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APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA SOBRE A LUZ DE UMA BOA AVALIAÇÃO

Érica Pereira Silva. UNIUBE [email protected] Cairo Amarildo Batista Martins. UNIUBE [email protected] Fábio de Brito Gontijo. UNIUBE [email protected] Wesley Sebastião de Almeida. UNIUBE [email protected] RESUMO: Este artigo tem como objetivo destacar a importância da avaliação no contexto educacional. Fundamenta-se na ótica de autores que têm oferecido contribuições para o êxito desse processo. Sua relevância justifica-se pelo grande número de instituições escolares que utilizam a avaliação como um instrumento classificatório e não formativo. Ressalta-se as ideias do psicólogo norteamericano David Paul Ausubel, cujas formulações iniciais são dos anos 60, visto que são as primeiras propostas psicoeducativas que tentam explicar a aprendizagem escolar. Para esse autor e demais pesquisados, no contexto escolar, a avaliação, deve ter como finalidade dar um juízo de valor, o que significa permitir ao educando ter discernimento coerente sobre um dado objeto, sendo este satisfatório o quanto mais se aproximar da sua realidade. Destaca-se como temas emergentes que dificultam tal processo, a indisciplina, o desinteresse e a apatia na relação professoraluno.Nesse sentido, por meio de um estudo reflexivo, buscou-se evidenciar a relação intrínseca entre aprendizagem e avaliação, sendo suas reflexões, a luz que pode fazer a diferença no processo educativo. Palavras-chave: Aprendizagem significativa. Relação professor-aluno. Avaliação.

1. Introdução Educar é contribuir para que as pessoas em formação (nas escolas ou em demais instituições) transformem suas vidas e que possam enxergar de fato tudo a sua volta e que estabeleçam um processo permanente de aprendizagem. Isso acontece realmente, quando aprendemos com cada pessoa, lugar, coisa, experiência, conceito, ideia que vemos, sentimos, ouvimos, enfim, que vivenciamos – na escola, na família, no trabalho, no parque, dentre outros. Nessa análise constante que se aprende a deixar o real e a construir nosso ideal, para atingir tal propósito é preciso contar com uma equipe pedagógica onde o centro é o professor que, por meio de

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uma constante atualização e reflexão sobre a sua prática busca métodos mais eficazes de transmitir seus ensinamentos. Na realidade, a maioria das escolas são dominadas por metodologias tradicionais, na qual se ensina uma grande quantidade de informações baseadas em um currículo falho, que não visa a formação integral do educando dentro da sua realidade. O ser humano é constituído de um conjunto de características- nem só de cabeça pensante, nem só de corpo atuante- cada um tem suas peculiaridades e necessidades que devem ser levadas em consideração. Por consequência, os alunos apresentam muita dificuldade para aprender, pois parte do material utilizado para o ensino não é significativo, nem permite que ele faça associações com a vida real, é um conteúdo com conceitos de umasociedade estática que leva o educando a reproduzir, e não a produzir conhecimentos e reflexões. Portanto, com a intenção de contribuir para uma aprendizagem mais significativa este estudo enfatiza a importância de um ambiente propício para uma boa avaliação, para de fato elucidar as dificuldades cognitivas. Com tantas mudanças que se quer implantar nas escolas, não cabe mais na educação o papel de um professor autoritário e acomodado. O que se espera, e o que realmente precisa, é que em nossa educação esteja presente afigura de um professor crítico e reflexivo que compreenda as reais necessidades dos alunos, buscando sempre aperfeiçoar sua prática para obter êxito nos seus ensinamentos.

2. Uma ponte para aprendizagem significativa O conceito de aprendizagem significativa surgiu em 1963 por meio dos estudos e das pesquisas de Deivid Ausubel. Insatisfeito com a educação que se apresentava com pouco sentido e restrita, baseada em castigos e reprovações, afirmava que a educação era violenta e medíocre. Por esse motivo, resolveu dedicar-se à educação para obter análises, definições, técnicas e práticas pedagógicas que almejem o verdadeiro aprendizado. Baseado em tal definição: Aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias já existentes na estrutura mental e com isso ser capaz de relacionar e acessar novos conteúdos. Quanto maior o número de links feitos, mais consolidado estará o conhecimento. Ensinar sem levar em conta o que o aluno já sabe, é um esforço em vão, pois o novo conhecimento não tem onde se ancorar.(AUSUBEL,1963, p.22)

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Totalmente

contra

a

aprendizagem

mecânica,

torna-se

representante

do

cognitivismo, e propõe que de qualquer fato vivido, leitura, lugar, objeto, pessoa, possa-se extrair e assimilar alguma informação, que amplie nosso conhecimento, para termos a habilidade de agirmos de maneira autônoma em diferentes situações. Segundo Ausubel(1963) para a aprendizagem ser de fato significativa ela precisa interagir com conhecimentos prévios dos alunos, que por meio dessa associação realizará uma interpretação, e consequentemente, um juízo de valor. Porém, importante ressaltar que o aluno não é um cliente da instituição escolar para escolher o que quer e como quer. É uma pessoa em desenvolvimento. É preciso haver de fato uma interação construtiva entre as expectativas dos educandos, dos familiares, da sociedade, do próprio sistema e as possibilidades de cada educador de construir um ensino que atenda tais aspirações. A conduta do professor é fator preponderante para o sucesso do ensino-aprendizagem. Porém, a maioria não sabe extrair as potencialidades dessa interação. A Teoria da Aprendizagem tem como meta, portanto, auxiliar a assimilação para enriquecimento cognitivo do educando, por meio da psicologia da Aprendizagem Significativa. Ausubel (1963, p.19) afirma que se tivesse que destacar um único princípio para sua teoria seria “ o fato mais importante para o desempenho do aluno é aquilo que ele já sabe, o descubra e se baseie nele seus ensinamentos”. De acordo com Saviani: Tal aprendizagem seria uma decorrência espontânea do ambiente estimulante e da relação viva que se estabeleceria entre os alunos e entre estes e o professor. Para tanto, cada professor teria de trabalhar com pequenos grupos de alunos, sem o que a relação interpessoal, essência da atividade educativa, ficaria dificultada; e num ambiente estimulante. Portanto, dotado de materiais didáticos ricos, biblioteca de classe etc. Em suma, a feição das escolas mudaria seu aspecto sombrio, disciplinado, silencioso e de paredes opacas, assumindo um ar alegre, movimentado, barulhento e multicolorido. (SAVIANI, 2000, p. 09).

A pedagogia crítica é um antídoto para capturar a essência da educação, pois coloca o homem no centro do processo e está comprometida com os seus verdadeiros interesses. Entendendo a escola desta maneira, a ação no seu interior se dá no sentido de contribuir para transformar a própria instituição, para não ter como base a dominação, nem a exclusão. Vai além dos conceitos e das técnicas, procura sempre associar a escolacom a sociedade, teoria com a prática, conteúdo com a forma, professor com o aluno, realidade com o ideal, auxiliando no processo de politização do aprendiz. Assim, o professor não é um detentor do conhecimento

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que dita regras e conceitos que devem ser seguidos de maneira rígida pelos alunos, estabelece-se entre os envolvidos do processo educativo uma relação de diálogo, de troca, de confiança, onde todos sem distinção têm o direito de opinar para poder internalizar seus próprios conceitos.

3. Criando um clima propício Os alunos devem aprender a serem professores de si próprio, para tanto, é necessário que ele construa com autonomia e discernimento seu próprio crescimento cognitivo. É imprescindível, que as atividades selecionadas pelo professor incentivem os alunos a refletirem e/ou resolverem problemas, sejam eles didáticos, sociais ou até mesmo, quando possível, pessoais, para propiciar a tomada de decisão, fazer associação, perceber relações com acontecimentos externos, utilizar a capacidade de análise crítica, estimular a imaginação, enfim, ensinar o aluno a pensar. Estimular o aluno a observar seu crescimento intelectual, controlar e corrigir seus erros, rever suas respostas, faz com que ele perceba o ponto em que falhou, bem como, o que acertou, procurando compreender por que isso aconteceu, esse é o aspecto central para o educando ser o ator principal do seu processo educativo. Porém, para isso é preciso que o professor desenvolva uma avaliação perspicaz que contribua efetivamente para o crescimento cognitivo do aluno. Atualmente é frequente a presença de atitudes agressivas nas instituições de ensino, muitas vezes, em função da não adaptação dos alunos, da discriminação (bullyng) ou devido às dificuldades de aprendizagem que geram uma apatia na sala de aula. Para isso não ocorrer, é preciso que o educando se sinta protegido e seguro por todos os envolvidos no processo educativo: desde a direção, até os ajudantes de limpeza. O estímulo a atitudes positivas é verdadeiramente ensinado por meio do exemplo, a reciprocidade de ações é visível, não cabe pensarmos em uma instituição de ensino que não valorize o respeito entre as pessoas, muitas vezes, mais necessário que a resolução de um problema matemático. De acordo com Freire (1980, p. 37): Para que uma educação seja válida, toda a ação educativa deverá necessariamente ser precedida de uma reflexão sobre o homem, e uma análise profunda do meio de vida concreta daquele que se quer educar, melhor dizendo, daquele que se quer ajudar a se educar. Sem esta reflexão sobre o homem, arriscamos a adotar métodos educativos e de agir de total modo que o homem ficaria reduzido à condição de objeto. Sem a análise do meio cultural e concreto, corremos o risco de realizar uma educação préfabricada e castradora. Para ser válida, a educação deverá levar em conta

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que o fator primordial do homem, sua vocação ontológica, é aquela de SerSujeito e nas condições em que ele vive, em um lugar preciso, em um momento e num certo contexto.

O bom educador deve reafirmar aos educandos a necessidade de uma boa conduta, não só na instituição escolar, mas em todos os ambientes, com uma rotina organizada, com regras e limites a serem seguidos. Tais ensinamentos são mais internalizados pelos alunos se o professor dispuser de argumentos os quais comprovem que as pessoas rebeldes e agressivas têm mais dificuldade de se integrarem em todas as repartições sociais. Para Freire (1980 p.28) “o querer bem não significa a obrigação de querer bem a todos os alunos de maneira igual.” Significa na verdade, respeitar as diferenças e selar um compromisso com o futuro do educando, numa prática que não enxerga o aluno como um número em sala de aula, mas como um ser humano, que precisa além de conhecimento, respeito por suas limitações e possibilidades. É demagogia falar que o bom professor é aquele bonzinho, que tudo pode e aceita, pelo contrário, é aquele que estabelece limites, discute ideias, corrige, crítica, mas de forma generosa, utiliza as palavras nos melhores e mais eficazes sentidos. A maioria dos professores e dos alunos vivem anos dentro de uma sala de aula e não expressam seus sonhos, suas alegrias, seus medos, suas angústias, infelizmente são estranhos uns para os outros. É comum ouvirmos um professor dizer que um aluno não aprende por ter problemas “emocionais” ou “familiares”, o que o dificulta a aprendizagem de uma vida escolar inteira, existem aqueles que insistem na insignificância da sua contribuição, mas existem aqueles que mesmo se não puderem resolver, procuram ajuda para de fato fazer a diferença na vida de um aprendiz. O professor que se preocupa verdadeiramente com o desenvolvimento do aluno é o que chamamos de educador no sentido mais amplo da palavra. Freire (1980, p.34) certa vez proferiu que “não há educação sem amor, pois educar sem amor pode resultar em um mero ganha pão, em simples contar de hora-aula ou em uma assinatura de folha de ponto apenas”. De acordo com essa ideia, a relação saudável entre professor-aluno é o melhor caminho para a aprendizagem significativa, onde não basta um modo superficial e mecânico de receber conhecimento de “cima para baixo”, é preciso confrontar ideias e opiniões, para gerar uma aprendizagem que amplia nossos horizontes com sua riqueza de sentidos e possibilidades. Quanto menos restrito e mais aberto for o

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meio que o educando se desenvolve, melhor será a produção da educação e da cultura. A diversidade e a interação de diferentes sujeitos com níveis cognitivos e experiências diferentes, levará os educandos a um desenvolvimento mais abrangente. Nos estudos de Vygotsky (1993), o autor discordava da educação entre os iguais, da educação voltada para homogeneidade, fez duras críticas às avaliações utilizadas apenas para classificar os alunos e colocá-los em salas de “iguais”, defendia que o trabalho educativo em grupos diferentes (aspectos cognitivos) proporcionava a criança uma transformação nas suas capacidades. Em relação às dificuldades cognitivas dos educandos nas atividades, Vygotsky ressalta que: “não podemos olhar um defeito como algo estático e permanente. Ele põe em ação e organiza grande número de dispositivos que não só podem enfraquecer o impacto do defeito, como por vezes até mesmo compensá-lo. Um defeito pode funcionar como poderoso estímulo no sentido da reorganização cultural da personalidade, e o psicólogo só precisa saber como descobrir as possibilidades de compensação e como fazer uso delas”. (VYGOTSKY e LURIA, 1993, p. 226)

Nesse sentido, pode-se constatar que as escolas regulares que permitem a convivência heterogênea conseguem resultados mais satisfatórios em relação ao desenvolvimento humano. Assim, cabe ao educador, mesmo com os dissabores da sua profissão, construir uma relação de respeito, harmonia e de crescimento entre todos, sem distinção, no complexo ambiente escolar.

4. Do planejamento as práticas pedagógicas Planejar é pensar sobre aquilo que já existe e criar estratégias para alcançar os resultados esperados. A maioria das pessoas planejam suas ações desde as mais simples até as mais complexas, na tentativa constante de realizar com êxito suas ações, ou até mesmo, para contribuir com o outro. No trabalho docente o professor faz muitas opções para que no decorrer das atividades os alunos consigam assimilar os ensinamentos esperados. Mas se o ato de planejar é tão necessário, porque alguns educadores resistem a este fato? Diante de tal indagação é válido ressaltar que o planejamento didático é um instrumento orientador e de suma importância para todo processo educativo, pois indica os objetivos, analisa as dificuldades, aponta as soluções e determina os recursos, prazos e meios necessários para alcançar as finalidades educacionais.

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Assim, é possível analisar algumas situações existentes no ambiente escolar, visto que as práticas, e consequentemente o aprendizado variam de acordo com a motivação do professor que a desenvolve. Dentre essas realidades, alguns professores se destacam por fazerem um bom planejamento e outros deixam a desejar, pois com um planejamento superficial (ou até mesmo sem) acabam por improvisar suas ações na sala de aula e está mais que comprovado que professor que não prepara aula, não tem aula para dar. Minegolla e Sant`ana(2001, p.66)chamam atenção para o planejamento a destacar: “... (o planejamento) ajuda o professor a definir os objetivos que atendam os reais interesses dos alunos; - possibilita ao professor selecionar e organizar os conteúdos mais significativos para seus alunos; - facilita a organização dos conteúdos de forma lógica, obedecendo à estrutura da disciplina; - ajuda o professor a selecionar os melhores procedimentos e os recursos, para desencadearum ensino mais eficiente, orientando o professor no como e com que deve agir; - ajuda o professor a agir com maior segurança na sala de aula;- o professor evita a improvisação, a repetição e a rotina no ensino; facilita uma maior integração com as mais diversas experiências de aprendizagem;- facilita a integração e a continuidade do ensino;- ajuda a ter uma visão global de toda a ação docente e discente; - ajuda o professor e os alunos a tomarem decisões de forma cooperativa e participativa.”

Neste sentido, o planejamento pode ser um momento de diálogo e de parceria entre o professor e os alunos. Ao estabelecer claramente os objetivos e o modo que o conteúdo vai ser ensinado, as habilidades que se espera que os alunos desenvolvam e as formas que eles vão ser avaliados o professor sela um pacto para com eles: “ensinarei isso e espero que você aprenda isso”. Outro fator relevante que demonstra

compromisso

são

as

orientações

individuais,

devolutiva

dos

trabalhos/avaliações com comentários. Mas, a cumplicidade se destaca ainda mais quando o professor expõe de forma criativa o trabalho dos alunos. Dar espaço na escola para os produtos dos educandos é uma forma efetiva de valorizar o trabalho deles, demonstra confiança e respeito pelo o que eles fazem. Portanto, faz-se necessário estudar as metodologias de ensino para concretizar um bom planejamento. Assim, antes de receitas prontas sobre como fazer com que os alunos aprendam, como aqueles presentes nos manuais, é preciso que o professor faça uma avaliação diagnóstica da sua turma, pois cada uma é única e requer estratégias diferentes. Esse entendimento do nível em que se encontram os educandos é o que orienta a práxis educativa baseada nas reais necessidades do aprendiz.

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Um planejamento coerente voltado para uma ação pedagógica transformadora possibilita mais segurança para o professor lidar com sua turma, que em determinados momentos pode até ser necessário que ele mude seus planos, mas não foi por falta deste, mas sim por uma dificuldade detectada. Nessa concepção, o planejamento não é algo mecânico e estático, desvinculado do contexto em que está inserido, ele relacionará os conteúdos a realidade/bagagem do educando. De acordo com Libâneo (1994, p. 46), “os alunos nesta prática reflexiva são incentivados a buscar sua autonomia de pensamentos, fazendo com que eles se sintam sujeitos ativos e participantes do processo ensino-aprendizagem”. Com tal análise é fundamental quebrar o paradigma de que o planejamento é um ato técnico. Esse não pode ser visto como uma burocracia, o preenchimento de papéis sem estudo e reflexão. O importante é ressaltar que o planejamento seja útil para o professor e seus alunos, que o mesmo não fique na gaveta. Por isso, o diálogo apresenta-se como um recurso relacional que viabiliza a elaboração de estratégias que atendam a perspectiva histórico-cultural dos educandos. Importante enfatizar que é no contexto interativo da sala de aula que o professor busca o saber do aluno para que sua intervenção pedagógica seja produtiva no sentido de promover o desenvolvimento real do aprendiz. Nesse sentido, cabe ao professor, em conjunto com os demais profissionais da escola, adaptar o seu planejamento, pois a escola é esta, os alunos são estes e como tais devem ser compreendidos em essência para não distanciar os conteúdos da sua realidade.

5. A avaliação como resposta a verdadeira aprendizagem A boa avaliação é o cerne do processo educativo que deve deixar para trás seu caráter estático, com verdades absolutas, critérios objetivos e medidas de mensuração padronizadas, para dar sentido a uma avaliação flexível e consciente, que não se destina a apenas explicitar o grau de aprendizagem do educando, mas, sobretudo, a subsidiar o professor e a instituição escolar no sentido de compreender os limites e as possibilidades dos mesmos, para criar intervenções que possam alcançar os resultados esperados. O educador elabora, como consequência dessa análise reflexiva, alternativas para o seu trabalho, além de retomar aspectos da sua prática que merecem ser revistos e redimensionados na sala de aula.

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Do outro lado, por meio de uma avaliação transparente o aluno reconhece seus avanços e dificuldades na sua própria aprendizagem. Nessa perspectiva, para melhor compreensão de sua dimensão e implicação na prática pedagógica Libâneo ressalta que: A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino eaprendizagem. Através dela os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias. (LIBANEO, 1994, p.195).

Compreender que a avaliação deve fazer parte de todo processo ensinoaprendizagem significa saber que em educação não há nada pronto e acabado, todas as ações requerem reflexões com embasamentos consistentes que apontem as mudanças para melhoria necessária. Assim, ela assume um caráter qualitativo, que se preocupa com todos os educandos e visa elevar de fato os índices de aprendizagem. Percebe-se que a avaliação vai além do simples ato de medir a aprendizagem. Diante dessa afirmação, o compromisso do educador envolve tanto a questão de respeito, quanto querer bem ao aluno. Logo, a formação acadêmica do educador e a forma que ele encara sua profissão são fatores importantes na sua atuação, uma vez que muito contribui na sua fundamentação, pois é a partir dela que vai desencadear sua reflexão, e consequentemente, sua conduta. É justamente aí que se encontra talvez uma das maiores dificuldades da prática avaliativa, pois para sua eficácia é preciso de tempo e análise, e infelizmente, muitos educadores desmotivados com suas condições de trabalho, acabam por descontarem suas “angústias” em quem não tem nada haver com a situação: no aluno. Assim, é preciso ter comprometimento para se envolver verdadeiramente com o ato de educar, para se obter de fato uma aprendizagem significativa com os recursos que têm, e não cruzar os braços em resposta das dificuldades presentes no cotidiano escolar. Antunes (2002, p.41) apresenta um elenco de ações que auxiliam os professores nas atividades em sala de aula, para obterem maior prazer e sucesso: •Definir de forma clara e cristalina as regras disciplinares. •Estabelecer canais límpidos de comunicação entre os alunos, diretores, pais, orientadores e professores. •Assiduidade e pontualidade.•Associar o conhecimento novo aos saberes que os alunos possuem. •Preparar de maneira cuidadosa a aula. •Estabelecer, se possível em consenso com a classe, os limites desejáveis das condutas e cobrá-los sempre de maneira imediata e coerente.•Falar com expressividade e clareza.

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•Iniciar os trabalhos com um plano de aula simples, mas objetivo e coerente. •Jamais comparar-se a qualquer colega. Nunca comparar um aluno ou uma classe com outra.•Conhecer diferentes estratégias de ensino, jogos operatórios, técnicas de ensino e aprendizagem.•Possuir projetos de avaliação claros e explícitos.•Manter atualizados seus registros e suas notas.• Cumprir com integridade tudo quanto prometeu.

O professor profissional é aquele que busca superar os desafios com sua arma mais poderosa: a prática. Aquele que se sente capaz de organizar e dominar seus saberes para encontrar o essencial em muitas formas por meio do planejamento e da leitura contextualizada e atenta do mundo. Meirelles (2001, p.32) em sua obra poética, tem uma frase exemplar: “ ensinar é acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhe a vida em profundidade. Propor uma contemplação poética, afetuosa e participante”. Quando se percebe a educação com esse olhar, parece que impera o compromisso com o ser humano. E que o afeto, o respeito e a compreensão, superam o campo de batalha que tomaram conta de algumas salas de aula. Alguns alunos padecem de amor e de limites. A ausência do amparo dos pais se faz sentir na apatia e na agressividade dos alunos no ambiente acadêmico. O professor desmotivado com sua profissão, muitas vezes, não tenta descobrir qual melhor maneira de agir /ensinar esse aluno. O educador não pode impor sua autoridade, mas sim conquistá-la. Sem brigas, gritos, ameaças, nem punições. O sucesso no ambiente escolar há quando as palavras e as atitudes do educador tocam na alma do educando, isso faz com que ele desenvolva valores e atitudes positivas, que deveriam vir de casa, mas, muitas vezes, não vêm. Trata-se de ajudá-lo a viver, a se tornar pessoa de bem, a buscar uma aspiração para a sua vida, ajudá-los a sonhar. Viver é compartilhar significados, é expressar o verdadeiro sentido das coisas de tal forma que eles sejam aprendidos pelos outros. Por isso, a busca incansável para que o conhecimento adquirido seja significativo: porque são essências para viver. O professor precisa tomar consciência que as ideias dos alunos estão ali, precisando apenas de alguém que tenha sabedoria para desenvolvê-las. A atitude mais transformadora é a compreensão e a confiança, que nos impulsiona para o melhor de nós. 6. Considerações finais Este estudo reflete sobre a importância do professor na construção da aprendizagem significativa, tendo como objetivo uma boa avaliação. Somente o

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compromisso e a consciência com seu verdadeiro papel é que se podem almejar patamares mais elevados na educação, tendo como base seu caráter transformador e rico de sentido. A prática docente de desafiar a mente dos alunos deve ser uma constante na sala de aula. Para isso, estamos diante de um grande desafio para o planejamento das aulas: buscar diferentes formas de “provocar” as redes neurais dos alunos. Logo, planejar uma aula significativa, requer várias reflexões: Qual o contexto dos alunos? Como associar a realidade com o currículo? Quais estratégias/recursos devem ser utilizados? Como elaborar uma avaliação que aponte as reais necessidades dos educandos? Sem dúvida, as respostas para tais indagações são peculiares para cada instituição, sobretudo, para cada turma. Quando é problematizado situações por meio do diálogo, abrem-se as possibilidades de aprendizagem, uma vez que os conteúdos não são tidos como se tivessem um fim em si mesmos, mas como meio de reflexões e respostas, que podem variar, confrontar e gerar novas visões. Esses desafios a que se referem não precisa ser algo “fantástico”, o essencial é causar “fome” de conhecimento no aluno. Podem-se instigar tais possibilidades por meio de práticas educacionais simples como a “pausa protocolada”, que faz diferentes perguntas para os alunos em cada parágrafo de um texto, que os levam a imaginar, confirmar ou corrigir suas ideias. Desenvolvimento da autonomia dos alunos depende de atividades que os estimulem a pensar e a expressar sua opinião. Responsabilizando-se por duas tarefas, conhecendo seus objetivos e os critérios de avaliação, faz com que o aluno se sinta mais seguro e amplia suas possibilidades de sucesso. É preciso aprender a “ser”, para de fato, entender nós mesmos, os conceitos, o mundo. A aprendizagem significativa é fruto da descoberta do nosso “ser”, da maneira específica e natural de cada um de nós, de nos entender para poder discernir o que é importante para nossa vida. Alguém que não descobriu seu “ser” não está pronto para aprender de forma consciente, pois não tem, ou melhor, não conhece sua bagagem interna que possa interagir com o objeto de estudo.

É

impossível pensar em politização do ser e estimular o carceramento de ideias, limitar as participações e estabelecer verdades absolutas. Assim, a aprendizagem significativa pode ser um instrumento no processo da transformação social e seu papel é possibilitar ao indivíduo uma formação que envolva a competência científica ea compreensão humanística de maneira interligada. Reitera-seque o processo educativo prepara o educando para um melhor

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conhecimento da sua própria realidade, para o entendimento de si mesmo como sujeito desse processo, de tal forma que ele possa optar por determinada forma de participação neste mundo.

7. Referências

ANTUNES, Celso. Novas Maneiras de Ensinar, Novas Formas de Aprender. Porto Alegre: Artmed, 2002. AUSUBEL, David Paul, NOVAK, Joseph e HANESIAN, Helen. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1963. FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma introdução ao pensamento de Paulo Freire.3.ed. São Paulo: Cortez & Moraes, 1980. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. MEIRELLES, Cecilia. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. MENEGOLLA, M. e Sant ’Anna , I. L. Por que planejar? Como planejar?PetrópolisRJ: Vozes, 2001. SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 33. ed. rev. - Campinas: Autores Associados, 2000. 94 p. VYGOTSKY, L. S. e LURIA, A. R. Estudos Sobre a História do ComportamentoSímios, Homem Primitivo e Criança. Porto Alegre, Artes Médicas, 1993.

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