Kit Círculo de Doutorandos Informais (CDI)

Alex Bretas – Educação Fora da Caixa

Apresentação do Kit Ei! Seja bem-vindo ao Kit do Círculo de Doutorandos Informais (CDI), uma das recompensas do financiamento coletivo do projeto Educação Fora da Caixa no Catarse. A proposta deste material é apresentar a metodologia do CDI e, assim, possibilitar a reedição do Círculo na sua cidade ;) O Círculo de Doutorandos Informais é um evento de um dia inteiro (ou de duas noites) que serve para despertar o poder da aprendizagem livre em um grupo. São duas partes principais: um primeiro momento de resgate e compartilhamento das “biografias educacionais” dos participantes, e uma segunda parte focada no desenvolvimento de projetos de aprendizagem. Foram realizados três CDIs ao longo dos anos de 2014 e 2015 em três capitais brasileiras: São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A ideia era também fazer em Porto Alegre, mas por falta de recursos a última edição não foi concretizada. Espero que este Kit seja útil a você. Em todos os lugares que passamos, a experiência de realizar o CDI foi muito potente e enriquecedora. Que mais pessoas possam se acender para a potência da aprendizagem inventiva! Um grande abraço,

Alex Bretas – Educação Fora da Caixa.

Sumário Relatos ............................................................................................................................................................ 4 Círculo de Doutorandos Informais de São Paulo – out/2014........................................... 4 Círculo de Doutorandos Informais de Belo Horizonte – mar/2015 ........................... 10 Círculo de Doutorandos Informais do Rio de Janeiro – out/2015 .............................. 17 Metodologias ........................................................................................................................................... 25 Compartilhamento biográfico....................................................................................................... 25 Pro Action Café ..................................................................................................................................... 30 Pronto para chamar o Círculo? .................................................................................................... 34

Relatos Círculo de Doutorandos Informais de São Paulo – out/2014

25 de outubro. “Meu dia começou ontem à noite…”. O primeiro Círculo de Doutorandos Informais foi um presente inventado. Assim como minha querida amiga Elena resolveu um dia se presentear com aulas de mergulho – algo que há muito tempo já queria experimentar –, eu também resolvi me gostar. Faz mais ou menos uns dois meses, comecei a esboçar os primeiros contornos do CDI. Agora ele ganhou cores, aos poucos vai ganhando volume, e aposto que em breve até eco ele vai ganhar. Começamos a manhã com um jogo que fez todos matarem as saudades de quem nunca haviam conhecido. Em seguida, inauguramos o Círculo dizendo como cada um estava chegando e quais expectativas trazia consigo.

Agenda do CDI.

O primeiro movimento envolveu uma com-história-lização do doutorado informal por meio do relato da minha experiência com o Educação Fora da Caixa. Desde as primeiras curiosidades, a inquietação no final de 2013, até a campanha de financiamento coletivo do projeto e o início do percurso. Na sequência, era a hora de todos poderem rememorar suas histórias. Propusemos aos participantes que eles fizessem compartilhamentos de biografias ou, melhor dizendo, de histórias pessoais relacionadas ao aprender. “Quais os meus ‘causos’ que tem a ver com a escola, a universidade, e mesmo com experiências informais de aprendizagem?”. “A biografia de cada um de nós é tão singular que cada ser humano poderia ser considerado uma espécie única”. Essa pérola, atribuída a Rudolf Steiner, forneceu a base para os resgates biográficos que fizemos. Os participantes puderam vivenciar duas situações: (re)contar suas memórias relacionadas à biografia do seu aprender; e ouvir as histórias de outras pessoas. Em cada compartilhamento, abria-se um baú do tesouro e todas as joias que ele guardava subitamente brilhavam na frente de quem escutava as experiências. Quem ouvia teve a

oportunidade de, por um lado, apreciar toda aquela beleza; por outro, também de se responsabilizar por cuidar das joias daquele baú. “Me senti cavando”. Para encontrarmos os tesouros da nossa biografia, é preciso esforço. Alguns participantes se sentiram desafiados, seja pelo tempo (queriam mais), seja pelo exercitar da atenção que a escuta nos solicita. Teve gente que ficou com vontade de escrever suas histórias, e teve quem conseguiu abrir mais espaço interno para abrigar outras questões ao compartilhar suas experiências. Teve quem se sentiu ressignificando suas histórias e quem ficou apaixonado pelas dos outros. Ouvimos até pessoas que ficaram surpresas com como elas mesmas contavam e percebiam suas experiências. Fichas caíram.

Duas nuances acompanharam o compartilhamento biográfico: desconforto e potência. Não é coincidência que, nos processos de aprendizagem, ambas emerjam com bastante força e sejam necessárias. Quando esse insight foi dito no Círculo, lembrei-me da reflexão da Thai, que está fazendo seu doutorado informal rodando o Brasil de bicicleta, e dos dois filhos que ela gosta de ter, o Ego e o Ser. Após um almoço que inspirou conexões poderosas, partimos para a sobremesa que durou a tarde toda: o apoio coletivo a ideias e projetos de doutorado informal. Todos tiveram a oportunidade de colocar no Círculo a sua ideia, mas precisávamos escolher quatro para serem desenvolvidas com a ajuda da inteligência coletiva. O

próprio grupo generosamente escolheu seus quatro doutorandos, que traziam consigo algumas sementes: 

Desenho de Luz – Ricardo

“Fotografia é um trabalho que quase nunca é utilizado com crianças. Meu doutorado informal tem como objetivo um projeto que leva até crianças de escolas públicas a oportunidade de conhecerem melhor o mundo da fotografia. A finalidade do projeto Desenho de Luz é descobrir o olhar que essas crianças têm sobre seu mundo, usando como estímulos a música, os desenhos e outras atividades educativas. Tornar a fotografia mais uma ferramenta de expressão para os pequenos”; 

Práticas para uma vida mais sustentável para pessoas e organizações– Erica

“Meu doutorado informal se configurou neste CDI como uma série de estudos voltados para ações em diferentes áreas com foco na redução de impactos negativos no meio ambiente e na sociedade. Muitos projetos surgirão dessa ideia”; 

Ajudando escolas a repensar o desenvolvimento profissional e pessoal de seus professores – Marcelo

“Minha proposta de doutorado informal neste CDI resultou no embrião de um projeto que auxilia escolas a transformar o modo pelo qual seus professores reavaliam suas práticas e se desenvolvem pessoal e profissionalmente. De acordo com o projeto político-pedagógico de cada escola e seus recursos disponíveis, pensamos em modelos de melhoria contínua das práticas individuais de cada professor, fazendo uso de modelos de coaching e espaços de compartilhamento coletivo”; 

Projeto Dani: menos é mais – Danielle

“O projeto ainda não tem nome, mas sua essência consiste em unir as minhas experiências e conceitos enquanto educadora com o meu mais novo e delicioso desafio: o de ser mãe. A ideia é compartilhar vivências do mundo da educação, mescladas, integradas e repaginadas com o mundo da maternidade. Promover encontros presenciais e discussões num blog para fortalecer experiências a partir de novos olhares para a infância e para o educar”. Outras quatro ideias não foram escolhidas para serem desenvolvidas no Círculo, mas também ganharam força por meio do reforço da musculatura de escuta e empatia de seus criadores: - Estamparia – Carol - Quem Entende o Brasil? – Diego - De Onde Veio e Para Onde Vai a Minha Identidade Maternal? – Luísa - Economia Star Trek Ganha Força – o repensar da economia com foco no ser humano integral – Glauco

Na medida em que as ideias de doutorado informal eram cuidadas, também se apoiava as pessoas. “E o que te falta então para começar?”, dizia-se em uma das mesas. Provocar, fazer faíscas também é cuidar. Ao conversarmos sobre o que aconteceu no processo, os doutorandos pareciam incendiados. “Nunca tínhamos conversado desse jeito”. “Eu ainda tô… não sei… Cheguei aqui e minha ideia ficou gigantesca!”.

Para sustentar as conversas, a abordagem do Pro Action Café foi customizada para abrigar a perspectiva de processos de aprendizagem autônomos. Além dos doutorandos e de seus mentores, também havia a figura dos cuidadores, que circulavam nas mesas de uma rodada para outra. “Ter um mentor fez toda a diferença, ele te equilibra”. O mentor, no caso das conversas do CDI, tem o papel de servir e apoiar o doutorando ajudando-o a se escutar, conectando insights e fazendo perguntas. Ele é o personagem que encarna a empatia, e talvez um dos que mais aprenda em todo o processo. “Foi muito enriquecedor todo mundo ter participado”. O CDI opera conjugando os processos individuais – as ideias de doutorado informal – e a potência do grupo, fazendo emergir um campo solidário de escuta compartilhada. “É um dançar: o projeto cresce e a pessoa vai e cresce junto!”. E, nessa dança, fica mais fácil para cada um dar o próximo passo.

O Sergio, um dos participantes do CDI, apontou duas “gramáticas” que se destacaram no encontro: a dimensão de coaching ou mentoria, que esteve presente não apenas no papel dos mentores, como também permeou todo o processo por meio da escuta e do questionamento construtivo; e o empreendedorismo, que se traduziu nos temas de alguns projetos que surgiram e na própria postura punk rock em que se baseia a ideia do doutorado informal. Inventar caminhos e fazer acontecer. Nesse processo, houve uma busca pela autenticidade, um mover-se pelas águas da vida em direção àquilo que nos torna únicos, singulares. “Eu acho que eu consigo juntar todas as minhas referências para fazer o que eu estou buscando”. “[Quero] criar uma identidade assim, bem minha, sabe?”. A experiência do Círculo foi como ter pintado cada doutorando, mentor e cuidador com a sua cor preferida. Saímos todos reluzentes. E, brilhando, sentimo-nos plenamente capazes e abundantes. “O empoderamento foi o que ficou mais forte. E não por causa de um discurso ou filosofia, e sim por meio de uma experiência concreta”. Às vezes vivemos dias grandes, de mais de um dia. O primeiro CDI foi desses.

Agradeço muito à Paula Manzotti, que facilitou o Círculo junto comigo, e ao Espaço Pampédia, na figura do Glauco Nepomoceno, que tão bem nos recebeu e acolheu.

Círculo de Doutorandos Informais de Belo Horizonte – mar/2015

Você já se apresentou alguma vez sem mencionar o seu trabalho? O que vem à mente quando é preciso falar de si sem dizer o elemento de que mais falamos depois dos nossos nomes? O Círculo de Doutorandos Informais de Belo Horizonte começou assim. Na verdade, iniciamos antes: a brincadeira do “Quanto Tempo!” animou a sala e aqueceu os corações dos participantes antes do desafio da apresentação-semtrabalho.

Brincadeira do “Quanto tempo!”

Essa brincadeira foi o querido Cláudio Thebas que me ensinou  — não foi ensino de fato, eu o vi fazendo e comecei a experimentar. Você vai precisar de uma música animada (eu utilizei uma de circo que achei no Youtube) e de um grupo de pessoas. Comecei convidando a todos para encenar um momento mais ou menos assim: imagine que você está na área de desembarque do aeroporto de sua cidade esperando ansiosamente um grande amigo chegar de longe. Faz muito, muito tempo que vocês não se veem e a saudade aperta. Na hora que ele chega, vocês se abraçam calorosamente e manifestam o quão felizes estão por se encontrarem novamente. Esta é a cena. Toda vez que alguém do grupo dizia “Quanto tempo!”, esse micro momento era encenado por duplas de pessoas próximas. Coloquei a música para tocar e pedi às pessoas para caminharem trocando olhares pela sala. Após alguns segundos, dei a largada: “Quanto tempo!”. Cada pessoa encontrava seu amigo distante, agora tão próximo, e o cumprimentava com um abraço apertado. E assim prosseguimos por mais algumas vezes, celebrando a presença de todos. Gosto bastante dessa cena para acolher grupos porque acho a metáfora bastante poderosa: estamos reduzindo a distância entre nós, estamos nos reconhecendo ao enxergar a possibilidade de abraçar um desconhecido por conta da humanidade que nos é comum. Em seguida a essa brincadeira, sentamos em círculo para contar quem éramos que não o trabalho. Ouvimos desde “estou tentando correr 10 km!” e “gosto de animais,

porque não pode falar de trabalho, né?” até “sou um espírito inquieto num corpo preguiçoso” e “não estou só buscando luz, eu quero ser luz”. Foi interessante notar como as pessoas ficam “desarmadas” quando o trabalho sai de cena. Por um lado, esconder momentaneamente nossos fazeres profissionais abre espaço para nos conectarmos com outros aspectos da vida de cada um; por outro, pode dificultar manifestações de pessoas que se identificam muito com o propósito de seus trabalhos, e nesses casos, a separação entre o que faço e o que sou não é trivial. Assim como no CDI de São Paulo, a primeira etapa do encontro em BH foi convidar os participantes para trabalharem a sua biografia com uma lente diferente, pautada pela reflexão sobre suas aprendizagens. Iniciamos a “biografia do meu aprender” com um grupo de aproximadamente 30 pessoas, e ver a sala cheia prestes a transbordar com os tesouros biográficos de cada um foi emocionante.

Resgate biográfico individual, antes do compartilhamento em trios apreciativos

Após resgatarem individualmente suas histórias de vida relacionadas à aprendizagem, era a hora de se ver a partir do outro. Os compartilhamentos biográficos ocorreram em trios, de modo que cada um pôde exercitar diferentes papéis: o de contador de histórias; o de escutador que olha nos olhos; e o de colheitador, aquele que “ouve pela mão” ao colocar no papel a essência das histórias que eram compartilhadas. Percebi que os trios funcionam como times, e o

objetivo é suportar e criar um solo fértil para as sementes de lembrança que são plantadas. Ao retornarmos para o nosso círculo, as sementes, já brotadas, começaram a se desenvolver e a dar frutos. “Como me senti experimentando os diferentes papéis?”; “O que foi mais marcante ou desafiador pra mim?”; “Quais os aprendizados que levo comigo desta experiência?”. Essas foram algumas perguntas que animaram nossas conversas de colheita. Algumas percepções ressoaram por todo o grupo: 

A humanidade que nos une, por mais que sejamos diferentes;



O fato de se ter percebido o melhor de cada um, numa lente apreciativa e com suspensão de julgamentos;



A riqueza do exercício de ouvir atentamente, sem interrupções; e



O reconhecimento dos aprendizados informais, isto é, aqueles que não acontecem por causa da escola, da universidade ou de qualquer outra instituição.

Ao encerrar a conversa sobre o biográfico, pedi licença para também compartilhar com o círculo a minha história desde que comecei a empreender a Educação Fora da Caixa, o meu doutorado informal. Me senti inspirado pelos feedbacks, nos quais o que mais se ouvia era “coragem”. E era justamente disso que se tratava o segundo dia do CDI. Belo Horizonte foi palco de uma chuva ensurdecedora momentos antes de iniciarmos a segunda noite do nosso Círculo. Não pudemos contar com todos os participantes do dia anterior, seja pela chuva — e o trânsito que ela acarretou — , e talvez pela nossa própria escolha de dividir o encontro em dois momentos. Neste sentido, o fluxo de um encontro de dia inteiro, como ocorreu em São Paulo, pode ser um formato mais interessante. Iniciamos com uma “dança das cadeiras cooperativa”, um jogo que funciona de forma muito semelhante à dança das cadeiras tradicional, mas com uma pequena diferença: todos precisam ganhar juntos. Você pode ver uma descrição sobre como aplicar o jogo aqui. Ao terminarem de jogar, convidei os participantes a se sentarem no nosso círculo para conversarmos sobre a experiência.

Dança das cadeiras cooperativa

“Vocês acham que o que vocês viveram tem alguma coisa a ver com nosso sistema educacional?”. Ao fazermos essa pergunta, criamos um campo que estimulou diversos pontos de vista a respeito do paradigma competitivo que vigora nas instituições de ensino. Falamos especialmente da universidade. Como queríamos ainda propor outras atividades para o grupo e as interações estavam a borbulhar, tive um pouco de dificuldade para encaminhar a conversa e partir para a próxima etapa. Por fim, disse a eles algo como: Se neste momento não podemos transformar as crenças de todas as instituições, que tal vivenciarmos o tempo que nos resta neste grupo como uma experiência profundamente ancorada na cooperação? Foi com este tom que começamos a explicar o Pro Action Café, uma metodologia de conversas voltada para a ação que possibilita o desenvolvimento de projetos reais dos participantes sustentados pela inteligência coletiva do grupo. Em São Paulo, havíamos orientado os participantes a pensar em projetos de doutorado informal, ao passo que, em Minas, optamos por utilizar a palavra “ideias”. Acreditamos que isso provavelmente tenha influenciado as reflexões dos participantes, e talvez usar a palavra projeto seja mais interessante no âmbito do CDI, por conta da maior concretude associada ao termo. Definidas as ideias que seriam trabalhadas pelo grupo, fizemos três rodadas de conversação a partir das seguintes perguntas: “O que está por trás desta ideia?” ou

“Por quê?”; “Quais outras possibilidades poderiam enriquecer esta ideia?” ou “E se?”; e “Qual seria o próximo passo imediato?” ou “E agora?”. Tal como nos compartilhamentos biográficos, no Pro Action havia três papéis distintos: o doutorando, que propunha a ideia; o mentor, que apoiava o doutorando e o ajudava a pensar; e os parceiros, que iam se movendo de uma mesa a outra em cada rodada e ofereciam suas contribuições para diferentes ideias. Ao término da terceira rodada, retornarmos novamente ao círculo para refletirmos sobre o processo. Consegui identificar quatro núcleos que me marcaram bastante ao escutar como foi a experiência para os participantes: 

A corresponsabilidade de todos pelas ideias, que ganhavam novos donos a cada rodada;



O acolhimento aos doutorandos, os quais se sentiram cuidados durante todo o processo;



A abundância de caminhos e possibilidades, não apenas no sentido das ideias, como também das perguntas, que feitas de uma outra forma levaram a respostas incrivelmente novas; e



A existência de dois padrões comuns a todas as ideias, quais sejam, o olhar para as pessoas e a vontade de resolver um problema social real, vivenciado pelos participantes.

Após compartilharmos nossas impressões e aprendizados no círculo, propus uma última ação antes de encerrarmos o encontro. O jogo Tocô-Colô é uma atividade que, literalmente, cria pontes entre as pessoas. Para ver um vídeo e uma breve descrição a respeito, veja este link do site do Projeto Cooperação. Adaptei o jogo para o contexto do CDI, utilizando as seguintes orientações: 

Sua mão direita encosta numa pessoa pela qual você é grato hoje;



Sua mão esquerda vai em alguém que você sente que poderia ajudar;



Seu pé direito se aproxima de alguém que você acredita que poderia te apoiar no seu processo;



E seu pé esquerdo… bom, neste momento já estávamos todos muito embolados e, então, não foi possível darmos mais nenhum passo.

Infelizmente não conseguimos fazer uma avaliação do encontro da forma como gostaríamos. Não houve tempo suficiente, e acredito que isso realmente fez falta. Talvez tenhamos feito atividades demais, embora cada uma tenha trazido algo especial para a vivência do grupo. Encerramos o CDI em Belo Horizonte respirando humanidade. Parece que, afinal, não falar tanto de trabalho — pelo menos da forma como estamos acostumados —  fez uma real diferença.

O CDI em BH recebeu duas ajudas essenciais: da Lhama.me, através da querida Raquel Camargo e do Marden, e também da Kailo, por meio da Paula Manzotti. Agradeço ainda ao The Plant Coworking, espaço que nos acolheu super bem. Valeu, gente! Para ver uma galeria de fotos do encontro, acesse o Facebook da Lhama.me.

Círculo de Doutorandos Informais do Rio de Janeiro – out/2015

“Quem você está?” A pergunta havia sido lançada já tarde da noite. Na sala, um balanço artesanal, um círculo de pessoas, falas muito animadas e pouca luz. O chamado inicial da conversa tinha a ver com novas formas de educação, mas logo enveredamos para diversos outros tópicos que pulsavam na mesma frequência. Engajamento, mobilização, transformação social, novas economias e novos mundos emergentes… Foi quando nos demos conta de que saber quem nós estamos (ao invés de quem somos, estaticamente) é um fator-chave para empreendermos a mudança que queremos ver no planeta. Tudo está conectado: se entendermos que fluxo é a única coisa que de fato somos, ganhamos força para nos refazer de forma consciente e, assim, contagiar as realidades ao nosso redor. Num mundo povoado por fractais, “complexos na sua menor parte” como diria o Erik — um dos participantes da conversa —, uma pequena alteração é capaz de desencadear mudanças profundas. Bom, não chegamos exatamente a um consenso sobre isso, mas caminhos foram iluminados.

Isso é só uma degustação da troca que tivemos na GOMA, na noite anterior ao Círculo de Doutorandos Informais que faríamos também por lá. A GOMA é um espaço colaborativo localizado no centro do Rio que funciona num formato de associação de empresas, cujo eixos são a economia criativa e a colaboração. Sediados num charmoso conjunto de casarões antigos reformados, os empreendedores da GOMA fazem de tudo: de branding a cadeiras e balanços artesanais. O fio condutor é a paixão de todos por processos criativos e inovação disruptiva.

Sede da GOMA.

Fomos dormir tarde da noite, borbulhando ideias. Amanheceu. Para iniciar o Círculo de Doutorandos Informais, nada melhor do que trazer à tona o que estava martelando em nossas cabeças desde a noite anterior. “Quem você está?” Com essa pergunta fizemos uma rodada de apresentação. As respostas variaram entre duas polaridades: “estou perdida” e “me sinto achada”. Tínhamos um grupo bastante heterogêneo: desde um jovem de 20 anos que já havia largado cinco faculdades até um contador com muitos anos de profissão que agora estava transgredindo para a produção cultural. Antes da rodada de apresentações fizemos a já tradicional brincadeira do “Quanto tempo!”. É incrível como o brincar nos leva realmente a dimensões esquecidas do ser humano, como diria Humberto Maturana. Antes de qualquer interação de um grupo, propor uma atividade de com-tato é um ótimo meio de começar com o pé direito (ou o esquerdo, para os canhotos como eu). Seguindo a pegada dos CDIs anteriores, começamos propondo um momento de compartilhamento biográfico focado nas educações de cada um. Se você fosse

fazer um retrato de como foi sua aprendizagem desde a sua primeira lembrança até os dias de hoje, como seria? Quais memórias viriam? Onde quer que tenha existido aprendizado, vale a pena resgatar. A ideia do compartilhamento biográfico, no caso, foi olhar para a vida como um todo, e não apenas o contexto da educação formal. Após os resgates individuais e as trocas em trios, voltamos ao círculo para refletir sobre a experiência. Ao compartilhar nossas impressões em roda utilizamos o objeto da fala, de modo que cada pessoa que fosse falar (ou quisesse gerar silêncio) o segurava em suas mãos. Todos os outros que não estavam com o objeto exercitavam o poder da escuta. Na minha visão, essa prática tem o poder de acalmar nossos espíritos durante uma conversa e nos fazer prestar mais atenção em quem está se abrindo. No CDI Rio pude contar com o apoio mais que especial da Marina Nicolaiewsky, da Carioteca. Facilitadora gráfica de mão cheia, eis o que ela enxergou na nossa conversa sobre as biografias:

O exercício de escutar a história de vida de outra pessoa é valioso por si só. Contudo, no caso do CDI, o trabalho biográfico ganha contornos ainda mais singulares por conta do foco nas experiências de aprendizagem de cada um. Algo que tem aparecido recorrentemente nas reflexões que temos feito em diversas cidades é a valorização do saber que não está sistematizado. Acabamos percebendo que muitos aprendizados essenciais ocorrem: 

Em ambientes não formais;



Com pessoas capazes de nos afetar, sejam elas próximas ou não;



E em situações cujo objetivo expresso não era necessariamente aprender.

Na sequência do compartilhamento biográfico, fomos almoçar e conversamos sobre as viagens que cada um de nós já havia feito. Ouvimos sobre leões na África, bungee jumps na Nova Zelândia e altas temperaturas no norte do Brasil. Não foi por acaso que chegamos nesse assunto: viajar é uma das maiores oportunidades de aprendizado que podemos ter. Ao retornar à GOMA, o pós-almoço contou com um momento relaxante de massagem coletiva embalada pela leitura do Manifesto do doutorado informal. Isso é outra coisa muito simples e prazerosa de se fazer em grupo: uma fila circular com todos de pé recebendo e aplicando massagens nas costas uns dos outros. Ninguém é de ferro. À tarde a proposta foi dar asas aos processos de doutorado informal de cada um. Para isso, utilizamos a metodologia do Pro Action Café — que já fora aplicada com sucesso nos CDIs de São Paulo e de Belo Horizonte  — para sustentarmos um ambiente de ajuda e aprendizagem coletiva. Dois projetos foram escolhidos para serem apoiados pelo grupo: 

Cuidar de Si — Aika

O comer e a comida como formas de se ocupar de si e do planeta. 

Inconveniência — Luiza

O inconveniente como uma plataforma de reflexão e transformação.

Como nos outros Círculos que já fizemos, havia três papéis distintos nas conversas do Pro Action: os doutorandos, donos dos projetos; os mentores, que permaneciam junto aos doutorandos durante todas as rodadas para apoiá-los; e os “consultores”, que se moviam de uma mesa à outra ao término de uma rodada a fim de trazerem novas ideias para os diálogos. Após as três rodadas de interação do Pro Action, retornarmos para o círculo para conversar sobre como cada um se sentiu no processo. Eis o que foi colhido por meio da facilitação gráfica:

Ao concluir essa troca, alguns de nossos aprendizados foram: 

Falar com alguém sobre nosso projeto pode nos dar clareza e apontar novos caminhos;



Compartilhar com o outro nossas vulnerabilidades pode ser tudo que é preciso para superá-las;



Ser mentor de outra pessoa, escutando e construindo junto, é um exercício de colaboração bastante desafiador, mas muito necessário;



A escuta genuína pode ser um dos principais elementos para revolucionarmos a educação formal.

Encerramos o círculo nos dando conta que processos como o trabalho biográfico, a mentoria e a colaboração são fundamentais para se reconfigurar os ambientes educacionais que dispomos hoje. Especialmente no que se refere ao doutorado informal, nada é mais poderoso do que um grupo que quer aprender junto a partir dos interesses autênticos de cada uma das pessoas que o compõe. Nesta brincadeira, todos acabam se encontrando um pouco mais.

Agradeço muito à GOMA, que generosamente nos recebeu no Rio e à Marina Nicolaiewsky, que me hospedou e cofacilitou o CDI comigo. Gratidão também a todos os participantes que atenderam ao chamado do CDI Rio. Valeu, gente!

Metodologias Compartilhamento biográfico

Olhando com carinho para o nosso passado O compartilhamento biográfico é uma das atividades que compõem o trabalho biográfico, cujo maior expoente no Brasil é a médica antroposófica Gudrun Burkhard. O processo consiste em levantar os fatos de nossa biografia e compartilhá-las num pequeno grupo, de modo a se exercitar a escuta e a suspensão de julgamentos e interpretações. Geralmente conduzido em períodos de quatro a sete dias de imersão, o trabalho biográfico em grupo pode ser adaptado a diferentes contextos e demandas.

Por quê? Cada biografia humana é um tesouro infindável de histórias, significados e potenciais aprendizados. Ancorada em extensos estudos biográficos realizados por Rudolf Steiner, fundador da antroposofia, e por Bernard Lievegoed, antropósofo e médico holandês, Gudrun Burkhard tem dedicado sua vida à missão de disseminar o trabalho biográfico pelo mundo. Em seu livro “Tomar a Vida nas Próprias Mãos” ela diz:

“Quando encontramos uma pessoa que há muito tempo não vemos, ocorre um fato interessante. Primeiro tentamos lembrar-nos de seu nome, de onde a conhecemos, há quantos anos isto ocorreu, e começamos a contar o que aconteceu em nossas vidas desde aquele último encontro. Contamos um pedaço de nossas biografias, e com isso a lembrança vai aparecendo, cada vez mais nítida, diante de nós. Se fizermos este levantamento da história da vida de maneira sistemática, estaremos então fazendo um trabalho biográfico”.

Ainda segundo Gudrun, trabalhar a biografia não significa ficarmos algemados ao passado, e sim integrá-lo ao presente para que possamos viver com mais liberdade. Elaborar, integrar e aceitar o passado tornam-se, então, cruciais para que criemos conscientemente nosso futuro. No caso específico do compartilhamento biográfico  – que responde apenas por uma pequena parte do universo dos trabalhos com a biografia  –, o grupo aparece como elemento primordial. Escutar a história de vida de alguém com o apoio de mais algumas pessoas pode nos ajudar a perceber: 

A diversidade e a riqueza de contextos em que cada pessoa está inserida, o que amplia nossa visão sistêmica e nossa capacidade de empatia;



A sabedoria do outro, expressa não apenas nos conhecimentos técnicos ou formais, mas principalmente na narrativa dos aprendizados informais;



As melhores maneiras de ajudar alguém num momento de crise, as quais geralmente tem a ver mais com escuta e acolhimento e menos com aconselhamentos;



A humanidade que nos une, por mais que sejamos diferentes.

Como? Antes de se fazer um compartilhamento biográfico, é preciso que cada pessoa resgate individualmente sua biografia. Para tanto, a antroposofia toma como referência os setênios, períodos de sete em sete anos que contemplam diferentes fases do desenvolvimento humano. Há uma extensa bibliografia a respeito das fases da vida entendidas sob essa perspectiva, que não será tratada aqui. A forma mais simples de se conduzir um resgate biográfico é pedir a cada pessoa para rememorar acontecimentos e histórias de vida desde sua primeira lembrança (algumas variações focalizam determinado período ou contexto específico). Nesse momento, a divisão por setênios pode atuar de forma didática para ajudar a

memória a trabalhar. Os participantes vão anotando as lembranças que vêm à mente, até chegarem nos dias atuais. Em seguida, é hora de preparar o campo para os compartilhamentos começarem. O grupo deve ser composto de três a cinco pessoas, e caso o número de participantes seja maior, mais grupos deverão ser formados. A duração do encontro dependerá das circunstâncias, mas é recomendável separar ao menos de duas a três horas para que as trocas não sejam superficiais. Ao orientar um grupo para o início do compartilhamento biográfico, é preciso ter em vista que se trata de um momento ao mesmo tempo muito potente e delicado. Também é necessário atentar que: 

Cada pessoa compartilha somente o que quiser e se sentir à vontade com o grupo;



A escuta do grupo é o elemento mais importante a ser cuidado, de modo a se prezar pela suspensão de julgamentos e interpretações;



Não deve haver interrupções durante o relato do outro, a não ser no formato de perguntas;



Ao se fazer perguntas, é preciso saber distinguir o que é mera curiosidade (evitar), do que pode ser realmente importante para ajudar o outro a lembrar de sua biografia;



O grupo é responsável por cuidar do tempo, de modo que cada pessoa possa relatar sua história num período adequado e equivalente às demais.

O compartilhamento biográfico é uma das abordagens utilizadas nos Círculos de Doutorandos Informais. No caso, as histórias compartilhadas têm em comum o tema educação.

Círculo de Doutorandos Informais de São Paulo.

Os relatos dos CDIs realizados em São Paulo e Belo Horizonte contam sobre como foram os trabalhos biográficos que fizemos. Destaco abaixo um trecho do relato de Belo Horizonte:

“Após resgatarem individualmente suas histórias de vida relacionadas à aprendizagem, era a hora de se ver a partir do outro. Os compartilhamentos biográficos ocorreram em trios, de modo que cada um pôde exercitar diferentes papéis: o de contador de histórias; o de escutador que olha nos olhos; e o de colheitador, aquele que ‘ouve pela mão’ ao colocar no papel a essência das histórias que eram compartilhadas”.

Um ponto interessante de se trabalhar em trios é que cada um pode assumir um papel distinto: alguém começa relatando sua biografia, outra pessoa assume o papel de interlocutor e uma terceira faz o registro, que pode assumir a forma de um desenho, texto ou algum outro formato. É recomendável que alguém também assuma a responsabilidade por cuidar do tempo (total e de cada biografia relatada). Após a primeira pessoa relatar sua biografia, ocorre uma troca de papéis para que outro participante possa fazer seu relato. As trocas acontecem até que todos tenham tido a chance de falar. Ao final, é interessante haver um momento de conversação coletiva com o objetivo de promover um espaço de reflexão para o grupo, que poderá dialogar sobre suas percepções e aprendizados durante o processo. Nos Círculos de Doutorandos Informais chamamos esse momento de colheita:

“Ao retornarmos para o nosso círculo, as sementes, já brotadas, começaram a se desenvolver e a dar frutos. ‘Como me senti experimentando os diferentes papéis?’; ‘O que foi mais marcante ou desafiador pra mim?’; ‘Quais os aprendizados que levo comigo desta experiência?’. Essas foram algumas perguntas que animaram nossas conversas de colheita”.

A principal questão para se conduzir um compartilhamento biográfico é conseguir criar um espaço acolhedor, confiável e seguro. Para tanto, há possibilidades diversas, desde uma decoração singela à escolha por locais ao ar livre. O essencial é cuidar para que todos tenham voz e não se sintam julgados nem pressionados.

Gudrun Burkhard afirma que o compartilhamento biográfico permite presentearmos uns aos outros com o que temos de mais precioso: nossas histórias de vida. Ao contá-las, conseguimos visualizar nosso passado com mais consciência e nitidez. Estar em grupo é um ótimo modo de sustentar essas descobertas.

Para saber mais: 

“Trabalho biográfico”. Associação para a Medicina Antroposófica de Portugal. Link



Burkhard, Gudrun. “Tomar a Vida nas Próprias Mãos: como trabalhar na própria biografia o conhecimento das leis gerais do desenvolvimento humano”. Ed. Antroposófica, 4ª edição, São Paulo, 2010.

Pro Action Café

Fonte: Leadership for Sustainability.

Apostando no poder que temos de nos ajudar O Pro Action Café é uma metodologia de conversação em grupo cujo propósito é desenvolver projetos e aprofundar ideias importantes para os participantes. Um Pro Action é capaz de transformar um grupo num “container” criativo, aproveitando a sabedoria coletiva que se revela nas interações. Criada por Ria Baeck e Rainer von Leoprechting, a abordagem surgiu na Bélgica a partir de uma mescla das técnicas Open Space e World Café.

Por quê? O Open Space é um método para se criar reuniões cujos elementos principais são o forte senso de urgência e a liberdade radical. Por outro lado, o World Café tem o poder de “polinizar” conversas e, assim, revelar os padrões existentes e gerar engajamento. O Pro Action Café é abastecido por ambos os formatos. É capaz, portanto, de acolher as vontades do grupo por meio de uma agenda cocriada, ao mesmo tempo em que propõe algumas perguntas para sustentar as conversas.

Assim como as duas abordagens que lhe deram origem, o Pro Action Café altera a maneira habitual com que interagimos. Menos interrupções, mais escuta; ao invés de agendas impostas, convites para o diálogo; antes das respostas na ponta da língua, perguntas que fazem pensar. O que torna o Pro Action único, no entanto, é sua facilidade em revelar o potencial de ajuda mútua disponível em qualquer grupo.

Como?

Fonte: Metro HNL.

O Pro Action pode ser aplicado tanto de forma totalmente livre, com as pessoas trazendo seus projetos e questões, ou a partir de um tema ou contexto específico. No caso dos Círculos de Doutorandos Informais, por exemplo, orientamos os participantes a trazerem seus próprios projetos de aprendizagem. Para fazer um Pro Action Café você vai precisar de materiais como canetinhas coloridas, folhas grandes, papéis tamanho A4, post-its e tudo o mais que ajude as pessoas a rabiscarem suas ideias enquanto conversam. Encontrar um espaço que seja acolhedor, tranquilo e informal também é imprescindível para criar a atmosfera de um verdadeiro Café. No caso de grupos maiores, também será necessário montar um quadro num local visível a todos, de modo que funcione como o esqueleto da agenda a ser preenchido pelos participantes no início do encontro.

O primeiro movimento é convidar as pessoas a compartilharem seus projetos ou questões (não é necessário que todos o façam, somente quem quiser). Cada um escreve numa folha o nome do projeto e, então, conta rapidamente do que se trata para os demais participantes. É preciso que o número de pessoas ofertando projetos seja menor do que o total de participantes: a proporção 1:4 é perfeita. Isso significa que, se o grupo tem 40 pessoas, então dez participantes poderão propor projetos. Isso é importante para que todos os grupos tenham por volta de quatro pessoas, um número ideal para equilibrar diversidade e intimidade em cada mesa. Após todas as questões e projetos terem sido compartilhados, todos os outros participantes encaminham-se para as mesas que desejarem. O facilitador deve cuidar para que o número de pessoas por grupo fique equilibrado. Neste momento, é importante que o facilitador fale um pouco sobre algumas diretrizes que guiarão as conversas: 

Falas na primeira pessoa (eu), partindo das experiências dos participantes;



Utilização de um objeto da fala, como uma forma de tornar as conversas mais profundas;



“Escavar” a fala do outro procurando por padrões e significados mais profundos, fazendo perguntas de exploração;



Estimular os participantes a escreverem e desenharem nas folhas que estarão à sua disposição nas mesas.

Após explicar as diretrizes, os diálogos começam. A ideia é que os participantes que propuseram projetos possam interagir com as demais pessoas do seu grupo de modo a ampliar suas ideias e insights. Um Pro Action Café tem geralmente três rodadas de conversação, cada uma guiada por uma pergunta distinta 1: 

Rodada 1: por quê/para quê? O que está por trás desta questão ou projeto? Qual é a missão que o projeto busca atender?



Rodada 2: o que não estamos vendo? O que falta para termos uma compreensão completa a respeito da questão ou do projeto?



Rodada 3: quais os próximos passos? Quais ajudas são necessárias? O que eu aprendi nessa conversa?

Cada rodada dura em torno de 20 a 30 minutos e, ao final, as pessoas trocam de mesa. Permanecem apenas os “donos” dos projetos. As perguntas devem estar claras para os participantes e podem ser escritas em cartolinas afixadas nas paredes. Pode ser interessante uma pequena pausa entre as rodadas. Ao final, reúne-se as pessoas num círculo de cadeiras para conversar sobre como foi o processo. Quem propôs um projeto é convidado a falar sobre como percebeu a 1

Perguntas traduzidas e adaptadas do documento editado por Andries De Vos e Ria Baeck, disponível em http://api.ning.com/files/X0uzcr2Eotsd6j5s7ro4JgIdKzOmzkQBOwTuyA4HG3KUbhV7yT1feMXcM*HBC* pFZHHtCe5YxONlnelNwACJEB0wGgEh4MHO/100623TheProActionCaf.pdf.

evolução de sua ideia inicial, e os demais participantes são estimulados a compartilhar suas impressões e insights. O Pro Action Café é um processo vivo, e assim como as duas abordagens que o originaram, merece ser experimentado por qualquer grupo que deseja manifestar sua inteligência coletiva.

Para saber mais: 

“Verbete Draft: o que é Pro Action Café”, Isabela Mena. Projeto Draft. Link



“Pro Action Café”, Ria Baeck e Andries De Vos. Ning. Link



“Art of Hosting – Proaction Cafe” [vídeo]. Youtube. Link

Pronto para chamar o Círculo? O CDI é um experimento e uma experiência que foi evoluindo de uma aplicação para a outra, e a ideia é não pararmos por aqui. Crie, reinvente, faça do seu jeito: não deixe a metodologia aprisionar você! Nos relatos dá pra perceber que fomos testando outras abordagens ao longo dos diferentes Círculos que fizemos. Experimentamos a brincadeira do Quanto Tempo para iniciar o processo, a dança das cadeiras cooperativa para refletirmos sobre colaboração, “check-ins” e “check-outs” em roda com todo o grupo para começar e terminar o Círculo, objeto da fala, o jogo Tocô-Colô para percebermos a união do grupo etc. Isso é que é o mais divertido: testar diferentes formas, recriar formatos... Assim fica mais fácil irmos recriando nossas próprias formas de ver o mundo! Abaixo, reuni outros materiais que podem ser úteis: 





Para promover os CDIs, usei o Cinese. Veja a página do CDI BH, por exemplo: http://www.cinese.me/encontros/circulo-de-doutorandosinformais-bh Matéria sobre o CDI SP no blog da Universidade Livre Pampédia: https://bloguniversidadelivrepampedia.com/2014/12/23/circulo-dedoutorandos-informais-autonomia-e-comunidade-autentica Matéria sobre o CDI BH no site da Raquel Camargo: http://raquelcamargo.com/blog/1o-circulo-de-doutorandos-informais-embh

É isso! Se resolver chamar um CDI na sua cidade, me escreva para contar como foi no [email protected]. Vou adorar saber! Até breve! Alex.

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