Romance de Flor e Luna Jairo Lambari Fernandes Quando um dia Rosaflor chegou no rancho Pequeno mundo num fundão de corredor Enxergou um pingo baio encilhado E um gaúcho com um gateado no fiador Mariano Luna domador seguia os ventos Trazendo mansos pra cambiar pelas estradas E Rosaflor filha mais moça do seu Nico Lavava roupa junto às pedras da aguada Rosaflor num riso manso e buenas noite Entrou no rancho com seus olhos de querer Mariano Luna e suas pilchas já puídas Disse a moça um outro buenas sem dizer, sem dizer Mariano Luna que tinha lua nos olhos Entregou esse clarão aos olhos dela E apagou a luz extrema que continha Da outra lua que apontava na janela A lavadeira pouco sabia das luas E ainda menos dos olhares que elas têm E descobriu então nos olhos do andante Que de amores nem as flores sabem bem Que de amores nem as flores sabem bem O domador que só sabia desses campos Sabia pouco do azul que vem das flores Mas descobriu depois de léguas de estradas Que há muito tempo não cuidava seus amores De flor e luna se enfeitou o rancho tosco Pequeno mundo num fundão de corredor Que sem saber ficou mais claro e mais silente Depois que lua debruçou-se sobre a flor Ficou a estrada sem ninguém pra ir embora E risos largos diferentes do normal Um baio manso pastando pelo potreiro E bombachas limpas pendurada no varal, no varal

Romance para quem chega Jairo Lambari Fernandes Um dia desses Rosaflor olhava um sonho Na sanga clara junto à sombra do arvoredo Guardava um beijo pra entregar, quando voltasse E uma palavra, que ainda pouco era um segredo. Mariano Luna no galpão cevava um mate Cuidando um baio que escarceava num bocal Foi quando a tarde então pintou-se de outono Era sua linda que apontava no portal. Rosaflor chegou de manso, como chegam Notícias boas, brisa, sol e um novo dia E então contou das tantas luas que viriam Até que o rancho ia encher-se de alegria. Mariano Luna nem cabia em si o sorriso Tomou um mate e mais outro sem notar Passou a mão sobre o ventre de sua prenda e viu que o tempo tinha esperas pra entregar. Toda alegria resumiu-se num abraço E num silêncio igual à calma do rincão Que se ouviu um canto claro de um barreiro Montando o rancho na janela do galpão. Foi um cantar de anunciação ele sabia Outro casal que erguia um rancho na querência Era o destino que entregava a luz da lua Pra junto à flor deixar raiz e descendência. E Rosaflor falou da casa e das bonecas Das coisas boas que essa vida ia lhes dar Mariano Luna já pensou num rancho novo E de amansar um peticinho pra o piá. Agora era só o tempo dessas luas Que sabem bem o ciclo certo das esperas Trazer a vida num sorriso de um piá Ou de outra flor que chegará com a primavera. Mariano Luna nem cabia em si o sorriso Tomou um mate e mais outro sem notar Passou a mão sobre o ventre de sua prenda e viu que o tempo tinha esperas pra entregar. Toda alegria resumiu-se num abraço E num silêncio igual à calma do rincão Que se ouviu um canto claro de um barreiro Montando o rancho na janela do galpão. Um dia desses Rosaflor olhava um sonho.

Romance de Outro Mariano Jairo Lambari Fernandes Depois das luas Rosa Flor mimava um piá De olhos calmos, bem querer e olhar risonho Se o tempo moço tinha espera pra lhes dar Então a vida lhe entregou bem mais que um sonho Outro Mariano pra encilhar junto com o pai Seu peticinho baio ruano e bom de patas Era um campeiro mal calçando o pé no estribo De boina negra, de bombacha e alpargata Mariano Luna lhe ensinava o jeito certo De encilhar, firmar nas rédeas e sujeitar Ia contando ao piazito sobre a vida E o que ela tinha de bom pra ofertar Pela ansiedade Rosa Flor era um sorriso Que se perdia entre as flores da janela Depois de um mate a mesma cena repetiu-se E os dois marianos acenaram na cancela Mariano Luna ia ao passo no seu baio E o peticinho rédea atada que obedece Outro Mariano que aprendia ser do campo Pequeno mundo bem maior do que parece E Rosa Flor então sabia nos seus mates Que era o tempo cruzar poucas primaveras Que o guri ia também encilhar baios Porque a vida é um ciclo eterno de espera Mais uma vez a estrada foi e despedia Pois pra quem fica uma manhã é a vida inteira E os dois Mariano já voltavam do potreiro Pra Rosa Flor e sua saudade costumeira Então o rancho agora em três é bem maior Bombachas grande e pequenas no varal Só o silêncio nunca mais foi o mesmo Pra um romance que jamais terá final

Jairo Lambari Fernandes.pdf

De olhos calmos, bem querer e olhar risonho. Se o tempo moço tinha espera pra lhes dar. Então a vida lhe entregou bem mais que um sonho. Outro Mariano pra encilhar junto com o pai. Seu peticinho baio ruano e bom de patas. Era um campeiro mal calçando o pé no estribo. De boina negra, de bombacha e alpargata.

29KB Sizes 0 Downloads 126 Views

Recommend Documents

La Luna, Jairo Restrepo Rivera.pdf
PBX: 883 1595. www.feriva.com. Cali, Colombia. Restrepo Rivera, Jairo. La luna: el sol nocturno en los trópicos y su influencia en la. agricultura / Jairo Restrepo ...

La Companyia rara de Jairo Oleszczak.pdf
La Companyia rara de Jairo Oleszczak.pdf. La Companyia rara de Jairo Oleszczak.pdf. Open. Extract. Open with. Sign In. Main menu.

la-influencia-de-las-fases-lunares-jairo-restrepo.pdf
la-influencia-de-las-fases-lunares-jairo-restrepo.pdf. la-influencia-de-las-fases-lunares-jairo-restrepo.pdf. Open. Extract. Open with. Sign In. Details. Comments.