Do Apogeu ao Declínio - O Mito do Herói Guerreiro Okonkwo e Suas Relações Simbólicas Despedaçadas no Romance Things Fall Apart Claudia Regina Soares (UFMT)

RESUMO: A obra Things fall apart (2009 [1958]) de Chinua Achebe, classificada como uma narrativa de resistência, trata da chegada dos britânicos à vila do guerreiro Okonkwo, fazendo desmoronar a sociedade que ali vivia. Okonkwo é um exemplo perfeito de alguém que resistiu à imposição da cultura estrangeira desde o princípio. Neste artigo, analisaremos por meio do personagem principal Okonkwo e herói do romance, os expedientes de crenças, tradições, resistência e negociação em relação à nova ordem imposta pela chegada do homem branco em sua vila. Começaremos pelo surgimento e superação do guerreiro até sua queda, sendo comparado neste estudo, como mito-identidade, com o herói grego Héracles. Contribuindo com nossa discussão, nos apoiaremos nos estudos antropológicos de Gilbert Durand sobre o Imaginário Simbólico, através do universo imaginário dos personagens da obra, local em que se fomentam as relações simbólicas que definem o comportamento humano e suas culturas. Além disso, contaremos também com a colaboração da obra de Campbell, O herói de mil faces. O referencial teórico deste ensaio é dado pelos estudos pós-coloniais, Imaginário Simbólico e outros. PALAVRAS-CHAVE: Chinua Achebe; Gilbert Durand; resistência; cultura e tradição; mitoidentidade. ABSTRACT: The novel The things fall apart (2009[1958]) classified as a resistance narrative discusses the British arrival in Okonkwo’s village, causing his society to collapse. Okonkwo is a perfect example of someone who resisted from the beginning to the imposition of a foreign culture. In this research we will look through the main character Okonkwo and hero of the novel, the records of beliefs, traditions, resistance and negotiation with the new order imposed by the arrival of the white man in his village. We will start by the hero’s rise and fall, comparing him in this study as a myth-identity to the Greek hero Heracles. We will base our discussion in anthropological studies of Gilbert Durand and the Imaginary Symbolic, through the imaginary universe of the characters of the book, in which the symbolic relationships that define human behavior and its cultures are fostered. Besides, Campbell’s book, The hero with a thousand faces, will also be employed in our investigation. The theoretical framework of this paper is given by postcolonial studies, Imaginary Symbolic and others. KEYWORDS: Chinua Achebe; Gilbert Durand; resistance; culture and tradition; myth-identity. INTRODUÇÃO Muito se fala sobre a resistência dos nativos africanos frente ao domínio dos europeus colonizadores, ocorrido no século XIX, época de grandes conflitos na África e de divisão de seu território conforme os interesses de exploração do Império. De acordo com Elleke Boehmer (2005), o imperialismo pode ser entendido como o poder do Estado sobre o outro território através do poderio militar, termos que se identificam com a expansão da nação-estado europeia no século XIX.

Esse domínio se concretizava através da dilaceração da economia, crenças e cultura dos colonizados. Os nativos africanos resistiram a esse domínio, muitas vezes através de violência, que, por décadas, derramou muito sangue principalmente dos colonizados. Hoje encontramos muitas publicações que narram e descrevem essa resistência e transmitem para o mundo através da literatura a sua ideologia e a luta de seu povo pela libertação da dominação do colonizador. Things fall apart (2009 [1958]) do nigeriano Chinua Achebe é uma dessas obras e neste estudo discorremos sobre o livro através da trajetória do guerreiro e personagem principal Okonkwo, que aqui é comparado, em seu mito identidade, com o herói grego Héracles. A trajetória descrita entre o surgimento do guerreiro, superação e queda será apoiada nos estudos antropológicos de Gilbert Durand (2002) sobre o Imaginário Simbólico, por meio do universo imaginário do herói da obra e demais personagens, e no livro de Joseph Campbell (1997), O herói de mil faces, que discorre a respeito da trajetória do herói. Ainda contribuirão para fundamentar nossas discussões outros referenciais teóricos. O objetivo deste estudo é expor alguns conceito de Durand e Campbell e perceber como o mundo das representações molda os pensamentos e, assim, reflete as nossas práticas sociais. No entanto, quando esse universo simbólico é quebrado, há um desmoronamento do mundo do ser humano e um desequilíbrio em seu meio, e o mundo se despedaça. THINGS FALL APART – O MUNDO SE DESPEDAÇA

Things fall apart, que foi traduzido para o português como O mundo se despedaça, narra a história de uma aldeia ibo no Sudeste da Nigéria, África Ocidental, organizada através de conselhos de anciões, chefes de linhagens, força de oráculos, sociedades secretas (egwugwu: mascarados que personificam os espíritos de ancestrais), tendo como seu personagem central Okonkwo, o herói do livro, sempre lutando para não ser comparado a seu pai, Unoka, que era flautista e um homem sem títulos, considerado por todos como um fracassado. Diferente de seu genitor, Okwonko conquista seu espaço na aldeia e torna-se detentor de títulos, sendo considerado socialmente bem-sucedido. Casado com três mulheres, o que também é um índice de prosperidade, Okonkwo acredita ser o mais fiel representante das tradições de seu povo. No entanto, o medo de falhar que habita seu íntimo o leva em direção a seu tão temido fracasso:

[...] [Umuófia] não pressentia que, dentro de um Okonkwo carregado por violência, arrogância e fúria, corresse o temor de ser fraco. Foi, contudo, o enraivecer do medo que levou o grande homem a afrontar os deuses, ao agredir, na Semana da Paz, uma de

suas mulheres. E foi o pavor de ser tido por débil o que fez ser o sacrificador de um adolescente que o chamava de pai (SILVA, 2009, pp. 11- 12).

Things fall apart pode ser compreendido em três momentos, conforme a própria divisão em três partes feita pelo autor. O primeiro momento mostra a superação de Okonkwo em distanciar-se da figura fraca que seu pai representa ao tornar-se um guerreiro temido e admirado por seu povo. Essa parte mostra também uma ampla visão da vida e cultura de sua aldeia, ainda intocada pelos brancos, com suas leis e crenças. É também na primeira parte que Okonkwo comete erros contra suas tradições e é punido. No segundo momento, Okonkwo, em terras maternas, recebe a informação de que o homem branco está presente em sua aldeia e que seu filho Nwoye é convertido à religião do colonizador, tornando-se um missionário. O terceiro e último momento é o retorno do guerreiro a sua aldeia e a decepção derradeira, ao ver Umuófia dominada pelo homem branco, vendo suas tradições despedaçadas e percebendo que alguns dos integrantes do clã sentem as mudanças como positivas sem resistir a invasão. Nesse ponto, o herói resistente às mudanças se suicida.

A VILA DE UMUÓFIA

A organização do grupo ibo de Okonkwo nos idos de 1870 era composta por nove aldeias e estava localizada no Sudeste da Nigéria ao Norte do Rio Niger. Esse cenário serviu para abrigar os personagens do romance Things fall apart, uma sociedade que tinha como costumes práticas de rituais, adoração de deuses, sacrifícios e magia, e cuja economia era a caça e a colheita, sendo que nesta última predominava o inhame. Tamanha era a importância das plantações do inhame que, para comemorar sua colheita, todo ano era realizado o Festival do Novo Inhame, representado pela deusa da terra, Ani:

O Festival do Novo Inhame realizava-se todos os anos antes do início da colheita, em homenagem à deusa da terra e aos espíritos ancestrais do clã. [...]. Homens e mulheres, jovens e velhos esperavam com ansiedade o Festival do Novo Inhame, porque com ele se iniciava a estação da plenitude – o novo ano (ACHEBE, 2009. P. 56).

Durante o festival, a alegria tomava conta da aldeia. As festividades eram comemoradas por muitos dias, seguidos de grandes competições de luta corporal e danças. As cabanas eram decoradas, as pessoas pintavam seus corpos e havia alimentos em abundância para os

participantes. Para os ibos, era importante cultuar os deuses, pois:

Os Ibos adoravam os deuses que os protegiam, aconselhavam e castigavam. Esses deuses eram representados pelos sacerdotes e sacerdotisas do clã. O Oráculo das Colinas e das Grutas era um lugar sagrado e não era permitido ao povo ir até lá, somente à sacerdotisa da vila era permitido o acesso por causa de seus poderes especiais (VIEIRA, s/d, p. 12).

Em relação ao sistema social adotado pelos ibos, explica Alberto da Costa Silva, em sua Introdução à edição brasileira do livro de Achebe, que ele era predominantemente “[...] baseado nos laços familiares, no clã e na linhagem, um sistema em que existe grande correspondência entre a proximidade do parentesco, a da moradia e dos deveres coletivos” (SILVA apud ACHEBE, 2009, p. 8). Silva segue explicando que a aldeia estava sob o comando dos anciões, chefes de linhagens, homens que tinham ascendido economicamente e possuidores de títulos, da força do oráculo e, judicialmente, dos conselhos que operavam em caráter punitivo e conciliador. A sociedade secreta era composta por mascarados, os egwugwus. Esses costumes determinavam a vida das pessoas na aldeia; era um governo em que poucas pessoas tinham o poder de decisão, que Silva chama de “semente da oligarquia”. O valor do homem vinha através dos seus títulos, da quantidade de esposas e de inhames que possuía. E, para atingir algum grau na hierarquia do clã, ele tinha que despender recursos. Se quisesse ir ascendendo, tinha que ter cada vez mais recursos. O sistema adotado na vida social dos ibos não era de todo harmonioso. Não havia protestos explícitos contrários, até porque era um mundo fechado, uma sociedade fechada em si mesma. Porém, no romance de Achebe, é possível perceber que muitos questionavam em silêncio suas crenças, sacrifícios, em especial aqueles que não obtinham êxito, mesmo se esforçando. Isso de alguma forma permitiu que o homem branco penetrasse nessa sociedade e contribuísse de forma decisiva para dar vazão às insatisfações silenciosas e expor as fragilidades da comunidade de Okonkwo. 1ª PARTE - A SUPERAÇÃO – SURGE O GUERREIRO

Okonkwo, personagem principal do romance, era um agricultor abastado e possuidor de dois celeiros de inhames, tinha desposado três mulheres e era respeitado em sua aldeia desde

muito jovem, quando conquistou e ganhou inúmeras lutas, além de participar de guerras contra grupos rivais na defesa de seu povo. Também recebeu títulos de nobreza pela bravura e coragem. Por tudo isso, Okonkwo passou a ser considerado um dos maiores homens de seu grupo. Essa busca eloquente por reconhecimento e títulos se iniciou ainda na juventude de Okonkwo, que viu em seu pai, Unoka, tudo aquilo que ele não queria ser. Na aldeia, Unoka era um tocador de flautas, considerado preguiçoso, incapaz e endividado. O flautista morreu sem receber nem sequer um título. O fracasso de Unoka foi a mola percussora de Okonkwo para que ele fizesse tudo para se afastar da figura perdedora de seu genitor:

Okonkwo era um homem alto e grandalhão, a quem as sobrancelhas espessas e o nariz largo davam um ar extremamente severo. Não tinha paciência com os homens que falhavam. Na aldeia era guerreiro, conhecido e repeitado. Homem de muitos títulos (ACHEBE, 2009, pp. 23-24, grifos nossos). Unoka era um homem alto, porém magro e ligeiramente curvado. Tinha uma expressão funérea e abatida. Na aldeia era considerado preguiçoso [...]. Era um covarde e não suportava sangue. Morreu sem receber títulos. Era considerado um agdala1 (ACHEBE, 2009, pp. 24-27, grifos nossos).

Percebemos que Okonkwo possuía características descritivas opostas ao seu genitor, toda sua luta da infância até a fase adulta fora justamente para evitar ser comparado à figura paterna. E seu maior medo era ser lembrado pelo fracasso de seu pai. É na infância do herói Okonkwo que ele se torna mito:

[...] a infância miraculosa, por meio da qual é demonstrado o fato de uma manifestação especial do princípio divino imanente ter-se tornado carne no mundo e, em seguida, em sucessão, os vários papéis por meio dos quais o herói pode representar, em sua vida, o trabalho de realização do destino. Esses papéis variam em termos de magnitude, de acordo com as necessidades da época (CAMPBELL, 1997, p. 47).

Para o personagem principal, o reconhecimento que buscava era o do seu povo, ou seja, ser herói local/tribal. Okonkwo surge como um grande guerreiro dos povos ibos. Já nas primeiras páginas, vemos a elevação das qualidades de Okonkwo quando vence uma luta com um lutador campeão, conhecido por Amalinze, que era invicto durante os últimos sete anos e, a partir de então, ganha honras e fama entre seu povo:

Sua Fama assentava-se em sólidos feitos pessoais. Aos dezoito anos, trouxera honra à 1

Mulher; a palavra aplica-se depreciativamente a um homem que não possui um título que o distinga na sociedade.

sua Aldeia ao vencer Amalinze, o GATO, um grande lutador, campeão invicto durante sete anos em toda região de Umuófia a Mbaino. Amalinze recebera o apelido de o GATO porque suas costas jamais tocaram o solo. (ACHEBE, 2009, p. 23). Okonkwo era tão escorregadio quanto um PEIXE dentro d’agua. Todos os nervos e todos os músculos estufavam em seus braços, em suas costas em suas coxas e quase se podia ouvi-los a se distenderem como se fossem arrebentar. (ACHEBE, 2009, p. 23).

Nessas descrições, podemos observar o Regime Diurno descrito por Durand através dos Símbolos Teriomórficos. Durand organizou as imagens em constelações que denominou de “as estruturas antropológicas do imaginário”, e dividiu-as em dois regimes em torno dos quais as imagens organizam-se: Regime Diurno e/ou Regime Noturno. A teoria criada por ele estabelece que em todas as épocas, em todas as sociedades, existem mitos que orientam, que modulam o curso do homem, da sociedade e da história. Simbolizar é próprio do ser humano, que através do imaginário, constrói suas relações com as imagens e estabelece suas relações simbólicas em sociedade. O Regime Diurno tem como característica fundamental a antítese, partindo do princípio de que não há luz sem treva. Esse regime se contrapõe entre imagens positivas e imagens negativas frente à morte. Os símbolos teriomórficos fazem parte do Regime Diurno isto é, são formados por animais, pertencentes tanto a símbolos negativos quanto símbolos positivos, como a pomba, o cordeiro e os animais domésticos. No presente exemplo, as habilidades dos guerreiros Amalinze e Okonkwo na luta são comparadas simbolicamente a animais como o gato e o peixe, respectivamente. Ainda na fase de ascensão do herói, durante a última guerra em que Umuófia participou, Okonkwo foi o primeiro a trazer para casa uma cabeça humana: “Era sua quinta cabeça; e ele ainda não era velho na época. Nas grandes ocasiões, como o funeral de alguma celebridade da aldeia, bebia vinho de palma no primeiro crânio que cortara” (ACHEBE, 2009, p. 30). O ato de arrancar a cabeça é uma prática presente em várias sociedades em diversas partes do mundo, porém, seu significado é quase sempre o mesmo. A cabeça do adversário como um troféu é prova de vitória, sendo vista como algo positivo entre os membros do grupo. Esse ato representa na obra o Regime Noturno de Durand, que é conceituado com uma inversão dos valores simbólicos, pleno de eufemismo, tendo a função de unir e harmonizar. Engloba as estruturas mística (unir) e sintética (harmonizar), baseadas nas dominantes de digestão e de movimento: “O vinho é símbolo da vida escondida, da juventude triunfante e secreta. É por isso, e pela cor vermelha uma reabilitação tecnológica do sangue...” (DURAND,

2002, p. 261). Admirado e também temido, nosso herói em outra passagem do romance é mais uma vez é comparado a um animal: “Chamaram-no de nza, o pequenino pássaro que a tal ponto não se enxergara, após uma farta refeição que ousara desafiar seu chi” 2 (ACHEBE, 2009, p. 51). Então, podemos verificar a presença mais uma vez dos símbolos teriomórficos ao retratar Okonkwo como uma pessoa orgulhosa. Apesar da ascensão do herói do romance, é ainda na 1° parte da obra que Okonkwo comete alguns crimes contra Ani, a deusa da terra. Um desses crimes se refere à morte do rapaz que os conselheiros da aldeia deixaram sob os cuidados de Okonkwo até decidir seu destino. Após três anos, o oráculo da aldeia decide que o rapaz tem que morrer, e Okonkwo, para não demonstrar fraqueza, apesar de já tratar o menino como filho, participa de sua morte, desferindo-lhe um dos golpes fatais. Okonkwo também agride uma de suas esposas na Semana da Paz, sendo que não era permitida nenhuma forma de violência contra os membros da coletividade durante a referida semana. Tudo isso junta-se ao fato dele ter causado a morte acidental de um outro rapaz numa cerimônia fúnebre, e ele é obrigado a se exilar na aldeia de sua mãe como punição e por lá permanecer por sete anos. A ascensão do guerreiro/herói e sua queda são explicadas por Portela da seguinte forma: O herói vai sofrer profundamente uma queda moral ou física por conta de sua hýbris 3. Este sofrimento pelo qual passa todo herói - e que pode coincidir ou não com sua própria morte literal – é necessário para que nosso guardião adquira auto-conhecimento e maturidade. É através deste percurso e doloroso aprendizado que o herói vai servir de modelo simbólico para a jornada de amadurecimento de um indivíduo ou toda uma nação (PORTELA apud FERNANDES, 2011, p. 06).

2ªPARTE - A QUEDA DO GUERREIRO – O REGRESSO ÀS TERRAS MATERNAS

Mesmo que acidental, o crime cometido por Okonkwo era considerado um crime contra Ani, e, como pena, ele deveria abandonar tudo, podendo retornar à aldeia apenas após sete anos de exílio. Assim ele fez e foi buscar abrigo com sua família nas terras de sua mãe, Mbanta. Ali em Mbanta, o guerreiro sentiu a desonra ao ter que começar tudo novamente, porém, sem mais o vigor e o entusiasmo da juventude:

2

Chi: o deus de cada pessoa, e que é só dela, mais que um anjo da guarda. Hybris é um termo grego que significa o desafio, o crime do excesso e do ultraje. Traduz-se num comportamento de provocação aos deuses e à ordem estabelecida. 3

Toda sua existência fora dominada por uma grande paixão, tornar-se um dos chefes do clã. Essa fora mola de sua vida. E quase conseguira. Depois tudo se rompera. Fora jogado fora do clã da mesma forma que um peixe é atirado sobre a areia seca da praia, a arquejar (ACHEBE, 2009. p. 151).

Nessa passagem, a visão do guerreiro em sua queda que resultou na sua fuga para as terras maternas representa o Regime Diurno, símbolos catamórficos da feminilidade, a liquefação do tempo. Durand explica tais símbolos da seguinte forma:

A terceira grande epifania da angustia humana, diante da temporalidade, parace-nos residir nas imagens dinâmicas da queda. Lembremos de Betcherev quando descreve o fenômeno da quedado recém-nascido. Sendo ligada a rapidez do movimento, à experiência fundamental (DURAND, 2002, pp. 111-112).

A fuga do herói para as terras maternas representa para ele o seu fracasso, que é descrito na obra por meio de símbolos sobre feminização e pelo terror do abismo. Assim, como seu pai que era chamado na aldeia de agdala, Okonkwo se sentia nesse momento desesperado, desonrado e perturbado, efeminado. Notamos ainda a repetição dos símbolos teriomórficos, comparando o herói a um peixe, porém, desta vez de forma negativa e pejorativa. Toda a tristeza do herói reflete o Regime Diurno do imaginário que afasta-se das seduções femininas e endurece suas armas contra a ameaça noturna. Uchendu, tio de Okonkwo que o acolheu em terras maternas, durante uma reunião de família, na qual Okonkwo participava, pergunta a ele por que o nome mais comum entre as crianças de seu povo é Nneka, que significa “A Mãe é Suprema”, apesar de os filhos pertencerem ao pai e não à mãe. E ainda questiona por que a mulher é enterrada nas terras maternas quando morre e não nas terras do marido e, então, explica:

- É verdade que o filho pertence ao pai. Mas quando o pai bate no filho, a criança vai à cabana da mãe em busca de consolo.O lugar do homem é na terra natal de seu pai quando tudo lhe corre bem a vida lhe sorri. Mas quando vêm a tristeza e a amargura, ele encontra refúgio na terra natal de sua mãe.A mãe ali está para protegê-lo. [...] Seu dever é consolar suas esposas e filhos, e levá-los de volta à terra natal daqui a sete anos (ACHEBE, 2009, p. 154).

Na visão do tio do guerreiro, o símbolo materno visto como símbolo de sua queda é minimizado. Podemos interpretar essa passagem através do Regime Noturno:

O segundo grupo das estruturas místicas do Regime Noturno serão os símbolos de intimidade. A eufemização do regime diurno, agora, irá transformar o túmulo em local de repouso, retorno ao ventre materno, um isomorfismo entre sepulcro e berço,

valorizando a morte, o suicídio, o sono e o sonho; igualmente, a caverna, a gruta, a casa, o sótão, a adega, o barco, o automóvel, o ovo, a concha, o vaso, a taça – refúgios íntimos, microcosmos do corpo humano e isomórficos ao ventre materno (GUIZZO, 2014, p. 86).

Para Uchendu, o solo materno é agora o lugar do acolhedor para que o herói amadureça e volte para sua terra. Enquanto ainda está em Mbanta, Okonkwo recebe a informação de que o homem branco está presente em sua aldeia, Umuófia, e que ali se fixou por meio da construção de igrejas e de conversões de alguns membros do grupo, sendo que seu filho mais velho, Nwoye, é convertido à religião do colonizador, tornando-se um missionário. O homem branco trazia consigo uma nova religião, uma nova ordem, um deus único, passando a evangelizar os povos de Umuófia. Seus discursos profetizavam que os deuses dos ibos não existiam e, por isso, não podiam lhe causar mal algum. Aos poucos o homem branco não só instituiu a religião, como também criou regras e modificou a forma de se fazer justiça dos povos de Okonkwo. Havia ainda, somado a tudo isso, pensamentos capitalistas que passavam a tomar conta de muitos homens e mulheres de Umuófia, que viram com a chegada dos ingleses seus óleos e sementes de palma atingiram preços elevados, fazendo o dinheiro fluir na aldeia. O homem branco também introduziu o ensino intelectual nas igrejas sob alegação de que os futuros líderes da religião seriam homens e mulheres que soubessem ler e escrever, por esse motivo deveriam mandar seus filhos para escola e, assim, o número de alunos crescia, não só de crianças como também de adultos. Com o tempo, os missionários passaram a desprezar as crenças e costumes do povo de Umuófia, desrespeitando seus rituais, desafiando-os e, por fim, praticando a violência para impor suas regras, costumes e soberania sobre eles. Muitos símbolos que antes haviam mantido aquele grupo unido foram desconstruídos, entre eles, a floresta maldita, local onde eram enterrados os que tinham moléstias malignas e incuráveis, além de outras práticas de feitiçarias, e que, para os povos ibos, era considerada povoada de forças sinistras e de poderes da escuridão. Um local regado por Símbolos Nictomórficos, do Regime Diurno, ou seja, o símbolo que representa as trevas, evidenciando a angústia humana e o caos. Os símbolos nictomórficos apoiam-se na angústia provocada pelo temor do negro: “Esta angústia seria psicologicamente baseada no medo infantil do negro, símbolo de um temor fundamental do risco natural, acompanhado de um sentimento de culpabilidade” (DURAND, 2002. p. 91).

E ali estava o templo dos missionários solidificado na floresta maldita, que fora ofertada pelo próprio clã, que acreditava que, com todas as maldições presentes na floresta, o homem branco jamais permaneceria ali e sua insistência o mataria em quatro ou cinco dias. Porém, a morte não aconteceu. Foi através das rachaduras das crenças dos povos ibos que o homem branco conquistou fiéis e mudou profundamente a cultura do guerreiro Okonkwo. 3ª PARTE – O RETORNO – A MORTE DO GUERREIRO. De acordo com Campbell, a aventura do herói está dividida em três fases: a partida, a iniciação e o retorno. O nosso guerreiro Okonkwo retorna após cumprir sua pena: “As aventuras do herói se passam fora da terra nossa conhecida, na região das trevas; ali ele completa sua jornada, ou apenas se perde para nós, aprisionado ou em perigo; e seu retorno é descrito como uma volta do além” (CAMPBELL, 2007, p. 213). Passado sete anos, Okonkwo enfim retorna para suas terras, depois do que para ele era considerado um período de trevas. Mas estava certo de que havia cumprindo o que as regras de seu povo determinavam. Ao retornar Okonkwo percebe que perdeu muitas coisas que considerava importante. Ele já não fazia parte dos espíritos mascarados que aplicavam a justiça no clã, havia perdido inúmeros títulos, além de não ter tido a oportunidade de lutar contra a entrada da nova religião em sua aldeia: “O lugar de um homem ausente não fica vazio, à espera de que o antigo dono volte a ocupá-lo. Assim que alguém se vai, surge logo um candidato à sua vaga” (ACHEBE, 2009. p. 193). Mas o herói, encorajado e entusiasmado pelo seu retorno, resolve: “Estava decidido a fazer com que seu retorno não passasse despercebido de sua gente. Voltaria em grande estilo e haveria de recuperar os sete anos perdidos” (ACHEBE, 2009. p. 193). O guerreiro não contava com tamanha mudança que fora ocasionada pela nova ordem trazida pelo homem branco, inclusive em sua aldeia estava instalada uma nova forma de governo, composto por tribunais e juízes. Diante das inúmeras mudanças, Okonkwo vai buscar explicação com seu amigo de longa data, Obierika, que conclui dizendo:

O homem branco é muito esperto. Chegou calma e pacificamente com sua religião. Nós achamos graça nas bobagens deles e permitimos que ficasse em nossa terra. Agora ele

conquistou até nossos irmãos, e o nosso clã já não pode atuar como tal. Ele cortou com uma faca o que nos matinha unidos e nós nos despedaçamos (ACHEBE 2009, p. 198).

Homi Bhabha (2001 [1998]) declara que o que sir Herman Merivale escreveu em 1829 serve de base para entendermos o uso do poder do homem branco: “A moderna imaginação colonizadora concebe suas dependências como um território, jamais como um povo” (BHABHA, 2001 [1998], p. 144). Dessa forma, o homem branco foi aos poucos tomando as aldeias dos ibos e governando seus habitantes, uma vez que aquele território entrou para o rol de suas propriedades. Nada mais natural, então, que os nativos se tornassem submissos a eles. Revoltado, Okonkwo consegue conclamar parte do clã a destruir a igreja. Diante do feito, o herói acaba detido junto com mais seis representantes de sua aldeia, sob a alegação que o ocorrido seria julgado pelo tribunal do homem branco, regido pela “grande rainha, a mais poderosa do mundo” (ACHEBE, 2009. p. 216). A prisão dos lideres de Umuófia fez com que a aldeia caísse em um silêncio profundo: “Umuófia estava como um animal assustado, de orelhas em pé, a farejar o ar silencioso e agourento, sem saber para que lado fugir” (ACHEBE, 2009, p. 218). Mais uma vez o Regime Diurno aparece, representando a negatividade, através dos símbolos teriomórficos. Passados alguns dias, os lideres foram soltos pelo homem branco após pagarem uma multa por eles imposta. Após a libertação, no coração do guerreiro Okonkwo, somente a guerra resolveria o infortúnio. E na noite que seguiu a sua libertação, dormiu jurando vingança. Decidido, refletiu: “Se Umuófia se resolvesse pela guerra, tudo bem. Mas, se decidisse se acovardar, ele se vingaria por conta própria” (ACHEBE ,2009. p. 222). Mas na manhã seguinte, quando acompanhava junto com a população de Umuófia uma reunião do clã, Okonkwo ao perceber a presença de cinco guardas dos brancos que ordenavam que a reunião fosse suspensa, deferiu golpes de faca contra um deles, levando-o à morte. A multidão que estava presente nada fez e encerrou a reunião, deixando os demais guardas escaparem. Nesse momento veio a derradeira decepção de Okonkwo, a certeza de que seu povo não ia à guerra e que Umuófia estava dominada pelo homem branco. Vendo suas tradições despedaçadas e percebendo que alguns dos integrantes do clã viam as mudanças como positivas, o herói resistente às mudanças se suicida.

O HERÓI COMO MITO

Os mitos servem como modelo arquetípico de todas as “criações”, no plano biológico, psicológico, espiritual:

Qualquer que seja sua natureza, o mito é sempre um precedente e um exemplo, não só em relação às ações – “sagradas” ou “profanas”- do homem, mas também em relação à sua própria condição. Ou melhor; um precedente para os modos do real em geral [...] com efeito, uma boa parte dos mitos, ao mesmo tempo narra o que fizeram in illo tempore os deuses ou os seres místicos (ELIADE. 2008, p. 339).

Os mitos são formados para serem fixados como modelos universais das ações humanas, o inconsciente coletivo que expressa o conjunto de valores de um povo de determinada época, as imagens simbólicas universais. Assim, quando os valores de um povo mudam, as mudanças são percebidas pelos mitos que se reestruturam para se adaptarem aos novos moldes daquela sociedade. É como o ser humano lida com as próprias experiências e assim por meio de relatos que se estabelecem os moldes das relações sociais e intermédio da criação de personagens contam a história e feitos da humanidade, servindo como referência para o individuo. O romance moderno expõe a forma com que o ser humano se relaciona com o mundo, representa a realidade social do indivíduo que está inserida no texto. No enredo do romance, o ser humano vai além de seus deuses e expressa suas experiências e vivências individuais. O herói como mito, no contexto do romance Thing fall Apart, nos ajuda a entender a narrativa e suas simbologias em comparação à cultura dos povos estruturados no texto. É através do mito como identidade, que buscamos explicar os acontecimentos e fenômenos da vida. O romance de Achebe gira em torno de Okonkwo que, nascido de um pai fracassado, esforça-se e passa por desafios considerados pelo seu povo atos de bravura, coragem e superação, que somente os grandes guerreiros conseguiriam. Okonkwo dos povos ibos é esse homem que com muito esforço vence suas limitações pessoais e locais e se torna um líder daquela comunidade. Tomemos como comparação de mito identidade de Okonkwo o herói da mitologia grega Héracles, também conhecido por Hércules. Héracles, filho de deus Zeus com Hera, sempre fora habilidoso, mas não aceitava receber punições. Em um de seus momentos de ira ao ser chamado à atenção pelo professor de música, Héracles fica enraivecido e mata seu anfitrião. Okonkwo, quando se irritava, era também impetuoso e, mesmo se considerando um representante fiel das suas tradições, espanca sua esposa na Semana da Paz, em outro momento, quando sua ira explode, ele atira, sem matar, em uma de suas esposas. Héracles cresceu e se tornou o homem mais forte de toda a Grécia e

realizou seus primeiros atos de bravura. Okonkwo, na sua aldeia, se tornou um dos maiores guerreiros de todos os tempos pelos seus atos de bravura e participação nas guerras travadas pelo grupo. Quando a deusa Hera provoca mais uma vez a ira de Héracles, o herói no seu ataque de loucura mata seus próprios filhos e, como pena, tem que realizar uma série de tarefas que duraram 12 anos. Aqui Okonkwo é condenado a deixar sua terra e suas conquistas por sete anos, após ter cometido um crime contra a deusa Ani,, ao matar de forma acidental um jovem da aldeia. Ambos os heróis cumprem seus deveres. O mito Héracles ainda desposou sua última esposa após vencer um duelo, casou-se com Djanira e com ela teve um filho, chamado Hilo. Durante uma viagem, ao cruzar com o rio Eveno, um centauro chamado Nesso ofertou ajuda para atravessar os viajantes. Héracles recusou, mas o centauro transportou sua esposa e, no meio da travessia, o centauro enlouquecido pela beleza da mulher tentou tocá-la e Héracles com uma flecha acertou as costas do centauro, demonstrando mais uma vez sua impetuosa ira. No entanto, antes de morrer, o centauro ofereceu a Djanira um pouco do seu sangue, para que ela pudesse usá-lo como encantamento para ter para sempre o amor de Héracles. E então sua esposa teceu uma camisa e banhou com o sangue do centauro e deu de presente a Héracles no dia que iria realizar um sacrifício aos deuses. Ao vestir o presente de sua esposa sem saber do pacto com o centauro, ele foi tomado por dores terríveis e feridas incuráveis e, desesperado, atirou-se no fogo e morreu. Era o fim do grande guerreiro. Nessa passagem, percebemos que o centauro representa o homem branco seduzindo o povo ibo, que, por sua vez, é representado pela esposa de Héracles, Djanira; a recusa do herói de ser conduzido pelo centauro, ou seja, pelas normas do homem branco. A sedução de seu povo levou à fúria de Okonkwo, que impetuosamente mata um dos guardas da missão e, ao perceber que seu povo, não iniciaria uma guerra para acabar com a presença do homem branco, Okonkwo sente-se despedaçado e traído por “Djanira”, por seu povo, a quem ele mais amava. Sem dúvida o sentimento de traição trouxe-lhe feridas doloridas e incuráveis em sua alma e, então, assim como Héracles, Okonkwo se sucida. Porém, diferente do herói Héracles, que após ser queimado, não gerou nenhuma cinza, provando que seu corpo havia ascendido ao Olimpo e fora aceito como um dos imortais, Okonkwo, que tanto se esforçou para adquirir respeito e admiração de seu povo, sequer fora retirado da árvore em que foi encontrado pendurado, pois, para os Ibos, o suicídio era considerado um ato abominável, uma ofensa contra a terra, e o suicida não poderia ser enterrado pelos membros do clã. O herói guerreiro agora era apenas um corpo de um homem maligno, e o único dever que seu povo teria para com ele era o de limpar a terra que seu sangue suicida

profanou. Dissera seu amigo Obierika ao homem branco enquanto olhavam para o herói enforcado: “- Aquele que ali está foi um dos maiores homens de Umuófia. O senhor levou-o a cometer suicídio, e agora ele será enterrado com cão” (ACHEBE, 2009. p. 230). Diferente de Héracles, que após sua morte se torna um deus no Olimpo devido aos seus feitos, o nosso herói Okonkwo se torna apenas um profano para seu povo e um capítulo ou alguns parágrafos que o comissário da guarda dos colonizadores de Umuófia iria futuramente escrever em seu livro, o qual pretendia contar suas aventuras para trazer civilização às diversas regiões da África, obra que se intitularia “A pacificação das tribos primitivas do Baixo Níger” (ACHEBE, 2009, p. 231). Campbell, ao retratar a partida do herói, discorre: “O último ato da biografia do herói é a morte ou partida. Aqui é resumido todo o sentido da vida. Desnecessário dizer, o herói não seria herói se a morte lhe suscitasse algum terror; a primeira condição do heroísmo é a reconciliação com o túmulo” (CAMPELL, 1997, p. 52). Okonkwo é o herói trágico, típico do romance moderno, pois é o personagem principal da tragédia, que no romance configura-se pela chegada do homem branco na tribo do guerreiro. O uso do termo “herói trágico” pode ser entendido como: “São Heróis com defeitos, que nunca conseguem ultrapassar seus demônios íntimos, e são derrotados e destruídos por eles. Podem ser encantadores, alguns podem ter qualidades admiráveis, mas o defeito ganha no final” (VOGLER, 2006, p. 58). O suicídio do herói e todos seus percalços em relação ao medo de fracassar como seu pai podem ser entendidos também, como o anti-herói, pois seu sacrifício muitas vezes não era para o bem coletivo, mas por motivações próprias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obra Things fall apart e seus personagens fictícios baseiam-se em um povo real, retratando de forma fiel suas crenças e costumes e que fora invadido pelos britânicos, os quais impuseram suas religiões e seus costumes, subjugando e ignorando a cultura dos ibos. Nesse contexto, surge a figura de Okonkwo, que supera e se distancia da figura fraca de seu pai e destaca-se como um grande guerreiro e herói de seu povo. No entanto, o herói experimenta a queda ao provar da sua própria ira, sendo condenado a afastar-se por um longo período de tudo que conquistara. Nesse ponto, o herói, mesmo sofrendo,

está convicto de que é cumpridor das leis e crenças do seu povo, que sequencialmente é abalada pela imposição da nova ordem ditada pelo homem branco, o colonizador. Então é aí que suas relações simbólicas e do seu povo começam a ruir. E o universo simbólico, outrora tão solidificado é quebrado e o mundo do herói se despedaça, levando-o à morte, simbolizando o fim da sociedade que Okonkwo conhecia. Okonkwo também é visto como um herói de seu povo e assim como Campbell nos explica sobre as repetições nas escritas e construções de herói, podemos compará-lo à saga do semideus Héracles. No entanto, na visão do romance moderno, o individuo é o homem comum, é o centro de tudo. A queda de Okonkwo é a quebra de suas relações simbólicas que moldavam tudo aquilo que o nosso herói acreditava, seu universo imaginário estava despedaçado pela imposição da cultura e regras do homem branco, que ignorou e subjugou seu povo. A dor e o desespero do guerreiro o levaram a cometer o ato violento da retirada da própria vida.

REFERÊNCIAS ___________. O mundo se despedaça. Tradução de Vera Queiroz da Costa e Silva. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. ACHEBE, Chinua. Things fall apart. New York: Anchor Books, 2009 [1958]. BHABHA, Homi K. O local da Cultura. T.: Myriam Ávila; Eliana Lourenço de Lima Reis; Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2001 [1998]. BOEHMER, Elleke. Colonial & postcolonial literature. Oxford; New York: Oxford University Press, 1995. CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. Tradução Adail Ubirajara. São Paulo: Ed. Pensamento LTDA, 1997[1949]. CEMIN, Arneide Bandeira; SCARABEL, Camila Alessandra; SOUZA, Maria de Fátima Batista; GOMES, Sivanio de Matia. Gênero e imaginário. Revista Online Labirinto, UNIR – Rondônia, Ano I, n° 03, 2001. Disponível em: . Acesso em: 5 nov. 2015. DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. Tradução de Hélder Godinho. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002. ELIADE. Mircea. Tratado de história das religiões. Tradução de Fernando Tomaz e Natália Nunes. São Paulo. Ed. Martins Fontes, 2008.

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