desgastados dedos, olhando para a fumaça dele. — Não significa que eu não vou te ver. — Eu assisto o rodopiar da fumaça. — Pensei que você não queria saber de hoje.

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— Eu não quero, mas eu ainda vou te ver. Você precisa de mim. — Eu preciso olhar para o seu rosto e saber que você se parece exatamente como ela? — Ele dá baforadas em seu charuto, o fim dele um incandescente laranja brilhante. — Você faz você sabe. Você se parece exatamente como ela. — Eu... — Eu arrasto meus olhos para os dele e vejo a dor lá. — Eu sei. — Você é inteligente, também. Assim como ela era. Eu poderia dizer que quando eu comecei ensinando você. Pegou os números como Einstein. Claro, ela era boa com números, mas de uma maneira diferente. Os números da rua. — Eu odeio que muito de mim faz lembrar ela. — Por quê? Porque você odeia as memórias? Suas memórias e as minhas, eles são diferentes, rapaz. Se você me deixasse compartilhar as minhas com você, veria um lado diferente de sua mãe que você conhece. Você veria que ela não é de todo ruim. Ela simplesmente pulou no trem errado e não poderia voltar. — E é isso que ela tornou a nossa vida. Um acidente de trem maldito. Tudo... — E hoje é um dia para lembrar, no entanto, do jeito que você quiser. — Você acha que eu não fiz isso, vovô? Você acha que eu não sou assombrado pelas memórias do passado todos os 92

dias? Você acha que eu não me lembro? Eu não quero lembrar. Nem um pouco. Mas eu faço. — É bom lembrar, — ele empurra e torce o charuto no cinzeiro. — Você tem que se lembrar de onde você veio para ver o quão longe você foi.

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Capítulo Nove Megan

V

amos lá! — Kay implora. — É domingo. Quem diabos faz trabalho em um domingo? — Eu faço, — eu digo a ela. — É para

amanhã, então eu tenho que fazer. — Você não ficou na noite passada para fazer isso? — Ela levanta a sobrancelha. — Sim. — Então por que você não fez? Porque eu estava ocupada com o meu tipo-quasenamorado. — Porque eu dormi cedo. — Você nunca dorme cedo. — Oh meu Deus! O que é isso? Dia de interrogar a Megan? — Eu bato minha caneta para baixo e olho para ela. — Você quer me pedir para contar o lugar que me excita também, enquanto você está aqui? Merda, Kay! Ela bufa. — Sem ofensa, querida, mas eu não estou realmente interessada em você desse jeito, então nós vamos pular o lugar que te excita. Mas por que você dormiu mais cedo? 94

— Pô, eu não sei, Kay. Por que as pessoas costumam ir dormir? Poderia ser porque elas estão cansadas? — Eu suspiro. — Merda, alguém está esperando a mãe natureza! — Não por duas a três semanas. — Então você deve estar grávida... Oh espera... — Kay? Vá se foder. — Eu vou, — ela murmura, puxando a porta aberta. — Tente não ter sua calcinha muito torcida, meu pequeno saco hormonal de alegria! Lanço a minha caneta do outro lado do quarto, batendo na porta. Eu fico olhando para ela fixamente por um segundo, em seguida, aperto a minha cabeça. Na verdade, estou tentando escrever o trabalho - tentando sendo a palavra principal nessa frase. Estou tentando e falhando porque minha mente está presa em Aston e a maneira como ele agiu na noite passada. E esta manhã. O Aston que eu sempre conheci - e por quem eu me apaixonei - é arrogante. Egoísta. Porco. Ele é desinteressado, volúvel, e não pensa em mais ninguém. Mas esse não foi o Aston que vi esta manhã. Eu podia ver isso em seus olhos – uma mais profunda, mais escura parte dele que me faz achar que é apenas atuação dele. Uma atuação. Uma charada para enganar as pessoas.

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Um jogo que ele está jogando com ele, lutando constantemente para vencer. Um jogo que ele está pouco disposto a perder, quaisquer que sejam as regras. Levanto-me para recuperar a minha caneta e acomodome na cama, torcendo-a entre os dedos. Eu não tenho ideia de porque ele disse que precisava de mim ou porque ele disse que não iria me usar. Eu não tenho ideia do por que dele estar agindo do jeito que ele está. Olá, ele subiu pela minha maldita janela. É demais para eu pensar que - talvez - eu poderia fazê-lo melhor? Seja o que for que o persegue, o que é que faz com que seus olhos escureçam da maneira que eles fazem... Talvez eu torne-o suportável. Mas o que é sobre hoje que está assombrando-o tanto? Eu gostaria que ele tivesse me dito. Apenas me dissesse. Eu gostaria de saber se ele está bem. E eu gostaria de ter a coragem de pegar meu telefone e descobrir. Mas eu não tenho.

**** — Então você fugiu do seu encontro na sexta-feira à noite, foi para a cama cedo no sábado, chutou Kay para fora do quarto na noite passada, e ainda não terminou o trabalho? — Lila levanta as sobrancelhas. — Sim, — eu suspiro. — Isso praticamente resume tudo.

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Ela franze a testa, mastigando um Twizzler3. — Por quê? — Porque eu não fiz. — Eu dou de ombros. — Eu não tenho uma razão. Eu acho que eu não estava com humor para fazer trabalho de Inglês neste fim de semana. — Que tipo de humor você estava? — Aparentemente, sonolento. — E a sua desculpa para fugir do seu encontro? — Ele não é meu tipo. — Ele é quente, musculoso, e seu pai é tipo assim, rico. Como ele pode não ser o seu tipo? Nós começamos a partir do gramado e fizemos o nosso caminho para o prédio principal. Lila joga seu saco vazio na lata de lixo antes de passar pelas portas duplas e coloca a sua bolsa no ombro. — Eu não sei, — encolho os ombros — Ele não é. — Deixe-me adivinhar - não havia nenhuma centelha mágica e implacável paixão como a de Sr. Darcy e Elizabeth? — Absolutamente, — eu concordo. — Ele empalidece em comparação com o maravilhoso Darcy. — Você e seus livros. — Ela balança a cabeça. — Não há nada de errado com meus livros. Eles me dão o que eu não tenho na vida real. — Como o cara perfeito? Twizzler: doce popular nos EUA. http://pt.wikipedia.org/wiki/Twizzlers https://www.google.com.br/search?q=Twizzler&espv=210&es_sm=93&tbm=isch&tbo=u&source=univ& sa=X&ei=a5t9Uq22MtK_kQfWn4DoAg&ved=0CDIQsAQ&biw=1600&bih=738 3

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— Exatamente! E até que eu tenha o meu Mr. Darcy, eu não vou parar de ler. Charlie definitivamente não era o Sr. Darcy. — Sabe de uma coisa? Você é uma péssima mentirosa, — diz ela, de repente. — Espere aí - o quê? Como você chegou a essa conclusão quando eu não estou mentindo? — E mais uma vez. — Lila ri. — Eu não sei o que você está escondendo, mas você não está me dizendo à verdade completa. Pelo menos, não sobre este fim de semana. — Ela para do lado de fora de sua classe e inclina a cabeça, me estudando. — Qualquer coisa que você quer compartilhar? Eu olho para ela, vendo seus lábios arrebitados e olhos curiosos. — Não, — eu minto. — Nada que eu queira compartilhar. — Eu acho que eu vou ter que descobrir por mim mesma. — Ela sorri e desaparece em sua classe. Eu tomo uma respiração profunda. Veja, se Sherlock Holmes e Cupido pudessem ter filhos, o bebê seria Lila. Um braço repousa sobre meus ombros. — Sorria Meggy, — Braden diz, me dirigindo para a nossa classe. — Onde está Maddie? — Ela está na cama. Ela está doente. — É melhor que ela esteja apenas doente. — Eu olho para ele incisivamente. — Porra de Inferno, você soa como a mamãe. 98

— É porque eu aprendi com ela. — Eu sorrio docemente para ele e empurro o meu caminho até a escada, encolhendo o braço dele. — Você parece diferente. Mais uma vez? Sério? — Pareço? — Sim. — Como? — Eu olho para ele como se ele fosse louco e entro na sala. — Você parece... Distraída? Sim, distraída. — Braden mastiga seu dedinho. — Eu sou sempre um pouco dispersa, Bray, você sabe disso. Talvez esteja apenas se pronunciado neste fim de semana. — Eu dou de ombros e deslizo em meu lugar ao lado de Aston. Braden se empoleira na borda da minha mesa. — Por que você está sentando ao lado deste burro? — Braden olha para mim, sorrindo. Eu reviro os olhos. — Porque sentar ao lado deste burro é preferível a ter você me dizendo como – diferente - eu pareço hoje. Eu já escutei isso de Lila toda a manhã. — Diferente? — Aston pergunta. — Diferente como? Hey, Megan, você finalmente conseguiu alguma coisa? — Hey, Aston, vejo que você finalmente conseguiu colocar seu pau em suas calças o suficiente para vir para a aula. — Eu sorrio para ele, exagerando para o benefício do Braden.

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— Bem, você sabe... — Ele se inclina para trás em sua cadeira, ligando os dedos atrás da cabeça. — Às vezes é uma tarefa dura, mas eu pensei que eu deveria fazer uma aparição. Não quero que você sinta minha falta, não é? — Eu sinto sua falta como se você fosse um lego sob meu pé. Oh, espere, eu não sentiria falta disso! — Vocês dois sabem o que está parecendo? — Bray olha entre nós. — Eu tenho ouvidos, Braden, — Eu replico. — Curiosamente, eu posso ouvir. — Vocês soam como um velho casal. — Eu disse que eu posso ouvir. — Eu sei. Eu escolhi ignorá-la. — Bem, isso não é uma surpresa? — Vocês dois soam como um casal de crianças do jardim de infância, — oferece Aston. — Vocês dois soam como se quisessem o meu joelho em suas bolas, — eu digo, seguindo o exemplo. — É por isso que às vezes me pergunto se Kay é a pessoa mais inteligente que eu conheço. Caras são irritantes. Braden bufa, pulando para cima. — É claro que somos muito irritantes. Temos que aturar seus irritantes traseiros chorosos. Eu faço uma bola de papel e lanço-a em sua cabeça enquanto ele caminha até sua mesa. Ela salta para fora da

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parte de trás de sua cabeça e ele se abaixa à pega, e lança-a de volta para mim. Eu a pego e sorrio. — Ele tem um ponto, — murmura Aston. Viro-me para ele, olhando-o fixamente. — Eu falei sério sobre a joelhada nas bolas. — Você é realmente muito quente quando você está brava. Eu engulo a bolha de riso dentro do meu peito e luto contra o sorriso que está formando nos meus lábios. — Eu não estou brava, mas eu sempre posso ficar brava, e quando eu ficar, eu vou estar tão quente que eu vou queimar sua maldita bunda. Ele sorri lentamente, aquele sorriso sexy que ele faz, e abaixa as pálpebras ligeiramente. Meu coração bate um pouco mais forte quando eu reconheço o olhar como o seu olhar da cama. — É uma oferta? — Diz ele em voz baixa. Posso sentir os olhos de Braden em nós. — Mesmo que fosse não seria muito mais que uma oferta, porque você não seria capaz de pagar o preço. — Experimente-me, — ele oferece, seu sorriso torcendo petulante à medida que nós dois representamos a charada. À medida que nós dois atuamos para calar o segredo que temos. À medida que nós fingimos para nos proteger. Eu jogo meu cabelo loiro por cima do meu ombro e sorrio, descansando meu queixo na minha mão, e cruzando a 101

perna sobre a outra. — Que tal o preço seria tão alto que você estaria arruinado para todas as outras meninas - e você nunca teria uma oportunidade para colocá-lo de volta em suas calças? — Meu estômago contrai com as minhas próprias palavras. Ele corre os dentes em seu lábio inferior, os olhos cinzentos escurecendo um tom enquanto eles se movimentam rapidamente pelo meu corpo para baixo e de volta para cima. Quando ele olha para mim do jeito que ele está olhando agora, eu me sinto nua. Como se ele pudesse descascar as camadas de roupa que estou usando por meu corpo abaixo com um simples olhar. — Eu não acho que seria um preço tão ruim, — ele resmunga, esticando os braços para fora na frente dele e tocando os dedos contra a borda da mesa. — Na verdade, — diz ele ainda mais silencioso por que a aula finalmente começou. — Eu acho que eu já paguei esse preço aí. Eu quase engasgo enquanto eu respiro bruscamente. Só eu poderia engasgar com o ar. Aston levanta uma das suas sobrancelhas, e eu faço a única coisa que posso fazer. Eu giro abruptamente na minha cadeira, focando na parte da frente da sala. Não é o que eu quero fazer... mas isso é um ―se pelo menos‖. Se pelo menos. Se pelo menos. Eu continuo sendo pega nesses jogos. Primeiro Maddie e Braden - e agora, o meu próprio, no entanto de forma voluntária. Também um jogo para o amor, mas cada um com seu próprio conjunto de regras complexas ainda que 102

facilmente quebradas. Ambos com a capacidade de criar ou quebrar os jogadores. E ambos com a mesma recompensa. A única coisa cobiçada acima de todas as outras, por não obstante o tempo que dure. A única coisa que todos nós queremos, independentemente de quem será quebrado ao longo do caminho. A única coisa que não importa o custo, nenhuma quantidade de dinheiro poderia comprar. O grande prêmio pelo qual todos jogamos. Amor.

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Capítulo Dez Aston

L

embre-se de onde você veio para saber o quão longe você foi — murmuro para mim mesmo, empurrando o trabalho de Psico de lado. —

Sim, tudo bem, vovô. Maldita ajuda se você realmente tem algum lugar, no entanto, não é? Eu

empurro

as

minhas

mãos

nos

meus

olhos,

esfregando duramente. Ouvir bastante alguma coisa e aquilo vai ser queimado em seu corpo, deixando cicatriz em sua pele e se tatuando em sua mente. Não importa há quanto tempo às palavras foram ditas. O que importa é que elas foram. Treze anos e eu não sinto como se eu tivesse algum lugar. E daí se eu não sou mais o menino assustado no canto? Ele ainda está lá dentro. Ele ainda está com medo. Ele ainda está tremendo. Ele ainda está ferido. Ele ainda está quebrado. Ele ainda está machucado. Só porque eu pareço não dar a mínima não significa que eu realmente não dou. Nem todos são o que parecem, e eu sou uma dessas pessoas. Eu nem sei quem eu sou. Passei tanto tempo lutando contra o que eu não quero ser, aquele que não quero ser, que 104

não tenho tempo para ser quem eu quero ser. Eu não tenho tempo para ser quem eu poderia ser. As mesmas vozes antigas estão rastejando de volta na minha cabeça, às mesmas que eu luto todos os dias, as mesmas que me dizem quem eu deveria ser quem eu sou. Assim como ela... Não é bom para nada... Inútil... Empurro longe da mesa, minha cadeira enrosca no tapete. Ela cai enquanto eu levanto, e eu ignoro, enfiando meus pés em meu tênis. Eu pego minha carteira da mesa e deslizo minha jaqueta. Eu preciso provar que estão errados. Eu preciso provar que eu mesmo estou errado. Eu ignoro todos no meu caminho para fora da casa. Se eu falar com alguém, se eu parar agora, se eu pensar por um segundo sequer, eu estarei de volta no meu quarto ainda girando na mesma piscina de autodúvida. Meu motor zumbe para a vida e eu me afasto da casa da fraternidade. Há um bar fora da cidade, situado longe das estradas que levam para a interestadual. Um olhar para o bar e você sabe que é um lugar decaído, sem identificação, nojento. O tipo de lugar que minha mãe teria trabalhado. O tipo de lugar que ela teria sido pega. O tipo de lugar que seu corpo foi encontrado.

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Eu sigo em meio ao trânsito da cidade, as pessoas perfeitas dirigindo de volta para suas famílias perfeitas em suas casinhas perfeitas. Você não vale nada. Eu ligo o rádio, a batida do Headstrong alimenta os sentimentos que passam pelo meu corpo. Uma mistura de raiva, determinação, frustração e uma lasca de desamparo. Porque eles ainda controlam a minha vida. Eu viro em uma pequena estrada que vai me levar para o bar. A estrada está deserta, sem carros, nada, até que o bar aparece. O estacionamento do lado de fora é cheio de carros enferrujados que precisam de mais do que uma camada de tinta fresca. Meu carro parece fora de lugar aqui. Eu pareço fora de lugar aqui. Eu estou fora de lugar aqui. Minha mãe não estaria. Eu puxo um boné na minha cabeça e saio do carro, olhando para o exterior do bar. O letreiro está ligeiramente quebrado, uma das luzes piscando pateticamente contra o escurecimento do céu por trás dele. A música lá dentro é dos anos oitenta, e a voz aos gritos é de uma mulher. Uma placa rabiscada proclama: noite de karaokê. Abro a porta e sou atingido pelo cheiro de fumaça e cerveja. Uma mulher com uma roupa minúscula passa na minha frente, uma bandeja levantada acima de sua cabeça enquanto ela tece o seu caminho através dos clientes reunidos no bar. Está longe de estar lotado, mas todo mundo

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está focado na mulher de trinta e poucos anos tentando cantar no canto do bar. Eu ando até o bar, ajustando o meu boné e peço uma cerveja. Eu estava certo. Este lugar não se preocupa com identificação. A cerveja é colocada na frente de mim e eu entrego o dinheiro. Ninguém me dá uma segunda olhada, além da garçonete lavando os copos, na extremidade oposta do balcão. Seus olhos deslizam para cima e para baixo de mim e ela corre a língua pelos lábios. Suas roupas mal cobrem qualquer pele, deixando o corpo à mostra. É tudo para o que você vai ser bom. Seus cabelos loiros de farmácia são jogados por cima do ombro enquanto ela se inclina para colocar os copos para longe, fazendo com que todos os homens no bar olhem para a bunda dela. Você é como ela é. Ela se endireita, enviando-me um sorriso sugestivo. Ela não é muito mais velha do que eu - talvez um ou dois anos - e eu bebo um pouco da cerveja enquanto ela serpenteia através de mim. — O que um cara como você está fazendo neste bar? — Ela se inclina para frente, apoiando os cotovelos contra a madeira

pegajosa.

Os

seios

dela

se

apertam,

quase

explodindo de seu top.

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Você não é nada, assim como ela. É tudo para o que é bom. Você não vale nada. Inútil. Um monte de merda. Você é apenas o filho de uma prostituta, nasceu para ser um prostituto. Meu pau não mexe nenhuma atração por essa garçonete exibindo-se na minha frente. Não há desejo, exceto o único de dar o fora daqui. — Você sabe o quê? — Eu empurro a garrafa para ela e fico de pé. — Eu não faço nenhuma ideia. Eu não espero a reação dela, ao invés eu viro e saio do bar poucos minutos da minha chegada. Ninguém percebe eu sair, exceto ela. Eu era invisível. Meu carro é reconfortante. Eu descanso minha cabeça contra o volante, lutando contra as constantes vozes que circulam em minha cabeça. — Eu não sou, — eu digo calmamente, em voz alta. — Eu não sou como ela. Eu não sou como ela! E eu não sou. Se eu fosse, eu estaria à espera da menina terminar o seu turno para que eu pudesse foder a merda fora dela. Seria o que minha mãe teria feito, exceto que ela teria vendido seu corpo por dinheiro ou drogas. Ela não teria pensado sobre o que ela estava fazendo, ou como ela estava afetando aqueles ao seu redor. Mas eu estou pensando. E eu não estou à espera da garçonete. 108

Eu estou dirigindo para longe do bar decadente e voltando ao campus. Estou voltando para Megan.

**** Ver o seu rosto, mesmo que seja através de um corredor lotado, faz com que o dia fique mais brilhante. Ver o cara ao lado dela, fazendo-a rir, faz o dia ficar mais escuro do que na calada da noite. Isso me deixa doido. Eu deveria ser o único de pé ao lado dela, fazendo-a rir e envolvendo meu braço em volta dos seus ombros. Não aquele babaca. Inclino-me contra a parede, esperando e observando enquanto eles se aproximam. Ela encolhe os ombros do abraço

dele,

ajustando

seus

livros

em

seus

braços,

descansando-os ao seu lado contra seu quadril. Entre o quadril deles. Sua mão livre enfiando um pouco de cabelo atrás da orelha, fazendo com que o lado de seu rosto fique ainda mais visível para mim. Ela olha para cima, seus olhos azuis colidindo com os meus por um segundo. Sua expressão facial não muda, e nem a minha. Qualquer contração do lábio, qualquer piscar de olhos, qualquer movimento do nosso corpo é tudo o que seria necessário para a gente. Nós dois sabemos disso. As apostas deste jogo são altas.

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Ela deixa cair seus olhos dos meus, enquanto ela passa por mim, e eu viro meus olhos para sua bunda. A calça jeans abraça-a com força, e eu me lembro de como é segurá-la enquanto ela se move contra mim. Quanto mais tempo eu passo ao seu redor ou penso nela, mais eu preciso dela - mais preciso da paz que ela me traz. Mais preciso do silêncio total e absoluto que ela me traz quando ela está apertada em meus braços. Mais eu preciso provar que eu não sou a minha mãe. Que eu sou mais do que o filho de uma prostituta, que nasceu para ser uma prostituta mesmo. Mais eu preciso provar a mim mesmo que eu sou mais do que isso - assim como eu fiz ontem à noite. Eu não sou bom o suficiente para Megan. Eu sei disso. Eu nunca vou ser o suficiente para ela, e é melhor para ela se ela arrumar suas malas e correr na direção oposta gritando por sua vida. Eu não sei se vou ser capaz de deixá-la entrar da maneira que ela quer. Eu não sei se vou ser capaz de dizerlhe tudo de mim, deixá-la saber tudo do meu passado. Eu não sei se o menino tremendo por dentro, preso em uma sala com memórias horríveis que nunca será capaz de libertar-se, vai me deixar ficar com ela completamente. Mas eu não vou usá-la da maneira que eu usei meninas por tanto tempo. Eu prefiro perdê-la completamente a usá-la para minhas próprias necessidades egoístas. 110

Ela desaparece da minha vista e eu empurro a parede, indo para fora. Ryan se junta a mim. — Tomou seu maldito tempo, — resmunga. — Não comece sua merda de menina comigo hoje, homem. — Eu advirto-o. — Eu nunca disse quanto tempo eu levaria. — O quê? Nenhuma menina na sala de aula para arranhar sua coceira? — Por que eu o faria? Você sabe que eu só puxo essa merda nos fins de semana. Você não é o único com notas para manter. — Você quer dizer que você realmente tem notas? — Você é um idiota, Ryan. — Eu balanço minha cabeça. — E sim, se você quer saber, eu terminei o ensino médio com uma média de 3,8, então foda-se. — Merda! Isso é maior do que a minha, — ele exclama. — Eu mal arranhei um 3.4 para entrar aqui de fora do estado! Como diabos você conseguiu isso? — Meu avô, provavelmente, foi um professor melhor do que as merdas fracas, que tiveram com sua bunda presa, — eu respondo. — Foi assim que eu consegui. — Você não foi à escola? — Eu fui nos últimos dois anos, e foi isso. Foi fácil como o inferno. Eu já tinha aprendido a maior parte, então eu passei por essa porra surpreendendo o inferno fora dos meus

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professores com pontuações quase perfeitas na maioria dos testes. — Eu nunca soube disso. — Ele empurra a porta e entramos na casa. — Por que você saberia? Vocês todos assumem que meu cérebro está em meu pau. — Vai ver é por isso que eu nem sei em que você vai se formar, então, — ele brinca, jogando sua bolsa no chão e soltando-se no sofá. Eu sorrio, endireitando minhas costas enquanto me sento. — Psicologia. — Você é real? — Ele se senta. Braden entra, comendo uma maçã. — O que é real? — Este pau está se formando em psicologia. Você sabia? — Ryan aponta um dedo para mim e olha para Braden. — De jeito nenhum. — Braden olha para mim. — É mesmo? — Tenho maldita certeza, é por isso que eu faço as aulas que o curso exige. — Bem, foda-me. — Ele se inclina contra a moldura da porta. — Por que você está estudando isso? Para entender por que você precisa tanto de sexo? — Ele e Ryan riem. Então eu posso entender por que minha mãe estava do jeito que ela estava e posso impedir outras pessoas de irem por esse caminho. Então, eu posso impedir que outras

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crianças precisem lidar com a merda como eu tinha que fazer. — Eu sei por que eu preciso de sexo, idiota, — eu retruco. — Estou fazendo isso para descobrir porque as pessoas gostam de ser amigos de idiotas como vocês dois. — Oh, isso é fácil, — Ryan encolhe os ombros. — Nós fazemos paus inteligentes como você parecerem bons. — É verdade, — Braden concorda. Ryan olha para ele. — Sabe de uma coisa? Eu não sei nem mesmo qual a sua graduação. Braden

encolhe

os

ombros

descuidadamente,

mastigando. — Sabe de uma coisa? — Ele sorri. — Eu não sei. Eu rio do sorriso em seu rosto. — Ryan, cara, você pode ter apenas um ponto sobre vocês dois me fazendo ficar bom. — Estou me formando em engenharia, se qualquer um de vocês quiser saber. — Ele encolhe os ombros. — Hey, é suposto ser muito difícil. Toda a matemática e outras coisas, — Braden diz vagamente. — A matemática era tudo que eu poderia fazer bem na escola. Fazia sentido. — Sim, bem. — Braden endireita, deixando o núcleo da maçã no lixo. — A única matemática que eu sei é que eu mais Maddie, menos roupa, é igual a um produto que nem álgebra pode criar.

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Eu sorrio quando ele sai com um sorriso satisfeito no rosto, e Ryan bufa. — Essa é uma matemática muito doce... Uma que eu acho que essa casa inteira pode apreciar. — Ele sorri. Concordo com a cabeça em concordância, pensando em Megan. Porra claro que eu posso compreender essa matemática.

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Capítulo Onze Megan

E

u devo ser a única pessoa na minha classe que irá ler um romance clássico mesmo que não seja por exigência do curso. Eu não consigo

pensar em ninguém que eu conheço que iria pegar Jane Eyre, Little Women, ou Tess of the D'Urbervilles por prazer. Na verdade, eles não são mesmo a minha primeira escolha. Little Women vem próximo, em segundo, mas Orgulho e Preconceito sempre vai vencer. Apenas há uma coisa bonita sobre um casal de duas origens diferentes que viajam ao longo da estrada esburacada do amor até que ele seja inegável. E há algo ainda mais bonito em observar a viagem acontecer, começando a folhear as páginas esperando ansiosamente para o primeiro beijo doce, a discussão cheia de paixão, a declaração final. Há algo que me puxa e me leva para longe do mundo real. Não há realmente nenhum lugar como o que você encontra entre as páginas de um livro. O único lugar que chega perto é estar nos braços da pessoa que você ama. 115

Talvez, por isso, com Braden em sala de aula o dia todo, eu estou sentada no canto da cama de Aston lendo - e desmaiando sobre - a beleza que é o Sr. Darcy. Estou páginas de distância de uma das melhores cenas do livro - a cena da chuva, onde tudo é tão apaixonado e molhado e oh meu Deus, fiquem juntos já! E eu não tenho vergonha de admitir isso, mas felizmente eu vou gritar com os personagens até conseguir o que eu quero. A porta se abre e eu continuo a ler, meus olhos deslizando através da página e bebendo cada palavra. A porta está aberta. Okay. Então, isso vai ser meio estranho se não for o Aston. Droga, por que eu não pensei nisso antes? Eu lentamente levanto os olhos para cima do livro. Aston clica a porta fechada atrás dele, sorrindo para mim com uma sobrancelha erguida. — Não que eu esteja reclamando, mas há alguma razão para você estar na minha cama? — Ele pergunta sem problemas. — Estou lendo, — eu respondo, baixando meus olhos novamente. — E eu preciso estar confortável quando eu leio o que explica porque eu estou em sua cama ao invés daquela cadeira horrível na mesa. — Eu posso ver que você está lendo, Megs, mas por que você está lendo no meu quarto e não o seu?

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— Eu posso ir, se você quer que eu vá. — Eu faço uma orelha na página e guardo o livro debaixo do braço, esticando as pernas. — Ei, não! Não, eu não disse isso. — Ele deixa cair sua mochila e vai para a cama, colocando as mãos de cada lado de mim e inclinado para frente. — Eu nem sequer pensei nisso. — Oh. Bem. — Eu sorrio docemente. — Eu vou voltar para o meu livro, então. — Inferno porra nenhuma, — resmunga, pegando o livro gasto e deixa-o cair no chão. Minha boca cai aberta. — Você não jogou justamente o meu livro no chão. — Eu deixei cair. — Não. Você jogou. Eu deveria te dar um tapa por ferir Sr. Darcy dessa maneira. — Certo. Porque o Sr. Darcy apreciaria isso. Eu estreito meus olhos um pouco, meio surpresa que ele mesmo sabe quem é Sr. Darcy. Mas, novamente, eu estou rapidamente descobrindo que Aston não é o que parece. — Você não jogue meus livros. Nunca, — eu digo-lhe com firmeza. Sua boca se contorce. — Eu quero dizer isso. Da próxima

vez

que

você

jogar

um

dos

meus

bebês,

especialmente o favorito, eu vou te machucar. Ele controla o seu rosto em uma expressão séria e sobe em cima da cama, ajoelhando-se diante de mim. — Sinto

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muito, baby, — ele murmura, tocando o lado do meu rosto. — Eu não vou jogar um de seus livros nunca mais. Eu sorrio para ele, virando meu rosto na palma da sua mão. — É melhor que não mesmo. Aston toca seus lábios nos meus, deslizando sua mão para a parte de trás da minha cabeça. Ele me abaixa de costas na cama, lentamente, sua boca se movendo contra a minha com ternura. — Eu percebi que Braden estará em aula durante todo o dia, o que significa que eu tenho você só para mim por um tempo. — Seus lábios viajam ao longo da minha mandíbula. — E de jeito nenhum, você ficará lendo uma porra de um livro quando você pode estar fazendo isso. — Ele passa a mão no meu lado e desliza-a sob minha camisa, sua mão levemente áspera contra a minha pele. Eu arqueio as costas para ele um pouco, minhas mãos fazendo o caminho delas pelos seus braços até os seus ombros e pescoço enquanto seus lábios encontram o caminho para os meus. O cabelo na nuca faz cócegas contra meus dedos, e enrolo-o em torno deles, segurando-o contra mim. Minhas pernas dobram, meus pés viajam até a parte de trás da sua panturrilha, o jeans áspero contra meus pés descalços. Sua língua explora minha boca, mergulhando e saindo, girando da mesma forma que o desejo está no meu baixoventre. Sua mão abaixo do meu top e sondando o meu corpo faz nada exceto acender o fogo dentro de mim. Faz nada 118

exceto continuar a se alimentar e alimentar a tempestade de sentimentos que eu tenho sempre que ele está perto de mim. Aston trilha seus lábios ao longo da minha mandíbula até meu ouvido, deixando-os cair fora da minha pele e descansando a cabeça ao lado da minha. — Eu ainda não entendi porque você está aqui, — ele sussurra. — Eu estou aqui porque eu quero estar. — Eu paro uma mão em suas costas, esfregando em movimentos lentos e circulares, sabendo que os demônios dentro dele estão se levantando. Os demônios que o impedem de vir a mim completamente. — Mas eu não entendo o porquê. — Nem tudo precisa de uma explicação. Esta é uma dessas coisas. — E se uma parte de mim precisa de uma? — Ele puxa de volta, me liberando e ajoelhando-se novamente. Eu me coloco em uma posição sentada, cruzando as pernas na minha frente. Meus olhos encontram os seus, e eu estou perdida no turbilhão de tormento que é a escuridão deles. Suas emoções estão lutando entre si com a força de um furacão, a cor de seus olhos escurecida para o tom do olho de uma tempestade. Estou louca para estender a mão e tocá-lo, mas algo me diz que não. — Então isso é algo que eu nunca vou ser capaz de lhe dar, — eu digo baixinho, infelizmente. — Por quê? 119

— Porque as minhas razões para estar aqui, a maneira como eu me sinto por dentro, não posso colocá-las em palavras. Eu não posso explicá-las. Eles apenas são. Ele levanta se afastando de mim. Ele puxa a camisa sobre a cabeça e joga-a no canto do seu quarto descuidado. Os músculos das costas e dos braços flexionam enquanto ele se move, passando as mãos pelos cabelos. — Fale comigo, — eu digo baixinho. — Por quê? Que diferença isso faria? — Porque eu preciso entender Aston! Eu preciso entender você, todas as suas diferentes faces. Eu conheço três. Eu conheço o cara, eu conheço o amante, e eu conheço o que quer que seja esse aqui, mas eu não o entendo porra! — Eu levanto. — Em um minuto você está escalando através da janela do meu quarto, então você está me beijando, então você está se afastando de mim. Eu não entendo! — Algumas coisas não podem ser explicadas, — diz ele com força, jogando minhas próprias palavras para mim. — Mentira! Merda, Aston! — Eu ando em direção as suas costas. — Mentira total! A maneira como você age, a maneira como você faz, a maneira como você esconde uma parte de si mesmo de todo mundo, tem uma explicação, e que pode ser explicado! Você só escolheu não. — Talvez eu não possa! — Ele se vira para mim, seus olhos crus e seu corpo tenso. — Talvez eu não possa explicar tudo. Talvez eu não possa.

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Seus olhos caem. Eu estou tão brava com ele e eu nem sei o porquê. Eu estou tão confusa sobre tudo. Eu quero entender. Eu quero saber o que ele mantém tão enterrado lá dentro dele, e eu quero fazê-lo melhor. Minhas mãos chegam até ele, e ele agarra meus pulsos em um movimento rápido como um raio. — Não, — ele sussurra, com o rosto duro. — Não faça isso. Um minuto passa entre nós, estendendo-se por uma quantidade infinita de tempo. Nenhum de nós se move o único som o da tristeza de sua respiração. Ele olha para mim lentamente, com os olhos cheios de tristeza, e eu nunca o vi tão vulnerável. Quero tirar suas mãos de meus pulsos e tocálo, aliviar a dor, mas não posso. Eu tentei. Eu preciso saber por que, porque não é jogo entre nós. O jogo é o show que colocamos para todos ao nosso redor. Não há nenhuma farsa quando estamos cara a cara, como estamos agora. Não há nenhuma farsa quando tudo o que sentimos é tão, tão real. — Você está tão desesperado para me manter perto, mas ao mesmo tempo você está tão determinado a manter essa distância entre nós, — eu sussurro. — Por quê? Por que você não pode falar comigo? De que você tem medo? — Eu estou com medo de mantê-la, e eu estou com medo de perder você. Toda a minha vida eu me cuidei, dependia de mim, e eu guardei tudo num compartimento. Todos os sentimentos, tudo. E depois que te conheci. 121

— Por que eu? Por que faz essa diferença? Ele exala lentamente, descansando sua testa contra a minha, seus olhos queimando em mim. — Porque eu nunca precisei de ninguém o quanto eu preciso de você. Se eu deixar você entrar, se eu lhe contar tudo, então você pode não precisar de mim, também - e isso é a coisa mais assustadora de todas. Tanto quanto eu desejo que você se afaste, tanto quanto você deveria ir embora, eu acho que eu nunca vou ser capaz de deixá-la. — Por que eu iria? — Eu franzo a testa um pouco. Ele suspira, finalmente liberando meus pulsos e ligando nossos dedos. — Porque o meu passado é diferente do seu, Megan. Nós viemos de dois lugares diferentes, duas histórias completamente diferentes. Eu balanço a minha cabeça. — Você realmente acredita nessa merda? Você acredita? — Ele não se move. — Você acha que o passado vai mudar o que eu penso de você? O modo como eu me sinto? Porque ele não vai. Isso não vai mudar coisa nenhuma! — MeganEu balanço minha cabeça novamente, arrancando minhas mãos das dele, e empurrando-o para longe de mim. Eu empurro-me para fora da porta e atravesso o quarto. Eu me inclino contra a janela e olho para fora entre as lacunas nas cortinas. — Eu não estou indo embora, Aston. Eu não conseguiria nem se eu quisesse. Eu já fui muito longe. Seja o

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que for que está dentro de você, que está acabando com você... Eu quero saber. Ouço seus passos quando ele atravessa o quarto. Eu sinto o calor de seu corpo quando ele pressiona contra a minha volta, e ele descansa suas mãos em meus quadris. Elas se arrastam lentamente em volta do meu estômago, alisando-o, e ele enterra seu rosto no lado do meu cabelo. Inclino-me de volta para ele, lutando com a montanha-russa de emoções correndo pelo meu corpo. — Nós somos diferentes, Megs, — ele sussurra. — Muito diferentes. Mesmo agora, nós temos que esconder isso. — Nós só temos que escondê-lo porque Braden vai chutar nossas bundas, mas não podemos nos esconder para sempre. — Eu não quero esconder isso. Eu não quero te esconder. Todo cara que olha para você... Eu odeio isso. Eu odeio a maneira como eles olham para você como se eles só quisessem foder seus miolos. Isso me deixa louco. — A maneira como você costumava olhar para mim, você quer dizer? — Eu provoco, sorrindo um pouco. Ele ri, me virando. Eu envolvo meus braços ao redor de sua cintura, colocando a minha cabeça contra seu peito nu e as batidas do seu coração. — Sim, do jeito que eu costumava olhar para você até eu dormir com você e perceber que não era tudo o que eu queria de você. Não era tudo o que eu precisava de você. — Sua voz

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ressoa em seu peito, e ele pressiona seus lábios no topo da minha cabeça. — Então me deixe ser o que você precisa, — eu imploro. — Não pense em Braden, ou manter isso em segredo, ou de onde viemos. Tudo o que importa é que estamos aqui agora, e eu estou aqui agora. Deixe-me ser o que você precisa que eu seja. Pare de me empurrar para longe, Aston, porque mesmo que eu devesse deixá-lo ir eu não posso. Eu sempre vou voltar. Seu peito se ergue com a força de sua respiração. — Eu vou. Eu vou te contar tudo. Mas não hoje, Megs. Em breve. Mas não hoje. Fecho os olhos por alguns instantes. — Você promete? Aston desliza a mão pelas minhas costas, por cima do meu ombro, e pegando o meu queixo. Ele levanta meu rosto levemente, inclinando o seu para baixo, e eu me encontro com seus olhos cinzentos. — Eu prometo.

**** Isto é uma bagunça. Eu sorrio educadamente para o cara do outro lado da mesa. Encontro dois da ―Operação Conseguir um Namorado para Megan‖ da Lila e não é melhor do que o primeiro. Sendo honesta, é ainda pior.

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E não é mesmo o cara. Não, Callum é encantador. Ele é doce, ele é quente, e ele é engraçado. Ele é muito bonito, o cara perfeito, mas ele não é o meu cara perfeito. — Lila disse que você está se formando em Literatura Inglesa? — Ele pergunta, mergulhando a colher no sorvete na frente dele. — Sim. Eu sempre amei literatura por isso faz sentido me formar nisso. — O que você pretende fazer quando se formar? Eu sei que é um pouco longe... — Seus lábios torcem para o lado. — Mas é bom ter um plano, você sabe? —

Oh!

Eu

acho

que

provavelmente

vou

acabar

ensinando. — Eu dou de ombros. — Talvez eu vá para publicação, estou indecisa exatamente sobre qual. Eu gostaria de escrever um livro um dia, apesar de tudo. E quanto a você? — Eu realmente não me importo. Só estou perguntando por que eu não sou rude. — Espero entrar em Medicina em Harvard. Não é fácil de fazer, mas estou no caminho certo. Bem feito, Lila. Não só você marca um encontro com um júnior, como você também escolhe um que está pensando em ir para o lado oposto do país em 18 meses. — Uau. Ótimo objetivo. — Eu sorrio. — Hey, o seu não é ruim. Pelo menos você vai fazer o que você ama. A minha escolha de carreira é em grande parte influenciada pela minha família. 125

— Oh. — Estranho. — Não pode ser tão ruim, certo? Ou você não faria isso? — Não, é minha segunda escolha, por isso não é difícil. — Qual é a sua primeira? — Oh, Deus. Eu estou agindo muito interessada, não é? Aston anda passando pela janela e ele olha duas vezes. Meus olhos se agitam na direção dele e eu estou ciente de Callum falando, mas eu realmente não posso ouvi-lo. Estou muito focada no aperto dos punhos de Aston e de sua mandíbula. Ele está irritado. Realmente irritado. — Megan? — Callum agita a mão na frente do meu rosto, e eu olho para ele. — Eu sinto muito, eu vi um amigo que eu tenho tentado ligar. É um assunto importante. — Eu interiormente vacilo com a minha própria mentira. — Você se importa se eu correr atrás dele? — Hum, com certeza. Nem um pouco. — Eu sinto muito. — Levantando-me da mesa eu coloco uma nota. — Aqui, para o almoço. Sinto muito. Eu corro para fora da lanchonete e atrás de Aston, virando a mesma esquina que ele fez para deixar o centro da cidade. Eu chego ao fim da rua e suspiro, olhando ao redor. Eu não posso vê-lo ou seu carro, e eu não tenho ideia de quando vou ter a chance de explicar porque ele me viu almoçando com outro cara. 126

Droga. Lila e Maddie e as suas ideias estúpidas! Eu me viro, decidindo que desde que eu deixei o Callum, voltar para o campus é a minha melhor opção... E, provavelmente, mandar mensagens de texto para o Aston seria uma boa ideia. Droga de segredo... Eu

sou

puxada

para

um

beco,

minhas

costas

pressionadas contra tijolos frios e presa lá com o peso de outra pessoa encostada mim. Eu reconheço os olhos cinzentos na minha frente antes do pânico se instalar, e eu me forço a relaxar. — Você tem o hábito de encurralar meninas? — Murmuro. — Só você, — ele responde. — Mas eu vou ser honesto, eu não estava esperando vir ao centro e encontrar você almoçando com outro cara de merda. — Aston — Eu estaria mentindo se eu dissesse que não estou chateado, mas nós não somos exatamente exclusivos então eu acho que— Lila que marcou, — eu deixar escapar, silenciando-o. — Ela tem essa ideia maluca que eu preciso de um namorado, e está marcando encontros para mim com os caras que ela pensa que Braden estará de acordo. Eu não posso recusar ou ela vai saber que há algo. Eu só apareço, converso e é isso. Eu nem sequer dou-lhes o meu número. É tudo uma farsa.

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Seu corpo relaxa, aperto deixando seus músculos, e ele me puxa da parede para seu corpo. Sua mão na parte de trás da minha cabeça pressiona meu rosto em seu pescoço, e da forma como o braço é enrolado firmemente em torno do meu corpo, deixa-me saber que ele não estava mentindo quando disse que não queria me perder. E isso não era raiva. Isso era medo disso acontecer. Eu envolvo meus braços ao redor de sua cintura, segurando-o com força. — Eu não sei por que eu pensei... — ele diz a voz sumindo. — Eu sou uma porra de um idiota. Sinto muito, Megs. — Está tudo bem. — Eu beijo seu pescoço suavemente. — Eu provavelmente teria pensado o mesmo se fosse o contrário. — Não, querida, não está bem. Eu não posso acusá-la dessa merda só por causa dos meus próprios problemas. — Você não me acusou de nada. — Eu puxo para trás, olhando em seus olhos. — Se fosse o contrário, eu provavelmente teria ido lá e arrancado suas extensões. Ele sorri. — Eu não sei como eu não fui lá e o soquei. Eu corro meus dedos nas suas costas. — Eu não sei como você não fez isso também. Eu odeio até mesmo ver outras garotas olharem para você, — eu digo baixinho. — Se Braden fosse apenas o meu melhor amigo... — ele balança a cabeça. — Eu diria a ele, mas não é malditamente 128

fácil. — Ele suspira pesadamente. — Eu acho que nós vamos ter que lidar com o plano de merda da Lila e ir em frente. — Mas e se for óbvio? Que há uma razão maior para eu os rejeitar? —

Então

nós

cruzamos

a

ponte

juntos

quando

chegarmos lá. — Há apenas alguns caras que podem não ser o meu tipo. — Ouça aqui. — Ele vira meu rosto para que fique contra o dele, nossos narizes escovando. — Há apenas uma porra de cara que você precise se preocupar em ser o seu tipo, então todos os outros idiotas podem dar um salto com corrida de um penhasco. No caso de que você precise de um lembrete, baby, aqui está sua lembrança. Seus lábios colidem com os meus, sua língua forçando seu caminho em minha boca possessiva. Ele corre-a ao longo do comprimento da minha com força, suas mãos me puxando cada vez mais perto dele. A minha escorrega para cima suas costas, segurando em seus ombros, e eu deixo ele me reivindicar. Eu sei que isso é o que ele precisa, e a profundidade de seu beijo que puxa em meus músculos abdominais inferiores me prova certa. — Eu acho que estou bem com o lembrete, — eu sussurro

quando

ele

se

afasta,

pressionando

nossas

bochechas juntos. — Mas quando você sentir a necessidade de me lembrar completamente...

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Seus dedos cavam minhas costas. — Toda vez que eu sentir a necessidade de lembrá-la totalmente... — Ele vira o rosto, os lábios quase tocando minha orelha. — Vai ser um lembrete que você nunca vai esquecer porra.

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Capítulo Doze Aston

A

visão dela com outro homem - não importa quão inocente, quão amigável era - coloca uma parte do meu cérebro numa

hiper atividade que apenas nunca rugiu para a vida em mim. A necessidade de agarrar-lhe o braço, arrastá-la para fora daquela lanchonete, e fixá-la contra a parede, enquanto a beijava sem sentido quase assumiu. A necessidade de protegê-la de todos os outros idiotas desta cidade, inferno, do Estado, quase que seria nossa ruína. É algo que ninguém iria entender. Pela primeira vez na minha vida eu comecei a deixar alguém entrar, permiti-los estarem lá, o tempo todo tomando o que eles têm para oferecer. E esse é o problema. Eu estou tomando de Megs, mas eu não estou dando de volta para ela - eu não estou dando a ela o que ela merece, mas, de alguma forma, ela sabe exatamente o que pareço precisar. Durante todo o tempo. Pela primeira vez na minha vida eu me deixei sentir outra coisa que não são as que fodem minha mente. Eu deixei-a entrar. A única menina que eu sabia que poderia me desfazer com um simples sorriso ou um olhar com aqueles 131

olhos azuis pequenos - e ela faz. Toda vez, ela me desfaz quando ela está puxando uma corda solta de um cobertor de malha, e tudo o que posso fazer é me desvendar na frente dela. A coisa mais louca é que eu quero me desvendar. Eu quero dizer a ela tudo o que ela quer saber. Eu quero dizer a ela porque eu sou uma mistura fodida de quente e frio para ela, porque eu puxo-a para dentro de mim e depois afasto-a. Mas dizer-lhe... Dizer-lhe só poderia empurrá-la sobre a borda. Dizer-lhe poderia afastá-la e fazer-me permanentemente frio. Dizer-lhe significaria aceitar. Reviver. Lembrar. Sentir. Além de vovô, ela é a única pessoa por quem eu já sentia algo. Ela é a única pessoa que eu quis sentir, e o que eu sinto é uma espiral fora do meu controle. Está crescendo junto com a minha necessidade por ela, que é muito mais forte do que deveria ser muito mais viciante do que deveria ser. Porque é isso que ela é. Ela é viciante. O cheiro de baunilha de seu cabelo, a luz em seus olhos, o brilho de seu sorriso, a pele suave de sua mão, cada parte dela é viciante para mim. E ainda mais do que isso... Ela me vê. Ela não vê o burro que fode tudo com um pulso, ou o convencido, o bastardo arrogante que não se preocupa com ninguém além de si mesmo. Ou talvez só ela veja isso – só ela vê o que está

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debaixo dele, também. Ela vê a mim de verdade, aquele que ninguém nunca se preocupou em ver. Ela vê o quebrado. Ela vê o incompatível. Ela vê o fodido. E muito em breve, ela vai agarrar o fodido e puxá-lo para fora de mim em uma conversa dolorosa.

**** — Não está funcionando, — a voz de Megan ecoa pelo corredor. — Faça-a parar com esses encontros estúpidos. — Não há nada que eu possa fazer, — responde Maddie. — Você sabe como ela é. Ela pensa que é um maldito cupido ou algo assim. — Um sucesso - um terço do sucesso - com você e Braden não faz dela um cupido! Ela já pensou que talvez eu seja feliz como eu sou? — Você vai ter que perguntar a ela. Eu apenas digo sim ou não para os caras, Megs. Sério, você deveria ver alguns dos paus que ela tem alinhado. Teria sido como andar em um clube de strip - apenas sem o sexo. — Ughghghghgh. — Megan bate a cabeça na mesa enquanto eu entro na cozinha, sorrindo. — O que foi? Ser forçado a encontros torna a vida tão difícil? — Eu sorrio quando ela levanta a cabeça.

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— Como você sabe? — Ela joga de volta para mim. — Eu nem estava ciente de que você tinha o nome do seu encontro antes de você rasgar a calcinha dela. — Touché, — murmura Maddie. — Oh, eu faço, às vezes. Mas isso é geralmente tudo que eu tenho. — Eu dou de ombros e encosto contra o balcão. — É melhor ser sem nome e fodido do que forçado em encontros com um monte de meninos bonitos. — Oh, porque você não está contado na categoria menino bonito? Quanto tempo você demorou para fazer o seu cabelo esta manhã? — Ela levanta uma sobrancelha. — Provavelmente mais do que levou metade do meu dormitório combinado, o Sr. Maybelline — — Eu provavelmente poderia fazê-la vir mais rápido do que eu poderia fazer o meu cabelo, — eu respondo, olhando seu rosto corar ligeiramente. — Mas isso não quer dizer que eu sou uma porra de um menino bonito. — Deixe-me adivinhar - isso faz de você um menino sexy? Eu sorrio. — Estou feliz que você pense assim. — Eu nunca disse que achava que sim, idiota. Era uma pergunta, não uma afirmação. Ainda aprendendo a diferença? Eu movo-me para a mesa, inclinando-me sobre a mesa para ela. — Não, mas com o seu atrevimento, mais parece que você precisa aprender a diferença entre uma bunda

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estapeada e uma bunda espancada. Quer um professor, Megs? Sua boca cai aberta, e eu lutei contra o desejo de me inclinar ainda mais perto dela e trazê-la para perto. Eu vejo sorriso divertido de Maddie com o canto do meu olho, e deixo a minha própria curva de lábios em um sorriso. — Se algum dia eu sentir a necessidade de ser ensinada um pouco sobre sexo bizarro, — diz Megan em voz mais baixa e inclina-se levemente para frente, empurrando seus peitos juntos. Ela está empurrando isso até o limite do caralho. — Então eu gostaria de encontrar um professor que poderia tocar meu corpo como um violão, tocando todas as cordas certas nos momentos certos, não um menino de faculdade com tesão pensando apenas em gozar. — Como você sabe que eu não sou um guitarrista? — Como eu sei que você é? — ela desafia, sentando e deixando sua boca curva para cima. — Leva-me dez minutos para fazer meu cabelo. Eu poderia fazer você gozar em metade do tempo — eu ameaço e prometo a ela, meus olhos ainda fixos nos dela. — Se você puder encontrar um maldito guitarrista que possa fazer isso, então eu vou cumprimentar você, senhorita Harper. Até lá, você pode imaginar meus dedos dedilhando o seu corpo como as cordas de uma guitarra. Eu pego uma maçã da bacia entre nós e dou uma mordida, piscando para ela enquanto eu saio da cozinha.

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— Porco, — ela grita atrás de mim. Eu ouço o riso tranquilo de Maddie, e sorrio para mim mesmo. Às vezes, ser conhecido como um idiota que gosta de entrar nas calças das meninas é uma coisa boa - e, em uma situação como essa, quando ela está me excitando o caralho, é definitivamente uma coisa boa. Eu descanso contra a parede do lado de fora da casa da fraternidade, termino a maçã, e jogo o núcleo no lixo. Eu espio Braden se alongando ao lado da casa e corro para ele. — Pronto para correr, idiota? Ele olha para cima, segurando duas garrafas de água. — Eu pensei que sua bunda preguiçosa ainda estava na cama. — Sim, estava, mas irritar a Megan era muito mais divertido. — Eu dou de ombros, sorrio, e decolo com ele atrás de mim. — Eu não sei por que você faz isso, cara. Um dia desses ela vai entregar as suas bolas para você. — Ele balança a cabeça. — Ela é muito irracional para isso. Ela fica chateada muito facilmente até mesmo para considerar rasgar as minhas bolas fora. — Sim - mas você já ouviu falar dos métodos de vingança de Kay, certo? Ouvi-a na semana passada fervendo a Maddie que ela queria ―levar uma faca de manteiga para a parte de baixo das malditas bolas daquele idiota e colocá-las no cardápio escolar como um especial com uma lateral de peixe para representar a prostituta que ele pensou que 136

transaria justo na frente dela.‖ — Ele toma uma respiração profunda, e eu recuo um pouco. — Ouch. Quem a irritou? — Cara, eu não sei, e eu não acho que quero saber. — Espere, — eu murmuro. — Eu pensei que ela era lésbica? — Bissexual, — ele me corrige. — Ela gosta dos dois. — Oh, cara. Então, nenhum de nós está a salvo de sua boca de merda? — Eu balanço minha cabeça. — Droga. — Certo, — ele concorda. — Então, eu e os caras estávamos pensando em ir para São Francisco amanhã à noite para o fim de semana. Maddie e Lila estão indo, porém não tenho certeza sobre Megan. Meus músculos se contraem imediatamente, o meu aperto no estômago com a menção de minha cidade natal. É tão perto de Berkeley, e ainda tão longe. A criança de seis anos Aston, que deixou San Francisco é uma pessoa completamente diferente do Aston de 19 anos de idade que vive em Berkeley, mas isso não quer dizer que é um lugar que eu posso mesmo considerar ir. — Acho que não, — eu respondo, tentando manter minha voz trêmula uniforme. — Eu tenho que ver meu avô no domingo. O velhote quase me golpeou com sua maldita bengala por não aparecer naquele fim de semana que fomos para Las Vegas.

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Braden ri, tomando a minha - muito verdadeira palavra. — Tudo bem, tudo bem. Você fica aqui como um bom idiota e fode alguma outra pobre menina. — Esse é o plano. Ou não é. Mas ele não precisa saber o real. Nós paramos por um segundo para beber e recuperar o fôlego, e eu pego o meu celular do meu bolso. Você vai para SF? Eu envio para Megan. Ela responde instantaneamente. Eu não sei. Você vai? Não. Não vá. Ok. Eu não vou. Eu coloco-o de volta no bolso, olhando para o rosto curioso do Braden. — O quê? — Eu não acho que eu já vi você mandar mensagem para ninguém. Alguma menina finalmente conseguiu o número fora de você? Eu ronco. — Não seja tão estúpido. Se eu fizesse isso, eu nunca teria qualquer maldita paz, entre elas e você e Ryan. — Verdade. — Braden acena e começamos a correr na direção da casa da fraternidade para nos preparar para a aula. Nos trocamos rapidamente, nos encontrando de volta do lado de dentro do prédio principal para a aula de literatura inglesa. Maddie e Megan estão esperando por nós quando chegamos lá embaixo, Megan batendo o pé com impaciência. 138

— As meninas estão prontas? Alguns de nós realmente queremos passar este ano, — diz ela com sarcasmo. — Oh, Meggy, — murmura Braden, tomando a mão de Maddie. — Você poderia passar essa classe de merda até em coma. Você provavelmente já leu todos os livros da grade desse semestre. Ela bateu na parte de trás de sua cabeça, e ele amaldiçoa. — Que porra foi isso? Maddie dá um tapa no peito com seus livros. — Linguagem! — Você fala como minha mãe, — ele resmunga. Megan sorri para Maddie, os olhos sacudindo para Braden. — Só porque você está certo sobre a coisa de ler, não significa que eu tenha que gostar. Talvez se você prestasse um pouco mais de atenção na aula você passaria sem olhar por cima do meu ombro quando tivermos algum trabalho. — Por que eu nunca pensei nisso? — Eu olho para Braden. — Porque você é, aparentemente, uma porra de um gênio em sua própria razão, — ele resmunga. — Eu sou o único estúpido aqui? — Oh, você não é estúpido, — Maddie acalma-o. — Você é apenas um pouco mais lento do que nós. — Você sabe o quê, Anjo? É realmente uma coisa muito boa eu amar você. 139

— Eu penso assim também. — Ela sorri. — Isso significa que eu posso dizer exatamente o que todo mundo está pensando. Ele dá-lhe um olhar que diz que ele vai pegá-la mais tarde, e ela sorri mais amplo. — Espere aí, — Megan faz uma pausa, olhando para Braden. — Você acabou de chamar Aston de gênio? — Eu fiz. — Essas são palavras que eu nunca esperaria ouvir na mesma frase. — Foda-se. — Eu puxo o cabelo dela, e ela me dá um tapa. — Eu não estou brincando, Meggy. Esse garoto se formou com a porra de um GPA 3.8. Megan olha para mim agora, as sobrancelhas levantadas e a surpresa em seus olhos. — Você fez? Eu dou de ombros. — Um de nós idiotas tem que ser inteligente. — Não, realmente? Você fez? Eu não sei se devo ou não ficar chateado que ela não acredite em mim. — Sim. — Eu não posso acreditar que você tem o mesmo GPA que eu. Você não me parece tão esperto. — Ela sorri maliciosamente e eu sei que é para o benefício de Braden e de Maddie.

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Eu seguro a porta da classe aberta para ela, olhando para baixo, enquanto ela faz uma pausa na minha frente, minha mão escova seu quadril. — Nem todos são o que parecem, Megan. Você já deveria saber isso. Ela olha para mim, seus olhos azuis surpreendentes cheios de perguntas que eu sei que tenho que responder. — Eu sei disso. Eu só queria que as pessoas pudessem confiar um pouco em quem se preocupa com elas. — Ela me passa em direção a nossa mesa. Eu mordo o interior do meu lábio, seguindo atrás dela. — Talvez não seja que eles não confiem, — eu digo. — Talvez seja que eles tenham esquecido como fazer. Ela

endireita

seus

livros

sobre

a

mesa,

girando

lentamente o rosto para mim, quando eu sento ao lado dela. — Então, talvez eles devessem abrir os olhos e ver que a pessoa que eles precisam confiar está bem na frente deles. Talvez eles devessem se abrir e compartilhar para que eles não tivessem que suportar o fardo sozinhos. — Nem tudo é feito para ser compartilhado. Nem toda cicatriz é no corpo físico. Algumas cicatrizes são na mente. Algumas cicatrizes não podem ser vistas. Elas estão dentro, queimaram tão profundamente que nunca vão ser curadas. Seus olhos são sérios e macios. — Só porque uma cicatriz não pode ser curada não significa que não possa ser aliviada, — sussurra.

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Eu respiro fundo, tomando uma decisão que eu sei que vou me arrepender. Tomando uma decisão que vai mudar tudo. Uma decisão que vai me mudar. — Às vezes a verdade é escura demais para algumas pessoas, — eu aviso-a. Uma decisão que irá mudá-la. — Às vezes, um pouquinho de verdade não é suficiente, — ela responde. Uma decisão que vai mudar a nós. — É o escuro muito melhor do que a luz? Ela acena com a cabeça. — Às vezes. Às vezes você precisa ficar perdido no escuro para realmente apreciar a luz. — Este fim de semana, — eu abaixo a minha voz por isso é quase inaudível. — Eu não posso prometer tudo. Eu só posso prometer o que está lá para dar. Ela pisca uma vez, contorcendo a mão. Ela cerra o punho e o coloca no colo. — Eu só tinha metade de você. Tenho certeza de que posso esperar um pouco mais para ter você inteiro.

**** Uma noite de sono agitado, pesadelos recorrentes e flashbacks de terror não são como eu queria começar o meu dia. Agora, com os caras fora em São Francisco, Megan pode entrar e sair da casa bastante despreocupada. Se alguém 142

perguntar, ela tem uma chave reserva do quarto de Braden e deixou alguns livros lá. Se alguém perguntar por que ela está no meu quarto, eu peguei emprestado um dos livros. É quase infalível, mas, novamente, ninguém aqui vai se importar muito. Todos querem secretamente entrar em suas calças. — Você realmente quer saber? — Eu pergunto-lhe, olhando para ela do outro lado do quarto. Seus olhos azuis são amplos e sinceros quando ela encontra o meu olhar cansado. Ela puxa os joelhos contra o peito e morde a unha do polegar, balançando a cabeça lentamente. Eu afundo na cama em frente a ela, as molas rangendo sob o peso do meu corpo, e olho para fora da janela. — Eu quero estar lá para você, — diz ela suavemente, mudando um pouco para mais perto de mim. — Mas eu não posso estar lá se eu não entender, não realmente. E eu quero Aston - Eu quero entender. Eu quero saber tudo de você. — Eu não tenho ideia de quem é meu pai. Minha mãe engravidou aos dezessete anos de um cara cujo nome ela nem sabia. — Minha voz é difícil, revestida com amargura, cada palavra grossa. — Ela impingiu-me aos meus avós sempre que podia. Ela não estava preparada para ser mãe - pelo menos não aos dezessete anos. Vovô insiste que ela sofria de depressão pós-parto, mas ela não se importava. Não é verdade. Se ela o fizesse, ela teria visto um médico, em vez de

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medicar-se com o álcool e as drogas mais baratas que ela pudesse pegar. — O Serviço de Proteção às Crianças manteve contato com a gente até que eu tivesse dezesseis anos e ser considerado ―estável‖ por eles. Eu roubei o meu arquivo uma vez e o li. Ele diz que ―Mamãe‖ nos deslocou para um apartamento pequeno e barato quando eu tinha dois anos, e embora tenha havido reclamações de vizinhos sobre ouvir uma criança gritar e ser deixada sozinha, sempre que visitavam

tudo

estava

perfeito.

Eu

estava

limpo,

o

apartamento estava limpo, e ela estava limpa. Eles não podiam fazer nada sem provas. — A vista do meu quarto é muito distante dos becos sujos do bairro Lombo, em San Francisco. — Apesar da área em que vivíamos, sempre que eles apareciam, ela conseguia fazer parecer que vivíamos em outro lugar. — Eu não precisei ler muito, além disso. Tenho lembranças de quando eu tinha uns quatro anos, abrangendo os próximos dois anos. ―Padrastos‖, que entravam e saiam várias vezes. Tudo a mesma coisa. Todos grandes, tatuados, e mais preso em drogas e álcool do que ela era. Todos eles me odiavam com paixão. Sujo filho da puta. Nanico fodido. Seu pedaço de merda. — Eles se mostravam quando ela saia para ganhar dinheiro - quando ela saia para vender seu corpo para algum rico, para financiar o vício dela e de qualquer pobre coitado

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que ela estava transando na época, em drogas. - Era quando eles começavam. — Mamãe, — eu tinha choramingado encolhido no canto da cozinha e abraçando o coelho mal cheiroso ao meu corpo. Ele se inclinou sobre mim - eu não sabia o nome dele. Eu nunca soube seus nomes. Eles nunca estavam lá tempo suficiente para eu conhecê-los. — Sua mãe não pode ouvir você, — ele zombou. — Ela está ocupada sendo uma prostituta para me conseguir uma boa porcaria. Ela é boa nisso. — Eu quero a minha mãe. — Eu me empurrei ainda mais para o canto, o cabo da tomada cortando a pele nua das minhas costas. As lágrimas começaram a se formar em meus olhos e eu me enrolei mais apertado, com medo do grande homem na minha frente. O cheiro de álcool no hálito dele caiu em cima de mim e eu cobri meu nariz, escondendo meu rosto. Era inútil. Eu sabia que, mesmo assim, ele não iria tocar meu rosto. Eles nunca fizeram. —

Rostos

espancados

eram

demasiado

óbvio.

A

contusão nas costas? Nas pernas? Mesmo no estômago. Elas eram mais seguras para eles. Elas não eram questionadas, e quando o foram, era a mesma resposta. — Oh, isso? — Mamãe acariciava suavemente minhas costas, os olhos firmes no funcionário do serviço social. — Fomos para o parque há alguns dias e o menino bobo pensou que poderia se pendurar por fora do grande trepa-trepa. 145

Afastei-me por um segundo - um amigo me chamou -, então ele estava de costas no chão. Ele não tem noção do perigo. Eu tentei explicar, mas ele tem apenas quatro. Nós viemos para casa e limpei-o bem, apesar de tudo. Nós não fizemos pequeno cara? Seus olhos azul-acinzentados encontraram os meus, uma centelha de medo neles. Eu balancei a cabeça. — Mamãe fez todo o seu melhor. — Eu caí de cima da mesa. Eu tropecei em uma rachadura na calçada. Eu escorreguei nas escadas de fora do apartamento. Havia sempre uma desculpa. Nunca uma visita ao hospital. Sempre minha culpa. Nunca deles. O vidro atingiu a parede tão fortemente que quebrou. Eu gritei, deslizando sobre uma mancha úmida no chão enquanto tentava fugir para o meu quarto para um segundo extra de alívio. Eu caí de joelhos, o medo pulsando através do meu corpo. Eu chorava, chorava, soluçava. Engoli em seco desesperado por ar, minha garganta apertada. Eu me arrastei ao longo do chão, lutando para escapar da sombra com raiva se aproximando de mim. O vidro cortou através da palma da minha mão, e eu gritei novamente. Sangue misturado com o álcool claro no chão, girando em padrões, e alguém bateu na porta. — Merda de bastardos intrometidos, — o homem resmungou, me pegando. Eu lutei contra o seu aperto, e ele abaixou a boca no meu ouvido. — Não brigue comigo, rato,

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ou você vai ter o meu cinto sobre suas costas. — Eu acalmei. — Bom garoto. A porta se abriu e a velha do outro lado do corredor estava lá com um olhar preocupado. — Ouvi um estrondo e um grito - Está tudo bem? — Tudo bem. O garoto derrubou o meu copo enquanto eu não estava na sala e tentou limpá-lo - cortou a mão algumas vezes. Se você não se importa, eu preciso limpá-lo. — E fechou a porta com suas mentiras. — Toda vez. Ela sabia. Ela nunca se preocupou o suficiente. Tudo o que ela queria era furar outra dose de merda em sua corrente sanguínea ou cheirar outra grama de pó. Tudo com o que ela se importava era o que estava no fundo do copo. Um dia, talvez você seja útil e possamos enviar-lhe para fora para ganhar dinheiro, em vez da puta da sua mãe. Um punho. Outra contusão. Isso é tudo para o que você é bom. Porra. É tudo para o que você vai ser bom um dia. Um pontapé nas costas. Ninguém nunca vai te querer. Não quando descobrir o quanto de uma puta do caralho sua mãe é. Um golpe de uma perna da cadeira na cabeça. Você é bom apenas para o que ela é. Ninguém nunca vai se importar com você.

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— Pare, — uma voz macia e triste, sussurra. Mãos pressionam suavemente contra minhas bochechas, lábios escovam minha testa. — Você pode parar agora. Abro os olhos, que devo ter fechado enquanto eu estava perdido em minha cabeça. Os olhos azuis de Megan estão cheios de lágrimas. — Você pode parar, — ela repete. — Você está seguro aqui. Você está seguro comigo. — Ela acaricia meu rosto enquanto uma lágrima rola no dela. — Você está seguro. A névoa começa a clarear, as memórias empurrando de volta, e eu a vejo claramente. A dor gravada no seu rosto é algo que eu nunca mais quero ver novamente. É algo que eu coloquei lá. É por isso que eu nunca quis dizer a ela. É por isso que eu nunca quis chegar tão perto dela. — Não chore por mim, baby. — Eu escovo o meu polegar em seu olho. — Eu não mereço suas lágrimas. Ela acena com a cabeça. — Você merece. Você vale cada lágrima no meu corpo. — Eu não mereço, — eu argumento, afastando-me dela. Eu me empurro para fora da cama e começo a andar pelo quarto,

as

palavras

reabrindo

as

velhas

cicatrizes

e

reforçando tudo o que eu tentei empurrar para trás. Lembrando-me do que eu sou. Lembrando-me do valor da minha vida, do meu corpo. — Eu não mereço você. Você não entendeu? Eles estavam certos, Megs. Eu não valho nada. Eu sou muito fodido. Tudo o que sempre disseram - cada vez que

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me disseram que eu não valia merda, cada vez que me disseram que ninguém nunca iria me querer. — Eles estavam errados, — disse ela em uma voz pequena, mas forte. — Eles estavam errados. Tudo isso. Era tudo mentira. Eu balanço minha cabeça e apoio as minhas mãos espalmadas contra a parede, deixando cair à cabeça para baixo e apertando minha mandíbula. — Não. Eles estavam certos. Cada porra deles. Eu sou fodido. Estou quebrado, um monte de peças incompatíveis grudadas em uma tentativa de merda de conserto. A cama de molas guincha e o assoalho range. Uma mão suave toca minhas costas, outra segura apertado em torno de meu bíceps. — Eles não estavam certos. Eles estavam longe de estar certo. — Você não sabe disso. — Sim, eu sei. — Ela se move para perto de mim, tirando a mão das minhas costas e envolvendo-a em volta do meu braço. Ela aperta sua mão, descansando o lado de seu rosto contra meu ombro. — Eles estavam errados, porque eu quero você. Eu quero tudo de você – até as partes quebradas e as peças incompatíveis. Viro a cabeça ligeiramente, encontrando seus olhos. — Por quê? Por quê? Eu não posso dar o que você realmente quer. Eu não posso lhe dar o brilho do sol e o caralho do

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arco-íris. Eu não posso lhe dar cachorros e coelhos macios. Eu não posso lhe dar a perfeição que você merece. — Eu não quero perfeição, e se eu quisesse brilho do sol e arco-íris, eu iria para a escola primária local e visitaria o jardim de infância. Eu me empurro fora da parede, com as mãos caindo. — Isto sempre vai acabar em sexo. Não há nada por dentro, baby. Eu sou fodidamente vazio. — Você está mentindo, e você sabe disso. — Estou? — Eu giro, prendendo-a com o meu olhar. Eu estou mentindo - mas é melhor assim. — Estou mentindo? Você acha que eu sinto alguma coisa quando eu trago alguma menina para o meu quarto em um sábado à noite? Você acha que eu sinto algo além de sexo? O silêncio se estende e eu me odeio por isso. Eu me odeio por afastar a única pessoa que eu quero puxar para mim. — Eu sei que você não sente nada além de sexo quando você traz uma menina para seu quarto em uma noite de sábado. Isso é mais doloroso que os chutes físicos no estômago que eu costumava tomar. — Então por que você ainda está aqui? — Porque eu não sou uma garota qualquer, — diz ela, com certeza, seus olhos perfurando os meus. — Você acha que eu sou burra, Aston? Você só desnudou a sua alma para 150

mim - as mais profundas e mais escuras partes - e agora você está tentando me empurrar para longe. Quem você está realmente tentando proteger, hein? É a mim ou a você? Você não sente nada por mim quando me chama de ―baby‖? Você não sente nada quando você me abraça contra você? Você honestamente não sente nada quando estamos juntos? Vá em frente. Diga-me! Diga-me agora, comigo olhando em seus olhos que você não sente nada. Diga-me que eu não importo para você. Eu não posso. — Diga-me! E ela sabe disso. — Vá em frente! — Eu não posso! — Eu grito. — Eu não posso dizer-lhe porra! E esse é o problema. Você tem que ir. Você tem que ir embora, porque eu não posso. Você tem que se proteger de mim, porque eu não consigo me afastar de você. — Eu não quero que você se afaste, — ela atravessa todo o quarto. — Eu não quero que você se afaste de mim! — Ela para em frente a mim, arfando o peito, e continua com uma voz mais calma, — Eu não quero que você vá embora. Ninguém nunca vai te querer. Ninguém vai se importar. Você vale merda. Filho da puta. Idiota inútil. Eu agarro-a e puxo-a contra mim, enterrando meu rosto em seu cabelo. Estou tremendo quando eu a abraço. Eu preciso dela - Eu não sei o que é, mas eu preciso dela mais do 151

que eu já precisei de qualquer outra coisa. Ela é tudo que eu posso

sentir.

Ela

me

faz

querer

separar

as

peças

incompatíveis de mim e colocá-las nos lugares certos. Ela desperta algo em mim, a vontade de viver, a vontade de amar. Com os braços em volta da minha cintura, suas mãos se espalham nas minhas costas, e sua cabeça escondida em meu pescoço, me sinto em casa com ela. Megan se sente como uma casa para mim.

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Capítulo Treze Megan

-S

erá que ela realmente nunca falou sobre o seu pai? — Eu pergunto, desenhando círculos no braço de Aston com o meu dedo.

— Não. Vovô me disse a alguns anos que ela foi para o aniversário de um amigo e poucas semanas depois descobriu que estava grávida. Ela jurou que só havia ele, mas ela não conseguia se lembrar de seu nome, — ele responde. — Não importa, de qualquer maneira. Eu tenho meu avô, e isso é o que importa. Ele estava lá quando ninguém mais estava. — Ele parece ser um homem incrível, — eu digo, inclinando a cabeça para trás e olhando em seus olhos cinzentos. — Isso torna mais fácil entender de onde você vem. Ele faz um barulho de descrença. — Eu não sou incrível, baby, longe disso. — O bom de ser alguém de fora é que eu posso ver o que você não pode, — eu argumento. — Você não pode vê-lo ainda, talvez você nunca o veja, mas você é. — Eu levo minha

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mão em seu rosto, acariciando meu polegar por sua bochecha e em toda a barba em sua mandíbula. — Se você diz que sim. — Ele pega minha mão e leva-a boca, beijando cada um dos meus dedos suavemente. — Sinto muito por ter feito você se lembrar dessas coisas, — eu digo em voz baixa. — Eu não, — ele responde com firmeza. — Eu não sinto muito que você tenha feito. Você estava certa ontem. Você tem que se perder no escuro para apreciar a luz. Minha cabeça está cheia de trevas, cheio de sombras e horrores, e então eu olho em seus olhos. É como encontrar a luz no fim do túnel. - A luz que eu nunca pensei que iria encontrar. Eu pressiono minha mão contra sua bochecha, seu apoio sobre mim, e movo meu rosto para frente para nossos lábios escovarem. — Eu gosto disso. Eu amo que eu faça você se sentir assim. — É verdade. Quem mais eu poderia ameaçar espancar sobre a mesa da cozinha? — Seus lábios puxam um pouco de luz normal, retornando aos seus olhos enquanto a escuridão recua. — Eu tenho certeza que você poderia encontrar alguém — Eu dou de ombros. — Eu provavelmente poderia, mas eu não quero encontrar alguém. — Seu rosto fica sério de novo, e sua mão trilha ao longo do meu braço até minhas costas onde ela repousa. — Eu tenho que dizer mais uma coisa - mas você tem que me prometer que não vai ficar com raiva e ir embora. 154

— Eu.Não.Estou.Indo — Eu coloquei ênfase extra em cada palavra. — Tudo bem? Eu não vou a lugar nenhum. Por um segundo, eu vejo um vislumbre do menino que continua lá dentro no flash em seus olhos, e meu coração se quebra um pouco. Uma pequena rachadura pela dor que ele deve sentir. — Algumas noites atrás, eu fui a um bar. É fora do caminho, e eu fui lá porque eu tinha que provar para mim mesmo que eu não sou como minha mãe. — Ele fecha os olhos, franze-os, e abre novamente. — Eu sabia que se eu fosse lá e saísse com alguém, eu não seria melhor do que ela era. Eu engoli, tentando não deixar que a minha expressão facial mudasse quando um pouco de bile subiu pela minha garganta. Mesmo que todo o meu corpo aperte, uma parte de mim acredita que ele não fez. Uma parte de mim tem que acreditar nisso. — E então? — Eu digo com uma voz enganosamente calma. Dentro meu corpo está em fúria, fúria por ele ter tentado isso, furioso com as pessoas que lhe fizeram agir dessa maneira, furioso com as palavras que ele deve ter ouvido muitas vezes para fazê-lo acreditar que ele não é melhor do que a mãe. — Eu não podia. Eu fiquei lá talvez cinco minutos, no máximo, e eu tive que sair. Eu tinha que correr. Não era eu. — Ele olha fixamente nos meus olhos. — E você é a razão pela qual eu saí. Inferno, você é a razão pela qual eu fui. Eu 155

disse a mim mesmo que se eu fosse e saísse sozinho, eu era bom o suficiente para você. Se eu partisse sozinho, eu me importava, eu tinha sentimentos. Se eu partisse sozinho, eu não era oco por dentro. — Você não é oco por dentro. — Eu me levanto e olho para ele, correndo os dedos pelo seu cabelo. — Você mesmo sente - você deve ter sentido para agir de modo certo, em primeiro lugar. E quanto a ser bom o suficiente para mim... — Eu balancei minha cabeça. — Quem determina isso? A sociedade? Um programa de TV? Um romance? Não. Nem mesmo Braden pode ditar Aston. A única pessoa que decide se alguém é bom o suficiente para mim, sou eu, e eu digo que você é definitivamente bom o suficiente para mim. Ele enfia o meu cabelo atrás da minha orelha. — Como você sabe? Eu sorrio um pouco. — Bem, você não é o Sr. Darcy, mas você sabe... Seus dedos se movem contra meu lado, me fazendo cócegas, e eu caio de costas sobre a cama, rindo. Ele rola para que ele fique inclinando sobre mim, sua perna deslizando entre as minhas e os seus quadris me prendendo embaixo. Sua mão sai do meu lado e viaja pelo meu corpo até minha mão onde ele une nossos dedos. — ‗Você me enfeitiçou, corpo e alma‘, — ele murmura, olhando nos meus olhos. — Eu esqueci o sotaque, mas eu tenho certeza que irei fazer. Isso é tudo o que me lembro do livro, quando eu olho para você. 156

— Uma das minhas frases favoritas — Eu sorrio. — Eu faço você esquecer as coisas muitas vezes? — O tempo todo. — Ele baixa os lábios, movendo-os suavemente sobre os meus por um longo, prolongado momento. — Eu não posso acreditar que você realmente conhece Jane Austen, — eu devaneio, movendo seu cabelo de seu rosto. — Foi o primeiro romance clássico que meu avô me fez ler. — Ele apoia a cabeça na sua mão próximo da minha cabeça. — Ele disse que, embora Darcy fosse um asno pomposo no começo, se eu crescesse e amasse uma mulher do jeito que ele amava Elizabeth no final, então o seu trabalho de me criar tinha sido feito. — Ele arrasta o dedo para o lado do meu rosto. — Ele deu-lhe o livro para ensinar-lhe a respeitar as mulheres —eu digo em espanto. — Ele queria que você tomasse a jornada de Darcy de respeitar e amar Elizabeth e aplicasse-a na vida real. Seu avô é um gênio. — Eu vou dizer a ele que você disse isso. — Ele sorri. — Vou dizer-lhe eu mesma se eu chegar a conhecê-lo. — Você vai. Se você quiser. — Sério? Aston concorda. — Eu já lhe disse o pior. Vovô... Bem, ele provavelmente vai ficar feliz em ter alguém com quem falar que realmente goste de discutir as maiores histórias de 157

amor da literatura. Inferno, eu não tenho muita paciência para essa merda. — Eu adoraria conhecê-lo, — eu digo com sinceridade. — E discutir as maiores histórias de amor da literatura. — Amanhã? — Pergunta Aston, o menino aparece em seus olhos novamente, e eu percebo que ele está me deixando entrar. Ao levar-me para conhecer seu avô, ele está me dando mais de si mesmo. Ele está me deixando conhecer a pessoa que realmente o conhece... A única pessoa que conhece o menino de dentro. Eu corro o meu polegar ao longo de seu lábio inferior. — Amanhã. Eu vou ter a certeza de trazer Sr. Darcy. — Não há necessidade. — Ele deixa cair seu rosto para o meu de novo, tomando meu lábio inferior entre os seus e sugando levemente. — Eu vou ser um Sr. Darcy da vida real. — Você não tem a cartola e caudas, — eu protesto, segurando minhas mãos atrás da sua cabeça. — Quem precisa deles? Eles acabam no chão de qualquer maneira. Eu rio enquanto ele me beija de novo, seu corpo pressionando o meu. — Você provavelmente está certo.

****

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Eu me sinto como se tivesse quinze anos e furtivamente voltando para o meu quarto depois de quebrar o toque de recolher. Nunca tive a intenção de ficar na casa da fraternidade na noite passada - apenas aconteceu. Após Aston me contar tudo, eu não podia sair. Eu não podia ir embora, deixando-o com suas lembranças que eu fiz-lhe arrastar para fora. É por isso que eu estou me esgueirando com as roupas de ontem para mudá-las rapidamente, antes que Aston me leve para conhecer seu avô. Eu silenciosamente faço meu caminho descendo as escadas, esperando que todo mundo ainda esteja na cama ou fazendo o que normalmente eles fazem em uma manhã de domingo, e faço uma pausa na parte inferior. — Uma menina loura? — A voz de Kyle pergunta. — Sim. Eu não vi quem era apesar de tudo. Tanto quanto eu sei, ela ainda estava em seu quarto na noite passada. — Você quer dizer Aston não veio para baixo e pegou uma garota? Foda-se. Eu pressiono minha mão sobre a boca para abafar o fluxo de palavrões que querem sair vocalmente, tanto quanto mentalmente, e olho para a porta da frente. Se eu virar a esquina, agora, quem está fora vai me ver e saber que eu era a garota em seu quarto. 159

— Megan? — Uma voz pergunta, e eu mordo minha língua, olhando ao redor. —Não. Braden iria matá-lo. É isso aí. Eu tiro os meus sapatos e salto em silêncio na ponta dos pés escada acima. Minha mão desliza a chave de Braden do bolso da minha calça jeans e eu coloco-a na fechadura, esgueirando-me em seu quarto e pego um dos meus livros de sua mesa. Obrigado, Braden, por sua constante necessidade de copiar as minhas notas de inglês. A porta se fecha atrás de mim e coloco meus sapatos de volta. Eu sei que o meu aspecto é áspero - mas hey, é um sábado - e eu ando casualmente descendo as escadas. Kyle e o outro cara, Mark, olham para mim enquanto eu apareço na sua linha de visão. — Bom dia. — Eu sorrio e aceno ligeiramente. — Uh — Kyle diz sem jeito. — Você está aqui cedo. Eu levanto o livro. — Braden tinha minhas anotações novamente. É exatamente por isso que eu tenho a chave do seu quarto. — Sério? — Mark estreita os olhos, olhando para mim com desconfiança. — O livro está na minha mão, não é? Quer que eu te leve até lá e te mostre quantos dos meus malditos livros ele

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tem em sua mesa? — Ofereço, apontando para as escadas com mais calma do que eu sinto. — Não é grande coisa. — Não, está tudo bem, — ele responde, relaxando. — Ótimo. — Eu finjo um sorriso. — Eu adoraria ficar e conversar, mas eu tenho um trabalho para escrever. Até mais. — Tchau, Megs. — Kyle acena enquanto eu viro e saio da casa da fraternidade. Todo o ar corre dos meus pulmões quando a porta se fecha atrás de mim, e eu me forço a caminhar em vez de correr. Merda. Essa foi por pouco - muito fodidamente perto e eu já esgotei o meu número de desculpas para estar na casa da fraternidade quando Braden ou as meninas não estão. — Onde diabos você estava na noite passada? A voz de Kay envia um raio de pânico através de mim. Inferno. Posso obter uma pausa hoje? — Por que você precisa saber? — Eu pergunto, entrando no dormitório. — Porque eu vim por aqui para levar o seu traseiro para uma festa - não com aqueles paus da casa de Braden - e você não estava aqui. Onde você estava? Eu coloco minha mão em meu batente da porta, sorrindo, e decido fazer à tímida. — Você não gostaria de saber?

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Ela sorri. — É claro que eu gostaria de saber. Você finalmente conseguiu algum? Eu abro a porta. — Uma dama nunca revela seus segredos! — E bato-a fechada antes que ela possa me questionar mais. — Sua vadia! — Ela grita, batendo na porta. — Eu não vou deixar isso pra lá! — Eu sei! — Mas pelo menos agora eu tenho tempo para inventar uma desculpa. Eu expiro um suspiro longo e torturado, e descanso minha testa na porta. Quem pensou que um relacionamento secreto era uma boa ideia? Ah, sim, eu. Isso foi antes do relacionamento secreto tornar-se algo complexo, com mais do que apenas um menino e uma menina. Agora, ele está entrelaçado profundamente em um passado cheio de horrores que eu não posso sequer imaginar, vozes que eu nunca vou ouvir e memórias que eu nunca vou ver totalmente. Não é apenas uma aventura passageira de faculdade, algo para passar o tempo. É real. Eu me endireito e lanço o livro na minha cama de qualquer jeito, não me importando quando ele desliza para o chão, e tiro minhas roupas enquanto eu vou para o chuveiro. Um rápido banho quente deve resolver e me relaxar dos eventos desta manhã. Muitos naquele curto espaço de tempo. 162

Há apenas mais algumas desculpas que eu possa inventar antes que a verdade apareça. Eu sei que esse momento vai ser tão explosivo que nem o Ano Novo chinês, com os seus fogos de artifício, será capaz de atingi-lo. Eu saio do chuveiro e dou uma tapeada para ficar pronta, em pé na frente do meu armário por mais tempo do que o necessário. Quero dizer, isso é o equivalente ao momento ―Conhecer os Pais‖, certo? Então, uma boa impressão - literatura a parte - é necessária. Mas o que diabos você usa para conhecer o avô de alguém? O céu cinzento lá fora me faz repensar a ideia de usar saia, e eu retiro um par de jeans em seu lugar. Aqueles que, juntamente com uma bela camisa e suéter envolvente fará maravilhas. Eu seco meu cabelo com o secador de cabelo, prendendo-o longe do meu rosto com um grampo de flor, e coloco alguma maquiagem. Meu celular vibra e uma mensagem de Aston aparece. Pronto quando você estiver. Dê-me cinco. Eu pego um casaco e óculos de sol e faço meu caminho para fora, deixando o quarto do dormitório para trás. O céu está escurecendo um pouco mais, mas não o suficiente para a chuva. Ainda. A caminhada até o centro da cidade não demora muito, e eu encontro Aston estacionado exatamente onde ele disse que estaria. Eu bato na janela, sorrindo, e ele se inclina para 163

abrir a porta. Eu entro, sento, e ele se debruça sobre o câmbio para me beijar profundamente. — Arriscado, — murmuro. — E ser visto em um carro com você não é? — Ele atira de volta, divertido. Eu retiro meus óculos de dentro do meu casaco e deslizo-os pelo meu rosto. — Está vendo? Eu estou disfarçada. — Você ainda parece com você. — Ele sorri enquanto puxa-os para fora. — Nós não estamos passando pelo campus, de qualquer maneira. Ainda é cedo, então eu duvido que muitas pessoas estarão por perto. — Você diz isso. Se eu fosse Pinóquio, meu nariz teria cerca de dez metros de comprimento de tantas mentiras que eu já disse esta manhã. — Para quem? — Ele olha para mim. — Kyle e Mark, e em seguida, Kay, — Eu resmungo. — Kyle e Mark acham que eu entrei lá para pegar um livro do quarto de Braden, e Kay pensa que eu estava com um cara toda a noite. — O que é verdade. Mas ela não sabe? — Não. Ela não sabe. Eu bati a porta na cara dela. — Ela não vai deixar isso passar. — Eu sei. Mas eu não tinha tempo para pensar numa desculpa decente porque eu não podia lhe dizer com quem eu estava. 164

Ele suspira. — Você sabe que ela vai dizer a Lila e Maddie, e elas vão ficar no seu pé, certo? Enfio meu cabelo atrás da minha orelha e mastigo meu mindinho. — Eu sei, — murmuro. — Mas eu não tive como pensar. Eu ainda estava me recuperando de Kyle e Mark. Ela me pegou desprevenida. Eu sou uma péssima namorada secreta. — Eu gosto disso. — Que eu sou uma péssima namorada secreta? — Eu franzo a testa enquanto ele estaciona fora de uma casa arrumada, de dois andares com arbustos perfeitamente podados e flores. — Não, bem, sim. — Ele se vira no banco, seus olhos cinza-claro e penetrantes direto nos meus. Ele sorri, pegando a minha mão e me puxando em direção a ele. — A parte namorada. Eu coro um pouco enquanto eu percebo que nunca esclarecemos o que somos. — Oh, um... Seus lábios tocam os meu, sondando-os, e ele murmura contra mim — Não faça isso. Eu gosto da ideia de você sendo minha namorada, mesmo que seja secreta. — Como Romeu e Julieta? — Deixe a literatura para vovô. — Ele se inclina para trás e sorri. — Mas, sim, mais ou menos. Assim, sem a parte de morrer e essas coisas.

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Eu coloco minha mão na maçaneta da porta e sorrio para ele por cima do meu ombro. — Eu posso viver com isso. Meus pés tocam o chão e eu percebo o quão nervosa eu estou. Quando sou eu e Aston brincando, conversando, eu não me sinto nervosa. Mas agora eu estou de pé na frente da casa do avô dele, meu coração está batendo forte e minhas mãos estão ficando suadas. Eu corro minha língua sobre meus lábios, molhando-os já que eles estão subitamente secos, e eu engulo. Aston pega a minha mão, ligando nossos dedos, e me puxa para a casa. — Não tenha medo. — Será que ele sabe que estou aqui? Ele sorri, com a mão na maçaneta da porta. — Não. Minha boca cai, e ele empurra a porta aberta, deixando escapar o cheiro de fumaça de charuto. — Eu queria que você não fumasse essas coisas malditas, vovô! — Ele chama. — Então você continua dizendo, menino, e eu continuo dizendo que eu não vou parar. Aston sorri de novo, e tenho a sensação de que esta é uma rotina para eles. — Bem, se você está fumando agora, jogue essa coisa fora. Trouxe companhia. — É melhor não ser um daqueles garotos idiotas da fraternidade que vivem com você — seu avô resmunga. — Não, não é um daqueles idiotas. — Aston ri um pouco. — Melhor do que isso. Muito melhor. 166

— O que, você me trouxe uma stripper? — Uh, não. Talvez da próxima vez. Eu sorrio, amando a brincadeira fácil entre os dois. — Bem? Quem é? Entramos na sala da frente, e um velho está sentado calmamente em uma poltrona no outro extremo da sala. Ele vira a cabeça de onde ele estava olhando para fora da janela, e eu posso ver o interesse faiscando em seus olhos cinzentos. Olhos cinzentos exatamente do mesmo tom que os de Aston. — Esta é Megan, — Aston nos apresenta. — Megan, este é o meu avô. Basta chamá-lo de vovô. — Claro, ela é uma coisa bonita, não é, rapaz? — Vovô diz, olhando para mim e sorrindo. — Venha sentar-se, querida, e não se preocupe com ele. Seus modos estão um pouco duvidosos desde que ele começou a andar com os meninos idiotas da fraternidade. Eu sorrio um pouco e deixo Aston levar-me para o sofá em frente ao seu avô. Sento-me no material confortável e Aston dá uma parada antes de sentar. — Deixe-me adivinhar. Você quer que eu me lembre dos meus modos e vá buscar uma bebida para Megs? — Ele pergunta com uma sobrancelha levantada. — Vá em frente. Sorrio com o suspiro exagerado de Aston, e eu quase posso ver a intimidade no relacionamento deles. Não está só no fato de Aston ser do seu avô, sessenta e tantos anos mais 167

jovem, está nas brincadeiras fáceis e sorrisos afetuosos que eles têm. Vovô me olha e pisca. — Tenho que manter o menino na ponta dos pés. Então, Megan, você é a namorada? — Ele se parece muito com Aston nesse segundo, eu não posso deixar de sorrir mais amplo. — Essa sou eu. — Ele nunca a mencionou antes. — É, um... Complicado. — Irmão mais velho protetor pronto para chutar algumas bundas de garoto-bonito? Eu acho que eu amo esse homem. — Algo como isso. — Eu sorrio. — Melhor amigo. — Garoto idiota da fraternidade? — ele pergunta. Concordo com a cabeça. — Veja rapaz? Eu disse que eles são todos idiotas. Foram nos meus dias, ainda são agora. — E você criou o maior deles, — Aston dá um tapinha no ombro do velho, colocando uma bandeja de bebidas na mesa e me passando uma. — Obrigada. — Eu olho para ele, sentindo-me um pouco tímida agora que estamos na frente de seu avô. — Com certeza. Mesmo que ele seja um menino bonito. — Vovô sorri, levanta o copo de limonada, e toma um gole antes de colocá-lo de volta na mesa. — Então, Megan, você gosta de literatura?

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Aston sorri, descansando seu braço no sofá atrás de mim, e eu sorrio. — É a minha graduação. Os olhos do Vovô se acendem e ele fica um pouco mais ereto. — Romancista favorito? — Jane Austen. Orgulho e Preconceito, antes que você pergunte. — Por Deus, rapaz! — Ele exclama com alegria e bate palmas. — Nós temos uma um tesouro! — Ele se vira para mim novamente. — O segundo favorito? Eu mastigo meu lábio por um segundo. — Dickens ou Louisa May Alcott. É difícil, mas Alcott poderia vencer. Sua capacidade de criar todo um elenco de personagens adoráveis e convincentes - e não apenas um ou dois - é algo que eu ainda tenho que encontrar em outro escritor. Vovô balança a cabeça. — Você está me dizendo que Little Women é melhor do que Great Expectations? — Oh, não, — eu digo. — Não melhor - as histórias estão em igualdade uma com a outra, mas seus estilos são muito diferentes. Minha preferência é pelo estilo de Alcott, e eu tenho uma pequena queda por Laurie. — Eu dou de ombros. — Quantos meninos você está namorando nos livros? — Aston cutuca meu ombro. — Primeiro Darcy, agora Laurie... — O termo adequado é namorado de livro, — eu corrijoo. — E há muitos personagens dignos de desmaio no mundo literário, novos e velhos. 169

— E se eu estivesse em um livro? — Aston sorri. — Eu seria o seu namorado de livro? — Deus ajude o mundo, se alguém escrever sobre você em um livro, menino, — Vovô resmunga. — Isso seria um desastre literário. Aston estira a língua para fora, e Vovô ri. — Seja bom, velho, ou eu irei esconder sua bengala. — Esconda a bengala e eu vou chutar o seu traseiro com ela! — Vovô ameaça. — Não é a primeira vez, e eu tenho certeza que não será a última! Eu sorrio me desligando um pouco da conversa, observando Aston e como eles continuam a brincar pra cá e pra lá. Seu corpo e expressão estão relaxados, seu sorriso fácil, e os seus olhos claros. Este é o Aston real, o que ele não mostra. Ele está feliz e brincalhão, ainda há uma sombra subjacente a ele. Se eu já tive alguma dúvida se estava ou não apaixonada

por

Aston

Banks,

ela

foi

completamente

exterminada. Não há dúvida. Há apenas certeza. A expressão de Aston escurece um pouco, e eu escuto de volta. — Vovô... — Eu só quero saber se você foi. — Não. Eu não fui, e eu não pretendo.

170

Eu olho entre os dois, tentando não parecer intrometida. — Ele pode fazer bem. — Eu não estou pronto. — Têm sido 13 anos, rapaz. — Eu não me importo se foi treze ou trinta Vovô. Eu não estou pronto! — Aston se levanta e sai da sala, deixando seu avô suspirando. O velho vira o rosto para a janela, suas próprias sombras passando sobre seu rosto. — Será que ele te disse? Sobre si mesmo? — Um pouco, — eu respondo com sinceridade. — Ele ficou tão distante e... Foi demais. Ele acena com a cabeça. — Eu peguei ele quando ele tinha seis anos, dia em que descobri que sua mãe havia morrido. Ela era o meu bebê - minha única filha. Perdê-la quase me matou, mas ele me deu algo para viver. Eu tinha que protegê-lo e dar-lhe a vida que ela não podia. — Ele passou dois dias no hospital, enquanto ele era examinado. Ele estava abaixo do peso, sujo e completamente com fome. Mas isso não foi o pior. Havia um grande corte na palma da mão com pequenos pedaços de vidro que tinham sido deixados, arranhões e cortes cicatrizando através de suas pernas, e um hematoma enorme nas costas. — Ele olha para mim, e eu não tento disfarçar meu horror. — Como poderia... — Eu paro, colocando minha mão na boca enquanto a minha mente processa o que ele me disse. 171

— Ele culpa a mãe pelo que aconteceu. Ele a culpa por nunca protegê-lo - mas eu sou o único que deve ser responsabilizado. Eu sabia que ela não estava em condições de mantê-lo, mas eu permiti de qualquer maneira. Sua avó morreu quando ele tinha quatro anos e eu estava preso em um laço de tristeza. — Ele olha para a janela, e eu sigo o mesmo caminho, vendo Aston encostado a uma árvore. — Eu deveria ser responsabilizado por não protegê-lo. — Você não sabia o que estava acontecendo, não é? — Não. — Então, como você pode ser responsabilizado por algo que você não sabia nada sobre? Você o pegou e transformouo na pessoa que ele é hoje, e por mais que ele não acredite, ele é um crédito para você. Ele não vê, mas ele é. Você fez o seu melhor para corrigir os erros de sua filha. — Você é muito sábia. — São os livros. — Eu viro minha cabeça e nós dois compartilhamos um pequeno sorriso. — Você mencionou sobre ele ir para algum lugar... — Túmulo de sua mãe. Tento todos os anos fazê-lo ir, mas ele sempre diz que não está pronto. Teimoso. — Eu acho que ele não aceitou o que aconteceu com ele. Eu acho que ele não se deixou lidar com isso. — Espero que ele possa. Eu espero que você possa lidar com isso. — Vovô me olha sério, os olhos cinza granito. — Não é fácil, da maneira que ele foi tratado. O que você sabe é 172

apenas uma pequena parte da merda que meu menino passou. — Eu posso lidar com isso, — eu tranquilizo-o. — E eu posso ajudá-lo a lidar com isso. Eu quero. — Eu gosto de você, — diz ele de repente. — Você parece como uma romântica total, mas você tem um incrível e maravilhoso ‗cabeça dura‘ para você. Você não vai tomar sua merda, não é? — Eu nunca tinha tomado sua merda, e eu não pretendo começar agora. — Eu sorrio. — Me faz um favor? — Vovô se inclina para frente. — Um dia, leve-o ao túmulo da mãe dele. Mesmo que seja por apenas um minuto. E pelo amor de Deus, não deixe o asno bonito passar por cima de você. Ele acha que é o Sr. Darcy. — Então me chame de Elizabeth. — Eu sorrio.

173

Capítulo Quatorze Aston

P

or que ele tinha que trazê-la? De todas as coisas que ele poderia ter discutido, ele traz ela. Todas às vezes.

Eu não quero falar sobre ela. Não para ele. Ele não entende. Ele não conhece a mesma pessoa que eu. Seus padrões são diferentes dos meus. Suas memórias estão a milhares de quilômetros de distância das minhas. Eu chuto a areia, puxando meu casaco mais apertado ao redor do meu corpo. Megan fala pela primeira vez desde que deixou a casa do Vovô e nos dirigimos para o norte, aonde ninguém iria nos encontrar. — Você está bem? Eu balanço minha cabeça. — Não. Toda vez. Toda maldita vez ele traz ela. Eu pensei que ele não faria na sua frente, mas ele fez. — Ele tem sua própria dor, — diz ela em voz baixa. — Isso não é desculpa, mas ele tem. Ele se sente culpado pelo que aconteceu com você - que ele não podia impedi-lo. 174

Minha mente vacila por um segundo e eu olho para ela. — Ele lhe disse isso? Ela acena com a cabeça, deixando sua mão cair das minhas costas e parando em frente a mim. Eu paro. — Você nunca o deixou dizer. — Ela me alcança e pega meu rosto. — Ele sofre, também, Aston. Vocês dois estão feridos. Não é algo que vai desaparecer, mas você não pode deixar isso governar suas vidas. Se você deixar a dor governar você vai se perder nela. — E se eu já estiver perdido? — Você não está perdido. Você está se escondendo, mas você não está perdido. Eu não vou deixar você se perder. Deixo minhas mãos subirem e descansarem em suas costas, puxando-a para mim. — E se não houver nenhum mapa? — Então eu vou ficar perdida com você, — ela sussurra. — Eu não vou deixar você deixá-los ganhar, Aston. Eu não vou deixar você ser sugado por esses demônios. Eu não vou deixar isso acontecer. Eu me preocupo muito. E ela faz. Eu posso ouvi-lo em sua voz. Ela envolve seus braços em volta de meu pescoço, e eu abraço ela apertado, nossas testas descansando uma contra a outra. — Eu vou tentar Megs, — eu prometo. — Eu não posso dizer que não, mas enquanto você estiver aqui, eu acho que ficarei bem. 175

— E você vai falar com o seu avô? Apenas uma vez? — Eu vou pensar sobre isso. Que tal a gente se concentrar um pouco apenas em me impedir de se perder? — Você só precisa de um lugar para apontar, isso é tudo. Você precisa de um lugar para ir. — Vá em frente, então. — Eu sorrio. — Dê-me um lugar. — Tudo bem. — Ela faz uma pausa por um segundo, fechando os olhos e mordendo o lábio. — Estou esperando... — Eu provoco-a. Seus olhos azuis abrem, me chocando com a sua vitalidade. — Mire na lua, porque, mesmo se você perder, você vai pousar entre as estrelas. — Eu não preciso apontar para o céu. A única estrela que eu sempre precisarei está em pé bem na minha frente. — Eu escovo meus lábios nos dela. — Talvez o lugar que eu preciso almejar é nenhum lugar diferente de onde estou agora. — Talvez eu vá com você onde quer que você acabe. — Talvez eu nunca peça isso a você. — Talvez você não precise pedir. Talvez você nunca mais vá precisar me pedir nada, porque eu vou estar sempre aqui. — Ela silencia meu próximo argumento, pressionando os lábios firmemente contra o meu, me segurando prisioneiro em seu beijo. Seus dedos emaranhados no meu cabelo, o corpo dela contra o meu encaixado perfeitamente.

176

Meus braços apertam em torno de sua cintura, uma de minhas mãos movendo-se das costas para a parte de trás de sua cabeça. Ela fica na ponta dos pés e sua língua encontra a minha, nunca aliviando a pressão de seus movimentos. Pela primeira vez, eu não estou pensando em sexo. Eu não estou pensando em como eu poderia rasgar a roupa dela nesta praia deserta e fazer amor com ela. Eu estou pensando que ela está deslizando entre as minhas

fendas,

agarrando

as

peças

incompatíveis

e

rasgando-as. Ela está estudando-as, conhecendo-as, para me conhecer, e então, cuidadosamente, ela vai alinhá-las todas de volta e mantê-las juntas. O que ela nunca saberá, é que ela é a cola que as mantém juntas. Ela é a cola que me mantém junto.

**** — Então, é domingo à noite, estamos em uma praia deserta e escura no norte da Califórnia, está frio para cacete, e nós estamos tomando sorvete, — Megan resume, correndo o dedo ao redor da parte superior de seu cone e lambendo-o. — Parece adequado. — E por que estamos tomando sorvete em vez de oh, tomando um café no Starbucks? — Ela levanta uma sobrancelha para mim.

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Eu dou de ombros. — Eu não acho que eles tenham um Starbucks em... Onde quer que estejamos. — Onde quer que estejamos? Oh, Deus. Lembre-me para

nunca

mais

deixá-lo

dirigir

em

qualquer

lugar

novamente. — Deixar-me? — Sim. Deixá-lo. Eu coloco meu braço em torno da cintura dela e puxo-a para mim. — Você não me deixa fazer nada. Eu não vi você se oferecendo para dirigir. — Por que eu iria me oferecer para dirigir quando você pode fazer isso por mim? — Mas você acabou de dizer... — Eu balanço minha cabeça, sorrindo com seu sorriso brincalhão. — Não importa. Eu não acho que valha a pena tentar entender. — Não, não vale. — Ela sorri, beijando-me rapidamente e realizando manobras de distância. — Eu sou apenas uma daquelas pessoas que você nunca vai entender. — Isso é porque você é complicada. — Eu não sou complicada! — Se você fosse simples, eu seria capaz de compreendêla. Ela termina o sorvete e joga o cone em direção ao lixo assim que chegamos à beira da praia. — Você ganhou.

178

— Você não come o cone? — Eu meio que digo meio que pergunto. — Eu não gosto dos cones. — Ela pula para cima do capô do carro, com as pernas pairando sobre a frente. — Então por que você pede cones de sorvete? — Eu estou entre as pernas dela, e ela conecta-as em volta da minha cintura, deslizando em mim. — Porque eu gosto do sorvete, — diz ela como se eu fosse estúpido. — Por que mais? Eu sorrio, e uma gota grande de chuva cai no carro. Outra a segue, e outra, e outra, e ela grita quando cai na sua bochecha. Suas mãos empurram meus ombros e ela libera minha cintura enquanto tenta fugir. Eu rio enquanto chove mais forte, as gotas frias nos encharcando em segundos. Minha camiseta se agarra a minha pele e meus olhos se agitam para as gotas de água deslizando em seu caminho até o peito de Megan, desaparecendo abaixo da gola de sua camisa. Eu pego suas mãos da minha cintura e eu deslizo meus dedos entre os dela, ainda rindo. — Aston, não! Deixe-me sair! Está chovendo! — E? — Eu pergunto. — Você já está toda molhada. — Ela se contorce contra mim, seu centro esfregando contra o meu jeans e fazendo com que o sangue no meu corpo corra para baixo. Ela se mexe mais uma vez e faz uma pausa, olhando para mim, quando ela percebe que meu pau está duro como pedra. 179

— Eu, er, fiz isso, — ela bate seus cílios. — Mhmm — Eu cantarolo, inclinando-me para ela. — Oh, mas a chuMeus lábios capturam a sua boca em um beijo esmagador. Meu corpo está tenso contra o dela quando eu me inclino para frente, empurrando-a contra o capô do carro. Nossas camisas molhadas esfregam juntas, e a dela desliza um pouco. Nossas mãos batem no carro acima de sua cabeça e ela engasga, a minha língua encontrando a dela enquanto eu ainda seguro suas mãos, meus quadris prendendo os dela. Ela move as pernas para cima, ligando-as sobre meus quadris e prendendo-as ao redor da minha cintura. Ela arqueia as costas para mim, então cada centímetro de nós realmente está se tocando. A chuva continua a massacrar, cobrindo-nos tanto quanto nossas línguas lutam entre si, varrendo e acariciando. Eu libero suas as mãos, prendo seus pulsos com uma mão e deslizo a mão livre pelo seu corpo molhado. Sua camisa está um pouco mais seca, onde ela está de encontro ao carro, e eu corro minha mão ao longo da parte de suas costas que não estão tocando o capô. Meus dedos fazem cócegas e provocam ela, meu polegar correndo dentro da parte traseira de seu jeans,

sentindo

pressionam

o

a

alça

de

dela,

e

neste

sua

tanga.

segundo,

Meus todos

quadris os

bons

pensamentos se foram.

180

Uma Megan molhada - em mais de um sentido - está enviando o meu pau para além do limite, e é a única parte de mim pensando agora. Ela engasga enquanto eu passo o meu nariz em seu pescoço, respirando pesadamente contra sua pele lisa. — Megs— Você precisa de mim, ou você precisa do que eu posso te dar? — Ela pergunta sem rodeios, fazendo minha cabeça estalar de volta. — Você, — eu respondo, olhando em seus olhos. — Eu preciso de você porra. — E se alguém nos pegar? — Você vê alguém por perto? — Eu deixo-a se erguer, segurando-a contra mim e colocando sua bunda em minhas mãos. — Você vai ter que abrir a porta do carro, porque as minhas mãos estão cheias. Eu a carrego, meu pau lutando contra o meu jeans, e ela abre a porta. Eu deixo-a cair dentro, e ela se espalha no banco de trás. Subo depois dela, fechando a porta, e inclinome sobre ela. Sua respiração é pesada enquanto ela olha para mim através de pálpebras pesadas, e eu baixo minha cabeça. Eu beijo o ponto abaixo da orelha, deixando minha boca ir para baixo e para baixo até atingir a curva de seus seios. Minha língua se movimenta fora e trabalha dentro de sua camisa decotada e sutiã, avançando até ela mover-se sobre o

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seu mamilo. Ela choraminga, segurando em minhas costas, e eu alcanço e desfaço os botões da frente de seu corpo. Sua camisa cai, revelando seu corpo, e eu continuo a beijá-la, mesmo quando as minhas mãos descem para sua calça jeans e começo a retirar o material úmido empurrando para baixo de suas coxas. Sento-me, puxando-a pelo resto do caminho, e ela chuta o teto. — Foda-se, — ela sussurra, deixando cair à cabeça ligeiramente para trás. Eu rio um pouco, passando minhas mãos por suas pernas. Ela agarra punhados de minha camisa e me puxa para frente. — Cale a boca e me beija. — Foda-se, sim, — eu respondo, tomando sua boca com a minha. Seus dedos pressiona levemente minha barriga, deslizando sob a minha camisa e acariciando minha barriga, até que finalmente desencaixa o botão da minha calça jeans. Ela empurra minha calça para baixo com os pés e empurra seu corpo contra o meu. Meu pau pula no contato e eu murmuro uma maldição ilegível em sua boca, arrancando minha cueca para baixo e deslizando sua calcinha para o lado. Meus dedos deslizam ao longo e dentro de seu aperto facilmente, e em segundos eu substituo meus dedos com meu pau e empurro para dentro dela. Suas pernas apertam minha cintura e ela agarra a minha parte inferior das costas, levando-me de um só golpe fácil.

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A julgar pelo constante aperto de seus músculos e a umidade em torno de mim, sexo em um lugar aberto excita Megan. Meus dedos mergulham em seu cabelo molhado, minha língua mergulha em sua boca, e os nossos quadris moem juntos ritmicamente. Neste lugar deserto, onde ninguém a conhece, onde ninguém me conhece, somos como um só. E eu percebo que realmente é ela que eu preciso.

**** Mamãe estava brava. Eu a ouvi gritando com ele por um longo tempo. Eu não sabia o que muitas das palavras significavam, pois eram palavras que mamãe dizia serem impertinentes e só para adultos. Palavras que eu não devo dizer. — Eles estão vindo amanhã! — Mamãe gritou. — O que eu devo dizer a eles dessa vez porra? — Eu não sei porra! Ele tem cinco anos - ele caiu de uma maldita árvore, apesar de todos os meus cuidados. — E tem um olho roxo? De quê? A raiz da maldita árvore? — Pense em algo, — ele gritou com ela, seus pés pisando forte contra o chão. Mamãe sempre disse para não pisar forte. Pisar forte é impróprio. — Eles sempre acreditam em você mesmo! — Onde você está indo? 183

— Eu estou deixando essa porra de merda antes que você fique com um olho roxo para combinar com o do pequeno bastardo de seu filho! A porta bateu e eu pulei, esfregando a orelha do coelho contra minha bochecha. Macia. Eu não gosto deste homem. Eu não gosto de nenhum dos homens, mas ele era o pior. Ele era muito grande e tinha muitas fotos engraçadas sobre os seus braços inteiros. Perguntei-lhe o que eram uma vez e ele gritou comigo. Eu só queria ver as imagens. — Foda-se! Porra idiota inútil! — Mamãe gritou as palavras feias, e a porta bateu atrás dela. Eu não me importava onde ela estava indo. Ela estava indo para obter dinheiro para a comida, disse ela. Ela disse que

tinha

que

trabalhar,

mas

geralmente

um

homem

desagradável ficava comigo, bebendo cerveja horrível. Levantei-me e empurrei a porta ligeiramente aberta, olhando ao redor. Eu estava muito sozinho e estava escuro. Eu não gosto do escuro. Os homens horríveis disseram que grandes monstros assustadores estavam no escuro pronto para comer os meninos como eu. Eu olhei para a cozinha, tremendo, meu estômago doendo. Eu queria comer alguma coisa. Eu estava com fome. Mamãe não teve comida alguma esta manhã, além de um biscoito que ela me deu. Apenas um biscoito simples. Eu queria um pouco de molho.

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Abracei Coelho ainda mais perto e olhei ao redor novamente. Talvez se eu procurasse eu poderia encontrar alguma comida. Alguém bateu na porta e eu gritei. Os grandes monstros assustadores. Eu comecei a chorar e corri de volta para o meu quarto, empurrando a porta fechada. Peguei meu cobertor e rastejei para debaixo da cama, movendo-me à direita para o canto de trás. Meu cobertor envolto em torno de mim e eu me enrolei em uma bola. Ninguém nunca me encontrará aqui. Eu estava a salvo dos monstros. Escuridão. Monstros. Eu bato de leve na cama ao meu lado. A cama. Não o chão. Eu me inclino, ligando a lâmpada de minha cabeceira, e olho ao redor. Meu quarto - na casa da fraternidade. Na faculdade. Em Berkeley - não é o meu pequeno quarto em São Francisco. Sem monstros, sem homens, sem Mamãe. Só eu, sozinho. Eu enterro meu rosto em minhas mãos trêmulas, a adrenalina do meu sonho ainda correndo. Caiu de uma árvore. E eles acreditavam na porra. O idiota tinha colocado o punho na minha cara - pela primeira vez - porque eu passei na frente da televisão e ele perdeu um touchdown. Isso era tudo o que tinha, cinco segundos, e eu

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tive outra contusão, outra memória, outra cicatriz para adicionar à coleção. E ela ainda não fez nada a respeito. Ela ainda cobriu. Ela ainda nunca me verificou. Monstros. Espanta-me que eu estava tão fodidamente assustado com monstros que não existiam. Os verdadeiros monstros eram os paus tatuados, dependentes de álcool e drogas que ela trazia para casa novamente e novamente. Eles eram os monstros - e não as coisas que a mente de um velho menino de cinco anos poderia evocar. Os monstros na minha mente, então eram muito menos piores do que os que eu enfrentava diariamente. Eles eram mais agradáveis do que os monstros que ainda enfrento agora. Eu rolo, deixando a luz acesa, e trago os meus joelhos para o meu peito. Meus cobertores grossos cobrindo-me da maneira que aqueles meus finos costumavam, e eu me enrolo da maneira que eu usei para debaixo da cama. A minha necessidade de me proteger, de proteger meu corpo supera tudo. Na minha mente, eu tenho cinco novamente.

186

Capítulo Quinze Megan

E

estamos de volta a ele. Mais um dia de mentiras. Outro dia de fingir. Mais um dia de olhares de desejo, sorrisos discretos e brincadeiras com um

significado subjacente que só nós entendemos. Outro dia eu tenho que me lembrar que escolhemos isto. Nós escolhemos ser segredo e não contar a Braden. Eu só não estou certa por quanto tempo podemos mantê-lo desta forma. Alguém vai descobrir, eventualmente, não importa o quão cuidadoso somos. Inferno, Kay e Lila já estão a meio caminho andado. — Apenas me diga quem, — Lila me pede. — Eu não vou contar a ninguém, eu juro. — Não é um grande negócio, — minto. — Foi apenas uma noite. Vocês estão sempre me dizendo que eu preciso de um pouco, e eu tive, então deixe por isso mesmo. — Você está brincando comigo! — Kay exclama. — Eu quero os detalhes! — Talvez eu não queira dar-lhe os detalhes.

187

— Talvez eu possa continuar incomodando a merda fora de você até que você os dê para mim. — Talvez eu ainda não lhe dê os detalhes. — Eu balancei minha cabeça. — Sério, gente, eu não estou dando a vocês o que vocês querem. Maddie sorri. — Teimosa. — Não, só privada. — Eu pisco. — Chata, — Lila contraria. — Chata é o que é. — Ela suspira. — Eu e Maddie compartilhamos nossos detalhes antes, Kay nos deu o suficiente para escrever um maldito livro, e o que você apenas deixou compartilhar - que você não tem este ano. Em tudo. — Não há nada para compartilhar! — Eu protesto, ignorando a culpa em mentir mais uma vez. Eu sei muito bem

que



muito

a

compartilhar.



Simplesmente

aconteceu. Não vai ser mencionado novamente, então vamos lá. Acabou a conversa. — Eu verifico a hora no meu relógio e pego meus livros, ficando de pé. — Eu tenho que ir para a aula. Vejo vocês mais tarde. — O que você está escondendo, Megan Harper? — Lila grita atrás de mim. Eu balanço minha cabeça, mordendo o interior do meu lábio, e continuo caminhando. Nada, eu quero gritar por cima do meu ombro. Aston é o mundo que se arrasta até a minha garganta. Eu fico em silêncio, fazendo o meu caminho através das poucas pessoas pelos corredores rindo e brincando.

188

Eu viro a esquina para a escada, e Aston está de pé no topo das escadas. Eu olho duas vezes enquanto ele olha ao redor da área vazia e caminha em minha direção. Seus olhos encontram os meus. Seus olhos quebrados, fracos. Meu estômago dá um nó e estou aliviada quando ele envolve seus braços em volta de meu pescoço e enterra o rosto no cabelo caindo em volta do meu pescoço. Meus braços escorregam ao redor de sua cintura e eu o abraço com a tensão que ele me abraça, tentando ignorar as pesadas, profundas respirações, que ele está tomando. Tentando ignorar o levantamento do seu peito e os tremores de seu corpo. Ele cutuca meu cabelo de lado e beija meu pescoço suavemente, respirando profundamente. Ele me libera de repente, andando justamente pelo caminho que eu vim. Eu olho atrás dele, meu coração se sentindo como um peso de chumbo no meu peito, quando a realidade afunda dentro ele disse que eu o torno melhor, tiro a dor. Eu aposto qualquer coisa que ele passou a noite atormentado pelo seu passado, pelos pesadelos e flashbacks, que ele tenta fugir. Dizendo-me no sábado, em seguida, a conversa com seu avô no domingo deve ter sido o gatilho. E cinco segundos são tudo que eu tenho para segurá-lo. Cinco, arriscados, segundos roubados é tudo que eu posso ter para tirar a dor. Eu pego minha mochila e subo as escadas para a aula, incapaz de tirá-lo da minha mente. Tudo o que posso ver na 189

minha frente são seus olhos. Mesmo quando eu sento na minha mesa e abro os meus livros, as palavras embaçam e imagino a dor gravada em seu rosto. Imagino as cicatrizes que eu nunca vou entender. Porque ele estava certo. As piores cicatrizes são aquelas que você carrega dentro, aqueles que você esconde do resto do mundo. Mas eu não tenho as cicatrizes. Eu vivi uma vida feliz, abrigada em uma área agradável, um milhão de milhas de distância da realidade de vida de algumas pessoas. Eu nunca vou entender a dor de Aston. Eu nunca vou entender as coisas que circundam sua mente a cada dia, as palavras que o envenenam. — 'O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui‘, — minha professora cita da sua cópia de The Tempest, as palavras cortando através de minhas reflexões. — Uma indicação poderosa - e muito potente em uma época onde a crença do diabo era muito real. O que Shakespeare quis dizer com as suas palavras? — Ele quis dizer exatamente o que ele disse, — eu digo meus olhos focando na mulher de cinquenta e poucos anos andando na frente da sala. — ‗Os demônios estão aqui‘. Se ele acreditava ou não em Deus, ele deve ter acreditado que cada um de nós tem o livre-arbítrio como a bíblia nos ensina - o livre arbítrio para ser bom ou mau. As pessoas que optaram por ser mau, roubar, bater, matar, elas eram os demônios. Elas ainda são. 190

— Então você concorda Megan? — Como você pode não? Eu de forma alguma sou religiosa, nem pretendo ser, mas eu não sou cega para o mundo. Se há um Deus, um bem maior, então deve haver um diabo e um mal maior para equilibrá-lo. O mal maior está nas pessoas sentadas em ambos, no corredor da morte e no banco do parque. Se existe um inferno, está definitivamente mais vazio. Pergunte a qualquer um que tenha tido a infelicidade de entrar em contato com uma dessas pessoas e tem demônios remanescentes em si próprios. Eles vão dizerlhe que os demônios estão aqui disfarçados como um de nós. — Então você está dizendo que você poderia estar sentada

entre

demônios

e

não

saber

disso?



Sua

sobrancelha levanta e ela faz uma pausa em sua estimulação. — Você caminha entre eles diariamente, com ou sem você

perceber.

Todos

fazemos,

e

nós

provavelmente

conhecemos alguém que tem demônios dentro de sua mente e não sabemos disso. Minha professora balança a cabeça, passa para outra pessoa. Demônios. Assim como Aston tem. Demônios do mau que os gerou. Shakespeare estava certo. Se existe um diabo, ele está definitivamente na Terra.

**** 191

Olhos verde-acinzentados. Cabelos castanhos com uma pitada de cobre. Ombros largos e os remanescentes de um bronzeado de verão em sua pele. E tão chato quanto uma palestra sobre psicologia em uma voz monótona. Que, na verdade, pode ser o que ele está falando comigo agora. Eu vou matar Lila por causa disso. — Eu sinto muito. — Eu volto para o aqui e agora. — O que você disse? Ele endurece um pouco. — Você ouviu alguma coisa que eu disse? — Hum. — Um leve rubor aparece nas minhas bochechas. — Eu não estava. Sinto muito. Eu não sou grande companhia agora. Eu tenho algumas coisas, er acontecendo. — Você quer falar sobre isso? Ajuda, você sabe. Cara, eu nem me lembro do seu nome. Eu não vou contar a minha história de vida. — Não, não, está tudo bem. Obrigada. — Tento um sorriso com os dentes cerrados, esperando que eu seja uma atriz melhor do que eu acho que eu sou. — Talvez devêssemos terminar aqui. — Claro. — Ele acena em direção ao balcão por nossa conta, e eu engulo meu suspiro de alívio. Ele paga-a, apesar dos meus protestos, e saímos. — Então, Megan... Oh, não. Por favor, não.

192

— Hum? — Eu espero não parecer tão preocupada quanto eu me sinto. Porcaria. Eu sou uma pessoa terrível. — Eu sei que você não está no tipo certo de humor hoje à noite, mas talvez pudéssemos sair de novo algum dia? Merda. — Hum. — Eu coço atrás da minha orelha. Qual o nome dele? Duas vezes merda. — Olha, eu não tenho certeza do que Lila disse a você, mas ela meio que armou isso. Não é você, tenho certeza que você é um cara adorável, mas eu apenas não estou procurando nada agora. Ele sorri largamente e encolhe os ombros. — Sim, ela mencionou. Valeu a pena uma tentativa, certo? — Ah, com certeza. — Eu sorrio novamente. — Eu acho que eu preciso ir e ter uma conversa com ela, na verdade. Obrigada pela refeição. — De nada. — Ele acena enquanto ele vai embora, e eu começo a caminhada de volta ao campus, pensando sobre o que eu tenho a dizer a Lila. Eu sei como vai ser. Ela vai exigir saber por que não posso ter mais encontros, e eu vou ter que inventar alguma puta desculpa que seja tão crível quanto eu dizendo que sou uma stripper de Las Vegas. Eu corro o trecho final para o campus quando a chuva começa a cair levemente. Um arrepio percorre minha espinha, quando ontem volta para mim. Nada pode se comparar com o que eu senti quando Aston me prendeu contra o capô de seu carro, me beijando como se eu fosse seu único requisito para viver. 193

Talvez por isso eu não possa considerar qualquer outra pessoa, por isso cada encontro em que Lila me envia será inútil. Talvez seja por isso que quando eu olho para outros caras, tudo que vejo é ele. Eu

balanço

meu

cabelo

enquanto

eu

entro

no

dormitório. Lila olha para cima de seus livros e sorri. — Como é que foi? Eu tenho que dizer, eu esperava que você estivesse de volta muito mais tarde... — Isso tem que parar, — eu digo sem rodeios. — Essa coisa de encontros. Eu não vou mais fazer isso. — Por quê? Ele era um idiota? Eu livro-me da minha jaqueta. — Não, ele era bom. Eles são todos agradáveis. Mas eu não me importo com qualquer um deles. — Deixe-me adivinhar - eles não são o seu Sr. Darcy? — Ela levanta uma sobrancelha, e eu me jogo na cama. — Exatamente. — Deixe-me ajudá-la a encontrá-lo. — Eu não preciso de sua ajuda para encontrá-lo. — Megs, eu só quero que você encontre alguém que te faça feliz. — Eu estou feliz. — Eu não disse que você não estava - eu só quero que você encontre o seu Darcy. Eu quero ajudá-la a fazer isso. 194

— Eu não preciso da sua ajuda! — Megs— Eu já encontrei! Putaquepariuohmeudeus. Eu coloco minhas mãos sobre minha boca, meus olhos se abrem do tamanho de pratos de jantar. Por que eu disse isso? Foda-se. Foda-se. Os olhos de Lila alargam devagar e ela derruba a caneta em cima da cama. Seu queixo cai aberto, e eu sinto que tudo está se movendo em câmera lenta. Por que eu disse isso? — O quê? — Ela pergunta. — Você o encontrou? Quem é ele? — Hum. Eu disse isso? — Eu rio nervosamente. — Sério? Ha. Hum. Eu não disse. Eu não. Merda. — Eu caio para o lado na cama e enterro minha cabeça em meu travesseiro, meu coração bate furiosamente. — Nuh-uh! — Ela exclama. — Você não está dizendo isso e, em seguida apenas negando para mim, Megan Harper! — As molas da sua cama guincham e ela se levanta. Suas mãos envolvem ao redor do meu braço e me puxa para cima. Eu puxo o travesseiro comigo, mantendo meu rosto coberto, mas ela puxa-o afastado. Eu coloco minhas mãos sobre meu rosto. — Hum, eu menti? — Eu tento sem convicção. — Para você parar? — De jeito nenhum! Não. Mesmo. Eu não posso acreditar que você encontrou o seu Darcy e não me contou. 195

Pois é... — Eu meio que... não posso. Te dizer. — Eu deixo cair as minhas mãos. — Eu sou a sua melhor amiga! O que quer dizer, você não pode me dizer? — Exatamente o que disse. Eu não posso te dizer. — O que vocês são? Romeu e Julieta tendo um romance secreto? Para sempre destinado a ser impossível? — ela bufa, saltando de volta em sua cama. Eu mordo meu lábio, e ela olha para mim séria. — Megan. — Hum. — Isso é realmente tudo o que eu tenho? Maldito - hum? — Oh meu Deus. Você não está...? — Eu tenho o direito de permanecer em silêncio, certo? — Eu puxo meus joelhos e libero meu lábio, substituindo-o pelo meu mindinho. Eu mastigo-o por um momento, ela olha para

mim

em

estado

de

choque.



Como

em

um

interrogatório policial? Eu não tenho de responder sem um advogado. — Você está. Você está balbuciando. Você é uma péssima mentirosa. — Ela respira fundo e balança a cabeça. — Eu não sei se te abraço ou te bato. — Eu pleiteio a quinta. — Megs, você e— Por favor, não me pergunte nada, Lila, — eu sussurro, olhando para ela com sinceridade. — Eu não quero mentir para você. 196

O silêncio se estende. Eu engulo. Mastigando minha unha. Toco meu pé. Lila levanta e anda. Eu mastigo minha unha. Ela anda. — Aston, — ela murmura, sentando-se. — Quando? Como? Eu balanço minha cabeça. Reconhecimento desponta nela. — Quando Braden levou Maddie em casa. E desde isso... Ele não dormiu com ninguém. Ele estava sempre com você. Os fins de semana quando eu estou na casa da fraternidade - ele estava aqui. É por isso que ninguém o viu. Droga. — Ela balança a cabeça. — Você realmente arrastou isso sem ninguém descobrir? Ela não vai desistir disso. Eu sei. — De alguma maneira. Mas, Lila, você não pode contar a ninguém, — eu imploro. — Eu quero dizer isso. Ninguém pode saber. Você é a única pessoa que sabe. — E isso é real? Não é só sexo? — Ela inclina a cabeça para o lado. Concordo com a cabeça e sigo o meu dedo ao longo do padrão na minha colcha. — Há muito mais dele do que o olho alcança. Nós não somos apenas sexo. Eu... — Ele é o Darcy, — diz ela simplesmente. — Ele é a chuva da sua seca. Seu tudo. Sua alma gêmea decidida pelo universo, certo? — E é por isso que você não pode contar a ninguém, — eu insisto. — Ninguém. Nem mesmo Ryan. 197

— E Braden realmente não sabe? Eu bufo. — Você acha que seria segredo se Braden soubesse? Braden destruiria a casa com a sua ira. — Por quê? Vocês dois são seus melhores amigos. Você sabe? Eu não consigo entendê-lo. — Porque eu sou como sua irmã e Aston é um playboy incapaz de sentir qualquer coisa que não o que está dentro de suas calças. Pelo menos, em sua mente. Lila senta-se na cama, deixando escapar um longo suspiro. — Mas você sabe Braden vai descobrir certo? Cedo ou tarde, Megs. Ele vai saber. — Eu sei. Eu só espero que seja tarde. — Por que não? Por que não acabar logo com isso? Eu olho para ela calmamente. — Porque eu vou precisar de uma maldita boa desculpa de porque temos mantido isso em segredo por tanto tempo.

198

Capítulo Dezesseis Aston

A

casa

do

Vovô

nunca

pareceu

tão

assustadora. A casa que eu realmente cresci - a única casa que eu já conheci é

hoje um dos lugares mais assustadores que eu vou ter que enfrentar. Dentro deste lugar feliz está uma caixa cheia de demônios prontos para serem soltos no mundo, e isso é algo que eu não consigo pensar sobre. Eu não consigo pensar se é ou não é uma boa ideia eu estar aqui. Eu não consigo decidir se esta é a decisão certa para mim, aqui e agora. Eu só sei que essa conversa tem que acontecer. Eu não posso ficar trancado no meu passado, mas eu nunca vou ser capaz de seguir em frente se vovô não pode. — O que você está fazendo aqui no meio da semana? — Vovô resmunga enquanto eu empurro a porta aberta e entro na casa. — Vim falar com você, — eu respondo, caindo no sofá ao lado dele. Ele arrasta seu charuto, a fumaça rodopiando e me penetra com os olhos. — Você esteve sentado lá fora no carro

199

menino bonito por tempo suficiente. Sobre o que você quer falar? Eu respiro fundo e olho para longe, sabendo que a próxima palavra vai mudar tudo. — Mamãe. Ele não diz nada. Ele exala, soprando a fumaça, e eu o vejo mudar ligeiramente. — Pensei que você não se importava com ela. — Talvez eu queira saber, agora. Talvez eu queira ouvir o que você tem a dizer. — Eu viro meu rosto de volta para ele lentamente. — Talvez seja hora de nós dois sermos honestos sobre a merda dentro de nossas cabeças, vovô. — Megan é uma boa pessoa, com certeza. Ela te fez vir aqui, não foi? Eu balanço minha cabeça. — Ela me fez perceber que não posso viver no passado para sempre, fora isso, ela não me obrigou a fazer nada. Eu vim aqui por minha escolha. — Ela sabe que você está aqui? — Não. Vovô muda novamente, sentando-se, e deixa seu charuto descansando no cinzeiro. Seus cotovelos repousam sobre os braços da cadeira, seus dedos ligando-se na frente dele. — O que você quer saber? — Tudo o que você tem para me dizer. O que você acha que eu deveria saber. — Então, a primeira coisa que você precisa saber é que sua mãe nem sempre foi à pessoa que você conheceu. Até os 200

dezesseis anos, ela era a filha perfeita. Uma boa aluna, educada, simpática... Eu não poderia ter pedido uma menina melhor. Ela era o tipo de garota que assaria biscoitos sem açúcar, se você disse a ela que não podia ter açúcar. Em seguida, ela alcançou o ensino médio e se misturou com as pessoas erradas. — Agora, isso não é desculpa para o que ela fez, mas eles foram uma grande influência sobre ela. Eu sei que não posso culpá-los - ela fez as escolhas que ela fez. Eles não forçaram ela. Não há como desculpar a vida que ela criou para si mesma - ou para você. — O dia em que ela chegou em casa e disse que ela estava grávida foi um dia louco. Eu e sua avó, tivemos uma mistura de emoções. Nós íamos ter um neto, mas às custas de nosso bebê. Ela tinha apenas dezessete anos - e eu nunca imaginei que um fim de semana com sua amiga poderia ter terminado dessa maneira. Ainda assim, tentamos ajudá-la de toda maneira que podíamos. — Quando você soube...? Sobre as drogas? — Em cerca de cinco meses... Sua avó foi com ela para a ultrassonografia e você era uma pequena coisa na tela, e você foi pequeno toda a gravidez. O médico de sua mãe sabia das drogas pelos exames de sangue que ela tinha feito, mas ela jurou que tinha parado. Eventualmente, o médico conseguiu tirar dela que ela ainda estava usando-as, e assim começou o programa de afastá-la enquanto você ainda estava dentro

201

dela, para minimizar os danos que ela poderia estar causando-lhe. — Mas eles não podiam ver nos exames? Vovô balança a cabeça. — Não, rapaz. Fisicamente, você estava bem. Pequeno, mas bem. Mentalmente? Eles não sabiam exatamente como a droga iria afetá-lo até que você fosse mais velho, falando e se movendo e tudo mais. — Então você tentou impedi-la? — Claro que nós fizemos. Ela ainda era menor de dezoito anos, de modo que limitou o tempo que ela passou sem qualquer um de nós. De alguma forma, ela ainda conseguiu obter as drogas. Deslizou por nós. O dia em que você nasceu, cinco semanas mais cedo, um pequeno bebê de quatro libras que era do tamanho do meu braço caramba, foi o segundo melhor dia da minha vida. Você não duvide disso. Lembro-me olhando para sua avó e dizendo-lhe: ―May, este rapaz aqui é meu garoto. Quando ele for grande, vamos para as viagens de pesca que eu amo e eu vou ensiná-lo sobre um time de futebol de verdade, então eu vou ensinar-lhe como tratar sua mulher direito‖. — Vovô faz uma pausa por um segundo, batendo fortemente seus olhos, e eu engulo. — Aí então eu prometi que eu nunca deixaria nada acontecer com você, mas eu deixei. — Não foi sua culpa Vovô. — Eu deveria ter levado você de lá daí! — Ele bate com o punho contra o braço da cadeira. — Eu nunca deveria ter deixado-a ter a custódia total de você, mas eu pensei que ela 202

estava melhor. Eu pensei que a minha menina estava voltando. — As lágrimas escorrem pelo seu rosto, e eu escorrego do sofá e me ajoelho na frente dele. — Eu pensei que você ia ficar bem. Mesmo quando ela te pegou e se mudou quando você tinha quase dois anos, eu pensei que você ia ficar bem. Você sempre me pareceu bem. Vimos você todos os fins de semana até que você tinha quatro. Então sua avó morreu de um acidente vascular cerebral e eu estava sozinho. Eu esqueci tudo, exceto o fato de que eu tinha perdido minha esposa, minha melhor amiga, minha alma gêmea. Eu me esqueci de você. — Você nunca me esqueceu, vovô. Você estava sempre lá, mesmo quando você não estava. — Então, dois anos depois, a polícia apareceu, me dizendo que eles identificaram um corpo morto como minha filha, e que havia um menino de seis anos que precisava de um lar ou iria ser colocado na assistência. De jeito nenhum eu deixaria meu menino ser abusado pelo sistema. Eu já tinha falhado com a minha menina. Eu não ia falhar com você mais do que eu já tinha. — Você não falhou comigo. — Eu toco o braço dele e ele olha para mim, seus olhos cinza molhados. Eu mordo de volta minhas próprias lágrimas. — Você não fez isso, vovô. Você me salvou - você me ensinou a viver. Você me levou em viagens de pesca, me ensinou sobre futebol, e me ensinou como tratar direito a minha garota. Você pegou a merda que minha vida foi e transformou em algo completamente diferente. Você não falhou, nem por um segundo. 203

— Eu deveria ter— Você nunca ergueu um punho para mim. Você nunca chicoteou minhas costas com um cinto. Você nunca chutou minha barriga até que eu vomitasse. Você nunca bateu minha cabeça contra a quina de uma mesa. — Meu corpo todo treme quando as imagens piscam em rápida sucessão em minha mente. Homens diferentes, dias, momentos diferentes. Diferentes maneiras de me bater, todos deixando as mesmas cicatrizes. — Você. Não. Fez. Isso. Você nem sabia. Mas ela fez. Ela sabia. Ela mentiu para o hospital, para o Serviço de Proteção às Crianças, para todos – sempre atribuiu a mim. Você não sabia. Você não podia parar o que você não sabia. — A culpa não cessa meu filho. — Então, lembre-se o que você fez. — Meus olhos cinzentos encontram os dele. — Lembre-se o que você me ensinou. Eu sou a pessoa que eu sou por causa de você. — Faço uma pausa, sabendo que as próximas palavras prestes a cair da minha língua é a pura verdade, e eu estou dizendoas tanto para mim quanto pra ele. — Você me mostrou Darcy e Elizabeth, você me apresentou a sua arrogância. Até recentemente, eu era Darcy. Eu não dava a mínima para ninguém além de mim mesmo. Em seguida, houve Megan. Sem você me mostrar Darcy, eu nunca teria pensado que ela poderia ter sido algo mais do que uma noite. Você me mostrou como Darcy amava Elizabeth, e por isso, você me ensinou a amar. Você me ensinou a amar Megan como Darcy amava Elizabeth. Você fez isso. Ninguém mais. Só você. 204

Vovô chega à frente e me abraça, seu corpo tremendo enquanto ele chora no meu ombro. Isso é o que eu neguei-lhe porque estava tão envolvido em minha própria dor. Meu melhor amigo - tudo o que ele manteve preso dentro dele para me manter feliz. Eu abraço-o apertado, deixando as minhas próprias lágrimas caírem dos meus olhos. — Sabe de uma coisa, rapaz? — Ele resmunga, sentando e compondo-se. — O quê, vovô? — A sua avó teria muito orgulho do homem que você se tornou. E eu acredito nele. Pela primeira vez, eu realmente acredito que ela estaria.

**** Megan está sentada com as costas contra um tronco de árvore, seu cabelo penteado para um lado mostrando a pele lisa, bronzeada em um lado de seu pescoço. Suas pernas estão dobradas fazendo seu jeans parecer mais apertado do que são normalmente, e como ela envolve seus braços em volta da sua cintura, eu quero ser o único a fazê-lo. Eu quero meus braços ao redor da cintura, com suas costas contra o meu peito, e com a cabeça apoiada no meu ombro enquanto eu inclino a lateral do meu rosto contra seu pescoço nu. Em vez disso, eu estou deitado do meu lado, tentando não olhar para ela. Tentando ignorar ela. Tentando fingir que 205

eu preciso de alguma coisa diferente de segurá-la em meus braços até a próxima era do gelo e congelarmos lá juntos. — Você está me dizendo que o Chargers estão em melhor forma do que o Cowboys? — Braden balança a cabeça. — Foda-se que eles estão! Romo está jogando sua bunda esta temporada. Lila abre a boca. — Isto é umRyan tapa com sua mão a boca dela. — Não. Diga. Isso. — Jogo, — Megan acaba por ela. — Um jogo, rapazes. É um jogo. Eu sei que vocês estão apaixonados por seus meninos, e Bray, se você fosse gay você estaria atrás da merda do rabo quente de Romo, mas é apenas um jogo. — O que é isso? — Eu sorrio para ela. — Eu não acho que eu tenho muito disso. — Eu preciso soletrar isso para você? O que, você não possui uma audição superior com seu GPA 4 fodão? — Ela levanta as sobrancelhas. — Porque isso vai causar-lhe alguns problemas. — Tenho bastante certeza de que minha audição está funcionando, por causa da quantidade de vezes que eu tive uma menina gritando no meu ouvido. Braden bufa, e Maddie dá-lhe um tapa na coxa. — Não encoraje-o! — Eu estava apenas... Não importa. — Ele esconde o seu sorriso. 4

GPA: Grade Point Average = nota média; média

206

— Você sabe que gritar é relativo, né? — Ela corre a ponta do seu polegar sobre seu lábio inferior. — Isso não significa necessariamente que elas estavam tendo um bom momento. Quero dizer, as meninas geralmente não gritam em filmes de terror? Os

ombros

de

Lila

tremem

enquanto

ela

ri

silenciosamente, e Maddie morde o lábio. Eu olho para Megan firmemente, focando no brilho em seus olhos azuis e na curva suave de seus lábios que só cresce à medida que eu continuo olhando para ela. Meus próprios lábios se contorcem, e eu salto para cima. — Cuidado com sua boca inteligente, Megan, — Eu advirto ela — Minha última oferta ainda está em aberto.

207

Capítulo Dezessete Megan

M

inha boca cai aberta, e não pelo o que ele disse, mas porque ele soltou tão descuidadamente na frente dos outros -

especialmente Braden. Aston sorri e pisca para mim. Ele se vira, esticando os braços sobre a cabeça enquanto ele caminha na direção da casa. Eu o vejo ir, chocada em silêncio, ignorando o olhar de Lila queimando na lateral da minha cabeça. — Sua última oferta? — Braden diz firmemente, seus olhos descansando em mim. — Ele se ofereceu para me ensinar a diferença entre um idiota esbofeteado e um espancado, — murmuro. — Ele é um idiota. — Homem das Cavernas. Controle-o — Maddie ordena, batendo na sua bochecha e ficando em pé. — ok, — Ele murmura em resposta. — Bom. Mantenha-o assim. — Ela beija sua bochecha, e Ryan e Lila ficam de pé. — Eu vou te ver depois da aula, Megs. — Lila olha para mim incisivamente e eu aceno. 208

Estamos sentados em silêncio, enquanto os outros desaparecem, e eu olho para o espaço ao redor. É a primeira vez que eu estou sozinha com Braden desde eu e Aston, e pela primeira vez na minha vida, parece que há um buraco aberto entre nós. Eu sei que eu o coloquei lá. Eu também sei o que eu tenho para lhe dizer. Eu poderia fazê-lo agora. Sem Aston aqui. Onde existem outras pessoas ao redor. Eu abro minha boca para falar, explicar, mas ele fala primeiro. — Onde você esteve ultimamente? — Huh? — Eu olho para ele. — Eu estive aqui, na faculdade. — Oh, ha ha. Muito fodidamente engraçado, — diz ele secamente, jogando uma folha de grama para mim. — Não, quero dizer, tipo assim, São Francisco. Eu pensei que você viria com a gente. Encolho os ombros. — Eu simplesmente não me senti com vontade. Eu tinha algum trabalho para fazer também. Papéis e outras coisas. Ele acena com a cabeça. — Kyle disse que você veio domingo de manhã para pegar um dos seus livros. — Sim. Você tinha meu livro de Shakespeare. Mais uma vez.

209

— Eu sempre terei seu livro de Shakespeare. Eu não sei como concluir um trabalho sem os seus rabiscos nos livros. — Ele sorri para mim, sacudindo o cabelo longe de seus olhos. — Você precisa de um corte de cabelo — Eu destaco. — E eu sei. Desde a oitava série que você tem copiado a minha porcaria. E eu não tenho ideia por que eu deixo você fazer isso. — É porque eu sou brilhantemente foda e você me ama. — E você ainda tem a pior boca suja de todos que eu conheço. Ele sorri novamente. — É por isso que você me ama, Megs. Eu sou o irmão mais velho que você nunca teve. — Eu acho que você é a razão pela qual eu nunca tive um irmão mais velho, — eu respondo secamente, sorrindo. — Mamãe te viu me arrastar na lama para fazer tortas de lama e subir em árvores, e decidiu que um filho adotivo era mais do que suficiente. Vamos encarar, nós sempre vamos ser dor de cabeça. Ele limpa a garganta. — Eu não sou dor de cabeça. — O gato, Braden. O gato. — Aquilo não foi uma dor de cabeça. Ali eu estava tentando ser um cavalheiro. Eu sorrio, divertida. — Eu não tenho certeza que sua mãe pensa dessa forma, mesmo agora.

210

— Não, eu expliquei a ela, — ele insiste. — Eu disse a ela que me fez um cavalheiro por tentar dar a minha garota favorita no mundo o que ela queria. — Eu chuto seu pé, brincando. — Será que Maddie sabe disso? — Eu provoco. — Meggy. — Ele me olha sério. — Eu amo Maddie, mas você é minha melhor amiga. Você sempre foi, e a única pessoa que significa mais para mim do que Maddie é você. Eu amo você de maneira diferente, e Maddie sabe que ela nunca vai ser você, mas ela entende isso. Além disso, você pode ser a minha favorita de uma forma diferente. Eu rio e chuto-o novamente, balançando a cabeça. — O sexo é realmente tudo o que você sempre pensa? Ele faz uma pausa por um segundo, mastigando seu lábio. — Não. Eu só pensava em comida. — Comida e sexo? — Xbox. — Cerveja? — E é por isso que você é minha melhor amiga. — Ele pisca. — Você me entende. — Alguém tem que entendê-lo, Bray. — Lila ainda está marcando encontros para você? Eu balancei minha cabeça. — Eu disse a ela após o último, não mais. — Eles eram idiotas? 211

— Não, eu apenas não estava interessada em nenhum deles. Eu sou capaz de escolher os meus próprios interesses amorosos, você sabe. — Não deve ter quaisquer interesses malditos, — ele resmunga. Eu limpo minha garganta. — Lembra da nossa conversa sobre isso? Nós precisamos voltar à conversa sobre homem das cavernas? Megan, menina grande. Cuida de si mesma. Braden assiste e cala a boca. Braden ri. — Isso significa que nada de olhos roxos para quem dorme com você? Você deve alguns ao seu melhor amigo. — Não. Sem olhos roxos, sem avisos, sem exigências de me deixar sozinha, e definitivamente sem atitudes de homem das cavernas. — Eu acho que, na opinião da Maddie, todas as que você colocou se qualificam como atitudes de homem das cavernas. — Eu sei. Eu estava soletrando para você. — Eu dou de ombros. — Nossa muito obrigado porra. — Ele balança a cabeça, levantando-se. Eu coloco a minha mão na sua estendida, e ele me puxa para cima. Ele começa a andar para trás em direção a casa. — Eu tenho que ir para a aula. Ter alguns últimos minutos de atitude de homem das cavernas antes que alguém descubra.

212

— Braden Carter! — Eu grito enquanto ele vai se retirando. — Você não ouse maldito! Ele para na porta, sorri e desaparece no interior. Eu balanço minha cabeça, desviando ao redor da casa e tomando o caminho para fora do campus em direção à baía. Mais uma vez, não consegui falar com ele sobre mim e Aston. Algumas palavras são tudo o que seria necessário, mas quanto mais escondemos, mais difícil é encontrar as palavras. Mais difícil é ser honesta. Mentiras. Eu odeio isso - Eu odeio mentir para todos sobre tudo, porque eu não quero nos esconder. Eu não quero esconder o que eu sinto por Aston. Eu não quero escondê-lo. Eu só não quero machucar ninguém e eu sei que vai machucar Braden. Mas quanto mais eu manter a mentira, mais ela vai ferilo. A brisa da água flutua sobre mim, me arrepiando, e eu puxo minha camisa em volta do meu corpo mais firme. Meu cabelo voa na minha cara e eu afasto-o em vão. Jogos. Eles são tudo de bom, até que alguém se machuque. O jogo de Braden e Maddie foi bom para todos, até que eles se machucaram e ambos agiram irracionalmente - dele por se afastar e dela por fugir. Os jogos comigo e Aston estão tudo de bom até descobrirem, o que acontecerá. A verdade sempre aparece.

213

Eu poderia ir embora agora. Eu poderia falar com Aston e dizer-lhe que está terminado, que eu não posso mais fazer isso, mas então eu ainda estaria mentindo. Eu estaria mentindo porque eu posso, porque não está terminado. Mentiras. Eles são fáceis de monitorar, até que elas começam um espiral e você começa a tecer uma teia delas, muito fácil de ser pego dentro. Mentiras são tudo de bom, até você olhar para quem você está mentindo. A questão é: é melhor ou pior mentir para si mesmo do que para seu melhor amigo?

**** — Aquilo foi estranho hoje, — Lila comenta quando ela entra no quarto. Eu olho por cima do meu livro. — Bem-vinda ao meu mundo. — Um mundo que você criou. — Seu tato me espanta, — eu digo secamente. — Realmente, Li, apenas me lembre. Isto não confunde minha mente ou algo assim. Não, eu sou totalmente alheia a isto. — Eu não entendo porque você apenas não admite. — Ninguém perguntou? — Eu tento, encolhendo os ombros. — Eu gostaria de saber, eu realmente quero. Não é tão simples quanto parece de fora. Você vê isso como um simples segredo, algo escondido por uma simples razão. Simples. E não é. Não é só um garoto conhece uma garota e 214

eles se apaixonam. É um garoto conhece uma garota e todo o inferno se solta, na sua cabeça e na realidade. — Então você está me dizendo que a cabeça de Aston é que está te impedindo de ser honesta? — Ela levanta uma sobrancelha em descrença, e eu fecho meu livro, colocando-o ao meu lado na cama. — Você não o conhece. Você acha que você conhece você acha que você faz, mas você não. Para você, ele é apenas um garoto que usa garotas, um idiota que pensa com seu pau e deve ser evitado por qualquer pessoa com algum sentido. Eu sei diferente. Eu sei que ele não é o que parece, e eu sei que o que parece não é nada mais do que uma atuação para esconder quem ele realmente é. — Tudo bem. — Ela se instala na cama. — Eu não sei de qualquer forma, então vamos com o que você disse. Quando

seu

fingindo

torna-se realidade? Quando

sua

atuação acaba, Megs? Eu suspiro e inclino-me contra a parede. — Eu não tenho ideia. Tentei dizer a Braden mais cedo - não, eu fiz. Talvez não seja forte o suficiente, mas eu tentei. As palavras simplesmente não vinham. Fiquei pensando como ele ficaria quando ele descobrisse que eu tinha mentido para ele. — Não importa quando ele descobre. Ele não vai ficar mais feliz se ele descobrir hoje ou no próximo ano. — Eu só não sei por quanto tempo mais eu posso escondê-lo. Ele faz tudo tão difícil. Preciso ajudar Aston, Lila, mas ter tudo em segredo significa que eu não posso estar 215

sempre lá e dói, — eu termino calmamente. — Eu posso ver quando ele precisa de mim e isso dói tão malditamente ruim. Ela encolhe os ombros. — Eu sei agora. Eu posso ajudar. Mantendo todos longe daqui ou dando desculpas para você, apoiando-a. — Eu juro que você estava justamente me dizendo que eu precisava dizer a Braden. — E você precisa. — Ela suspira. — Mas é claro que você não vai - ou não pode, — ela corrige diante do meu olhar irritado. — Então, eu poderia muito bem ajudá-la. Deus me ajude, porque eu vou estar morta quando tudo isso vir à tona, mas pelo menos eu posso sentir que estou mantendo este segredo por uma razão. — Você não tem que fazer nada. Eu me meti nessa confusão. Eu só preciso descobrir como ajudar Aston, e talvez então todas as outras coisas vão só... se encaixar. — Eu corro meus dedos pelo meu cabelo, suspirando profundamente. — Talvez. Tomara. — Até que tudo se encaixe, eu vou te ajudar. Eu vou fazê-lo então você pode falar com Aston. Eu não o faço por mim, eu não vou mentir, mas você se preocupa com ele e eu me preocupo com você então tanto faz. Eu olho para ela por um segundo, considerando sua expressão sincera, e sorrio um pouco. — Você é a melhor amiga. — Ou a mais estúpida, quando Braden descobrir, — ela murmura e dirige-se em direção ao banheiro. 216

— Li? — Eu chamo. — Você não vai dizer a ele, não é? Ela para na porta do banheiro e me olha por cima do ombro.



Posso

não

concordar

com

você

mantendo

escondido, e eu não gosto do fato que eu sei, mas isso não significa que eu vou dizer a ele, Megs. Eu não gosto da sua decisão, mas eu a respeito. — Obrigada. — Além disso, — continua ela. — Se eu disser ele vai chutar a minha bunda, e eu sou a única inocente. — Lá estava eu pensando que você estava fazendo isso pela bondade do seu coração! — De jeito nenhum. — Ela sorri. — Estou protegendo minha bunda - e você tenha certeza que Aston saiba que eu sei sobre isso para que eu possa pedir-lhe um favor no futuro. — Ela pisca e eu sorrio, pegando o meu telefone. Lila sabe, eu envio para o Aston. Que porra é essa? Como? Ela adivinhou. Não é uma mentira... E? E nada. Ela não vai dizer nada. Ela vai acobertar para nós. Eu não gosto disso, Megs. Nem eu, mas ou ela nos acoberta ou dizemos para Braden. Vamos ficar com Lila por agora. 217

Precisamos conversar. Sobre? Você.

**** Eu afundo nos braços de Aston, deslizando minhas mãos sob a camisa e achatando-as contra as costas dele. Seus lábios descem nos meus com firmeza, meu lábio inferior sendo sugado entre os seus gentilmente. — O que Lila está fazendo? — Ele murmura. — Lila levou os outros para mini-golfe. — Eu dou de ombros, olhando para ele. — Não me pergunte. Ela fez um escândalo para Ryan. — Lila odeia golfe. Na verdade, ela detesta qualquer tipo de esporte. — Eu sei. — Eu dou de ombros novamente. — Ela disse que você deve a ela. — Imaginei. — Ele suspira e passa os dedos pelo meu cabelo até as pontas, beijando a ponta do meu nariz. — Então me diga. O que nós realmente precisamos falar? ―Você‖ não é exatamente esclarecedor. Puxo-o para a cama e ele senta-se contra a parede. Sento-me em seu colo, fechando minhas mãos atrás de seu pescoço, e suas mãos descansando na minha cama, os dedos desenhando pequenos círculos.

218

— Você. Tudo. Há mais, Aston. Eu sei que há. Seu estômago fica tenso. — O que você quer saber? — Tudo, — eu sussurro. — Tudo o que restou. Não importa quanto tempo leve, nem quanto dói... eu estou aqui. Seu peito arfa quando ele respira fundo, com os olhos cheios de apreensão e uma centelha de medo. Eu nunca pensei dele estar com tanto medo do seu passado, do que ele não tem se permitido pensar, mas ele está. Ele está petrificado. — Não há muito para contar, não sobre quando eu era criança. Era a mesma coisa repetidamente. Mamãe se vendia por dinheiro, gastava uma quantidade mínima dele em comida e contas que poderiam incomodá-la, então o resto em drogas e álcool. Ela conhecia um cara, ele me observava enquanto ela ―trabalhava‖, e eu normalmente teria uma contusão para adicionar à minha coleção por uma coisa ou por outra. Serviços Sociais iam visitar, o cara partia, e ela encontrava outro alguém, noite sim noite não saindo e fodendo algum pobre cara rico, assim ela poderia continuar colocando a mesma merda em suas veias. Foi assim por seis anos. Eu estou feliz que eu só me lembre de dois desses anos, mesmo eles sendo os piores. As pontas dos seus dedos cavam em minha pele levemente, e eu torço o seu cabelo em volta dos meus dedos suavemente, olhando-o atentamente. — Ela não podia ser mãe. Ela não sabia como. Eu sempre fui um ‗anexo‘ - e tudo foi atribuído a mim. Ela 219

culpou a mim, os caras culparam a mim, e quando você é ensinado que tudo é culpa sua você começa a acreditar. Cada corte ou contusão foi explicado como eu sendo um menino agressivo para a sociedade, e cada pedaço de contusão foi explicado como eu sendo um inútil pequeno bastardo para mim. Esse foi raciocínio deles. Que eu era bom para nada, nada melhor do que a minha mãe. — Ele faz uma pausa por um segundo, respirando com dificuldade. Eu movo minhas mãos para o seu rosto e descanso minha testa contra a dele, deixando-o se acalmar, mesmo quando meu próprio estômago revira. — Isso é o que eu mais lembro as coisas que eles me diziam. É como se eles gostassem de me ferir com palavras tanto quanto eles faziam com os punhos, porque era o tempo todo. Lembro-me deles sempre me dizendo que eu não seria melhor do que ela, e aquilo era tudo para o que ela era boa, por isso seria tudo para o que eu era bom. Sexo e drogas e álcool - eles diziam que era a minha vida, e isso teria sido verdade. Ela nunca me mandou para a escola por causa das contusões, por isso, eventualmente, eu teria terminado da mesma forma, se ela não tivesse morrido. — Como ela morreu? — Drogas. O que mais? — Ele encolhe os ombros, movendo seus braços para que envolvam meu corpo. — O relatório oficial do estado disse que foi uma overdose de um mau lote de heroína. A droga havia sido adulterada, o que a torna ainda mais perigosa, e ela acidentalmente teve uma overdose. Eles consideram que ela estava passando por abstinência e na sua confusão, estado de desespero, ela usou 220

mais do que ela normalmente teria. Ela foi encontrada a três quadras do nosso apartamento em um bar decadente, e eu fui encontrado em casa um dia depois. Isso é o que vovô disse, de qualquer maneira. Lembro-me de tudo isso como apenas um borrão de tempo. Dia e noite eram o mesmo para mim nessa época. Dia, minha mãe estava dormindo e, à noite, ela estava fora. Fiquei sozinho a maior parte do tempo exceto por um passeio uma vez por semana ao parque para manter as aparências. Esse era o dia em que ela se importava comigo. Sua voz é tão quebrada, tão pequena, tão perdida. É como se ele regressasse em marcha ré para a mente da criança de seis anos de idade que ele foi, vendo o mundo através de seus olhos novamente. Eu olho para ele, olho dentro de seus olhos tristes, e meu coração aperta enquanto uma lágrima derrama de seu olho. Eu o vi com raiva, o vi lutar contra os demônios, mas isso? Isso parte meu coração. Vê-lo chorar é pior do que eu jamais poderia ter imaginado.

221

Capítulo Dezoito Aston

U

ma lágrima cai, e outra, e outra. A dor é real. É velha, mas real, sempre ali, finalmente, chegou a romper. Foi mantida empurrada para trás por muito tempo,

mas finalmente se soltou. Eu finalmente estou começando a deixar de lado as coisas que me matou por anos. O toque de Megan é quente e macio, confortável e seguro, e quando ela me puxa para ela, eu permito. Ela não fala. Ela não faz nada, apenas me segura. Ela me lembra que eu não estou sozinho, que eu estou seguro. Tanto eu preciso abraçá-la, quanto eu preciso dela para me segurar. Ela me mantém no chão e me mantém aqui. Focando nela, eu me lembro de que eu não tenho mais seis anos de idade e medo. Ela cessa os flashbacks que me consomem. — É por isso que eu estou me formando em psicologia, — eu expiro depois de um tempo dela me segurando. — Porque isso significa que posso ajudar as crianças que como eu tem toda essa merda em suas cabeças. Se eu tivesse tido alguém para conversar quando eu era mais novo, eu provavelmente não seria tão fodido agora.

222

— Você não está fodido. — Ela se senta para trás e corre seus polegares em meu rosto, secando as lágrimas lá. — Você teve uma vida dura, Aston, mas agora você está lidando com ela. Você está provando, você mesmo, que todos aqueles homens, todos eles estavam errados. Ao concluir a escola e vir pra cá, você está provando que eles estavam errados. Você fez isso. Ninguém mais. — Não. Eu sempre vou ser um pouco fodido, Megs. Eu ainda vou acordar no meio da noite e me perguntar se eu estou me escondendo debaixo da minha cama ou se eu estou seguro. Eu ainda vou duvidar de mim todos os dias, e eu ainda vou ser um pouco quebrado, não importa o que eu faça. — Mas você também vai se curar um pouco mais a cada dia, — diz ela em voz baixa. — Nós vamos encontrar uma maneira de ajudá-lo a lidar com esses pesadelos e flashbacks, eu prometo. Eu vou te ajudar, Aston. Seus olhos azuis olham para os meus e seu cabelo cai em torno de nossos rostos, escondendo-nos do resto do mundo. Eu poderia me perder em seus olhos um milhão de vezes mais e ainda voltar novamente. Eu poderia cair em seu toque e nunca sentir a necessidade de levantar-me, e eu percebo que é por isso que ela é tão diferente de todas as outras. Ela me dá o que ninguém mais tem. Ela lentamente puxou-me de não me preocupar com nada para me preocupar com ela. E ela me fez perceber muitas coisas. 223

Se os namorados da mamãe estavam certos ou errados no que eles disseram, eu fiz com que eles estivessem errados. Quando fui morar com o vovô ele me ensinou tudo, mas fui eu que me empurrei a ir além, concluir a escola e entrar para a faculdade. Fui eu que fiz isso para que eu pudesse conhecer Megan. Eu nunca vou ser como a minha mãe, porque ela nunca amou ninguém, exceto a si mesma. Eu nunca poderia ser aquela pessoa, destinado a uma vida quebrada por sexo, drogas e álcool. Porque eu sou completamente apaixonado pela garota na minha frente.

**** Aqui estamos de volta para as noites de sexta-feira habituais que eu ansiava tanto. Noites de sexta significavam esquecimento e ceder apenas às sensações físicas. As noites de sexta-feira e sábado eram as melhores, mas agora eu só quero pegar Megan e fugir. Eu quero levá-la para longe desta festa idiota de merda. Especialmente quando o fodido plano de Lila para conseguir-lhe um namorado tem surtido efeito em todas as aulas que nós temos e você tem cada Tom, Dick e maldito Harry tentando chegar lá. Toda vez que um desses idiotas vai até ela, por uma fração de segundo, eu me ressinto com Braden e o fato de 224

que ele é a razão pela qual esta relação é segredo. Eu adoraria ir até ela agora, agarrá-la para longe do pau na frente dela e beijá-la sem sentido na frente de todos para fazer o meu ponto. Eu faria qualquer coisa para levá-la para longe deles e mostrar a todos onde é o lugar dela. A quem ela pertence. Porque ela é minha, e não de uma forma possessiva. São nos meus braços que ela cai, meus lábios que ela beija, meu coração que ela mantém. Tudo isso faz com que ela seja minha. Não ao bastardo arrogante com quem ela está falando. Eu bato minha garrafa para baixo, ignorando os olhares assustados em volta de mim, e avanço através dos grupos de pessoas. Eu deliberadamente cutuco suas costas quando passo por ela e me dirijo para as escadas. Meus pés subindo de dois em dois degraus, voando para cima dela. Meu quarto está em silêncio, quieto, e eu espero que ela venha. Eu só não tenho ideia de quanto tempo eu tenho que esperar. Muito tempo e eu vou acabar voltando para lá, pouco tempo e as pessoas vão achar que ela veio atrás de mim. As pessoas vão se perguntar por que... Mas eu não sei se eu me importo mais. Eu não sei se eu posso me importar mais. Minha porta se abre e se fecha. —

Tem

que

haver

uma

boa

razão

para

você

simplesmente explodir aqui pra cima como uma menina em seu período sem acesso a chocolate, — Megan brinca.

225

— Eu não posso mais fazer essa merda de segredo, baby. — Eu me viro e seguro ela com os olhos, percebendo rapidamente o quão bem seu jeans abraça seus quadris. — Eu não posso estar lá com você cercado por idiotas e não escorregar meu braço em volta de sua cintura e avisá-los com os meus olhos. Eu não posso fazer isso porra. Não agora. — Isso nunca incomodou antes. — Sempre me incomodou! Você acha que eu nunca me importei quando eu via você rindo e brincando com quem quer que estivesse tentando entrar na sua maldita calça naquela noite? Ela dá um passo para frente. — Eu nunca disse que você não se importava! Eu só disse que nunca incomodou - e se o fez você nunca me mostrou! — Então, se eu fosse até uma menina e começasse a conversar com ela por uma questão de manter as aparências, você não estaria incomodada com isso, né? — Eu olho para ela, impotente. — Eu não posso vê-los foder você com os olhos, Megs. Esse relacionamento secreto tem ido longe demais. Temos que ser honestos. Seus olhos se arregalam um pouco. — Nós não podemos... Braden— Teremos que lidar com isso, — eu piso na frente dela, escavando o lado de seu rosto, e ela descansa suas mãos contra meu peito. — Ele vai ter que lidar com isso. Ele vai ter que aceitar, porque eu não estou fingindo mais e eu não vou desistir de você por nada. 226

— Ele vai nos odiar, — ela sussurra. — O dano já foi feito, baby. É ele ou nós. Ela balança a cabeça, correndo o lábio inferior entre os dentes preocupada. — Braden. — Eu odeio a careta que ela faz quando diz seu nome. — Então nós temos que dizer a ele, — eu digo baixinho, abaixando a boca para a dela. — Agora. Nós vamos dizer-lhe agora. A porta estoura — Dizer-me o quê?

227

Capítulo Dezenove Megan

E

u pulo para longe de Aston, minha mão voando para a minha boca quando eu vejo Braden ali. Seus olhos azuis agitam entre nós, o azul neles

lentamente ficando gelados, sua expressão ficando mais dura. A tensão na sala sobe rapidamente. Eu posso quase sentir Aston enrijecer ao meu lado, vejo a raiva e a compreensão inundando o corpo de Braden. Estou congelada, incapaz de fazer qualquer coisa além de esperar. Há mil desculpas rolando minha mente, mas o gato realmente tem a minha língua. Não há nada do que se desculpar nisso. E é hora de ser honesta. — Ryan pensou ter visto você seguir Aston aqui para cima. — Braden concentra seus olhos em mim. — Eu pensei que ele estava louco. Eu disse a ele que era alguma outra pobre filha da puta, mas quando um par de outros caras concordaram eu disse que ia checar apenas para uma gargalhada. Porque eu realmente não pensei porra que eu ia encontrá-la aqui em cima no seu maldito quarto! — Bray... 228

— Quanto tempo? — Ele olha para Aston, sua mandíbula apertada. — Quanto tempo você tem estado fodendo ela? — Braden! — Não é assim, — Aston responde igualmente apertado. — Sério? Você espera que eu acredite nessa besteira? — Braden grita. — Quanto tempo? — Desde que você levou Maddie para casa. — Essa foi à primeira vez? — Concordo com a cabeça, minha mão caindo longe da minha boca. — Fodidamente inacreditável! Eu saio por dois dias e você pula na cama com ela? — Um com o outro! — Eu passo em frente. — Um.Com.O.Outro, Braden! — Oh, isso é suposto fazer essa porra melhor não é? — Não! — Eu movo na frente de Aston. — Não, não é, mas você tem que perceber que posso tomar minhas próprias decisões. Eu sou velha o suficiente para lidar com a queda. Você não pode sempre estar lá para me proteger! Aston não me forçou a nada. Você entende isso? Eu queria! Seus olhos se concentram em mim, meu peito arfa e Aston toca no meu braço. — Megs— Não, — eu digo meus olhos no Braden. — Tanto quanto ele gostaria de acreditar, não é apenas você. Eu não

229

vou ficar aqui parada e assistindo ele dar-lhe sua merda por causa de algo que nós dois fizemos. — Quanto tempo vocês tem fodido um ao outro? — Braden diz sarcasticamente. — Porque isso faz a maior diferença do mundo. — Temos estado em um relacionamento desde o fim de semana depois que você partiu, — eu corrigi-o. —

Ha!



Braden

bate

a

mão

na

parede.



Relacionamento? Você está falando sério? — Sim. — Porra irreal. Você tem feito algumas escolhas de merda, Megan, mas esta encabeça a maldita lista! — Ele passa pela porta. Eu tiro meu braço do aperto de Aston e sigo-o, não me importando quem pode ouvir essa conversa se alguém puder. — A decisão de estar com Aston não foi uma má escolha! O ruim foi escondê-lo de você - e você sabe por que isso aconteceu? Você sabe por que eu não te disse? Devido a isso. Para impedir que isso acontecesse! Eu sabia que você ia ficar louco por isso! — Então por que porra você fez? — Ele lança sobre seu ombro. — Porque eu queria! — E isso faz com que seja melhor? — Ele para, voltando-se para olhar para mim. Ele faz um gesto na direção do quarto de Aston. — Ele só vai quebrar seu coração, 230

Megan! Isso é o que ele faz. Ele transa com garotas e deixaas... — Você não o conhece como eu conheço! — Não, mas há um monte de meninas que fazem! — Não, elas não! — Eu grito, batendo o pé. — Elas não o conhecem da maneira que eu faço. Nenhum de vocês, por isso não fique aí e me diga que foi uma decisão ruim quando você não sabe nada - nada - sobre a minha decisão! Você não sabe nada sobre nós. Você não sabe nada sobre como eu me sinto, ou como ele se sente! — Vá em frente, então, Megs. Se é uma coisa tão grande, o maldito negócio real, diga-me. Como você se sente? Eu olho para ele com firmeza, abrindo a boca para falar. — Eu amo ela, — diz o Aston do meio do corredor. — Eu não posso responder por ela, mas eu posso responder por mim. E a resposta é que eu a amo. Eu engulo, meu coração batendo freneticamente no meu peito. Ele nunca disse isso. E agora ele está admitindo. Em voz alta. Para Braden. E para qualquer pessoa escutando. — Você ama ela ou o que ela dá a você? — Braden pergunta incerto, sua voz ainda misturada com raiva. Aston avança atrás de mim, descendo e tomando minhas mãos nas dele. Seus dedos entrelaçando através dos meus, e à medida que o seu peito encosta em mim eu posso sentir a vulnerabilidade nele. A única pessoa para quem ele

231

já se abriu sobre qualquer coisa sou eu, e agora ele tem de fazê-lo para outra pessoa. — Eu a amo por quem ela é, e quem eu sou quando estou com ela. Tudo o que Maddie faz para você, multiplique por um milhão, e é o que Megan faz para mim. Ela está certa, Braden. Nenhum de vocês me conhece tanto quanto ela. Ela sabe tudo sobre mim - mesmo as coisas que eu não queria que alguém jamais soubesse. Ela sabe delas, e ela ainda está aqui. Eu a amo por tudo o que ela me dá, cada toque, cada sorriso, eu amo tudo isso. — Você pode vir voando para mim agora e chutar a merda fora de mim. Vou aceitar, porque eu mereço por fazer por trás de suas costas, mas não vou pedir desculpas. Eu nunca vou pedir desculpas por amá-la, por isso não espere que eu peça. E não espere que eu me afaste dela, porque eu não vou. Eu não posso. Ele aumenta o aperto em minhas mãos ligeiramente, e meu corpo treme um pouco. Passos suave nas escadas anuncia a chegada de Maddie, e meus olhos deslizam para os dela. Eu não vejo a raiva ou aborrecimento que eu esperava. Neles eu vejo entendimento. — E você, Meggy? — Braden pergunta. Concordo com a cabeça lentamente. — Eu o amo, Bray. Desculpe-me, por não te dizer, mas eu o amo. Nós dois tentamos não deixar isso acontecer, mas aconteceu, e eu não me arrependo que deixei. Só lamento que te machuquei.

232

Maddie desliza o braço em torno de Braden, inclinandose contra ele, e ele solta um suspiro. — Sabe o que dói mais? — Ele olha para mim, a raiva se foi de seus olhos. Uma pitada de frustração substituindo-a. — Você é minha melhor amiga e você não achou que poderia me dizer. Você não sentiu nem por um segundo que você poderia me dizer. Talvez seja minha culpa, mas é o que eu não entendo. Estou chateado que você mentiu sobre isso? Porra que eu estou. Estou furioso. Mas eu não posso ficar com raiva de você. Não importa o quanto eu quero bater o punho no rosto de Aston e gritar com você, eu não posso. — Por que não? — Aston pergunta. — Eu mereço. Os olhos de Braden passam por cima do meu ombro para encontrar o par de olhos cinzas que eu amo. — Porque quando eu olho nos olhos de Megan eu vejo o mesmo amor por você que Maddie tem nos dela por mim. Você não hesitou por um segundo para me dizer que a ama, quando ela nem sequer sabia ainda. Eu poderia dizer a partir de sua reação. Você não tinha dito a ela, e eu fiz você me dizer. Eu seria um maldito hipócrita se eu estivesse com raiva de você por isso. Mas só porque eu não estou furioso não significa que eu quero estar perto de você agora. Ele aperta o braço de Maddie e desce as escadas para seu quarto. Maddie olha para nós dois, um pequeno sorriso em seus lábios. — Levou tempo suficiente para você admitir isso, — diz ela em voz baixa. 233

— Você sabia? — Aston me puxa para mais perto dele. Seu sorriso cresce um pouco e ela enfia um pouco de cabelo atrás da orelha. — É claro que eu sabia. Eu sei o que é a dor, Aston, e dor conhece a dor. Você tem alguma dor profunda dentro de você, eu não sei o que é, mas eu sei que está lá. E Megs é a mais doce, a mais compreensiva pessoa que eu conheço. Vocês dois foram juntados porque ela poderia curar suas feridas. Eu soube desde que voltamos que vocês dois tinham alguma coisa. — Por que você não me perguntou? — Eu inclino minha cabeça um pouco para o lado. Ela começa a seguir Braden, parando no topo da escada. — Por que... — ela sorri. —... Se Braden tivesse qualquer suspeita e me perguntasse se você tinha me dito qualquer coisa, eu não teria mentido para ele. Eu não posso deixar de sorrir. Ela o conhece muito bem. Ela o conhece como eu conheço Aston. Eu expiro profundamente, deixando-me relaxar contra ele. Seus braços me envolvem com força, enterrando seu rosto no meu pescoço. — Isso foi... Divertido, — diz ele secamente. — Até que foi bem, — eu digo com sinceridade. — Eu estava esperando Braden socar primeiro, perguntar depois. Esse é o seu habitual Modus Operandi.

234

— Talvez ele estava apenas tão chocado que você estivesse realmente lá que ele se esqueceu de me socar primeiro. Deixei escapar uma pequena risada. — Eu acho que você provavelmente está certo. Ele me libera e conduz-nos de volta para o seu quarto, empurrando a porta fechada. Eu esfrego minhas mãos pelo meu rosto. — O que fazemos agora? — Eu olho para ele. Aston sorri, movendo-se em direção a mim. — Nós paramos de se esconder, e eu posso ser todo protetor sobre você quando algum idiota tenta dar em cima de você. Meus lábios se curvam de um lado, e ele pega meu rosto, seus lábios roçando os meus. — Isso soa certo. — Sim. Nós apenas temos que esclarecer uma coisa primeiro. — O que é? Seus

olhos

cinzentos

claros,

tornando-se

crus

e

honestos. — Me desculpe, eu nunca te disse como eu me sinto. — Agora eu sei, — eu respondo. Ele balança a cabeça um pouco. — Não, você não sabe. Você não sabe como apenas um toque de sua mão pode afastar a dor do meu passado, e você não sabe como deitar ao seu lado durante a noite impede os pesadelos. Você não sabe 235

que você é a primeira pessoa que realmente me fez sorrir, e você definitivamente não sabe que eu estou tão apaixonado por você que eu não posso ver ou pensar direito. ―Em vão tenho lutado. Não o farei. Meus sentimentos não serão reprimidos.

Você

deve

permitir-me

dizer-lhe

o

quão

ardentemente eu admiro e amo você.‖ Ele faz o sotaque britânico perfeito, e eu sorrio para ele e descanso minhas mãos em sua cintura, movendo nossos corpos mais perto. Seus dedos deslizam em meu cabelo, enrolando ao redor da parte de trás da minha cabeça, mal escovando a parte superior do meu pescoço. — Mesmo quando eu tentei não fazer, eu ainda fiz, — diz ele com uma voz mais suave, descansando sua testa contra a minha. Nossos narizes se tocam e eu fecho meus olhos, apenas ouvindo. — Eu pisei sobre a borda e comecei a cair por você, e eu estou muito certo que não quero nunca mais voltar lá em cima. Eu não sei como você faz isso, baby, mas você me faz melhor. Aston encosta seus lábios nos meus, um roçar suave de pluma, e eu deslizo minhas mãos ao redor subindo de suas costas para os seus ombros. — Um discurso digno de Sr. Darcy, — murmuro, sorrindo. Ele puxa seu rosto para trás, com os olhos mais leves, os lábios curvados para cima. Minhas mãos se movem ao longo de seus braços, e eu seguro o seu olhar intensamente. — Eu te amo, Aston. Eu não sei como ou por que, eu só sei que eu o faço. Tudo o que você pensa sobre si 236

mesmo, tudo o que você tem dito, eu vejo e acho o completo oposto. Você vale tudo para mim - tudo. Ok? E eu prometo, agora, que eu não vou te deixar. Ele respira fundo, a vulnerabilidade cintilando em seus olhos. Em vez de dizer qualquer coisa, ele mergulha o rosto para o meu e nossos lábios se encontram novamente. Suas mãos deslizam pelas minhas costas, e como eu envolvo meus braços em volta de seu pescoço nossos corpos se alinham perfeitamente. — Você não tem escolha, — sussurra Aston, sua respiração ventilando em meus lábios. — Porque eu acho que eu nunca vou deixar você ir embora. Além disso, nós nunca tivemos um primeiro beijo. — Nós tivemos. Contra uma parede depois que você me atacou, eu acredito. — Aquilo não foi um beijo. Aquilo foi sexo. — Hum, definitivamente havia um beijo acontecendo, — lembro-o. O canto de sua boca se contorce um pouco. — Mas não foi um beijo - não um beijo de verdade. — Você me beijou centenas de vezes, Aston. — Eu sei. Mas ainda nunca tivemos um primeiro beijo de verdade. Eu suspiro um pouco divertida por isso. — Por que é tão importante para você?

237

— Porque você é a pessoa mais romântica que eu conheço, e eu sei que é importante para você. — Isso não importa muito. — Eu olho em seus olhos esfumaçados. — É apenas um beijo. — Nada com o que é você é ―apenas‖ nada, — ele resmunga, sorrindo. — É sempre mais do que parece, e eu quero dar-lhe o primeiro beijo que você merece. — Você não tem que fazer nada. Nós nos tendo é mais do que suficiente. — Megan... — Você não vai desistir da ideia de um segundo primeiro beijo, não é? Aston balança a cabeça. — Eu nunca vou desistir de qualquer coisa em que você esteja interessada. Então me deixe fazer do meu jeito. — Tudo bem, — eu sussurro. Ele mergulha seu rosto para mim, a ponta de seu nariz escova o meu. Meus olhos fecham. — Eu espero que você esteja pronta para o melhor primeiro beijo de sua vida, — ele sussurra. — Porque ele vai ser seu último primeiro beijo. Sua mão desliza para a parte de trás da minha cabeça e empurra-nos juntos. Nossas bocas se encontram num toque macio, que se torna suavemente mais sondador. Seus lábios acariciam os meus devagar, e meu corpo afunda nele. O gosto dele, a sensação dele, o cheiro dele - tudo isso assume meu 238

controle. Cada toque de seus lábios contra os meus eu me sinto

caindo

mais

profundamente

nele,

ainda

mais

profundamente do que já estou. Sinto-me batendo nele com tudo que eu tenho, batendo nele e segurando firmemente tudo o que ele tem para dar. Porque a romântica em mim quer tudo, e a romântica em mim não vai deixá-lo ir. De modo algum.

**** Meu coração está em completa contradição com ele mesmo. Deitada aqui nos braços de Aston, metade dele está mais leve do que tem estado nas últimas semanas. A outra metade? Está pesado, como se um peso de chumbo estivesse mantendo-o pressionado e pregado ao chão. Eu mexo um pouco, e Aston me aperta. Eu corro meus dedos pelos seus cabelos, alisando-o para trás de seu rosto, e estudo-o. Agora, ele parece como que em paz. As linhas na testa que eu já vi tantas vezes estão agora completamente lisas, com a boca ligeiramente aberta, e sua respiração é uniforme e constante. Mas sua paz tem vindo para o tormento do meu melhor amigo - que está em algum lugar nesta casa, provavelmente acordado. Ele vai estar se odiando por estar com raiva de mim, feliz por eu ter encontrado o amor que ele tem, e culpado por eu ter sentido que não poderia dizer-lhe. Na verdade, ele não vai estar em casa. Eu sei exatamente onde ele vai estar. 239

Eu saio da cama e há uma leve batida na porta. Porcaria. Eu pego uma camisa de Aston na parte de trás de sua cadeira e jogo-a sobre a minha cabeça, abrindo uma fresta da porta. O rosto de Lila olha de volta pra mim. — Eu corri de volta ao dormitório para pegar algumas roupas para você. Eu sabia que você não tinha nenhuma e que você estaria acordada agora. — Ela oferece uma sacola. — Obrigada, — eu digo calmamente. — Hey - você não precisa me agradecer. Eu não queria ser você hoje. Braden ainda não está aqui, ele deixou uma nota no celular de Maddie que ele precisava de uma hora. Ela entende, mas não tem ideia de onde ele está. — É por isso que você pegou minhas roupas. Ela ri em sua mão. — Em parte. Eu sei que não adianta todos nós indo e procurando por ele - Quero dizer, ele poderia estar em qualquer lugar, certo? Você é a única pessoa que o encontrará. Concordo com a cabeça. — Eu sei onde ele estará. Diga a Mads que não se preocupe. Eu o encontrei. Obrigado por trazer isto, Li. Ela sorri e caminha pelo corredor até o quarto de Ryan. Eu fecho a porta atrás de mim, virando-me para ver os olhos cinzentos de Aston olhando para mim calorosamente. Eu ignoro a sensação que varre o meu corpo e levanto a sacola. — Lila trouxe-me roupas.

240

— Se eu não tivesse ouvido que Braden desapareceu e você é a única pessoa que sabe onde ele está eu iria dar estas malditas roupas de volta para ela. — Ele se levanta em seu cotovelo, seus olhos presos ao topo das minhas coxas, onde a bainha de sua camisa cai. — Você o faria? — Pergunto inocentemente, caminhando até a cama. — Foda-se é claro que eu faria. — Ele chega para frente e agarra meu braço, me puxando para frente e me capturando. Eu pouso metade nele, metade em cima da cama, e suas mãos rastejam por baixo da camisa, seus dedos traçando dentro da linha da minha calcinha. — Eu absolutamente iria dizer que você deveria dormir em minha camisa, mas há uma remota possibilidade de algum sono de fato ocorrendo, se você o fizesse. — Eu não acho que eu iria reclamar, — eu digo contra a sua boca, roçando os lábios com os dele. Ele me beija duro, e em uma mudança de seus quadris, sua ereção empurra na minha coxa nua pelas cobertas. Eu corro meus dedos através de seu cabelo e quebro o beijo, sorrindo para ele. — Eu preciso ir encontrar Bray. — Eu sei, — ele responde em voz baixa. — Não é justo com Maddie, também, agora. Merda. Fizemos uma bagunça com isso, não é?

241

Sento-me, correndo meus dedos por seu braço até a palma da sua mão. Ele pega meus dedos com os dele, ligando-os juntos. — Sim. Fizemos. Não adianta mentir sobre isso, mas honestamente,

independentemente

de

quando

nós

contássemos a ele isso teria acontecido. Ele ainda teria ficado com raiva e precisaria se acalmar. Sabemos que não deveríamos ter nos mantido em segredo e que deveríamos ter dito a ele há muito tempo, mas não há nada que possamos fazer sobre isso agora. Estava errado, e agora eu preciso ir e falar com ele e fazer o certo. — Ele é um burro teimoso. Como você sabe que ele vai falar com você? Eu sorrio, encolhendo os ombros. — Porque se ele quisesse falar com mais alguém, ele não teria ido para onde só eu saberia onde procurar por ele.

**** — Eu me perguntava quanto tempo você levaria. O vento que vem da baía chicoteia meu cabelo em volta do meu rosto, levando-me a lutar constantemente. — Mais tempo do que deveria, — eu respondo, pulando para cima da rocha próxima a Braden. Tiro o meu cabelo do meu rosto novamente. Ele não diz nada, simplesmente dando de ombros e prestando atenção na água agitada. Seus polegares estalam 242

um contra o outro, seus pés batendo num ritmo invisível. Eu o conheço bem o suficiente para saber que ele está pensando sobre o que dizer então eu fico quieta, esperando para ele fazer o primeiro movimento. — Eu entendo porque você fez isso, — diz ele depois de um momento de silêncio. — Quero dizer, porque você manteve isso em segredo. Eu não entendo porque você iria dormir com aquele idiota. Eu dou uma olhadela para ele e capturo a contração de seus lábios. — Umm... Ele é quente? — Ofereço, tentando não rir. Braden morde o interior de sua bochecha, virando o rosto, e eu olho para baixo. — Sim, bem, eu acho que se você tem que estar com alguém, deveria ser alguém que eu realmente gosto. — Você nunca vai gostar de alguém que eu namore. — Eu descanso minha cabeça em seu ombro e ele coloca os seus braços em volta dos meus do jeito que costumávamos sempre que nós conversávamos. Antes de virmos para a faculdade. Antes dos jogos começarem. — É verdade, — ele concorda. — Mas eu não posso odiar completamente Aston porque eu gostava dele antes, então eu estou ferrado. Embora eu tenha que admitir que eu nunca imaginei você com ele. Eu imaginava você com algum bastardo

rico

e

um

carro

conversível,

correndo

as

interestaduais entre Los Angeles e Nova York para jantares extravagantes. 243

O riso explode de mim e eu cubro minha boca enquanto Braden sacode ao meu lado, rindo dele mesmo. — Certo - porque eu absolutamente tenho os modos e paciência para isso, não é? Por favor, Bray, me de algum crédito. — Eu cutuco seu lado, ainda rindo um pouco. — E você esqueceu-se dos eventos de caridade da sua mãe? Olhamos no Google que garfo usar porque todo mundo assumiu que duas crianças de quatorze sabiam esse tipo de coisa. — E então, quando eu vim pra cá, tive que pesquisar no Google ‗namoro‘, — ele brinca. — Droga. Nós tivemos alguns momentos difíceis, não foi? — Eu acho que é porque você estava sempre com problemas, então por tabela, eu também estava. — Eu sorrio e sento-me ligeiramente. — Eu realmente sinto muito, Bray. Eu nunca quis esconder isso de você. Era suposto ser apenas uma vez e tudo cresceu rapidamente, então antes que eu percebesse, tinha ido muito longe para fazer alguma coisa. Quanto mais eu deixava, mais difícil encontrar as palavras para dizer a você. — Eu entendo Megs. Meio que entendo. Faz eu me sentir como uma merda você não poder me dizer, mas eu provavelmente teria feito o mesmo se eu fosse você. Mas eu não teria sido pego. — Ele sorri. — Eu queria ser pega. — Eu dou de ombros. — Pelo menos, eu acho que eu queria. Se você nos pegasse eu não teria tido que sair e explicar, porque você teria adivinhado. 244

— Você sempre foi covarde. — Hey! — Aston é um idiota, Megs, eu sei disso. Mas ele te ama. Eu não achava possível, mas ele faz. — Ele faz uma pausa por um momento. — Então, novamente, esta é você. Você pode transformar um gay em hétero, se você realmente quiser. — Bem... Eu aposto que eu poderia dar-lhe um bom momento. — Boa sorte. Aston vai chutar a bunda dele, gay ou não. Se ele for como eu, ele o fará. — Quando se trata de ser um babaca Superprotetor? Sim, precisamente praticamente o mesmo. Braden ri um pouco, em seguida, suspira. — Eu sinto muito, muito, Meggy. — Por quê? Eu sou a única que mentiu. Ele vira seu rosto em direção ao meu, olhos azuis encontrando olhos azuis. — Porque eu estava tão envolvido com o que eu achava que era melhor para você que eu me esqueci de parar e perguntar o que você queria. Eu estava tão focado em mantê-la longe de qualquer um dos paus andantes, falantes da casa da fraternidade, que eu não percebi que a melhor coisa para você estava bem debaixo do meu maldito nariz o tempo todo. — Ele nunca fez isso exatamente fácil. — Minha voz suaviza um pouco. — Parte da razão pela qual eu nunca 245

disse a você foi porque ele pode não dizer isso, mas ele precisa de você e de Ry. Ele precisa da brincadeira e da amizade que vocês proporcionam a ele. Dá a ele segurança. Eu quis dizer exatamente o que eu disse quando eu falei que você não o conhece como eu. Não sou eu que devo contar a você - Eu não vou trair ele dessa forma - mas o cara que você conhece não é o que eu conheço. Você apenas tem que confiar em mim quando eu digo que ele é o que é melhor. Você sabe que o coração não mente Bray, e meu coração me diz que ele é o que é melhor para mim. Meu coração me diz que ele é tudo que eu sempre vou precisar, não importa quão difícil fique. — E é por isso que eu não posso ficar bravo. Não importa o quanto eu quero estar. Eu confio em você, garota. Às vezes eu me pergunto o porquê, mas é não muito bom argumentar com sua bunda teimosa. — Você me ensinou bem. — Muito fodidamente bem. — Ele se estica e levanta, colocando as mãos na minha cintura e me levantando. Ele coloca o braço por cima dos meus ombros. — Vamos lá, então. Eu fugi da minha namorada esta manhã, e tenho que ir ameaçar a bunda de algum garoto bonito. Eu balanço a minha cabeça enquanto salto da rocha, sorrindo. Não é bom lutar contra isso. Ele ainda precisa ser o grande irmão macho-man.

246

Capítulo Vinte Aston

A

casca áspera da árvore fura em minhas costas. Além de Megan, do lado de fora é o único lugar que me dá paz. Mesmo

enquanto espero pela conversa inevitável com Braden. Aquela em que eu vou ter que admitir porque eu preciso muito dela. E eu estou pronto para isso. Por causa de Megan, estou finalmente pronto para começar a me tornar mais aberto sobre a minha vida. Estou tão perdido na minha própria cabeça que eu nem sequer percebo quando ele aparece na minha frente. — Ainda é um bastardo espaçoso. — Ele sorri. — Nenhum punho em meu olho? — Eu sorrio de volta para ele. Ele encolhe os ombros. — Eu considerei isso. Várias vezes. Então percebi que simplesmente não vale a pena, já que eu provavelmente levaria mais socos daquelas malditas meninas do que vale a pena. Ele provavelmente está certo. — Mas isso não significa que eu não vou chutar a merda fora de você se você quebrar o coração dela porra.

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— Eu não estava brincando quando disse que a amava ontem, — eu digo sem rodeios, olhando-o com a mesma seriedade que ele está olhando para mim. — Ela me entende, cara. Ela entende toda a minha merda e ela lida com isso. Ela é algo fora deste mundo maldito, e eu ainda acho que não a mereço. — Cara, nenhum de nós merece essas meninas, mas por algum motivo elas não vão nos deixar em paz. — Ele pisca. — Eu não vou mentir para você - eu estou chateado. Estou chateado que você nunca me disse e que você foi por trás de minhas costas para fazer tudo. Mas ao mesmo tempo eu praticamente entendo porque você fez isso. Você guardou esse segredo por causa do quanto ela significa para mim... É por isso que eu não estou completamente chateado. Eu

levanto

minhas

sobrancelhas

para

ele,

questionando-o em silêncio. Ele abre a boca e fecha-a novamente. — Foda-se. — Ele passa a mão pelo cabelo. — Nem fodendo eu sei o que estou. Por cima do ombro, vejo Megan aparecer na porta dos fundos da casa da fraternidade. Ela inclina-se no batente da porta e nos observa. — Até que eu tinha seis anos, minha vida era uma bagunça do caralho de drogas, álcool, sexo e abuso. Eu passei o meu tempo escondendo as feridas que os malditos namorados da minha mãe me deram e me perguntando o que eles fariam da próxima vez. Eu a ouvia se drogar na sala ao 248

lado. Eu a ouvia chorar e chorar todas as noites. Eu a vi ir muito longe até que finalmente as drogas a mataram e meu avô me levou. Eu vivi com essa besteira desde então, e eu usava o sexo para bloquear tudo do mesmo jeito que ela fez. Foi por isso que eu nunca dei à mínima. Sexo significava que eu não tinha que sentir - até Megan. Ela fez toda essa merda real novamente. Ela me lembrou de como eu me sinto sobre tudo e, lentamente, ela puxou tudo para fora de mim. Ela me fez reviver todas as memórias e, em seguida, ela levou tudo embora apenas por estar lá. A merda na minha cabeça, todo aquele barulho, ela torna tranquilo novamente, cara. Eu estou condenado se eu sei como ela faz isso. — Eu balanço minha cabeça, observando enquanto ela faz o seu caminho até nós lentamente. — Mas ela faz. Essa é a merda que ninguém mais sabe. — Meus olhos voltam a cair em Braden. — Esse é o meu verdadeiro eu. Toda a mentira ultimamente coloca tudo em perspectiva. Eu tenho fingindo ser alguém que eu não sou por causa de toda essa baboseira. Eu apenas vou ser muito verdadeiro, porque é isso que Megan merece. — Vocês não acabaram matando um ao outro ainda, então? — Megan enfia um pouco de cabelo atrás da orelha, parando bem entre nós. Chego para frente e agarro a mão dela, puxando-a para baixo. Ela grita, e eu a seguro, sentando-a entre as minhas pernas, suas costas contra a minha frente. Meus braços dobram em torno de sua cintura e eu fuço o lado de sua cabeça, beijando o ponto abaixo da orelha.

249

— Não, nenhuma morte. Mais alguns minutos e isso pode ser uma possibilidade. Ela vira o rosto para mim, e eu sinto a contração de seu rosto enquanto ela sorri. Ligando os dedos nos meus. — Bom, — ela murmura. — Eu odiaria ter de lidar com ambos. — Vê? — Braden encolhe os ombros. — Ela poderia chutar a minha bunda melhor do que eu poderia chutar a sua. Pelo menos eu estou aqui para ficar de olho em você, eu acho. Certifique-se de tratá-la bem. — Homem das cavernas — Maddie lembra, caindo sobre a grama ao lado dele. — Seja como for, Anjo. Só estou dizendo. — Nós sabemos. — Ela se inclina e beija sua bochecha. — Mas eu acho que Aston está ciente disso. Braden grunhe, e Maddie sorri, descansando a cabeça em seu ombro. — Este é o idiota que você estava dormindo? — Kay grita em todo o quintal. — Você está brincando comigo? — Uh, surpresa? — Megan diz fracamente e encolhe os ombros. — Surpresa? Droga, certamente é uma surpresa porra! — Ela para, imponente sobre nós, e coloca as mãos nos quadris. Ela olha para Braden. — Por que todo o seu corpo não está com gesso?

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Braden encolhe os ombros. Tenho certeza que todo mundo dá de ombros ao redor de Kay. — Relaxa mal-humorada! — Chama Lila. — Eles estão apenas namorando. Nada demais. — Você sabia, não é? — Kay a enfrenta, depois, Megan. — Como você pode dizer a ela e não a mim? Eu sorrio quando Megan olha para ela incisivamente. — Tecnicamente, ela não me disse, — Lila menciona. — Eu trabalhei para arrancar fora. — Por que você não me contou? — Era uma questão de vida e morte, Kayleigh? Você vai cair morta agora porque você é a última pessoa a descobrir? — Não. — Então é por isso que eu não te disse. — Lila sorri. — Não é da sua conta. — Você sabia? — Braden pergunta a Lila, olhando por cima do ombro de Ryan. — Você sabia? — Por que eu sinto que estamos no meio de um drama do colegial? — Eu sussurro no ouvido de Megan. Ela ri em silêncio. — Porque Kay, Braden e Ryan ainda tem mentalidade do colegial? — Ela sussurra de volta. — Eu, er, merda, — murmura Lila. — Não olhe para mim, cara. É novidade para mim que Lila sabia. 251



Notícias...

Sabia...

Notícias...



Maddie

pisca

algumas vezes. — Hum, posso apenas resumir aqui? Minha cabeça está começando a doer. — Isso seria das doses que você lançou fundo na noite passada, — observa Kay. — Não... É definitivamente de vocês. — Maddie balança a cabeça. — Ok, Megan e Aston tiveram uma noitada picante, que os deixou morrendo e em desesperada necessidade da companhia um do outro. O que resultou neles iniciando e mantendo um relacionamento secreto, enquanto Megan continuava os falsos encontros com os caras escolhidos pela Lila e usados por ela para manter a fachada. Ela, então, teve o suficiente, disse a Lila onde enfiar seus encontros às cegas, e deu com a língua nos dentes. Então Lila a acobertou até ontem à noite, quando eles já saturados, tiveram um descuido, e Braden os pegou. Agora nós todos sabemos, todo mundo está feliz, e eles podem ter noitadas sem limites, portanto, nunca precisando se preocupar em serem pegos com as calças em torno de seus tornozelos enquanto estão batendo feio contra uma árvore. Megan bufa. Eu sorrio. — Nós nunca tivemos relações sexuais contra uma árvore, — ela murmura. — Ei, ainda não... — eu aperto sua cintura. — É isso, então? — Maddie olha para nós. — Bem, basicamente.

252

— Hum, acho que sim... Meio elaborado, mas sim. — Megan responde por nós. — Talvez um pouco menos de desespero, apesar de tudo. — Eu não tenho certeza. Estive muito desesperado para chegar dentro de suas calças desde que te vi, — eu digo a ela. — Apenas minhas calças? — Bem, nós poderíamos optar por dentro de você, mas eu estava tentando não ser muito grosseiro sobre isso. Os olhos dela brilham. — Ok, normalmente eu estaria totalmente disposto para esta conversa sobre sexo, mas a menina é como minha irmã. Então, sem histórias de sexo na manhã seguinte. — Braden coloca as mãos para cima e olha para mim. — Tente e diminua essa merda para o mínimo perto de mim. — Você sabe, — Maddie devaneia. — Aston quase não fala palavrão desde que ele e Megan fizeram o indecente. Talvez você devesse tentar Bray. — Ela toca seu rosto, e ele revira os olhos. — Claro, Anjo, — ele diz sem muita emoção. Eu sorrio. — Eu não posso acreditar que vocês estavam fodendo um com o outro e eu nunca percebi isso. — Kay olha para nós. — Relacionamento, — Megan corrige. — Há uma grande diferença.

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Sexo

estava

envolvido.

É

tudo

relativo.

Eu

simplesmente não posso acreditar que eu não sabia. Eu resisto à vontade de revirar os olhos. — Você não vai calar a boca sobre isso, não é? — Não, — responde Kay, recostando-se em suas mãos. — É extremamente improvável.

**** — O que estamos fazendo? — Eu pergunto enquanto Megan vai em direção ao meu carro. — Hoje é domingo, — diz ela simplesmente. — Nós vamos ver seu avô. — Ok, mas isso não explica porque você tem uma maldita cesta de piquenique com você. — Tudo bem - nós vamos ver o seu avô e levá-lo para um passeio. Melhor? — Ela levanta uma sobrancelha para mim, e eu sorrio, dando partida no motor. — Muito. Mas para onde estamos indo? — Você vai ver. Ela recosta-se em seu assento, sorrindo para si mesma. Se eu tivesse a esperança de obter alguma pista por sua roupa, eu definitivamente não tenho sorte. Calça jeans, jaqueta e botas são nada fora do comum, - mas o fato de seu cabelo estar amarrado é. Não que isso signifique alguma coisa em particular... Além de me fazer querer acariciar seu pescoço nu. 254

Nós paramos fora da casa de Vovô e saímos. Quando eu abro a porta, não sou cumprimentado pelo cheiro habitual de fumaça de charuto. Está lá, mas mais fraca. — Vovô? — Eu chamo, apreensão percorrendo seu caminho através do meu corpo. Que dispara pelas minhas veias na velocidade da luz quando vejo a cadeira vazia ao lado da janela. Ele sempre se senta na janela. Onde ele está? — Vovô, — eu grito aos berros, girando em torno e me dirigindo para as escadas. — Vovô! — Você poderia despertar o maldito defunto se pudesse menino, — sua voz resmunga da porta dos fundos. Corro até a cozinha e encontro-o limpando a sujeira de suas mãos. Eu paro. — Você estava jardinando? — Não precisa soar tão surpreso. — Ele ri. — Algum dia iria acontecer. — Mas você não tem feito isso há anos. — Isso é porque eu tenho preguiça, rapaz! — Ele derruba o pano sobre o balcão. — Eu plantei os arbustos que eu consegui há um par de semanas atrás - as hortênsias. Para sua avó. — Eu pensei que você não estava pronto, — eu digo baixinho. — Eu não estava! Então eu e você tivemos nossa pequena conversa, e eu pensei comigo mesmo que eu era um velho bastardo miserável. Decidi sair dessa maldita cadeira e fazer algo sobre isso. Você deve ir dar uma olhada naquela 255

horta. Não há muito crescendo agora, mas na primavera estará florescendo! — Ele sorri alegremente, uma luz em seu rosto que eu não via há muito tempo. Ele olha por cima do ombro e seu rosto se ilumina ainda mais. — E você trouxe Megan! Bem, jardinagem e um bate-papo sobre livros com uma bela jovem. Este é o melhor domingo que eu tive em um bom tempo. Megan ri baixinho. — Eu estava esperando que você estivesse fora dessa cadeira. Estou levando você para um passeio. Eu limpo minha garganta, divertido. — Quem está levando quem? — Ok, você está dirigindo, mas é definitivamente por minha conta, Sr. Banks. — Ela olha para mim incisivamente, o humor dança em seus lindos olhos azuis. — E a bela senhora quer sair comigo? — Vovô esfrega as mãos. — É melhor eu pegar meu casaco. Aston, eu estou roubando sua menina! — Ele beija Megan no lado da cabeça quando passa por ela, mostrando energia e vitalidade. — Nenhuma chance, velho! Megan sorri com carinho para ele, e eu ando pela sala até ela, parando na frente dela. — Sim? — Ela olha para mim. Eu toco seu queixo, correndo o polegar ao longo de sua mandíbula para o lábio inferior. Eu sigo-o suavemente. —

256

Nada. — Eu sorrio, inclinando o seu queixo para cima e curvando o meu rosto para encontrar seus lábios. — Espero que você não esteja seduzindo a minha menina! — Vovô fala. — Nós temos um encontro para continuar! Eu rio, tomando a mão de Megan e levando-a para fora da casa. Vovô pega sua bengala e aponta para o carro. — Pelo menos esse animal está limpo. — É claro que está limpo. Você realmente acha que eu iria deixá-lo ficar sujo? — Eu olho para ele. Ele grunhe. — Não. Acho que não. Eu sorrio, ajudando-o a entrar no carro e fecho a porta. Eu fico na frente ao lado de Megan, que está sorrindo para si mesma. — Vai me dizer para onde estamos indo? Ela balança a cabeça, os olhos brilhando. — Não. Vou dar-lhe instruções. É uma surpresa. Vá para a direita no final da rua. Eu dou uns olhares de relance para ela enquanto dirijo e faço o caminho que ela manda. Eu não estou realmente prestando atenção à direção que estamos indo. Eu estou muito absorto pela excitação que ela está mostrando. É contagiosa - Estou animado e eu nem sei para o que. — Marina, — diz Vovô do banco de trás. — Nós estamos indo para a Marina.

257

Megan sorri e vira em seu assento, balançando a cabeça. — Sim. — Por quê? — Eu franzo a testa um pouco e olho para vovô no banco de trás. Ele bate um dedo enrugado contra sua boca enquanto ele pensa, e o sorriso de Megan cresce. — Por que as pessoas costumam ir à marina? — ela pergunta. — Barcos, — eu respondo. Seus olhos deslizam para o meu,

o

seu

entusiasmo

realmente

óbvio

agora.

Suas

bochechas estão coradas, mas por trás da luz em seus olhos há uma pitada de nervosismo. Por que... — Pescaria! — Vovô grita. — Você está nos levando para pescar! Megan acena com a cabeça vigorosamente. — Eu queria fazer algo para ambos. Meus pais estavam pretendendo vir neste fim de semana, mas meu pai teve uma coisa de última hora no trabalho então eles cancelaram. Ele tinha um barco reservado para sair com Braden, então eu perguntei se eu poderia usá-lo em seu lugar. Estou pagando a ele de volta. Eu paro o carro no estacionamento perto da Marina e me viro para olhar vovô. Seus olhos brilham com as lágrimas não derramadas, e um caroço sobe na minha garganta. — Obrigado, — ele sussurra para Megan, seus olhos focados nos dela. — Obrigado. — Ela sorri em resposta, e vovô balança a cabeça. — Eu vou naquele lugar de pesca que há ao longo da estrada e nos consigo alguma isca. Megan, você pesca? 258

Ela balança a cabeça. — Deus, não. Meu pai ensinou Braden a pescar, e sua mãe me ensinou a fazer compras. — Ela sorri. — Funcionou muito bem. — Então, verifique se eles têm três varas no barco, — Vovô anuncia. — Nós vamos ensiná-la a pescar! — Oh, eu, er, hum... — Não! Você está vindo no barco, então você irá pescar. Não apenas sentar lá e ficar bonita. Você pode ficar bonita e pescar ao mesmo tempo, você sabe. — Ele pisca e abre a porta do carro. Eu desencaixo o cinto de segurança, para abrir a minha porta. — Espera aí, vovô. — Eu movo-me para sair do carro. — Eu posso sair de um carro, rapaz. Eu não sou tão velho ainda, — ele me repreende, agarrando sua bengala e desliza para fora. — Estou indo buscar as iscas. Você vai e resolve esse barco. Ele manca até o outro lado da rua com a sua bengala, e eu saio do carro. Abro a porta para Megan, retirando-a do carro e a puxo para perto de mim. Seus braços circundam minha cintura e ela inclina o rosto contra meu peito. — Obrigado, — eu sussurro, beijando o topo de sua cabeça, deixando meus lábios permanecerem lá. — Obrigado por isso. Você não sabe o quanto isso significa para ele. Ela puxa a cabeça para trás com um meio sorriso nos lábios. — Provavelmente, tanto quanto significa para você.

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Concordo com a cabeça, percebendo que é verdade. — Nós não temos pescado desde antes do semestre começar. Ela corre as mãos ao redor do estômago, seus dedos se alargando enquanto eles deslizam lentamente subindo do meu peito para o meu pescoço. — Eu não tenho que ficar, você sabe. É o seu dia. Você e seu avô podem sair por si mesmos, se vocêEu a silencio com um beijo. — Não. Não. A pesca sempre foi nossa coisa, só eu e ele, mas se há alguém neste mundo com que eu quero compartilhá-lo, é você. — E é verdade. Ela é a única pessoa com quem eu sonharia em compartilhar isso. — Então vamos nos preparar para aquele barco. Aposto que ele já é letal com aquela bengala, quanto mais com varas de pesca também.

**** As águas da baía estão calmas hoje, e o pequeno barco balança para frente suavemente. O piquenique da Megan está fora do caminho de qualquer respingo de água e ela está olhando com dúvida para as varas de pesca. Seu olhar vai para o pote de minhocas que Vovô comprou para isca e ela entorta um pouco seu rosto. Eu não posso deixar de sorrir. — São apenas minhocas, — comento, casualmente, enquanto eu engancho uma na minha vara. — Exatamente, — murmura, ainda olhando para o pote. — Minhocas. Se eu soubesse que nós estaríamos usando 260

minhocas vivas de verdade, eu... — Ela estremece. — Eu odeio minhocas. Eu sorrio. — Eles são apenas minhocas, baby. Você precisa delas para pegar o peixe. — Eu sei disso. — Ela finalmente olha para mim. — Eu só gostaria de não ter que precisar delas. Vovô entrega a ela uma vara. — Você precisa enganchar a isca. Ela respira fundo, enquanto eu seguro o pote, tentando conter o meu divertimento. Seus dedos se movem em direção ao pote antes dela puxar a mão para trás, estremecendo novamente. Ela leva cinco tentativas para pegar um. Mesmo assim, ela deixa cair. — Agarre a maldita minhoca e deslize o gancho por ela! — Vovô bate palmas. — Os peixes não vão esperar o dia todo para se tornar o jantar de alguém! —

Eu...

Eca,



ela

grita

enquanto

pega

uma

rapidamente e desliza-a pelo gancho. Ela segura a vara longe de seu corpo, ainda no barco, e limpa os dedos em um pano ao lado dela. — Eca, eca, eca, eca! Vovô e eu caímos na gargalhada. Eu fixo a tampa do pote e coloco-o para baixo, sorrindo para ela. — Vamos lá. Temos que pegar alguns peixes! — Vovô pega sua vara, coloca sua isca, e lança para a água. — É... — Megan diz vagamente. — Eu não tenho nenhuma maldita ideia de como isso funciona. 261

Eu abaixo minha vara e puxo a dela. — Eu vou te ensinar. — Ele aprendeu com o melhor! — Vovô chama do outro lado do barco. Eu pisco para Megan e posiciono-a na minha frente, envolvendo um dos meus braços em torno de seu estômago. — O vento está soprando atrás de nós, por isso precisamos lançar dessa maneira. Se tentarmos ir contra o vento, ele vai apenas soprar sua linha desta maneira. — Certo. Mas como posso lançá-lo? Eu sorrio. — Paciência. Você precisa segurar a vara corretamente. — Hum, com certeza. Eu movo minha mão de seu estômago e envolvo meus dedos em torno dos dela. — A bobina precisa ser virada para baixo, e deve encaixar-se entre o dedo médio e o dedo anelar para equilibrar. Desse jeito. — Eu movo seus dedos. — Se isso não estiver confortável, você pode ajustá-la até que esteja. — Está tudo bem, — diz ela um pouco sem fôlego. — Agora... — Eu movo minha boca mais perto de sua orelha. — Você precisa desenrolar até que tenha seis polegadas de linha pendurada fora, e gire a manivela até que o cilindro esteja diretamente sob o seu dedo médio. — Eu ajudo-a a fazer isso, meus dedos roçando os dela. — Agora segure a linha contra a vara, e libere a isca com a outra mão. 262

Eu levo sua mão livre para o lado do barco e coloco-a contra a isca, liberando-a com ela. — E agora? — Ela recosta-se em mim levemente. — Aponte a vara para seu alvo. — Eu ajudo-a a posicionar. — Agora, precisamos lançá-la em um movimento suave e rápido. Você vai sentir quando a parte superior da vara se curvar e assim que isso acontecer, nós precisamos deixá-lo ir adiante. A meio caminho do alvo solte a linha. Depois vamos fechar a isca. — Para cima, curva, para frente, deixa ir, fecha, — ela murmura, recostando-se em mim. — Eu acho que posso fazer isso. — Você pode. — Eu corro meus lábios ao longo de sua orelha, mordiscando seu lóbulo ligeiramente. Ela se contorce e puxa uma respiração forte. — Eu não posso, se você fizer isso. Eu sorrio contra sua pele. — Pronta para tentar. — Não. — Três, dois, um. — Eu ajudo-a a levantar a vara em linha reta e quando eu sinto a flexão, a movo rapidamente para frente. Ela guincha. — Vamos lá! Megan levanta seu dedo da linha e voa com a vara, pousando quase perfeitamente na água. Ela sorri. — Eu fiz isso! — Você fez. Agora você tem que esperar por um peixe para morder. 263

— Quanto tempo isso leva? — Quanto tempo é um pedaço de corda? — Você está me dizendo que eu poderia ficar parada aqui o dia todo e pegar nenhuma coisa? Vovô cacareja por todo o barco. — Isso é exatamente o que ele está dizendo! Megan vira o rosto para mim e eu sorrio. — O quê? — Eu não posso acreditar que eu fui amarrada nisso. — Hey. — Eu deixo minhas mãos caírem da vara de volta para o seu corpo, apoiando-as em seus quadris. Eu enterro meu rosto no lado de seu pescoço, empurrando a gola do casaco para longe. — Isso foi ideia sua, lembra? — Sim... Eu corro o meu nariz para cima do seu pescoço e volto para baixo novamente, e ela engole. — Então você não foi amarrada em nada. Você tinha que saber que você ia acabar pescando. — Mhmm. — Então por que você está tão surpresa? — Minha respiração ventila através da parte de trás do seu pescoço, e ela treme. Eu passo a mão em torno de seus quadris, mergulhando meus dedos dentro dos bolsos da frente da sua calça jeans e de volta para fora novamente. — Eu não estou, — ela sussurra.

264

— Então, não se queixe. — Eu estou sorrindo enquanto eu escovo meus lábios ao longo de sua mandíbula levemente, e levanto o olhar para os seus olhos vibrando fechados. — Megan, — eu sussurro de volta em seu ouvido. — Hum? — Mantenha seus olhos na linha. Seus olhos se abrem e ela olha diretamente para mim, desejo e aborrecimento girando neles. — Você fez isso de propósito. Eu roubo um beijo e sorrio para ela. — Então, e se eu fiz? Ela estreita os olhos e olha para trás, para a água. — Portanto, não— Woohooooooo! — Vovô grita. — Nós pegamos um dos grandes, garoto! — Mantenha essa constante, — eu digo a Megan, liberando-a e fazendo meu caminho através do barco para ele, agarrando uma rede no meu caminho. — Dê-me uma mão, aqui. Não estou tão firme sobre os velhos pés como eu costumava ser, — vovô ordena. Eu paro logo atrás dele e para o lado, ajudando-o a segurar a vara e firmando suas costas enquanto ele bobina o peixe. Eu assobio baixo para a curva da vara. — Esse é um dos bons, vovô. — Não soe tão surpreso, — ele resmunga. — Premie o pescador, eu. 265

Ele bobina o peixe lentamente, e assim que ele se aproxima da superfície, eu o pego com a rede e solto-o no barco. — Salmão maduro, — ele grita alegremente, sentando-se e inclinando-se para olhar para ele. — E... Você tem uma fita métrica com você? — Na cesta de piquenique, — Megan responde. — Meu pai sempre costumava levar uma com o Braden, então eu pensei que deveria embalá-la. — Gênio, menina! Deixo o peixe se debatendo levemente na plataforma e pego a fita métrica. — Bem, não é grande o suficiente? — Eu acho que... — Eu estendo-a ao lado do peixe. — Segure-o parado, vovô. — Ele descansa o pé sobre ele e eu verifico o comprimento. — E então? — Apenas. — Eu sorrio para Vovô. — Metade de uma polegada acima do limite de tamanho. Ele bate as mãos. — O jantar desta noite, crianças! — Oh, — Megan guincha. — Alguma coisa está lá! Vovô pisca, pega um pedaço de pau e mata o peixe rapidamente. Eu passo para trás das costas de Megan e coloco minhas mãos na vara. — Há um peixe – ele fisgou? — Eu pergunto-lhe. 266

— Como é que eu vou saber? Eu não posso vê-lo! Eu meio suspiro, meio rio, e descanso o lado da minha cabeça contra a dela. — Esse vai ser um longo dia.

267

Capítulo Vinte e Um Megan

E

ntão

eu

não

fui

feita

para

ser

uma

pescadora. Isso é bom. Eu não sou particularmente apaixonada

por

minhocas

de

qualquer

modo... Ou camarões. Minhocas são destinadas a jardins, e camarões são feitos para comer. Se você quiser capturar ou pescar com eles, legal. Eu apenas não vou fazer isso. Apesar de que eu posso estar tentada se Aston ficar pressionado contra mim do jeito que ele fez hoje... Mesmo com a brisa do mar fria, eu ainda sentia como se meu corpo estivesse pegando fogo quando ele estava atrás de mim. Eu estava tão consciente dele e ao menor movimento do seu corpo, que acho que eu realmente não aprendi a maldita coisa sobre a pesca. Tudo o que eu conseguia pensar era em seus dedos brincando com os bolsos da minha calça jeans e seus lábios vagando ao longo do meu pescoço. Junto com o calor de sua respiração cobrindo a minha pele de arrepios de um lado a outro, e eu estou pronta para derreter contra ele agora mesmo com um simples pensamento. Agora, de volta ao seu quarto depois de comer o salmão que seu avô pescou, as mãos de Aston massageiam as 268

minhas coxas e seu polegar escova ao longo do lado interno. Eu olho em seus olhos cinzentos quando ele se inclina para mim e corre seu nariz por mim indo para baixo. — Você não precisava ter feito isso hoje, — ele resmunga, enquanto seus dedos sondam seu caminho em volta da minha bunda. — Eu sei, mas eu queria. Vocês adoraram. — Tornou-se melhor com você estando lá. — Seu nariz cutuca o meu queixo, fazendo minha cabeça inclinar para trás. — Você estava pressionado contra o meu corpo por quase todo o tempo. — Eu corro meus dedos através de seu cabelo e ele pressiona beijos de boca aberta ao longo do meu ombro. — Tenho certeza de que foi melhor do que o normal. — Foi. Muito melhor. Ele mergulha sua língua na concha da minha clavícula, pegando minha camisa enquanto ele move suas mãos nas minhas costas. Eu viro minha cabeça e beijo seu pescoço, descansando a minha bochecha contra seu ombro. Ele respira com dificuldade, tremendo um pouco, e eu reconheço esse movimento. Eu o mantenho apertado e pressiono meu rosto contra ele. — Você não tem que ir, não é? — Sua voz é baixa, vulnerável. Eu balanço minha cabeça. — Não, — eu sussurro. — Eu vou ficar o tempo que você precisar. 269

E eu quero dizer isso. Se ele precisasse de mim para ficar para sempre aqui em seus braços, eu o faria. — Bom. Seus dedos cavam minhas costas e sua mandíbula aperta todo o seu corpo tornando-se rígido. Eu lentamente suavizo minhas mãos em suas costas, deslizando-as sob sua camisa. Seus músculos são sólidos sob meus dedos, sólidos como pedra. A respiração de Aston vai rasa e seu aperto em mim aumenta, enquanto ele tenta controlar o tremor de suas mãos. Eu sinto o ardor de lágrimas enquanto eu estou aqui, completamente incapaz de parar o que está se passando pela sua mente. Ele poderia estar se lembrando de qualquer coisa, qualquer horror, e não há nenhuma maneira que eu possa impedi-lo. Eu já tenho estado aqui tantas vezes e meu coração é rasgado em pedaços toda vez. Mas eu não vou permitir. O amor é mais forte que o ódio. Não importa o ódio que está trancado dentro de seu corpo e não importa o ódio que está queimando em sua mente, eu sei que o nosso amor pode expulsá-lo. Eu acredito no poder que ele nos dá. E é por isso que eu vou quebrar meu coração várias vezes. Eu vou quebrar meu coração para curar o dele.

270

— Não vá. — As palavras são um abafado apelo desesperado em meu cabelo. — Eu não vou a lugar nenhum, — eu prometo a ele. — Eu estou bem aqui. Estarei aqui o tempo que você precisar de mim. — Eu odeio... — Você está seguro. — Minha voz é suave, mas firme, minha mão se movendo para a parte de trás de sua cabeça enquanto

eu

luto

contra

as

lágrimas

que

ameaçam

transbordar dos meus olhos. — Você está seguro aqui comigo. Seu corpo se contrai e ele relaxa de repente, sua respiração quebrada e dura. — Megan. — Eu estou aqui. — Eu impeço minhas mãos de tremer e meu peito de arfar enquanto eu continuo lutando contra as lágrimas. — Eu estou sempre aqui. — Não vá. Por favor, nunca vá embora. — Sua voz é tão baixa, quase não existe, mas para mim parece que ele está gritando. Sinto cada palavra me cortando, e uma lágrima escapa dos meus olhos apesar dos meus melhores esforços. — Eu vou ficar. Eu prometo. Eu não vou a lugar nenhum. — Eu acaricio a parte de trás de sua cabeça. — Eu me lembro. Pescando com vovô e vovó. Eu tinha quatro anos – foi exatamente antes de ela morrer. É manchado. Um dos últimos dela. Ela estava enrolada em seu cobertor favorito no barco. Vovô não queria que ela fosse e ela 271

disse-lhe para se calar. Ela não ia perder. Ela adorava vir no barco. Ela era a única pessoa que sempre vinha com a gente. Além de mim. Seu avô me aceitou tão facilmente. Deixou-me ir a um passeio que estava reservado só para eles - e sua esposa antes de morrer. Eu aperto meus olhos fechados. — Mas então eu fui para casa. Levei um peixe. Mamãe estava lá. Quando Vovô saiu, ela me disse para colocar o peixe no congelador, porque ela tinha que ir trabalhar, e eu teria que comer torrada, porque isso era tudo o que ela tinha. Ela foi trabalhar. Deixei cair à torrada que ela fez, o prato quebrou e ele ficou irado. Ele ficou tão fodidamente irado. Ele me agarrou pela parte de trás da minha camiseta e me empurrou contra a parede. Meu rosto se chocou contra ela. O filho da puta quebrou meu nariz. Por causa da porra de um prato! Ele tenta se afastar de mim, e eu o abraço mais apertado. — Megs— Não. Ele puxa a cabeça de meu aperto e olha para mim, seus olhos duros e frios. Eu enrolo minhas pernas em volta dele, prendendo-o a mim, e pego seu rosto. — Eu não vou deixar você ir. — Eu não estou te pedindo, Megan.

272

— Eu não estou te pedindo, também, — eu respondo, mantendo seus olhos fixos nos meus. — Eu estou aqui, Aston. Eu estou aqui na sua frente. — Eu E eu percebo. Ele está com medo. Ele está com medo de ser o homem que foi dito que ele seria. — Você não é ele! — Eu choro em seu rosto. — Nenhum deles. Você é mais do que isso. Você não é eles, — eu termino suavemente. — Você... Eu... Não. — Eu te amo. Ele fecha os olhos com força, respirando com dificuldade pelo nariz, e balança a cabeça. — Sim. Eu te amo. Cada quebrada peça incompatível de você. Eu amo cada único pedaço fodido de você, mesmo quando você se sente assim, e isso não vai mudar. Você pode estar com raiva, com medo, triste, e eu ainda vou te amar do mesmo jeito que eu te amo quando você está feliz. Escute e acredite Aston. Eu amo cada parte de você do jeito que você ama cada parte de mim. Seus braços se lançam ao redor da minha cintura e ele me deita na cama, aconchega-me em seu peito e travando nossas pernas juntas. Seu corpo treme enquanto ele me segura contra ele. Eu inclino a cabeça para trás e passo o meu polegar pelo lado de seu rosto até o maxilar, escovando 273

seus lábios. Meus dedos encobrem seus olhos fechados, e eu pressiono meus lábios contra os dele suavemente. — Eu estou aqui, Aston, e eu não vou deixar você. Não me afaste mais. Nós já passamos por isso. Eu sei tudo de você e você não pode mudar isso. — Estou com medo de que um dia... Um dia eu seja a pessoa que eles tentaram fazer de mim. Você não entende isso? Eu estou com medo... Eu vou te machucar um dia. Eu estou tão fodidamente assustado. — Você não vai. Seus olhos disparam abertos, travando nos meus com um desespero por respostas. — Você não sabe disso. — Você me ama, — eu digo simplesmente. — Você tem o que eles não tinham. Você tem amor. Temos amor. Toda vez que você sentir o ódio, pense em mim, e eu vou te dar amor. Sempre. Ele não se move seus olhos nunca piscando ausentes, seu aperto nunca hesitando. O único movimento em seu corpo é a ascensão e queda de seu peito enquanto ele recupera o controle de sua respiração. Eu corro o meu polegar em seus olhos e em seu rosto de novo, como se eu pudesse enxugar a dor que ele sente. Uma respiração longa, cheia de dor escapa entre seus lábios, e ele pressiona seu rosto no meu, seus olhos clareando.

274

— E é por isso que eu preciso de você, — ele sussurra. — Poderia estar um breu e você ainda o romperia com a sua luz. — Você precisa do meu amor, não de mim. Eu sou apenas a pessoa que o dá a você. Eu posso ser a sua luz, mas mesmo que você quisesse, não importa o quão duro eu tentasse, eu não seria capaz de romper a escuridão. Você é o único que faz isso melhor. Eu apenas ajudo. Ele balança a cabeça, e eu aceno com a cabeça. — Eu lhe dou a luz. Cabe a você decidir se vai ou não deixá-la romper. — Isso não faz sentido. — O que não faz? — Por que você me ama? — Não há lógica para o amor. Ele simplesmente é. — Eu empurro o cabelo de seu rosto. — Assim como nós. Nós apenas somos.

**** Tudo é mais fácil quando o segredo é revelado. Agora, não preciso me preocupar em olhar para Aston errado ou dizer algo errado. Eu não tenho que tomar cuidado com cada movimento meu, morder minha língua ou cerrar os punhos para não tocá-lo. E eu adoro isso. Eu amo que podemos estar juntos. 275

Eu não me importo com os sussurros das pessoas fora do nosso círculo de amigos, aqueles que não conhecem a verdade, e eu não me importo com os olhares que vêm das outras meninas. Eu só me importo que eu possa cair em seus braços quando eu o encontro parado do lado de fora da minha sala de aula, exatamente como ele está agora. — Shakespeare não matou você ainda, então, — ele diz, enquanto sorri para mim, pegando minha mão. Olho para ele. — Não, ainda não, mas há alguma possibilidade disso no futuro. — Nenhuma maldita chance. — Como você sabe? Você já leu ato após ato de Shakespeare? — Porque eu te ressuscitaria antes que você morresse completamente. — E como você faria isso? Ele me puxa para fora da porta e me aperta contra o seu corpo. — Um pouco como isso. — Ele sorri e pressiona seus lábios nos meus calorosamente, me capturando em um beijo que

definitivamente

me

ressuscitaria,

se

eu

estivesse

morrendo. Inferno, eu acho que me ressuscitaria se eu estivesse verdadeiramente morta. — Você acha que vai funcionar? — Ele murmura um sorriso maroto no rosto. 276

— Sim, — eu murmuro de volta, um pouco atordoada. Ele ri, mantendo o braço travado em torno da minha cintura e me orientando na direção da Starbucks. Eu me aconchego ao seu lado, suspirando feliz. É estranho pensar que um mês atrás estávamos constantemente brigando. Nós pedimos café e tomamos um assento perto da janela. — Eu suponho que você estará indo para casa neste fim de semana. Para o feriado de Ação de Graças? Eu olho para ele e dou de ombros. — Eu acho que sim. — Você não parece feliz com isso. Eu não estou. — Eu acho que é o pensamento de ter a minha mãe olhando por cima do meu ombro a cada cinco minutos. Eu tive

liberdade

nos

últimos

três

meses.

Além

disso,

costumamos fazer uma coisa com a família de Braden, mas ele não vai estar lá este ano. — Eu mexo meu café. — Eu tenho certeza que vai ser um saco sem ele. — Ele não vai para casa? Eu balanço minha cabeça. — Ele está levando Maddie de volta ao Brooklyn. Ela não sabe ainda. Ela acha que eles estão indo para a casa de seus pais. Aston sorri. — Ele é esperto. — Ele sempre foi. — Eu sorrio. — Mas a sua esperteza significa que eu tenho que sofrer com o jantar sozinha. — Eu suspiro. 277

— Parece divertido. — Você sempre poderia vir sofrer comigo, você sabe, — eu ofereço. — Minha mãe adoraria isso. — Uma vez que eu disser a ela sobre nós. — Eu não sei. — Ele faz uma pausa, pegando a minha mão. — Eu não quero deixar o Vovô sozinho. — Você não precisa. Minha avó vai estar lá e ela é tão normal quanto um círculo com lados retos. — Aston bufa com a minha descrição. — Eles se darão bem, como uma casa em chamas. Ela provavelmente vai convencê-lo a ir ao Bingo com ela na noite de sexta-feira. E ela fuma como um trem. — Eu reviro os olhos. — Combinação perfeita, — diz ele secamente. — E o seu avô? — Ele morreu na Guerra do Vietnã. Ele estava na força aérea e foi derrubado. Eu nunca o conheci por isso é meio difícil ficar triste com isso. Os meus outros avós - pais do papai - se mudaram para o Canadá quando se aposentaram. — O Canadá? — Aston levanta uma sobrancelha. — Não é um tipo de um lugar estranho para se aposentar? — Um pequeno sorriso se arrasta em seu rosto. — Sim... Mas eu nunca disse que eles eram normais. — Eu sorrio. — Eu pensava que eles poderiam ter ido para, oh, eu não sei, o Bahamas ou algo assim. Até se mudado do Colorado para Cali para estar mais perto do papai, já que ele se mudou para cá para estar com a mamãe após a faculdade, mas nada. Eles foram para o Canadá, e estão esperando nós 278

fazermos as malas e irmos para lá a cada inverno. — Eu tremo. — É tão frio no Canadá. — Você realmente é uma princesa de Cali. — Ele ri. — Então, eu cresci em SoCal. Não atire em mim por gostar do sol. — Você definitivamente cresceu no lado certo da Califórnia. — É por isso que você e seu avô devem vir comigo. Ele pode entrar em conluio com a Vovó e causar problemas, mamãe pode se distrair do jeito que ela tanto ama, e eu e você podemos desaparecer todo o final de semana. — Eu dou de ombros. — Parece bom para mim. — Eu não sei. Eu vou ter que falar com vovô. — O que vocês normalmente fazem? — Uh... — Aston coça a parte de trás do seu pescoço, e meus lábios se torcem em diversão. — Comemos comida pronta, assistimos a porcaria da televisão e bebemos cerveja. Eu rio. — Ok, você está definitivamente vindo comigo.

**** — Isso foi traumático. — Eu caio sobre o sofá ao lado de Braden, balançando a cabeça. Ele sorri, e eu sei exatamente o que ele está prestes a dizer. — Ela atacou bem, então? 279

— Você poderia dizer isso, — eu digo inexpressiva. — ―Você tem um namorado?‖ Um namorado de verdade? Oh, Megan, isso é maravilhoso! Embora, eu espero que você esteja usando a proteção. Nós tivemos essa discussão antes, e você precisa de uma educação, casa e trabalho antes de ficar grávida. — Eu balanço minha cabeça, como se fosse limpar a dor de cabeça provocada pela insistência da minha mãe para eu não ficar grávida tão jovem. — Ela só se importa. — Oh, eu sei. Eu amo que ela se preocupe tanto, mas realmente não há necessidade de trazer o assunto em todas as conversas que temos. Nós falamos disso há mais ou menos dez dias atrás. Eu não sou tão esquecida. — Ela quer seu bem. — Sim, — eu levanto uma sobrancelha para ele. — Então por que você não consegue parar de rir? Ele encolhe os ombros e tenta parar o riso. — Sinto muito, Meggy. Eu só estou secretamente desejando que eu pudesse ter visto esse episódio do encontro com seus pais. — Oh, e o encontro dos avós também. Não faço nada pela metade. — Comece como você pretende seguir. — Ele sorri. — Oh, cara. Eu vou ter que ligar para a mamãe três vezes por dia para as atualizações. Quanto nós estamos apostando que sua mãe vai sentar com Aston e ter o bate-papo sobre gravidez?

280

Meus olhos se arregalam e eu olho para ele em pânico. — Ela não faria isso. Braden sorri amplamente, a diversão dançando em seus olhos. — Oh, eu quase posso garantir que ela vai. Eu agarro uma almofada, enterro meu rosto nela, e gemo. — Isto vai ser um desastre.

281

Capítulo Vinte e Dois Aston

I

sto vai ser um desastre, — murmura Megan, arrastando para uma rua com casas que valem mais do que eu poderia sonhar em

fazer. A maioria são edifícios de três andares, todos com calçadas, garagens e jardins frontais perfeitamente podados. Eu me inquieto no meu lugar. Uma pequena voz no fundo da minha mente sussurra sobre as diferenças em nossas vidas. Faz-me lembrar do quão diferente é isto aqui comparado ao lugar onde eu comecei a vida em São Francisco. Eu olho para Megan e digo para a voz se foder. Meu passado não define quem eu sou. O aqui e agora que faz. Vovô assobia baixo. — O quê, você tem uma piscina e tudo mais? — Espero que tenha trazido o seu calção de banho, — ela comenta com uma voz animada. — Bom trabalho eu fiz, então. — Vovô dá um tapinha no estômago. — Eu amo um bom mergulho. Ela vira o carro em uma entrada que leva a uma das casas de três andares. A unidade é ladeada por arbustos 282

circulares e flores de inverno. Eu olho para a casa. Pintada de branco, a casa parece algo saído de um filme. Você sabe... Aqueles onde a pessoa rica, inatingível sempre vive. Você não vale nada. Eu aperto minha mandíbula e empurro a voz para longe. Eu não vou deixar isso arruinar este fim de semana para Megan. Megan pula para fora do carro. A porta da frente se abre, revelando uma mulher que poderia ser Megan daqui a vinte anos. Olhando para o cabelo loiro de sua mãe, figura esbelta e sorriso brilhante, é fácil ver exatamente porque Megan é tão linda. Vovô assobia novamente. — Esta é uma mãe quente, — ele sussurra para mim, rindo. Eu reviro os olhos e saio do carro, virando para ajudá-lo a sair. Ele me acena que não, e eu rolo meus olhos novamente. Maldito homem teimoso. Ele

faz

um

gesto

com

as

mãos

minimizando

a

importância de suas pernas. — Vou conhecer algumas belas senhoras. — Ele manca caminho acima em sua bengala, aproximando-se de Megan e de sua mãe, e prontamente se apresenta. Eu sorrio quando ele se inclina para beijar a mãe de Megan na bochecha, tomando-a totalmente de surpresa. Ela ri, e Megan se vira para mim, sorrindo. Meu estômago sacode e repito meu mantra em minha mente. Meu passado não me define. Meu passado não me define. 283

— Mãe, este é Aston. Aston, esta é a minha mãe, Gloria, — Megan nos apresenta. — É um prazer conhecê-lo, Aston. — Os olhos de Gloria brilham com uma felicidade genuína. Ela estende sua mão e eu a pego, beijando seus dedos. — O prazer é todo meu. Ela sorri, inclinando-se para Megan. — E ele é educado! Eu já gosto dele. Vovô pisca para mim, e eu abafo o meu sorriso enquanto Gloria nos leva para dentro da casa. Megan desliza a mão dentro da minha, e eu aperto-a levemente. — Roger? — Chama Gloria. — Onde está você? — No quintal, querida, — uma voz profunda responde. — Ele está acendendo a churrasqueira, — explica ela, conduzindo-nos dentro de casa. Ela se parece em nada como eu esperava. Em minha mente, seria imaculada e cheia de bugigangas caras, mas não é. As paredes estão decoradas com certificados de natação a equitação com o nome de Megan, fotos dela e Braden, e fotos da família. Meus olhos se agitam de uma imagem para outra, absorvendo-as. — Você era uma garota muito bonita, — murmuro quando alcançamos uma foto de Megan com tranças nos cabelos, sorrindo para a câmera com um dente faltando. — Cala a boca, — ela murmura de volta. Eu sorrio.

284

O quintal é do tamanho da casa de vovô. Ele assobia de novo, e eu resisto à vontade de me juntar a ele. Andamos pelo deque que abriga a churrasqueira, uma mesa grande e conjunto de cadeiras, e algumas plantas aleatórias. A casa da piscina é na extremidade próxima a uma piscina de tamanho razoável. E você ainda poderia construir outra casa no espaço livre. Eu sabia que Braden e Megan tinham dinheiro, mas santa merda. — Megs — O homem na churrasqueira chama, virandose. — Pai, — Megan geme, e eu vejo o porquê. Seu avental é aquele de um cara pelado - ostentando um abdômen defino e pão de hambúrguer sobre o espaço onde seu pau deveria estar. Eu rio levemente. — O quê? — Diz ele inocentemente. — Você tinha que usar esse avental, não é? Lembra-se? Os hóspedes, — ela implora desesperadamente. Ele olha para mim e Vovô, sorrindo. — Agora é tarde demais, minha querida filha. Eles já viram! — E eu tenho um de verdade! — Vovô ri rouco, acariciando sua barriga arredondada. Ele dá um passo para frente e se apresenta ao pai de Megan. Megan suspira e apoia a testa contra meu ombro. Eu beijo o topo de sua cabeça, sorrindo. 285

— E esse deve ser o menino que roubou o coração de minha filha. — Seu pai se vira para mim, sorrindo amplamente. — Sim, senhor. — Eu pisco para Megan. Ela está dando a seu pai um olhar da morte. — Roger, — ele se apresenta, apertando a minha mão livre. — Certamente é bom conhecer você, filho. Se ela já teve um namorado na escola, nunca chegamos a conhecê-lo. Braden os assustou antes mesmo de chegarmos perto. — Papai! — Megan suspira. — O que você está falando? — O fato de que você nunca trouxe da escola para casa nenhum colírio para os olhos, — uma voz rouca fala da cozinha. — Era sem tempo que você fizesse. Ele tem um bom traseiro. A sua frente é legal? — Mãe, — avisa Gloria. Eu levanto uma sobrancelha para Megan, e sua boca cai aberta. Um leve rubor aparece em suas bochechas, e nós dois viramos para olhar a mulher idosa atravessando da casa para o deque. — O quê? Eu estava falando sobre o cavalheiro sentado aqui na mesa. — Ela toma um assento em frente ao Vovô e me olha, correndo seus olhos em mim. — Embora, boa escolha, Megan. Ele é bonito. — E ele tem cérebro. — Megan encolhe os ombros.

286

— É só ir embora para a faculdade e você torna-se exigente. Lembre-se... — Sua avó sorri. — Eu seria exigente, também, se ele estivesse em oferta. — E ele obteve essa aparência e cérebro de algum lugar, — Vovô intromete-se. — E foi claramente de você. — Sua avó sorri radiante para ele. Eles iniciam uma conversa, e eu sorrio. Trazê-lo aqui foi uma boa ideia. — Então, você realmente nunca teve um namorado na escola? — Eu brinco com Megan. Ela abre a boca, fecha e abre de novo. — Nenhum que ela trouxe para casa, — explica Gloria. — Braden definitivamente os assustou, então imagine minha surpresa quando ela me disse sobre você! Eu pensei que você definitivamente iria aparecer com um braço quebrado ou um olho roxo. — Um braço quebrado? — Roger exclama, cutucando o carvão. — Eu esperava que ele aparecesse em uma cadeira de rodas. Talvez aquela garota seja boa para Braden. — Maddie, — Megan corrige. — Não ―aquela garota‖, pai. Seu nome é Maddie. — É isso aí. Eu sabia que era um nome com 'M', eu só não conseguia me lembrar dele. — Ele acena para ela. — Talvez. — Gloria sorri. — Megan, por que você não leva Aston e mostra-lhe ao redor? Parece que seu avô está ocupado no momento. — Ela se inclina para frente. — Eu 287

preparei os quartos de hóspedes, porque eu não sabia o que vocês estavam fazendo, — ela sussurra. — Se vocês quiserem compartilhar, vão em frente. Vocês são adultos, afinal de contas, mas apenas use— Sim, obrigada, mamãe, — Megan sai correndo. — Entendido. Ela agarra minha mão, me puxando para longe do deque e da risada de seu pai. Eu sorrio para mim mesmo. — Santo Deus! — diz ela, quando estamos dentro. — Isso foi tipo assim, bem, eu acho. — Hey - seus pais embaraçaram você e sua avó me secou. Eu diria que foi muito bem! Ela faz uma pausa. — Eu acho que isso é tipo um padrão. — Eu não sei. Eu nunca conheci os pais antes. Ela faz uma pausa no meio da escada, inclinando a cabeça e olhando para mim. — Sério? — Sim. Você parece surpresa. — Eu meio que estou. — Por quê? Você sabe que eu nunca namorei ninguém de verdade antes. Sempre tinham sido apenas casuais. Ela começa a andar novamente. — Então... Isso é sério? — Eu pego o tom de brincadeira em sua voz. — Eu estou brincando com a ideia de que...

288

Ela sorri, e eu a puxo para perto de mim no topo das escadas. — Sim, — ela bate seus cílios enquanto ela olha para mim. Eu sorrio. — Havia alguma dúvida que isso era sério? — Não, — ela responde, me beijando. — Não realmente. — Não realmente? — Eu levanto uma sobrancelha. — Não, — ela corrige, me puxando em direção a uma porta. — Eu te amo. Suas palavras enviam calor pelo meu corpo, silenciando o sussurro constante na parte de trás da minha mente. — Eu te amo, — eu sussurro, beijando seu nariz. — O meu quarto. — Ela abre a porta atrás dela, e eu a sigo para dentro. Uau. Ursos de pelúcia sentados sobre a cômoda, o tapete branco no chão é fofo como o inferno, e as paredes são pintadas de roxo claro. Duas portas à direita conduzem para o que eu assumo ser um banheiro e closet, e luzes de fadas pendem acima de sua cama. — Eu tenho certeza que este é o quarto mais feminino que eu já vi na minha vida. —

E

quantos

quartos

de

menina

você



viu,

exatamente? — Ela levanta as sobrancelhas. — Um. Este aqui. — Então, a sua declaração é ridícula. — Ela ri. 289

— Eu vou dormir aqui? — Eu olho os brinquedos de pelúcia. — Você não precisa. — Eu não estou dizendo que eu não quero. Eu quero. — Eu aponto para os ursos de pelúcia. — Mas eles vão ter que virar ao contrário. Eu realmente não sou um pervertido por malditos ursos de pelúcia. Seus olhos azuis brilham e ela fica encostada na parede. — Não há nada de errado com meus ursos de pelúcia. — Não há nada certo com eles, baby. — Você está me fazendo escolher entre você e meus ursos? — Sim. Sim, eu estou. — Eu posso ver que isso será um problema, Sr. Banks. — Então é isso, senhorita Harper? — Eu dou um passo na direção dela, puxando-a para mim. Meus dedos enfiam através de seu cabelo, inclinando sua cabeça para trás, e eu escovo meus lábios nos dela. — Seus ursos de pelúcia podem fazer isto? — Eu corro o meu nariz ao longo de sua mandíbula, meus lábios salpicando beijos em seu pescoço, sugando de leve em seu ponto de pulsação. Sua respiração falha. — Ou isso? — Eu deslizo minha mão em suas costas até a bunda e puxo seus quadris contra os meus. Minha ereção palpita levemente contra ela, crescendo à medida que ela mói ligeiramente. — Ou isso? — Eu curvo minha cabeça e

290

agito a minha língua em toda a curva de seus seios, provocando ela, mergulhando ao longo da taça do seu sutiã. — Não, — ela expira. — Não. Eles não podem fazer isso. Eu

mordisco

o

meu

caminho

até

seu

ouvido,

descansando meus lábios contra ele. — Então, qual era o problema? — Eu sussurro. — Problema? Quem disse alguma coisa sobre um problema, — ela coloca os dedos no meu cabelo e puxa minha cabeça para trás. — Não há nenhum problema aqui. Meus lábios contraem. — Então, os ursos se viram? Ela acena com a cabeça. — Inferno, se há mais disso... — Seu corpo pressiona bem contra o meu, alinhando perfeitamente. — Eles podem viver na piscina que eu não me importo. — Oh, há muito mais de onde veio isso, e ele é todo seu.

**** Megan passa a mão pelo meu corpo, seus dedos traçando as linhas que definem a musculatura. Eu suspiro profundamente, puxando-a para perto de mim, e respiro o aroma de baunilha de seu cabelo. Não importa onde ela esteve ou o que ela fez, ela sempre tem cheiro de baunilha. — O que estamos fazendo hoje? — Eu pergunto meus dedos seguindo a curva de sua coluna direto para a bunda dela.

291

Ela estremece. — Eu pensei que nós poderíamos ir montar. — Eu tenho a sensação de que não estamos falando sobre montar no quarto. Ela olha para mim, com o cabelo bagunçado, e sorri. — Não. Equitação. Eu não pratico na faculdade e eu sinto falta. — Eu nunca montei um cavalo. — Eu vou te ensinar. — Hum. — Você me ensinou a pescar, — ela me lembra. — Você me fez pescar! — Eu acho que não há maneira de contornar isso, né? Ela balança a cabeça, rolando em cima de mim. Seus joelhos vão um de cada lado da minha cintura, me prendendo, e seu cabelo caem em torno de meu rosto. Ela lentamente abaixa o rosto para o meu, sugando meu lábio inferior em sua boca e roçando os dentes em toda ela. Eu deslizo minhas mãos ao longo de suas coxas, meus polegares chegando perigosamente perto da área nua de calor entre suas pernas. — Nem pensar sobre isso, de modo algum, — ela sussurra. — Sério? Você não pode me montar em vez disso? — Eu... — Ela para quando eu esfrego meu polegar em seu clitóris suavemente, fazendo com que suas coxas apertem. — Eu tenho certeza. 292

Ela pega as minhas mãos e move-as para longe, sorrindo. — Será que vai ser um daqueles dias? — Eu suspiro. Ela sai da cama, vai até sua cômoda, e desliza em uma calcinha de renda branca e sutiã combinando. Meus olhos a seguem cada momento enquanto ela caminha em seu closet silenciosamente.

Sento-me

e

mexo

minhas

pernas,

avançando para pegar alguma boxers limpa na minha mala. Avançando muito fodidamente desconfortável graças à dureza do meu pau. Eu empurro minha boxers sobre, enquanto Megan reaparece vestindo calça de equitação e uma camisa branca. Foda-se. Ela poderia muito bem não estar usando nenhuma maldita calça pela maneira como ela se agarra a seus quadris. Ela está moldada ao seu corpo como uma segunda pele. — Eu tenho que assistir você montar um cavalo usando essa calça? — Eu esclareço, meio esperando que ela vá colocar uma calça mais folgada sobre ela. Ela amarra seu cabelo em um coque bagunçado em cima de sua cabeça e se vira para mim, seus lábios rosados se curvando em um sorriso. — Sim. Eu

me

levanto

e

puxo

minhas

próprias

calças,

suspirando. — Por favor, me diga que é fácil montar um cavalo com uma ereção.

293

Ela cobre a boca com a mão e solta uma gargalhada, seus olhos viajando rapidamente para o meu pau. — Eu nunca, um, tentei fazê-lo. Não pessoalmente. Eu puxo a camisa sobre minha cabeça. — Isso vai ser um pesadelo da porra. — Mas eu imagino que seria muito duro. — Sim? Então, pelo menos eu tenho algo em comum com ele.

**** Megan puxa o freio do lado de fora de um antigo estábulo no limite de Palm Springs. Não há nada além dele, exceto espaço aberto, e eu posso ver porque os estábulos estão localizados aqui. — Este é o lugar que eu aprendi a montar. Liguei com antecedência esta manhã e pedi-lhes para selar os cavalos para nós. — Ela sorri para mim. — Certo. — Eu olho em dúvida para os estábulos. — Vamos lá! — Ela sai do carro, e eu sigo o exemplo. — Oh, e, hum, não fique homem das cavernas, ok? — Por que eu ficaria homem das cavernas? — O filho do proprietário pode ter uma pequena queda por mim. Eu olho para ela sem entender.

294

— Ele só tem dezesseis anos, — ela continua. — Ele tem uma

queda

por

mim

desde

que

ele

podia

andar,

aproximadamente. — Certo. — Eu tenho que andar com uma ereção e lidar com um cara 16 anos de idade flertando com a minha garota. Quem disse que isso era uma boa ideia? — Oh, Aston. — Ela ri, pegando minhas mãos. — Não seja mal-humorado. Ele é bonitinho. — Bonitinho? — Como em bonitinho e doce, não bonitinho e quente. — Eu sou bonitinho? — Você é bonitinho e quente. — Ela me puxa para frente, beijando minha bochecha. — Há uma grande, grande diferença. Eu sorrio quando ela me leva até um estábulo com dois cavalos marrons. Seu sorriso se alarga e ela solta minha mão, correndo em direção a um deles. Ela corre a mão embaixo do nariz do cavalo e abraça seu pescoço. — Olá, rapaz, — ela murmura. — Você sentiu minha falta? — Ela fuça seu rosto no pescoço do cavalo e me vejo sorrindo. Isso é definitivamente bonitinho e doce. Eu mantenho minha distância. Eu definitivamente não sou um cara de cavalos. Eu não tenho nenhuma ideia porque estou aqui. Megan se vira para mim, uma luz em seus olhos e um sorriso enorme no seu rosto. 295

Apaga essa merda. Eu sei exatamente porque estou aqui. Estou aqui porque isto a faz feliz, e se eu quero fazer alguma coisa na minha vida, é fazer esta menina feliz. Não importa o que aconteça ou o que eu tenha que fazer para conseguir, eu vou fazer o meu melhor para colocar aquele sorriso no seu rosto tantas vezes quanto eu puder. Ela abre a porta e leva o cavalo para fora, acariciando seu pescoço. — Este é o Storm. Ele é o meu bebê. — Ela olha para mim. — Ele foi o meu presente de dezesseis anos. A maioria das pessoas ganha um carro. Eu ganhei um cavalo, e trabalhei para o meu pai por um ano para pagar meu carro. — Um cavalo não é mais barato? — Pode ser, mas o meu menino é um puro sangue e vale mais do que eu poderia ter sido remunerada no ano que antecedeu o meu aniversário. Além disso, um carro é um carro. Storm é um dos meus homens favoritos. — Eu pensei ter ouvido a sua voz, — uma mulher chama e aparece da parte de trás do estábulo. — É bom vê-la, Megs. Seu bebê estava com saudades. — A mulher dá tapinhas em Storm. — Eu senti falta dele. — Megan sorri para a mulher. — June, este é Aston, meu namorado. Aston, esta é June. Ela é dona dos estábulos e cuida de Storm para mim, enquanto eu estou na faculdade. — É um prazer conhecê-la, — eu digo. — Então você é a razão pela qual ela ligou antes? Vai aprender a montar? 296

— Sim, senhora. Ela acena com a cabeça em aprovação. — Boa escolha, Megan. Ele é bonito. Megan bufa em sua mão. — Estou ouvindo muito isso. — Eu não me importo. — Eu sorrio. — Tomara que a Poppy ache que você é bonito. Ela gosta de iniciantes, e se você der uma destas... — Ela me lança uma maçã que eu nem percebi que ela estava segurando. —... Ela vai amar você para sempre. — Onde ela está então? Vou encantá-la. — Eu pisco para Megan e jogo a maçã e apanho-a. — Esta é Poppy. — June abre a porta e conduz para fora um cavalo branco com manchas cinzentas. — Ela é a mais calma do grupo, e está comigo há seis anos. Ela vai cuidar de você. Eu ando até ela, aproximando-me suavemente para esfregar seu pescoço e oferecendo a maçã. Ela a toma, a come em menos de um minuto, e cutuca o meu ombro com o nariz. — Você não vai ter mais, — June a repreende. — Você seja boa para Aston, garota. Megan gosta dele. Megan se estica e dá um tapinha em seu nariz. — Ei, menina. Pronta para montar? Poppy bufa o que eu assumo ser um sim, e as duas mulheres levam os cavalos para o piquete. Eu sigo, ficando pra trás ligeiramente. Equitação. Eu nunca pensei que veria o dia em que eu estaria montando um cavalo - especialmente 297

para fazer uma menina feliz. Eu balanço minha cabeça em um leve tipo de diversão. — Certo. — June acena para eu ir até ela, e eu assisto Megan habilmente montar Storm. Essa calça está apertada pra caralho. Porcaria. — Sim. — Eu paro ao lado de Poppy, olhando para a sela. — Reúna as rédeas na mão, coloque o pé esquerdo no estribo, e segure no wither5, — ordena June para mim. — Em seguida, dê um impulso e passe a perna por cima do flanco dela. Certifique-se de não chutá-la. — E se eu fizer? — Então ela vai escapar e você vai cair sobre sua bunda. Megan ri, e eu atiro-lhe um olhar. — Não chutar a bunda do cavalo. Entendi. — Pronto? Vá. Eu faço o que ela diz, sentando sobre a sela de Poppy. — Nada mal, — June elogia. — Agora, deixe suas pernas penduradas para baixo e eu ajustarei seus estribos. Ela remexe com eles e me instrui sobre como apoiar os meus pés corretamente. Ela coloca um chapéu na minha cabeça, aperta à cinta debaixo do meu queixo, e dá tapinhas em Poppy por trás. Ela começa a se mover e eu agarro as rédeas com mais força. Espaço entre as omoplatas de um mamífero de quatro patas. Em muitas espécies, é o ponto mais alto do corpo, e em cavalos, é o local padrão para medir a altura do animal. 5

298

— Santo— Sente-se direito! — June grita. — Megan, ele é todo seu! — Obrigada, June! — Ela acena, e Poppy segue Storm para fora no piquete. Megan se vira para mim, sorrindo. — Faça o que fizer, não aperte suas pernas. — Por que não? — Murmuro, desejando que eu pudesse me inclinar para frente e agarrar o pescoço do cavalo. Eu admito. Estou com medo dessa maldita besta. — Porque ela irá mais rápido. — Ótimo. Você não poderia ter me contado tudo isso no caminho para cá? — Você me disse sobre a pesca antes de entrarmos no barco? — Seus olhos brilham, e eu aceno com a cabeça na direção dela. — Touché, baby. Touché. Ela mostra sua língua, e Storm começa a se mover mais rápido. — Eu espero que você não esteja me esperando para ir mais rápido. — Eu não estou, — ela diz. — Eu realmente não esperava que você montasse na Poppy! — É bom saber que você tem confiança em mim, — eu grito secamente enquanto ela contorna atrás de mim. Poppy anda em um ritmo agradável. Eu realmente não estou levando-a até um trote. De jeito nenhum. 299

O chão está empoeirado quando deixamos o pequeno piquete, e o sol bate com uma temperatura ainda quente. — Para onde estamos indo? — Eu pergunto-lhe. — Você vai ver.

300

Capítulo Vinte e Três Megan

E

u deslizo para baixo das costas de Storm e bato em seu pescoço carinhosamente, enganchando suas rédeas em torno de um galho de árvore na

sombra. Eu tiro meu capacete, sacudo meu cabelo, e procuro sob as raízes pela cesta que pedi para June colocar lá mais cedo. Eu dou a Storm um pouco de água e coloco o cobertor no chão, do outro lado da pequena árvore, sentando-me e esperando Aston se recuperar. A Trilha Palm Canyon é uma das minhas favoritas - ela sempre foi. Sentar aqui pelo riacho e deixar Storm descansar era um passatempo semanal antes de eu ir para Berkeley. Fazíamos as outras trilhas em nossos outros passeios, mas nossos sábados sempre foram reservados para isso. E agora me lembro do por que. O verde da fauna é um contraste com o deserto estéril além, e as pedras que pontilham o riacho são grandes o suficiente para se sentar. É lindo. Pacífico no inverno, quando ninguém vem aqui. — Como faço para descer?

301

Eu

rio

e

viro

minha

cabeça,

vendo

Aston

se

aproximando. — Estale sua língua três vezes e ela vai parar, em seguida, desça da maneira como você subiu. — Não chutando sua bunda, né? — Exatamente. Ele estala sua língua e Poppy para. Seu desmonte é rápido e parece como se ele pudesse ter montado toda a sua vida. — Um piquenique? — Ele sorri, enganchando as rédeas em torno do galho do jeito que eu fiz e tirando o chapéu. — Surpreso? — Eu sorrio quando ele cai sobre o cobertor ao meu lado. — Sim, mas você sempre me surpreende. — Ele pressiona seus lábios nos meus, e eu seguro o lado de seu rosto. — Você disse que queria conhecer Palm Springs. Não há muito na outra direção que você não possa ver em qualquer outra cidade, mas esse é o meu lugar favorito em todo o mundo. — Eu solto minha mão e olho ao redor. — Eu senti falta daqui. Eu não sabia até que eu estava sentada aqui. — É muito bonito, — diz Aston com apreciação. — Você realmente cresceu aqui? — Praticamente. Minha mãe tem seu cavalo nos estábulos também. Você não a viu, mas a Midnight é— Preta?

302

— Sim, realmente. — Eu olho para ele. — Ela cresceu aqui e me ensinou a montar. Nós passamos por aqui todo fim de semana até que eu tinha quatorze anos e ela me deixou vir sozinha. Eu não perdi um fim de semana até que eu comecei a faculdade. — Você não pensa em montar em Berkeley? Eu balanço minha cabeça. — Eu não acho que eu tenho tempo. Além disso - Eu não posso esperar que meus pais paguem por isso, assim como a faculdade. Eu poderia conseguir um emprego, mas então eu definitivamente não teria tempo para montar. É uma situação perde-perde. — Eu dou de ombros. Aston remexe na cesta. — Pelo menos você ainda pode montar quando estiver em casa... Mesmo que seja apenas algumas vezes por ano. — É verdade. — Eu sorrio quando ele retira os morangos. Ele pega um do prato e leva-o perto da minha boca. Eu pego sua mão, segurando-a no lugar, e retiro uma enorme mordida dele. O suco escorre pelo meu queixo e ele sorri, limpando-o com o polegar. — Eu espero que você não pense que eu estou alimentando você, — ele resmunga, mordendo seu próprio morango. — Mas você acabou de fazer. — Eu falo, olhando para o outro morango em sua mão. — E isso é um dos grandes! Ele olha para o morango, em seguida, para mim e suspira. — Ótimo. Temos um enorme morango. — Ele 303

segura-o para mim, e eu me inclino para frente, mordendo-o lentamente, meus lábios envolvendo em torno dele. Seus olhos se agitam para baixo, concentrando-se em minha boca, e eu sento. Meus lábios se curvam para cima, enquanto ele coloca uma mão exatamente atrás das minhas costas, seu rosto chegando perto do meu. — Você tem um pouco... — ele sussurra com uma voz áspera, trazendo seu polegar para meu rosto. Eu desço meu olhar para ele, assistindo como ele pressiona o polegar contra o canto da minha boca suavemente, limpando ao longo da curva do meu lábio inferior. Eu separo meus lábios, puxando uma respiração lenta, e fecho os olhos enquanto ele varre sua mão no meu cabelo. Sua respiração é quente em meus lábios, misturando-se com a minha, e o meu coração bate acelerado enquanto ele paira acima de mim, a milímetros de me tocar. É um momento que parece durar para sempre, um momento cheio de esperança, antecipação, determinação e amor. Esperança

para

nós.

Antecipação

para

o

futuro.

Determinação para fazê-lo durar. Amor por tudo o que temos e ainda teremos para compartilhar juntos, e por tudo o que somos. E quando ele finalmente encosta seus lábios nos meus, faz isso tudo mais doce.

**** 304

O passeio de volta aos estábulos é fácil - principalmente porque Aston percebe que ele não vai cair se ele for para um trote. Eu deixo-o dirigir de volta para a minha casa, o que parece compensá-lo por fazê-lo sentar sobre um cavalo e olhar para a minha bunda na apertada calça de montaria por todo o dia. É meio que compensar isto, de qualquer maneira. Todo mundo está fora quando chegamos de volta, e eu aposto que mamãe arrastou todos para as compras. Esta noite é a sua festa anual da véspera de Ação de Graças, que se traduz como muitas pessoas, muito vinho, e muito de vovó secando todos os caras mais jovens. — Você era um bocado atarefada quando criança, — Aston diz enquanto nós vamos para cima. — Eu era? — Sim. Natação, equitação, ginástica... Mais alguma coisa? — Hmm. Dancei um pouco. Bem, seis meses. Eu desisti. Eu era muito pesada sobre os meus pés de ginástica, então eu fui uma bailarina terrível. — Eu sorrio. — A ginástica é muito parecida com a dança, mas, aparentemente, a dança não é muito parecida com a ginástica. — Eu dou de ombros, entrando no banheiro e indo para o chuveiro. Eu lanço a minha roupa no cesto de roupa suja no canto e piso sob o vapor da água quente, deixando-a correr por cima de mim e aliviar minhas dores do dia de equitação.

305

Minhas pernas estão duras e eu sei que vou estar ainda pior amanhã, mas valeu a pena. Valeu mais ainda a pena porque Aston chegou a conhecer um pouco de mim depois de me mostrar tanto dele. Sua vida está presa em São Francisco, e enquanto a minha vida está em Berkeley, meu coração está em Palm Springs. Ele precisa de um pequeno empurrão para que o seu coração liberte-se completamente dos limites em que ele o mantém. Ele pode ter deixá-lo ir um pouco por mim, mas ele precisa deixá-lo ir por si mesmo. Eu só espero que este fim de semana possa fazer isso por ele, mesmo que apenas um pouco. Eu começo a cantarolar para mim mesma enquanto eu enrolo uma toalha em volta do meu corpo, à melodia suave de Cry With You do Hunter Hayes enchendo a pequena sala. Eu examino as fileiras de frascos e tubos nas minhas prateleiras, pegando um creme hidratante de baunilha para combinar com o meu shampoo. As palavras não cantadas da canção me assombram, ressoando através do meu corpo enquanto apoio o meu pé na borda da banheira e esfrego o hidratante ao longo da minha perna. A música me faz lembrar de Aston, toda a sua dor e toda a dor que eu sinto por ele. Isso me lembra o quanto eu sei que nunca vou deixá-lo, o quanto eu posso dar-lhe o tipo de amor que ele precisa para superar qualquer coisa que o seu passado jogar para ele. Assim como Hunter Hayes, sinto toda a dor. 306

Eu deixo a toalha cair enquanto eu esfrego o hidratante por todo o corpo, deixando secar a água restante na minha pele. Duas quentes mãos ásperas agarram meus quadris e um quente peito esculpido pressiona contra as minhas costas. Os lábios de Aston abrem caminho através dos meus ombros, suas mãos se movendo para meu estômago e me segurando contra ele. — Você estava me olhando? — Minha voz é um pouco instável. — Você me bateria se eu dissesse que sim? — ele replica no meu ouvido, suas mãos movendo-se até meus seios. — Não, — eu expiro, pressionando em suas mãos. — Então, sim, eu estava. — Ele beija meu pescoço, suas mãos me massageando de uma forma que contrai todos os músculos do meu estômago e começa uma dor desesperada entre as minhas pernas. — Por quê? — Porque, — ele sussurra. — Eu não podia. Eu não sei se você percebe o quanto você é linda sem maquiagem, seu cabelo molhado, usando apenas uma pequena toalha, ou nada. Eu nunca vi você totalmente natural antes, e eu não pensei que você poderia ser mais bonita do que você é normalmente, mas você é. Ele desliza a mão pelo meu estômago, facilitando seus dedos entre as minhas coxas. Ele esfrega o dedo contra o meu clitóris e empurra seus quadris em mim, sua ereção cavando entre as minhas nádegas. Minha cabeça cai para 307

trás contra ele, e ele trilha mais beijos no meu pescoço exposto, curvando os dedos e acalmando minha dor. Ele continua, segurando-me contra ele até enquanto o calor inunda o meu corpo e minhas pernas falham. Ele me segura enquanto

a

agitação

acalma,

ainda

me

beijando

carinhosamente. — Minha vez, — eu sussurro, girando em seus braços. Eu pego ele com a minha mão, correndo os dedos ao longo do lado de fora de sua cueca. Ele puxa-nos de volta para o meu quarto, e eu rastejo meus dedos dentro de sua cueca para tocá-lo totalmente. Ele está duro como pedra, e os meus dedos mal conseguem envolver em torno dele enquanto começam bombeando em ritmo constante para cima e para baixo dele. Aston nos empurra para a cama, movendo os quadris em sincronia com a minha mão, e mergulha a língua na minha

boca. A

dor entre

as

minhas

pernas começa

novamente, e eu involuntariamente animo meus quadris quando ele geme meu nome em minha boca. Eu aperto-o na minha mão, não impedindo as respostas do meu corpo para a desesperada exploração que suas mãos estão empreendendo. Não demora muito para que ele se afaste de mim e role um preservativo, posicionando-se contra mim. Ele olha nos meus olhos enquanto ele empurra dentro de mim, meus músculos apertando ao redor dele. Há tantas palavras que eu poderia dizer a ele neste momento, tantas coisas que precisam ser ditas entre nós, mas isso parece o que está destinado a ser. 308

A primeira vez desde que nós assumimos. A primeira vez desde que usamos a palavra amor. Depois, nós dois tomamos banho e nos preparamos para a festa da mamãe. Meu vestido balança sobre os meus joelhos enquanto eu vejo o meu reflexo no espelho, alisando a saia por fora. Aston pisa atrás de mim, ligando seus dedos com os meus, e sorri. — Nós fazemos um casal muito quente. — Ele pisca, e eu rio. — Eu não estou acostumada a ter de compartilhar aparência e inteligência com alguém. Eu sempre achei que eu seria a mais esperta de nós, — eu provoco-o. — Oh, você é a única inteligente, tudo bem. — Ele encosta seus lábios na minha testa. — Você me ensinou muito no último mês. Muitas coisas eu não teria aprendido sem você. Eu alcanço e toco seu rosto, encontrando seus olhos no espelho. — Você não sabe disso. — Não, eu sei. Quando estávamos na trilha hoje e paramos para almoçar, você me ensinou que algo estéril e vazio pode ser cheio de vida e belo. Meus lábios se torcem um pouco. — A cânion estava deserto, — lembro-o. — Mas estava cheio de vida por causa de você, — ele diz com sinceridade. — Você contribuiu para a beleza dele, levando vida a um lugar desolado. Assim como você fez para 309

mim. Eu sempre achei que eu estava morto por dentro, que eu tinha que me sentir assim. Que eu não poderia relembrar, porque relembrar significava sentir, e sentir significava ser. E então houve você. Você me fez lembrar como era viver. — Aston... — Eu tomo uma respiração profunda. — Mas nada disso importa se é tudo por mim. Você tem que perguntar a si mesmo por quem você vive. — No início, era você. Tudo você. Agora? Agora é um pouco de ambos. Você me ensinou como amar, e eu tenho certeza que eu me amo um pouco, agora. Eu nunca vou ver o que você vê, mas é mais do que eu já tive. Eu pisco duramente, tentando não chorar, porque ele possivelmente

não

pode

compreender

o

quanto

essas

palavras significam para mim. Ele não pode compreender o quanto eu queria fazer essa dor melhor para ele, fazê-lo compreender que ele é mais do que ele pensa. E ele definitivamente não pode compreender como suas palavras se fixam em todo o meu coração, agarrando-se nele como um vício. — Sério? — Eu sussurro. „Seu coração sussurrava que ele o tinha feito por ela.‟ — Sério baby. Eu vivo por mim, mas eu amo por você. — Ele beija minha testa novamente, e eu sinto cada palavra. Ele sempre foi o meu Sr. Darcy. E eu sempre fui sua Elizabeth.

310

Epílogo Aston

P

uxo o zíper da minha jaqueta até em cima enquanto um vento frio sopra na baia de São Francisco e luto contra a vontade de

virar e correr de volta para a marina. Eu não vou fugir. Isso é algo que tem que ser feito, por mim. Megan aperta minha mão, enrolando no meu braço, e começamos a entrar no pequeno cemitério onde minha mãe está. Estou doente. A emoção mais forte que eu senti em um longo tempo rodopia em volta do meu corpo inteiro, de ódio à piedade, de medo à raiva, contudo além de tudo isso... Além de tudo isso está um pouco de amor pela mulher que tentou e falhou em me dar a vida. Nós andamos silenciosamente através das sepulturas e placas, seguindo para a parte de trás do cemitério. Eu seguro a rosa branca que eu comprei com força, apertando-o no meu peito, e tento respirar profundamente. Eu nunca vou perdoá-la. Eu nunca vou esquecê-la. Mas eu posso finalmente ficar em paz com ela.

311

A pequena lápide de mármore preta situa-se ao lado da de minha avó, e Megan coloca um pequeno ramo de flores sobre ele em silêncio. Meus olhos traçam as letras do túmulo da mamãe, seguindo os padrões gravados, e começa a diluirse enquanto os meus olhos ardem com lágrimas. Eu fico de joelhos na frente da pedra, deixando as lágrimas caírem como elas precisam, e coloco a rosa para baixo. O branco da rosa é um contraste com o preto do mármore, como a minha inocência infantil foi um contraste com a promiscuidade madura da minha mãe. Mesmo agora, segue-se ela. Na vida e na morte. — Estamos em paz agora, mãe, — eu digo baixinho ao vento. — Seja lá o que foi que fez você ser do jeito que você era, eu estou feliz por você estar longe dele. Desculpe-me se eu não fui o suficiente para você. Talvez eu fosse demais. Eu nunca vou saber. Eu só espero que você esteja em paz agora. E eu... eu te amo. Há mais tantas palavras. Eu poderia gritar em sua sepultura, gritar nela se eu realmente quisesse, mas não teria qualquer efeito. Ela ainda teria ido embora e não vai mudar nada. Odiá-la não pode mudar o passado, e finalmente eu sei disso. Odiá-la não vai fazer tudo ir embora. Não vai apagá-lo. Eu levanto e olho para os olhos azuis claros de Megan. Ela aperta minha mão, segurando com força, e eu a sigo para fora do cemitério. Eu disse que nunca voltaria a São Francisco. Eu sempre soube que eu teria que voltar, e agora eu o fiz. 312

Agora eu nunca mais terei que voltar. Eu não tenho que olhar para trás. Posso viajar de volta para a faculdade atravessando a água, e permanecer naquele lado da água. E eu posso olhar nos olhos azuis da garota que eu amo todos os dias, fazendo a vida que eu sempre quis.

Fim…

313

LIVRO 03 –

The Right Moves

Seu passado é feito com demônios. Seu passado é cheio de desgosto. Mesmo assim, ele é a única pessoa que pode lhe lembrar o que significa viver. Esta é a história de Abbi. Esta não é a sua história típica de New Adult. Não é cheio de beijos apaixonados e quentes, encontros tarde da noite - o que é, é uma história de recuperação e encontrar-se no lugar mais inesperado. É uma história sobre o tipo de amor que faz você acreditar que tudo é possível, mesmo quando tudo parecia triste e sem esperança. 314

Tradução Priscila

Revisão Marcela Jaque

315

316

Emma Hart - [The Game 02] - Playing for Keeps.pdf

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