UNINOVE ANAIS DO IV ENCONTRO DE PESQUISA DISCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DA UNINOVE

EDUCAÇÃO A DISTANCIA EM ENFERMAGEM: FASCÍNIO E DESAFIOS Giane Elis de Carvalho Sanino Enfermeira Doutoranda em Educação (UNINOVE), Mestre em Educação (UNCID), Especialista em Nefrologia (HCFMUSP), Especialista em Educação Profissional na Área da Saúde (Fiocruz/EEUSP), Aprimoramento em Pediatria (Hospital Infantil Municipal Menino Jesus de São Paulo), Diretora Pedagógica do Colégio de Enfermagem Zumbi dos Palmares, Professora Adjunta do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIP e Líder das disciplinas: Políticas de Saúde, Políticas de Atenção a Saúde do Adulto, Políticas de Atenção a Saúde da Criança, Prática Gerencial em Saúde Coletiva, Prevenção e Controle de Infecção em Instituições de Saúde, Professora da Pós-Graduação do MBA Multiprofissional em Saúde da Família da UNIP, Professora convidada da Pós-Graduação em Enfermagem Pediátrica e Neonatal da FEHIAE.

Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar e desmitificar a modalidade de Ensino a Distância - EAD nos cursos de enfermagem. A trajetória metodológica se deu por meio da pesquisa bibliográfica descritiva fundamentando a teoria relacionada a temática. Os resultados da literatura apontam que na última década, com o crescimento e o desenvolvimento da internet, instituições de ensinos vêm-se dedicando à construção de cursos, fazendo uso da web. Neste aspecto, salienta-se que diversas instituições em seus programas acadêmicos em enfermagem utilizam várias tecnologias para conectar estudantes e docentes que não seriam capazes de participar de uma classe ou programa por causa de restrições de tempo e espaço, promovendo significativa interação entre os alunos e o professor. As tecnologias, que variam em complexidade e custo, podem ser impressos, áudio, vídeo e Web. Tecnologias híbridas são combinadas para maximizar a experiência de aprendizagem dos alunos com habilidades básicas de computador e, consequente desenvolvimento de uma compreensão dos conceitos online e da tecnologia web. A aprendizagem online por si só não garante a melhoria na qualidade do ensino, pois muitas das soluções de EAD, anunciadas como novidade, tendem a reproduzir, em grande parte, o modelo tradicional de ensino. Se não for bem planejado e consistentemente conduzido o EAD pode-se tornar uma aprendizagem solitária, mecânica e superficial. Oriundos de diferentes contextos culturais, os alunos do EAD não detêm os mesmos conceitos sobre os fatos do mundo e, sobretudo, não operam mentalmente com

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abstrações do mesmo modo, cabendo ao docente tornar-se a peça-chave do processo de ensino-aprendizagem maximizando o aproveitamento dos recursos das novas tecnologias, de forma mais motivadora e eficaz, considerando as relações entre tipo de conteúdo, método de ensino, características do aluno, e os resultados educacionais no ensino a distância em enfermagem. Palavras-Chave: Educação a Distância, Ensino em Enfermagem, Utilização de Novas Tecnologias.

INTRODUÇÃO

As Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs aplicadas à Educação a Distância – EAD, incontestavelmente propiciam a democratização do ensino superior em nosso país. E essa modalidade de ensino por ter como uma de suas características fundantes a flexibilidade, aumenta a oferta educativa e, concomitantemente, alavanca a revolução de práticas pedagógicas, ao rever conceitos tradicionais, em face da utilização das TICS, objetivando a interatividade. A EAD permite a realização de um caminho inverso ao comum, em que as pessoas precisam se deslocar em busca da formação e, isso gera custos, que nem todos possuem os recursos necessários para arcar (tempo, transporte, entre outros). Contudo, um dos desafios postos para que essa modalidade de ensino realmente se efetive com o aumento do número de vagas, é a inclusão digital. Sabemos que as tecnologias digitais fazem parte de diversas formas de nosso cotidiano (celular, GPS, netbook, tablets, entre outros), mas creio ser esse nosso algo muito amplo e vago; embora nos últimos anos tenha ocorrido um aumento do acesso aos bens de consumo pelas classes desfavorecidas economicamente, em relação ao acesso internet banda larga, o que se apresenta de fato é uma exclusão digital. No entanto, supondo que a aprendizagem dos alunos dessa modalidade de ensino seria mais difícil, fadada a um suposto fracasso, na realidade a situação apresentada é diferente, pois o Ministério da Educação e Cultura - MEC ao realizar uma comparação dos resultados de avaliação desses discentes, com os alunos que estudam na modalidade presencial, identificou a situação inversa, pois os resultados dos alunos em EAD foram superiores, comparados aos alunos que frequentaram cursos na modalidade presencial.

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Neste contexto, vale mencionar que atuando como docente líder de algumas disciplinas desde 2009, em uma universidade privada no curso de enfermagem, além de atualizar os planos de ensinos, está sob a minha responsabilidade colocar conteúdos e, atividades no site que sirvam de apoio ao estudo discente, percebo que esses conteúdos são utilizados principalmente pelos alunos que foram reprovados e, ficam sob o regime de dependência, pois eles estudam pelo site e, os encontros presenciais são momentos para sanar dúvidas, complementar informações, aprofundar algum ponto específico do conteúdo e, realizar avaliações, noto ainda, que os alunos acabam se empenhando mais na aprendizagem virtual, indo realmente em busca do material e, somente me procuram para esclarecer dúvidas, consigo identificar a realização de uma leitura prévia das referências indicadas, o que nem sempre ocorre com os alunos que estudam na modalidade totalmente presencial, o que torna ainda mais importante essa metodologia, atrelada aos encontros presencias, pois creio ser necessário manter esse contato direto com o discente. Reflito se esses resultados, não serão em parte decorrentes de práticas pedagógicas inovadoras em uso, em que para alcançar a interatividade, os docentes utilizem de diversos recursos próprios de difusão de informação da mídia objetivando realizar a interação, nesse processo que difere substancialmente do simples ato de comunicar, propiciando que seus discentes alcancem resultados positivos, na medida em que talvez se esforcem de modo diferente dos alunos que cursam a modalidade presencial, para superar seus déficits de aprendizagem em busca de atingir seus objetivos. Por outro lado, baseando em minha experiência como docente indago-me: Como estimular a autonomia dos estudantes, em busca da construção de seu conhecimento, sem ao menos conhecê-los presencialmente? Assim, considerando a questão, e ainda, se é possível conviver, interagir e cooperar num ambiente virtual, onde a distância pode ser transposta, este estudo intitula-se e busca os fascínios e desafios na educação a distância em enfermagem.

EAD e formação profissional em enfermagem

A capacidade que o homem tem de conhecer valores e fundamentos morais e, aplicálos nas diferentes situações da sociedade só se consegue pelo amplo conhecimento dos fatos e assuntos, aperfeiçoando a formação consciente de novas gerações segundo os ideais de cultura de cada povo.

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A educação é um processo de formação que precisa estimular a curiosidade além do ensinar. É fundamentada em conhecimentos que são adquiridos ao longo da vida. Tanto os professores como os alunos devem ser o que aprendem. "Outro ponto é que a educação é um momento no qual se convence de alguma coisa, e tenta convencer os outros de alguma coisa" (FREIRE, 1986, p. 46). É ainda, pela educação que se consegue construir um mundo melhor, se atribuindo na equipe de enfermagem valores de conhecimento técnico, elevando o nível de cultura e socialização de informação, e consequente assistência adequada e de qualidade. Neste contexto, a história permite contextualizar que na Enfermagem, a técnica sempre acompanhou o ensino e a sua prática, sendo essas realizadas de forma empírica, mas nenhuma delas caracterizava a Enfermagem propriamente dita. É, ainda, dentre as quatorze profissões da área da saúde, a que mais tempo permanece em contato com o cliente e, tem na técnica um dos seus instrumentos de trabalho mais valiosos, pois através dela, ocorre um forte vínculo, que pode estar repleto de criatividade. Neste sentido, é o que se aprende na história que norteia nossos conhecimentos o qual se reinventa e é aprendido e repassado. "É no processo de aprender, em que historicamente descobrimos que era possível ensinar como tarefa não apenas embutida no aprender, mas perfilada em si" (FREIRE, 1986, p.24). Nesse processo a tecnologia se faz presente, seja na prevenção, no diagnóstico ou no tratamento, auxiliando a aplicação da educação tecnológica, pois favorecer a apropriação de conhecimento pelo aluno, para que ele possa inovar na realização de seu trabalho, contribuindo para que o cliente retorne às suas funções normais o quanto antes, sem prejuízo para ele e, para a sociedade. Deste modo, não se pode limitar o conhecimento apenas em medicar, avaliar, observar, o papel da enfermagem vai além, e neste contexto, o EAD pode estar inserido nas grades curriculares ou disciplinas, gerando um conhecimento que pode ser mais aprofundado para a formação destes profissionais. Neste aspecto, o ensino a distância na enfermagem, já tem sido bastante utilizado em outros países, embora ainda, no Brasil as atividades relacionadas a essa modalidade educacional não se expandiram muito. A Associação Americana de Faculdades de Enfermagem (AACN) reconhece que os avanços tecnológicos estão aumentando as oportunidades para melhorar drasticamente a qualidade e, o acesso à educação de enfermagem, tanto que os ambientes de aprendizagem através da Internet se constituíram na realização de cursos de graduação, mestrado, educação

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continuada, parcial ou inteiramente a distância, em várias universidades dos EUA (SOON et al., 2000, p. 20). No Brasil, vale ressaltar, que a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), oferece cursos de atualização em enfermagem em nefrologia através da Internet. O Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da área de Enfermagem (PROFAE) oferece curso de especialização em Educação Profissional na área da Saúde na modalidade EAD, aos enfermeiros que exercem a docência nos Cursos de Educação Profissional. O curso se estende por todo território nacional em instituições de âmbito estadual ou regional, operacionalizado por uma Coordenação Técnico-Pedagógica a cargo do Programa de Educação a Distância EAD/ENSP/FIOCRUZ. Neste cenário e, para uma nova abordagem da questão, é fundamental superar os paradigmas que sustentam a formação, quase todos orientados por uma visão positivista ou neopositivista do mundo. É, hoje, indispensável adotar abordagens que permitam a construção de uma conceitualização do mundo em todas suas diversidades, possibilidades e potencialidades e, centrar a análise e solução das questões nos sujeitos, em sua integralidade, tanto como produtores de serviços, como consumidores. A saúde do ser humano, na perspectiva individual e coletiva, deve ser a questão nuclear e estratégica para pensar e fazer o cuidado de enfermagem e, por conseguinte, sustentar a formação dos profissionais de enfermagem. Assim, de acordo com Guimarães; Sena (2002, p. 19) torna-se imprescindível renunciar às velhas concepções metodológicas de ensino-aprendizagem e, de organização do processo de trabalho, pois existem condições indispensáveis e fundamentais para que a enfermagem, através das instituições de ensino, possa realizar uma inovação de seus processos político-acadêmicos. Tendo em vista essas considerações, fica evidente que novas abordagens do processo de educação devem ser adotadas para possibilitar o acesso à formação daqueles que ainda não a possuem, como também a educação continuada daqueles que atuam nas unidades formadoras de recursos humanos e prestadores de serviço de saúde. A adoção de processos inovadores de educação impõe a necessidade de se fazer uma análise crítica da situação atual de educação em enfermagem, bem como a identificação das necessidades educacionais, para a implementação de ações através da adoção de novas modalidades de ensino. Neste aspecto, para Guimarães; Sena (2002, p. 19), as metodologias inovadoras de ensino têm buscado privilegiar a relação professor/aluno de forma a considerar o ritmo individual de aprendizagem do aluno e, a incorporação de recursos tecnológicos como meio

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para melhorar a efetivação da aprendizagem e, como recurso para aproximar os sujeitos do processo de educação, possibilitando o aprendizado em espaços e tempos distintos, garantindo a qualidade do processo pedagógico. Neste contexto, a educação a distância pode possibilitar que paradigmas da educação tradicional sejam quebrados e, que novas abordagens pedagógicas sejam adotadas, priorizando nesta, a organização do trabalho pedagógico com a diversificação dos procedimentos metodológicos, a valorização dos momentos presenciais e, a avaliação constante do processo pelos sujeitos envolvidos.

Método e/ou mediação pedagógico em EAD

Se a expressão tecnologia significa a aplicação de fundamentos científicos derivados da psicologia, teoria de sistemas, teoria da comunicação, sociologia e antropologia, visando a solução de problemas da área educacional, no ensino da Enfermagem, os conteúdos abordam desde conhecimentos sobre anatomia, fisiologia, antropologia até conteúdos técnicos que permeiam todo o curso no desenvolvimento das disciplinas profissionalizantes. Porém, é preciso repensar a forma de ensino, pois não bastam reformulações curriculares para garantir um ensino voltado à realidade do aluno. É preciso mudar as atitudes docentes no processo de ensino-aprendizagem, de forma a valorizar as trocas de experiências e de atitudes inovadoras Por outro lado, quando criamos uma solução para um problema construímos conhecimento. Se a solução mostra-se eficaz, para um número significativo de casos semelhantes, então estamos diante de uma tecnologia. Desta forma, tecnologia pode ser entendida como um sinônimo para solução, solução que pode ser aplicada a um problema, ou a um conjunto deles, segundo Bachelard (1968, p. 36), em sua obra “O novo espírito científico”, mencionado por Carvalho e Melo (2004, p. 25). Deste modo, Carvalho e Melo (2004, p. 46) descrevem em seu texto “E agora professor?” O conceito de Tecnologia Educacional encerra um paradigma complexo, envolvendo pelos menos três pilares estruturais: Mídias, Mediação e Publicações. Nesta perspectiva a inserção de novas mídias dedicadas à educação pode trazer re-significados conceituais, operacionais e pedagógicos, pressupondo a tomada de consciência dos mediadores, contando com suas competências e habilidades para a gestão dos processos de ensino-aprendizagem. Assim, os métodos de ensino são as formas através das quais os professores trabalharão os diversos conteúdos, com a finalidade de atingirem os objetivos propostos por

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meio de estratégias e procedimentos adotados no ensino, caracterizando ações conscientes, planejadas e até certo ponto controladas, visando atingir, além dos objetivos gerais e específicos, algum nível de generalização. Quando incluímos as estratégias de ensino, como componentes fundamentais do método, invocamos a dimensão do planejamento, da idealização geral de um plano de trabalho, que se faz à luz de determinados princípios teóricos. Em contrapartida, se os métodos se findam em seus componentes puramente instrumentais, estaríamos diante de uma concepção tecnocrática do processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido, a reflexão teórica se adere aos métodos como instrumento de articulação entre os elementos puramente técnicos e, os fins maiores da educação nos contextos sócio-culturais específicos.

Relação meio-fins

Neste contexto, encontramos o pensamento dos filósofos Habermas e Marcuse que perpassam a crítica radical à sociedade industrial moderna, onde a racionalidade dita instrumental define-se pela relação meios fins, ou seja, pela organização de meios adequados para atingir determinados fins, ou pela escolha entre alternativas estratégicas com vistas à consecução de objetivos. Para Habermas (1994, p. 55) o desenvolvimento industrial, está estreitamente vinculado ao progresso da ciência e da técnica. Já para Marcuse (1967, p. 17) a ciência e a técnica, ao visarem o domínio da natureza e a sua submissão ao homem, já trazem em si o germe da dominação. Abstraindo de toda a discussão em torno da questão de valores, esse tipo de racionalidade traz em seu bojo uma forma de dominação política que não lhe é imposta de fora, mas habita o seu interior, e já está presente no processo de sua própria construção. Contudo, foi juntamente com as mídias e os recursos disponíveis, as publicações de cada época, a forma de atuação, de mediação, de intervenção, enfim, as ações empenhadas pelos educadores na construção e, condução de suas aulas que se estabeleceram maneiras diversas de tecnologias educacionais. Assim, para Habermas (1994, p.61), a ciência e a técnica ampliam as possibilidades humanas, libertando o homem da imposição das necessidades materiais, sendo o desenvolvimento da espécie humana resultado de um processo histórico de desenvolvimento tecnológico, institucional e cultural, processos que são interdependentes.

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Por outro lado, o desenvolvimento do conhecimento científico e técnico, ao propiciar o crescimento e o aperfeiçoamento das forças produtivas, provê o sistema capitalista de um mecanismo regular que assegura a sua manutenção. Desta forma, “se institucionaliza a introdução de novas tecnologias e de novas estratégias”, isto é, “institucionaliza-se a inovação enquanto tal”, cumprindo a ciência e a técnica o papel de legitimar a dominação (Habermas 1994, p. 62). Neste contexto, o método de ensino é a categoria mais dinâmica do processo de ensino-aprendizagem, já que é determinado por objetivos que mudam em função do dinamismo da realidade sócio-cultural em que o processo está inserido. Além disso, o método de ensino trabalha com conteúdos que, pelo mesmo motivo, também sofrem permanente revisão. O método ainda segundo Carvalho Neto (2004, p. 71) depende dos meios de ensino disponíveis em seu contexto educativo e, principalmente, das características gerais da clientela a que se dirige (número de alunos, sua idade, seu nível de desenvolvimento prévio, o estrato sócio-cultural a que pertencem, sexo, entre outros). Levando esses aspectos em consideração, os métodos de ensino, por mais que alguns deles tenham obtido êxito comprovado em algumas situações, não podem ser nunca encarados como respostas definitivas para os mais sérios problemas educacionais. Desta forma, os meios de ensino variam muito, sendo algumas vezes muito restritivos e, em outros casos, excessivamente abrangentes. Há os que consideram os meios de ensino como meros instrumentos auxiliares do professor no processo de ensino-aprendizagem. Tal concepção é restritiva porque a condição de "instrumentos auxiliares" pressupõe uma participação passiva da categoria meios de ensino no conjunto do processo de ensinoaprendizagem. O desenvolvimento dos meios pode promover mudanças substanciais no processo pedagógico como um todo e, eles são em muitos casos, absolutamente necessários para a satisfação de determinados objetivos (CARVALHO NETO, 2004, p. 73). Sendo assim, a formação do docente em enfermagem que atua com EAD, deve ser baseada no domínio de conhecimentos científicos no processo de ensinar e aprender, recriando situações de aprendizagem por investigação do conhecimento de forma coletiva, com o propósito de valorizar o universo cognitivo e cultural dos acadêmicos como processos interativos (FEIJÓ, 2010, p. 32). Portanto, acreditamos que o professor, como mediador entre o aluno e o conhecimento, é que deverá definir as formas de utilização dos meios de ensino, explorando o potencial de cada tecnologia em função de seu contexto, dos seus objetivos , da realidade e, dos interesses de seus alunos. Desta maneira, as contribuições que as tecnologias trarão ao

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processo pedagógico acontecerão na medida da criatividade do professor e, do domínio que ele tiver do fazer pedagógico. Dessa maneira, tem-se reforçada a mediação pedagógica do professor que desenvolve sua prática educativa, em situações programadas de ensino e aprendizagem na orientação assistida à distância.

Avaliação do ensino aprendizagem no EAD

Ao se pensar a respeito do ato de avaliar, surgem muitas questões e, a preocupação em buscar soluções satisfatórias e adequadas, com um foco definido. Fazem-se necessários questionamentos de como promover uma avaliação reflexiva, articulada ao processo de aprendizagem, que sirva de parâmetros para discussões e, reflexões permanentes para o desenvolvimento de um processo avaliativo que apresente uma função de guia, de orientação para o professor e, se mostre mais comprometido com o processo de conhecimento, de aproveitamento do aluno. Assim o processo de avaliação precisa ser uma trajetória de mediação e diagnóstico, sendo a interação fundamental para o sucesso do processo ensino aprendizagem. Percebe-se um consenso como a avaliação se apresenta. Muitas vezes, ela mostra-se marcada pelo autoritarismo do professor podendo trazer consequências não satisfatórias. Acredita-se que a avaliação que se caracteriza por um processo meramente classificatório. É um instrumento utilizado para medir o conhecimento por meio de dados numéricos e, não como objeto de (re) estudo. Nota-se ser muito difícil encontrar uma resposta adequada quando o professor centraliza o processo de aprendizagem, automatiza o modo de avaliar e, se preocupa apenas com a transmissão do conhecimento, sem o comprometimento da aprendizagem do aluno. A falta de reflexão sobre a prática da avaliação pode resultar em um processo meramente quantitativo, com objetivo de aferir por meio de atribuição de notas/conceitos, sem levar em conta se o conhecimento foi ou não construído. Deste modo, é necessário acompanhar os avanços educacionais que norteiam a EAD, também no que tange a prática avaliativa, propondo um olhar diferenciado e inovador, dandolhe novas possibilidades. Neste aspecto, a sistemática de avaliação em EAD está em constante debate pela busca de aperfeiçoamento, onde encontramos na literatura a recomendação de quatro fases descritas a seguir: avaliação diagnóstica, avaliação formativa, avaliação somativa e avaliação emancipadora.

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Na avaliação diagnóstica há a busca pela identificação das competências que o aluno já possui, ao início do componente com o objetivo de possibilitar adequação desse aluno ao grupo e nível de aprendizagem mais recomendado. Na avaliação formativa e colaborativa entende-se como o processo onde todos os sujeitos envolvidos participam e, existe a preocupação com o acompanhamento e a orientação do aprendiz exigindo do professor flexibilidade e disponibilidade para a mudança, tendo portanto duas funções; uma informativa e outra reguladora. Esta avaliação contínua e abrangente é fundamental para atingir melhorias significativas na qualidade das ações em EAD e, para a resolução de problemas (FEIJÓ, 2010, p. 50). Do ponto de vista operacional, a avaliação pode ser feita com a utilização de certas ferramentas disponíveis nos ambientes de aprendizagens, como as de comunicação (fóruns, chats, portfólio) e, as de controle (intermap, relatórios de frequência e número de acessos). No entanto, verifica-se que somente o mero relato quantitativo destas ferramentas, deixa algumas lacunas importantes para avaliar qualitativamente as participações dos usuários. A avaliação somativa, corresponde as provas presenciais obrigatórias, a qual busca identificar a diferença expressa quantitativamente entre a meta de aprendizagem e, o nível de conhecimento que foi atingido pelo aluno (HAYDT, 2002). É realizada ao final de um curso, período letivo ou unidade de ensino, dentro de critérios previamente impostos ou negociados e, geralmente tem em vista a promoção de um grau para outro. Na avaliação emancipadora, o professor recorre a instrumentos de auto avaliação e coavaliação para desenvolver o senso de auto crítica e melhorar o estágio de autodesenvolvimento do aluno. O resultado desta avaliação se expressa por meio de pequenos relatórios qualitativos (FEIJÓ, 2010, p. 52). Um ensino centrado no aluno, como é a EAD, traz profundas transformações no processo de avaliação. Algumas dessas transformações são fontes de intermináveis debates entre educadores, políticos e empresários da área de ensino. Neste sentido, Luckesi (2010, p. 33) enfatiza que: “A atual prática da avaliação educacional pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou transformá-lo”. Deste modo, cabe a cada ambiente virtual de aprendizagem, no seu sentido estrito e amplo, a existência de processos que favoreçam, como proposto por Vygotsky em seu delineamento dos níveis de desenvolvimento proximal em relação ao real/potencial e, em direção a uma aprendizagem autônoma e emancipatória, onde se incluem as idéias de Habermas.

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Assim, percebe-se que avaliação é um processo que deve ser refletido, questionado e analisado, pelo docente, para que possa ser visto como um instrumento de (re) estudo e, não meramente para se aferir e alcançar como resultado uma nota, um conceito. Muito trabalho e estudos ainda deverão ser realizados, para que a avaliação deixe de ser apenas quantitativa e passe para a vertente também qualitativa. Neste aspecto, a tentativa de se buscar novas formas de avaliação permanece, assim há de se considerar que trabalhar a EAD, significa o desafio de conscientizar o docente da necessidade de mudanças frente ao processo avaliativo existente e, a renovação constante de suas metodologias.

CONCLUSÃO

A modalidade de educação a distância constitui a mudança necessária no ensino de enfermagem ou não, quando como educadores temos que pensar nos processos educativos diferentes dos existentes. E, tal mudança não ocorre somente em termos de espaço e tempo, mas também nas dimensões psicológica, sociológica e pedagógica permitindo que a educação se torne mais abrangente. Neste contexto, esta modalidade de ensino fascina porque responde as necessidades de diferentes sujeitos e, situações de ensino e aprendizagem, fazendo uso da contextualização e das características regionais e globais, além de formar um contingente de pessoas em busca de um caminho profissional para um mundo em constante transformação. Isto possibilita uma ruptura espaço/temporal, onde o tempo e o espaço são estabelecidos de acordo com as necessidades, interesses e a disponibilidade dos aprendizes. Por outro lado, o desafio imposto ao EAD em enfermagem, está no processo de construção em que se encontra essa nova perspectiva de ensino, pois embora esteja em franca expansão no Brasil, ainda pairam muitas incertezas quanto à qualidade na formação do aluno egresso. No entanto, em EAD quaisquer que sejam as metodologias adotadas, o papel do docente é muito significante, já que este atua utilizando-se de meios técnicos de comunicação, que permitem aproximá-lo dos alunos, na mediação e construção do conhecimento. Considerações estas que vem de encontro a resposta de minha indagação no final da introdução deste artigo, demonstrando que no ambiente virtual a distância pode ser transposta por meio da interação. Portanto, são necessários mais estudos na área de EAD que incluam o curso de graduação em enfermagem e, o acompanhamento desses docentes, durante o processo de

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ensino aprendizagem, para que se comprove a importância e, o propagado discurso do sucesso desta estratégia de ensino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACHELARD, G. O novo espírito científico. Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 1968 CARVALHO NETO, C. Z. & MELO, M. T. E agora, professor? Por uma pedagogia vivencial. São Paulo: IFCE, 2004. FEIJÓ, E. D. Avaliação do desempenho de discentes na administração dos serviços de enfermagem na modalidade de educação a distância. 2010. 134 f. Dissertação [Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial], Universidade Federal Fluminense, 2010. FREIRE P. Medo e Ousadia / O cotidiano do Professor. 4ªed. Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1986. GUIMARÃES, E. M. P.; SENA, R. R. Tendências da Educação em Enfermagem: reflexão sobre a formação de recursos humanos de enfermagem usando metodologias não convencionais. [CDROM]. 2º Seminário Internacional de Tecnologias para EAD; 2002 junho 19-21; Uberlândia, Minas Gerais. Uberlândia: NACSM/UFU; 2002. HABERMAS, J. Técnica e ciência como ideologia. Porto. Rés -Editora.1994 HAYDT, R. C. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São Paulo, Ática, 2002. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar, 21. ed. São Paulo: Cortez, 1995 e 2010. MARCUSE, H. Ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. SOON, K. H.; SOOK, K. I.; JUNG, C. W.; IM, K. M. The effects of internet-based distance learning in nursing. Comput. Nurs., v.18, n.1, p.19-25, Jan./Feb. 2000.

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