E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

A noviça de Burgh My lady de Burgh Deborah Simmons De Burgh 6

CAPÍTULO I

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Os de Burgh haviam sido amaldiçoados. Robin estava certo disso. Embora a família continuasse próspera e poderosa, com todos os seus membros gozando de boa saúde, uma força traiçoeira enfraquecia sua união e os espalhava por todo o país. O nome dessa força era "casamento". Apenas quatro anos antes, os sete filhos do conde de Campion eram solteiros e determinados a continuarem assim. Então, como se governados por um braço invisível, um a um, Dunstan, Geoffrey e Simon haviam arranjado esposas. Até mesmo o conde havia se casado, no Natal! E, agora, Robin fora convidado a participar da comemoração do casamento de seu irmão, Stephen. Observando o grande salão do castelo de Campion, Robin não se alegrou com a visão de tantos casais. Além de lamentar o destino dos irmãos casados, era o mais velho dos três de Burgh que permaneciam solteiros. A ideia o deixava tenso, com razão. Não sabia o que os outros dois pensavam disso, mas já começava a transpirar. Robin não tinha nada contra as mulheres, pois sabia que elas proporcionavam boa diversão. Porém, nem a mais bela o tentava a desejar uma união duradoura. A simples idéia de se ver amarrado a uma mulher para sempre fazia Robin enfiar um dedo no colarinho, subitamente apertado demais. Apesar de ser o membro mais bem-humorado da família, Robin tornava-se mais e mais taciturno, à medida que contemplava seu futuro. Como homem e como cavaleiro, ressentia-se com a sensação impotência que sentia. Queria defender-se, mas de que valeria sua habilidade com a espada, diante de um fantasma? Robin cerrou os dentes, perguntando-se quanto tempo-ainda lhe restaria. Embora seus irmãos parecessem! ter se rendido sem lutar, ele se recusava a aceitar tal sina com tamanha facilidade. Tinha de haver uma maneira de impedir o que estava por vir! Robin aprendera que a razão podia resolver a maior parte de seus dilemas e, em circunstâncias normais, ele já teria pedido conselhos ao pai. Infelizmente, o conde já se tornara vítima da maldição, e sua sabedoria já não era confiável. E, também, não faria sentido consultar os irmãos casados. As opções de Robin estreitavam-se, e ele começava. a se desesperar. Sempre acreditara que os de Burgh eram invencíveis, pois eram homens poderosos, guerreiros valentes, instruídos e habilidosos na administração de grandes propriedades. A riqueza, a vida privilegiada e a inegável capacidade haviam resultado em uma arrogância nata, que ainda era visível, mesmo nos que haviam se transformado em maridos. Robin, porém, sentia a sua confiança abalada. Somente três de Burgh continuavam solteiros. Talvez já fosse tempo de pensarem juntos em uma solução. Uma vez tomada a decisão, Robin pôs-se a procurar por Reynold entre os convidados. Encontrou o mais jovem sentado em um banco. Reynold era taciturno de natureza, mas parecia ainda mais sombrio. Robin perguntou-se se o irmão também estaria contando suas últimas horas. Com um sorriso encorajador, Robin sentou-se o lado de Reynold, tentando encontrar as palavras certas pa ra o que tinha a dizer. Ninguém jamais tocara no assunto "casamento" abertamente, e ele não sabia como começar. Para sua sorte, Reynold falou primeiro: — Você acredita nisso? Depois de se aventurar com tantas mulheres, não imaginei que Stephen decidiria se casar, ou abandonaria seu gosto pelo vinho. — Nem eu — Robin concordou. Estudou Reynold, mas como sempre, a expressão do irmão era incompreensível. Robin, porém, estava determinado a prosseguir. Os de Burgh sempre prefeririam morrer a admitir uma fraqueza, mas naquele caso, a honestidade poderia ser questão de vida ou morte. E seu tempo estava se esgotando. Juntos, talvez conseguissem pôr um fim à onda de casamentos, de preferência, antes do dele. — Eu não esperava ver nenhum de nossos irmãos casado — Robin declarou. — Não acha estranho que estejam todos se casando... tão depressa? Reynold limitou-se a dar de ombros e, por isso, Robin continuou: — Pois eu acho. Acho mais que estranho. — Baixou a voz para um sussurro. — Na verdade, acho que se trata de uma maldição. 0 irmão virou-se para fitá-lo de olhos arregalados, mas Robin não se deixou intimidar. — De que outra maneira pode-se explicar isso? — indagou. — Há poucos anos, éramos todos solteiros e gostávamos de viver assim. Agora, como se manipulados por uma força misteriosa, os de Burgh estão sendo acorrentados a mulheres, um a um, até mesmo papai! Precisamos fazer alguma cosia, antes de nos tonarmos as próximas vítimas! Mais uma vez, Reynold permaneceu em silêncio, mas baixou os olhos para o copo de vinho que Robin tinha nas mãos, como se especulasse quanto o mais velho havia bebido. — Não está preocupado? — Robin insistiu. — Com o quê? — Com a possibilidade de ser agarrado por uma mulher! De se tornar um deles! — Apontou para os irmãos casados, acompanhados de suas esposas e parecendo totalmente enfeitiçados. — Ora, não tenho tanta sorte! — Reynold retrucou de mau humor. — Sorte? Acredite, eles foram amaldiçoados! O outro fitou-o como se ele houvesse enlouquecido. — Olhe para eles, Robin. Acha que estão infelizes? Robin obedeceu. O charmoso Stephen parecia melhor do que nunca, mas provavelmente em resultado de ter abandonado a bebida. Sorria como um tolo, assim como os outros, até mesmo o carrancudo Simon. Geoffrey, o estudioso, embalava o filho nos braços, como se houvesse ele mesmo dado à luz o bebê. De repente, Robin sentiu uma pontada desconhecida. — É claro que parecem felizes. Do contrário, não teriam se casado — admitiu. — O que estou tentando dizer é que tudo faz

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

parte de uma maldição lançada sobre nossa família. — A maioria dos homens venderia sua alma por uma maldição como essa — Reynold resmungou, franzindo o cenho. — Não há maldição alguma. — Por que tem tanta certeza disso? — Porque nunca me casarei — disse o mais novo, levantando-se e afastando-se. Robin franziu o cenho. Seria sua imaginação, ou teria Reynold se tornado ainda mais taciturno e sombrio do que sempre fora? Provavelmente, estava assim por ser o único dos sete irmãos que ainda vivia em Campion. Robin perguntou-se se deveria ficar lá, uma, vez encerradas as comemorações, em vez de voltar para Baddersly, a propriedade que ele governava para Dunstan. No entanto, ao pensar em todas as mudanças ocorridas em Campion durante sua ausência, especialmente a chegada de uma nova lady ao castelo, sua madrasta, o fez tremer. Gostaria de voltar para Campion dos velhos tempos, não para aquele lugar praticamente desconhecido. Parecia que fora na véspera, que ele e os irmãos moravam no castelo, todos juntos, confiando uns nos outros, dependendo uns dos outros, às vezes incluindo o pai em suas intimidades, embora pouco escapasse à atenção do conde de Campion. Ocorriam desentendimentos, claro, mas os de Burgh haviam sido um clã unido, sempre. Agora, tudo havia mudado. Seus irmãos estavam espalhados pelo reino, vivendo com suas esposas, e só voltavam para casa no Natal, ou em ocasiões como a atual. Não estava certo! Robin sentia um imenso vazio, sempre que pensava na família. Embora não fosse um sujeito amargo, sentia-se traído. Ainda assim, não culpava os irmãos, pois era evidente que agiam sob algum tipo de encantamento. De que outra maneira se explicaria um comportamento tão inusitado? Robin crescera entre homens e, agora, vivia em meio aos cavaleiros de Baddersly, e simplesmente não compreendia aquela súbita tendência ao casamento. Tudo começara com Dunstan, o mais velho, o homem que Robin mais admirava no mundo. Tendo servido ao rei como cavaleiro, Dunstan recebera uma propriedade como recompensa e, agora, era conhecido como o "Lobo de Wessex". Quando se casou com Marion, uma mulher de quem todos os de Burgh gostavam muito, Robin ficara chocado. No entanto, o casamento fora forçado pelas circunstâncias, uma vez que o guardião de Marion a ameaçara. E, como Dunstan já vivia longe dos outros, a nova situação não provocara verdadeiras mudanças. O pobre Geoffrey fora forçado a se casar por decreto do rei, em uma união planejada para encerrar a guerra entre Dunstan e seu vizinho. Na época, Robin sentira-se grato por sua sorte, embora lamentasse o destino de Geoff, cuja noiva era uma criatura horrorosa. Depois do casamento, ela se tornara muito mais agradável, mas Robin ainda lamentava pelo irmão, embora Geoff parecesse tão devotado à esposa, quanto Dustan era a Marion. Ainda assim, as circunstâncias em que os dois casamentos haviam se realizado haviam sido tão incomuns, que Robin não suspeitara de nada. Fora o casamento de Simon que o deixara, definitivamente, abalado. Simon, o mais viril de todos eles, um guerreiro nato, havia, de livre e espontânea vontade, se curvado à mulher que o derrotara em batalha! Quando Robin e seus irmãos finalmente alcançaram Simon para ajudá-lo, ele estava perdidamente apaixonado. Geoffrey chegara ao cúmulo de atuar como alcoviteiro para os dois, uma atitude que Robin considerava traição de seu próprio sangue. Fora então que Robin começara a pensar em Dunstan, Geoffrey e Simon como possuídos. E o casamento de Stephen, o conquistador da família, confirmava suas suspeitas. Se Stephen estava se casando, então estavam todos condenados. Os irmãos, antes homens fortes e determinados, haviam sido derrotados, enfraquecidos e dominados. Robin não tinha a menor intenção de se render como eles. Não que ele não gostasse das mulheres. Já se envolvera com algumas, e elas haviam lhe proporcionado imenso prazer. No entanto, fora do quarto, não o atraíam. Na verdade, Robin as considerava criaturas petulantes e exigentes, e não estava disposto a suportar aquilo durante o resto de sua vida, por mais que os irmãos parecessem felizes. Talvez Reynold ansiasse por aquele destino, mas Robin estava determinado a lutar contra a própria ruí na. Quanto mais refletia, mais convencido ficava. Com ou sem ajuda, descobriria o que acontecera aos de Burgh, antes que fosse tarde demais. Respirando fundo, tomou sua decisão, mas no instante seguinte, sentiu os ombros vergarem ao peso da decepção. Infelizmente, nada sabia sobre maldições, ou como removê-las. O conde insistira que seus filhos recebessem instrução e se tornassem homens esclarecidos, e eles zombavam de coisas como bruxas e feitiçarias. Embora Robin sempre houvesse acreditado no poder de amuletos e talismãs, não fazia ideia de onde encontrar algo que pudesse afastar a maldição do casamento. Não havia um santo padroeiro dos solteiros, a menos que se contasse os monges, e Robin não pretendia fazer voto de castidade. Rapidamente, descartou a Igreja como ajuda para seu problema. Precisava de conhecimentos mais místicos. Depois de muito pensar, Robin concluiu que as únicas pessoas que, talvez, pudessem ajudá-lo, eram os l’ Estrange, parentes da esposa de Stephen. Desde que chegara, Robin ouvira fofocas sussurradas sobre a família da noiva, mas sabia que ela não apreciaria ser acusada de fazer parte de um plano demoníaco contra os de Burgh. Robin franziu o cenho, pensativo. Embora não pudesse dirigir-se a Brighid, as tias dela pareciam ter poderes de cura e outros dons. Talvez, se ele não tentasse revogar a condição dos irmãos mais velhos, já perdidos para suas esposas, mas buscasse apenas a solução para o próprio destino, Robin conseguiria convencê-las a ajudá-lo. Depois de um último copo de vinho, Robin levantou-se, respirou fundo e saiu à procura das sras. l’ Estrange. Não foi difícil encontrá-las, pois usavam trajes muito coloridos, que se destacavam na multidão. A mais baixa e roliça tinha pequenos sinos presos às mangas do vestido, um sinal de excentricidade, senão de poderes misteriosos. Robin sorriu, sentindo sua con fiança renascer, certo de que ela o ajudaria. — Sra. l’Estrange? — chamou, e foi recompensado pelo tilintar dos sininhos, quando a mulher grisalha virou-se para fitá-lo

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

com um sorriso largo. — Milorde! — Por favor, chame-me de Robin, senhora — ele disse, inclinando-se graciosamente. — Ah, sim, claro! E eu sou Cafell. Conhece minha irmã, Armes? — ela perguntou, apontando para uma mulher mais alta e taciturna. Robin voltou a se curvar. Havia planejado começar pela mais simpática, pois embora não possuísse a re putação de Stephen, era perfeitamente capaz de usar seu charme, assim como qualquer outro de Burgh. A irmã parecia mais resistente a tais táticas, mas tendo chegado até ali, não queria esperar mais. De repente, era imperativo tomar uma atitude. Exibiu o seu melhor sorriso e disse: — É um prazer recebê-las em nossa família. — Ora, obrigada, milorde Robin — Cafell murmurou, corando. — Robin, por favor — ele insistiu, tentando afastar a mulher da irmã. Infelizmente, a outra acompanhou-os, forçando-o a se dirigir a ambas: — Na verdade, considero a sua chegada como um golpe de sorte, uma vez que preciso da ajuda de seus talentos especiais. Cafell franziu o cenho. — Sofreu um ferimento que precisa de cura? Robin riu. — Não. Meu problema é um tanto incomum. — Baixou a voz. — Aliás, é um tanto delicado. Armes lançou-lhe um olhar frio. — Seu problema não tem nenhuma relação com a herança dos l'Estrange, tem? Robin pensou depressa. Talvez houvesse algum tipo de protocolo que ele ignorava. — Bem, sim... — Ah, que bom! — Cafell aplaudiu, entusiasmada, apesar da expressão dura da irmã. Robin estudou-as, curioso, perguntando-se que poderes elas possuíam, e se ele não acabaria com problemas ainda maiores. Estava tentando livrar-se de uma maldição, e não precisava de outra. — O que podemos fazer para ajudá-lo? — Cafell perguntou, solícita. — Irmã, não creio que... — Armes começou, mas a outra abanou a mão, despreocupada. — Ora, Brighid não pode se queixar de... — Mas ele é um de Burgh! — Armes protestou. — Melhor ainda! — Cafell decidiu, esfregando as mãos e pousando-as no braço de Robin, a fim de impedir que ele se afastasse. — Armes, devemos ouvir o que ele tem a dizer, ao menos, por questão de cortesia. Afinal, somos parentes, agora. — Voltou a encará-lo com seu sorriso radiante. — Agora, diga-nos o que o perturba. — Bem... Estive pensando em todos esses casamentos... — Robin começou. — Considero-os muito estranhos, especialmente por terem ocorrido em um período de tempo tão curto, quando há apenas alguns anos, todos os de Burgh eram solteiros. Armes franziu o cenho. — O que há de estranho nisso? Sete jovens saudáveis, em idade apropriada ao casamento, tendem a procurar esposas. Especialmente, em se tratando de lordes de uma família tão importante! — Para dar continuidade à dinastia! — completou. Cafell — Talvez — Robin admitiu, embora não aceitasse a explicação, pois nenhum de seus irmãos havia demonstrado qualquer preocupação com a perpetuação da família, até depois do casamento. — Seria possível que alguém tenha lançado algum... encantamento sobre nós? — Provavelmente, seu próprio pai — falou Armes. — Ora, ele está brincando, não está, Robin? — Cafell interferiu com uma risada. — Seu irmão nos avisou que você é um grande brincalhão. Robin sentiu-se desanimado. De fato, tinha gosto por brincadeiras, mas esse caso era muito sério. E, ao que parecia, ele não estava conseguindo transmitir a urgência de seu drama. — Na minha opinião, ele está falando sério—Armes retrucou. As duas irmãs estudaram-no com indisfarçado interesse. — Ora, irmã, creio que você está certa! Mas, por que você pediria que... — Ele está preocupado consigo mesmo — Armes interrompeu-a em tom contrariado. — Ah, pobre menino! — Cafell exclamou e, inclinando-se para ele, sussurrou: — Eu bem que gostaria de ler o seu futuro, mas Brighid não aprova essas coisas, embora tenha se mostrado mais flexível, ultimamente. Cafell lançou um olhar interrogativo a Armes. — Não acredito que ela aprove esse tipo de interferência na família dela — declarou a mais alta. Os ombros de Robin vergaram. Não queria ser reconfortado. Queria que anulassem a maldição. Então, uma nova ideia animou-o. — Talvez vocês conheçam alguém que possa me ajudar — sugeriu. — Não fazemos parte de nenhum clube de bruxas, meu jovem! — Armes protestou. — De fato, não conhecemos outras pessoas que tenham esses dons, fora da família — Cafell explicou em tom gentil. — Não desanime. Pensaremos em uma solução. — Após alguns instantes de reflexão e trocas de olhares com a irmã, ela disse: — Bem, temos a prima Anfri. — Uma charlatã — Armes reprovou.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— E quanto a Mali? — Morreu. — Pobrezinha... E Vala? — Ah, Vala... — Armes repetiu, nostálgica. — Tão linda e com tantos dons! — Ela não se casou com um príncipe de Gales? — Cafell inquiriu. — Sim, mas não me lembro o nome dele. — Acho que era Owain ap Ednyfed. — Sim, isso mesmo — Armes confirmou. — Mas ouvi dizer que ela morreu pouco tempo depois. — Vala morreu? Bem, com tantas guerras, naquele lugar, entre os príncipes, contra o próprio Llewelyn, e até mesmo o rei! Tivemos sorte por estarmos bem longe de lá. — Cafell fez uma pausa. — Pensei que ela tivesse uma filha. Armes franziu o cenho. — Não me lembro. Foi há tanto tempo, e ouvimos tantos boatos... — Talvez lorde Robin possa ir até lá e verificar! — Cafell sugeriu, virando-se para ele e acrescentando. — Vala era a mais talentosa da família. Robin voltou a se animar. — Onde posso encontrá-la? — No País de Gales, claro! E onde vive a maioria dos l’Sstrange. Boquiaberto, Robin fitou as duas mulheres, que sorriam com expressões benignas. Stephen e sua noiva havia retornado de Gales, relatando os rumores da guerra iminente, uma vez que o príncipe estava tomando posse das terras do rei e incitando o povo contra Edward. Estariam essas duas senhoras tentando matá-lo? Depois de estudá-las com desconfiança, Robin notou que as irmãs l'Estrange pareciam não ter noção do perigo. Assim, inventou uma desculpa qualquer e despediu-se das duas, afastando-se rapidamente. E deu-se conta de que havia chegado a um impasse. Seu fracasso era difícil de aceitar, pois se não conseguisse anular a maldição, certamente acabaria casado. E em breve. Robin observou seu anfitrião erguer o copo em um brinde aos de Burgh, e perguntou-se o que estava fa zendo na fronteira da Inglaterra com o País de Gales, em tempos tão agitados. Fosse por preocupação com o próprio futuro, ou pelo excesso de vinho que bebera na festa, ou ainda para fugir da multidão que tomava conta de Campion, havia deixado a propriedade de seu pai e saído à procura da misteriosa Vala, contra todos os ditames do bom senso. Embora houvesse chegado sem se anunciar, fora bem recebido pelos anfitriões, que deram uma festa em sua homenagem. Pelas insinuações veladas, eles pareciam pensar que sua chegada, tão pouco tempo depois da visita de Stephen, significava que ele e seus irmãos estavam envolvidos em alguma missão secreta, em nome da Coroa. Robin teria rido, não fosse pelo clima tenso que tomava conta do castelo. Foi somente tarde da noite, depois de ter ouvido todas as transgressões de Llewelyn, seu irmão David e seguidores, que Robin teve a chance de abordar o assunto que realmente o levara à fronteira. — Já ouviram falar de um príncipe chamado Owain ap Ednyfed, ou de sua esposa, Vala? — ele perguntou. O lorde e sua esposa trocaram olhares. — Por que pergunta? Robin sorriu. — Alguns parentes, na Inglaterra, pediram notícias dela. O lorde franziu o cenho. — Ela morreu há muito tempo. Algo no tom ríspido da resposta colocou Robin em estado de alerta. — Ela teve um bebé? Depois de mais uma troca de olhares sub-reptícios, o lorde fitou-o nos olhos, como se tentasse ler seus segredos. Sem dúvidas, seus anfitriões acreditavam que ele possuía conhecimentos secretos sobre o futuro de Gales, assim como de suas propriedades. Nem desconfiavam que sua viagem estava relacionada a duas simpáticas aspirantes a bruxas, e não a segredos de Estado. Acreditando que não simpatizariam com sua causa, Robin retirou-se logo. Não era adepto da guerra, como Simon, e já estava convencido a dar meia-volta e regressar à segurança das propriedades de sua família. Infelizmente para os de Burgh que continuavam solteiros, Robin não só chegara a um impasse, mas ao fim da estrada. Contendo o riso, ele se perguntou o que o lorde diria, se ele pedisse o endereço de uma bruxa local. A ideia de procurar alguém que pudesse retirar a maldição parecia absurda, agora que ele estava longe de Campion e das irmãs l'Estrange. Robin sempre se impressionara facilmente, o que fora motivo de diversão para os irmãos, especialmente Stephen, que lhe vendera uma porção de amuletos falsos, quando eram mais jovens. E, ao que parecia, a idade não o tornara mais sábio, pois em seu desespero para fugir ao destino dos irmãos, deixara-se convencer pelo primeiro esquema que lhe fora sugerido. Um verdadeiro amuleto, certamente, anularia a maldição, Robin refletiu. Talvez devesse procurar um padre, ou fazer uma peregrinação até uma Igreja. Mas qual delas? Santa Agnes era padroeira da pureza, o que não era o seu caso. Mesmo perdido em tais pensamentos, o instinto dos de Burgh o fez perceber que era seguido pelos corredores mal iluminados do castelo. Estando a par da situação tensa na região, pousou a mão no cabo da adaga que levava presa à cintura. Então, virou-se e deparou com um dos criados que o servira à mesa. — Milorde — o homem sussurrou, furtivo, olhando para os lados —, ela não morreu. Ela fugiu. — Quem? Vala?

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Sim. E levou a filha consigo, embora todos digam que as duas estejam mortas. Eu a vi com meus próprios olhos! Intrigado, Robin aproximou-se do criado. — Onde elas estão, agora? Naquele momento, ouviram passos no corredor mais próximo. O homem arregalou os olhos e passou por Robin, apressado. — Espere! — Robin chamou. — Procure por um refúgio para mulheres no seu país, milorde, que receba aquelas que carregam muitas dores! Com isso, o criado desapareceu na escuridão, deixando Robin perplexo. Justamente quando pensara ter chegado ao fim da estrada, ela se abria em todas as direções. Mas, valeria a pena segui-las? Robin sentia-se inquieto, montado em seu corcel. Perguntou-se o que estava fazendo, diante de um convento. E não se tratava de um convento qualquer, mas sim do convento de Nossa Senhora das Dores. A cavalgada fora longa e muito estranha. Embora não visse mais sinal do criado que o procurara na clandestinidade, Robin despedira-se de seu anfitrião, determinado a esquecer a mulher que se casara com um príncipe galês. Mas, de alguma maneira, acabara entrando no convento mais próximo, por acreditar que somente um lugar assim representaria um refúgio para mulheres. Lá, perguntara sobre outros abrigos semelhantes e, ao ouvir o nome de Nossa Senhora das Dores, foi tomado pela urgência de se dirigir para lá. Robin disse a si mesmo que fora a simples curiosidade que o levara até lá, pois as histórias conflitantes sobre Vala eram bastante interessantes, e ele sempre gostara de charadas. Além disso, sua viagem prestaria um serviço à família da esposa de Stephen, que gostaria de saber que sua parente estava viva. Talvez pudessem providenciar um encontro. No entanto, Robin estava consciente de uma compulsão diferente, profunda, que o levava a prosseguir. Não saberia dizer se era a preocupação com seu futuro, ou o simples desejo de abandonar a questão. Mas, quando descobriu que o convento situavase próximo a Baddersly, retornou à propriedade do irmão com incrível rapidez. Lá, deixou os soldados que o acompanhavam, e seguiu sozinho em sua viagem bizarra. E fora assim que, naquela manhã de primavera, Robin descobriu-se diante dos portões do pequeno convento cercado de árvores. Sentiu uma pontada de vergonha ao pensar no que o levara até lá. Seu desejo egoísta de evitar o casamento, tão encorajado pela Igreja, parecia uma grande blasfêmia diante daquela casa sagrada. Nossa Senhora das Dores era, evidentemente, um lugar de paz, de mulheres tranqüilas, puras de corpo e de alma, que devotavam suas vidas à religião. E, por um longo momento, Robin ficou ali, parado, hesitando em entrar naquele refúgio, em perturbar o sossego, quebrado apenas pelo canto suave dos pássaros. Foi enquanto ele considerava suas opções, que o grito: se ergueu de dentro dos muros, alcançando seus ouvidos. De início, Robin mal acreditou que ouvira bem, mas as palavras logo o alcançaram, altas e claras. Em bora nunca houvesse imaginado possível ouvir aquilo em uma casa sagrada, Robin não poderia ignorar o pedido desesperado. Atravessou os portões, ainda com os ecos reverberando em sua mente: — Socorro! Assassinato! CAPITULO II Sem perder tempo, Robin amarrou seu cavalo e correu para dentro do convento. Lá dentro, reinava o caos, com freiras e criados correndo para todos os lados. Seguindo a direção dos gritos, a mão pousada sobre o cabo da espada, ele chegou a um jardim, cercado por muros altos. Um grupo de mulheres formava um círculo. Ao lado delas, uma freira estava sentada em um banco de pedra, balbuciando em aflição, enquanto outras duas tentavam acalmá-la. O único homem presente, provavelmente um criado, parecia tão horrorizado quanto as mulheres. Decidindo que ele não era uma ameaça, Robin relaxou, embora mantivesse a arma pronta para o uso. Quando se aproximou do grupo de freiras, várias se afastaram, permitindo-lhe ver o que causara tamanho furor. No centro do círculo, uma jovem jazia na grama. Estava morta. Quando Robin digeria a cena triste, as freiras pareceram dar-se conta de sua presença, e agitaram-se, pressionando-se contra as outras, apavoradas e trêmulas. Somente duas permaneceram junto ao corpo, sem se mostrarem intimidadas. Uma delas, uma figura imponente, de olhar astuto e preocupado, parecia ser a madre superiora. Robin abriu a boca para falar com ela, mas uma voz o impediu. — Veio dar fim ao resto de nós? Robin sobressaltou-se, chocado com a idéia de que alguém pudesse acusar a ele, um de Burgh, de assas sinato. Baixou os olhos para a segunda freira destemida, ajoelhada ao lado da vítima. Mais uma vez, preparou-se para falar, na intenção de proferir uma negativa desdenhosa, mas quando olhou para ela, sua boca parou de funcionar. Na verdade, durante um longo momento, todas as funções de seu corpo se anularam, e tudo o que Robin foi capaz de fazer foi olhar fixamente para ela. Assim como as outras, ela usava uma touca que escondia boa parte de seu rosto, mas o que Robin pôde ver era, definitivamente, bonito. A testa era lisa e clara, as sobrancelhas delicadas, de uma tonalidade avermelhada, arqueavam-se sobre fascinantes olhos azuis. O rosto era oval, terminando em um queixo de linhas atrevidas, com lábios também ousados. E que lábios! Generosos, tinham a cor de frutas maduras. De repente, Robin sentiu-se faminto. O mundo parecia girar ao seu redor, fugindo de sob seus pés, atirando-o em um futuro para o qual ele não estava preparado. Naquele momento, ele a reconheceu.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Era ela, a "predestinada", a mulher que destruiria a existência que Robin conhecia, escravizaria sua men te e seu corpo, roubando-lhe os prazeres simples da vida. Bem, isso não aconteceria. Recuperando-se do choque, Robin franziu o cenho. Com ou sem maldição, não se casaria com aquela mulher. Nunca! E, de qualquer maneira, isso seria impossível, deu-se conta, tomado de uma forte sensação de vertigem. Fora destinado a uma freira! — Se a visão de sangue o impressiona, é melhor sentar-se. Robin ouviu a voz e reconheceu o desdém contido nela. Então, deu-se conta de que fora ela quem falara. Evidentemente, ela já não o considerava um assassino, mas acreditava que ele se sentia fraco ao ver sangue. Robin não saberia dizer qual dos dois insultos era mais ultrajante. Fitou-a com olhar duro. — Não sou um assassino, nem me impressiono com cenas de morte — declarou com frieza, antes de virar-se para a madre superiora. — Sou Robin de Burgh, de Baddersly, onde governo em nome de meu irmão, o barão de Wessex — apresentou-se. — Eu estava diante do convento, quando ouvi os gritos e entrei. — Milorde — a mulher inclinou a cabeça em um cumprimento. — Sou a madre superiora. Nós nos sen timos honradas com sua presença, embora tenha chegado em um mau momento, pois uma de nós parece ter sofrido um acidente... ou algo pior. — Não foi um acidente — ela corrigiu. — Foi assassinato. — Ah, então, foi você quem gritou — Robin murmurou. Embora Robin suspeitasse que a dona dos gritos era a freira que ainda choramingava no bando, ele não resistiu à tentação de provocar aquela que o insultara momentos antes. — Não fui eu! — ela retrucou, furiosa. — Foi Catherine quem gritou, e devemos ser gratas a ela por ter dado o alarme — disse a madre, impedindo a discussão que estava prestes a se iniciar. — Aliás, foram os gritos dela que o trouxeram até nós milorde. Foi sorte o senhor estar passando pelo convento, justamente agora. Robin nem pensou em contradizê-la. Depois do que acontecera na fronteira, seria melhor adotar maior discrição em seu interesse por Vala l'Estrange. Talvez o infeliz incidente no convento fosse uma oportunidade útil para fazer perguntas sutis, sem revelar o verdadeiro propósito de sua visita. — 0 magistrado encarregado de casos de morte suspeita já foi chamado? — inquiriu. — Na verdade, acho que ele acabou de chegar — disse a madre com um leve sorriso. — Creio que o senhor é o magistrado, milorde. O governante de Baddersly sempre assumiu essa tarefa, embora tenhamos precisado dele pouquíssimas vezes, nos últimos anos, graças a Deus. — A chegada súbita dele pode não ter sido mera coincidência — disse ela, levantando-se. A fúria de Robin por ser acusado novamente, foi temperada pela curiosidade. A freira era mais alta do que ele havia calculado, embora o alto de sua cabeça mal alcançasse o seu queixo. Parecia esbelta e, ao mesmo tempo, dona de curvas suaves, o que fez a imaginação de Robin voar solta, até ele mesmo se repreender pelo absurdo de especular como seria uma freira nua. — Sybil! — a madre superiora repreendeu-a. — Você não tem motivo para falar assim de lorde de Burgh, cuja ajuda é muito bem-vinda. Ah, então, ela se chamava Sybil! Robin foi tomado por um forte senso de reconhecimento. Sybil. O nome falava de mistérios muito antigos, oráculos e talentos exóticos, capazes de enfeitiçar os homens. Robin franziu o cenho. Felizmente, não corria tal risco, pois desconfiara dela desde o primeiro instante, — Como penitência por suas palavras rudes, trabalhará com lorde de Burgh na investigação da morte de Elisa, dando a ele toda a assistência de que ele possa precisar — a madre decretou. Horrorizado com a perspectiva, Robin abriu a boca para falar, mas Sybil foi mais rápida. — Madre, ele pode ser o assassino! Robin sentiu as faces arderem. — Assim como você! — retrucou. Se Sybil era a sua predestinada, por que sentia vontade de estrangulá-la? Certamente, seus irmãos não haviam apresentado reação tão estranha às suas atuais esposas! — Não acredito que nenhum dos dois seja o responsável pelo que aconteceu, mas podem vigiar um ao outro, se consideram necessário — disse a madre. — Isto é, se vai nos dar a honra de nos assistir, milorde. Posso enviar uma mensagem ao bispo, pedindo que envie alguém, mas como já está aqui... Robin desviou os olhos de Sybil, voltando a se concentrar na madre superiora, sabendo que a mulher o manipulara, mas sem se importar com isso, pois tinha seus próprios motivos para concordar. — Certamente, reverenda madre. Será uma honra ajudá-la — disse, ignorando os protestos de Sybil, que recuou, a fim de lhe permitir acesso ao corpo. O sorriso cínico indicava que ela não acreditava na capacidade dele em resolver um caso como aquele, ou que Robin ficaria trêmulo diante de um cadáver. Ele teve vontade de rir, pois já estivera em um campo de batalha e, acima de tudo, era um de Burgh. — Quem a encontrou? — perguntou, ajoelhando-Se ao lado da freira morta. — Catherine e eu — Sybil respondeu em tom nada amistoso. Robin perguntou-se o que ela poderia ter contra ele. Talvez fosse o tipo de freira que tem raiva dos homens em geral. Ou, talvez, simplesmente se ressentisse da intrusão dele em sua vida bem organizada. Ainda assim, parecia atrevida demais para uma mulher santa. E bonita demais, tentadora demais.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Robin forçou-se a concentrar a atenção no corpo da freira morta, tentando esquecer o corpo da viva. — Vocês a tocaram? — Claro! Tínhamos de verificar se estava viva! — Sybil respondeu, e Catherine voltou a chorar e balbuciar. Robin fitou sua predestinada nos olhos, perguntando-se se a atitude rebelde estaria escondendo um grande medo, ou quem sabe, a culpa. Ora, ele não só fora destinado a uma freira, o que em si já era uma aberração, mas a uma freira assassina! Era pior que a esposa de Geoffrey, que matara o primeiro marido para se defender, mas ao menos, não era freira. Não, Robin pensou, aquela mulher não nascera para ele, por mais que as aparências indicassem o contrário. Era uma mulher de Deus, e ele deveria se lembrar disso. Robin sacudiu a cabeça e tentou se concentrar no problema que tinha a resolver. — Moveu o corpo, ou ela estava exatamente assim, quando a encontrou? — perguntou. A freira morta tinha a parte superior do corpo virada para cima, e a inferior, de lado. O sangue que escorrera do ferimento na cabeça apresentava-se escuro e quase seco, o que indicava que ela havia morrido durante a noite. — Eu a virei apenas um pouco — Sybil informou, sem esconder sua animosidade. Robin ignorou-a e prosseguiu com o exame do cadáver. Ao lado da cabeça, havia uma pedra suja de sangue. A primeira vista, poderia parecer que ela havia caído e batido a cabeça, mas seria necessário um tombo e tanto para resultar na morte da jovem. Robin ergueu os olhos e avaliou a altura e distância do muro de pedra. Se Elisa houvesse tentado pular o muro, durante a noite, poderia ter escorregado e morrido na queda. — Talvez não tenha sido um assassinato — murmurou —, mas apenas um acidente infeliz. Embora ele não quisesse especular os motivos da freira para fazer isso, sabia que Elisa não teria sido a primeira religiosa envolvida em encontros clandestinos. — Não! Elisa não pularia o muro! — Sybil protestou, cruzando os braços em uma postura beligerante, que provocou em Robin uma forte vontade de rir. — Além do mais, essa explicação seria muito conveniente. E mais provável que o assassino tenha arrumado a cena, para que parecesse acidente a olhos ignorantes. Irritado com o insulto, Robin usou a tática que aprendera com o pai e com Geoffrey, a fim de se concentrar exclusivamente no que estava fazendo, ignorando as vozes ao seu redor. Exceto pela de Sybil, claro. Ela não parava de se queixar e, embora Robin não desse atenção às palavras que ela dizia, a simples presença da jovem era uma distração difícil de superar. Sentiu-se tentado a forçá-la a calar-se com um beijo. Examinou o ferimento na cabeça da freira morta e, graças ao interesse que dedicara à medicina, durante seus anos de estudo, fez algumas descobertas interessantes. — Você está certa — declarou de súbito, finalmente pondo um fim à tagarelice de Sybil. — Ela foi assassinada. — Como sabe? Robin virou a cabeça de Elisa e explicou: — Veja isso. Elisa recebeu dois golpes. Sybil virou-se para fitá-lo de olhos arregalados, deixando-o atordoado com a proximidade excessiva. Robin respirou fundo e continuou: — É evidente que o primeiro golpe não a matou e, por isso, o assassino teve de atacá-la novamente. Se Elisa houvesse, simplesmente, caído do muro, teria batido a cabeça uma única vez. — Eu sabia! — Sybil exclamou com ardor. O tom vigoroso provocou reação imediata no corpo de Robin. Mesmo contra vontade, ele se sentiu mais vivo, como se todo o seu ser gritasse: "É ela! É ela!" Teve de lutar contra o impulso de tocá-la e tratou de se levantar rapidamente e dirigir-se à madre superiora. — Sinto muito, reverenda madre, mas receio que seus piores temores tenham fundamento. Ela foi assassinada. A madre sacudiu a cabeça com tristeza, fitando por um longo momento a freira morta. Então, voltou a encarar Robin. — Nesse caso, confio no senhor para descobrir quem cometeu esse crime horrível, pois não podemos arriscar que o mesmo destino encontre as boas mulheres desse convento. — Como Robin assentisse, ela olhou em volta e anunciou: — Agora, deixemos que as enfermeiras cuidem de Elisa. — Como desejar — Robin concordou. — Já examinei os ferimentos, mas gostaria de examinar melhor o jardim. Caminhando lentamente pelos arredores da cena do crime, Robin examinou atentamente o solo. Infelizmen te, as idas e vindas dos pés das muitas freiras e criados impediram-no de encontrar qualquer pista. Dunstan, talvez, com seus olhos treinados, teria percebido algo importante. E o fato de os olhos de Sybil se manterem fixos em Robin não o ajudava. Ele se perguntou se ela percebia a atração entre eles ou se as freiras desconheciam esse tipo de coisa. Provavelmente, Sybil estava tão ocupada em detestá-lo, que nem se daria conta disso. E pensar que teria de tolerá-la, até o final de sua investigação! Seria possível solucionar aquele crime, ao mesmo tempo em que tentava evitar Sybil e, ainda, obter informações sobre Vala l’Estrange? Parecia uma tarefa complexa, mas o sangue dos de Burgh impedia Robin de desistir com facilidade. Até então, jamais fracassara em qualquer empreendimento. Embora não houvesse descoberto nada, Robin pretendia continuar sua busca do lado de fora do muro. Virou-se para a madre superiora e disse: — lnspecionarei a área externa e, depois, precisarei interrogar todas as freiras. — Providenciaremos para que possa interrogá-las no saguão — ela informou. — E, claro, prepararemos um quarto para hospedá-lo, milorde. Sybil o levará até lá.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

A idéia de ficar a sós com ela colocou todos os sentidos de Robin em estado de alerta. Seu olhar voltou-se para Sybil, contra a sua vontade. Tratava-se de uma sensação desconcertante. Robin sempre fora dono de si, mas agora sentia o comando escapar de suas mãos. Teria sido assim que seus irmãos haviam sentido: vítimas indefesas de "algo" poderoso demais para ser controlado? Embora estivesse se tornando um escravo do desejo, sabia que havia muito mais do que mero sexo envolvido naquela situação. Mas, como podia ser possível, se mal a conhecia, e o pouco que sabia o fizesse detestá-la, também? Mesmo assim, sentia-se atraído por ela, ansiando para saber tudo sobre a sua predestinada: sua história, suas facetas, seus segredos. Robin sacudiu a cabeça, dizendo a si mesmo que aquela mulher não tinha qualquer poder sobre ele. No entanto, seus olhos continuaram fixos nela, enquanto as outras freiras... Outras freiras! A lembrança trouxe conforto a Robin. Por mais que a desejasse, Sybil jamais poderia ser a sua predestinada. Era evidente que, dessa vez, algo saíra errado, e a maldição não poderia se cumprir. A mulher que deveria acabar com a sua liberdade já atendera a um chamado mais alto. Seguro de si, Robin curvou os lábios em um sorriso e observou Sybil assumir o comando na remoção do corpo, embora a tarefa pertencesse às enfermeiras. Aparentemente, ela se opunha a qualquer um que atravessasse seu caminho. — Ela é um tanto atrevida para uma freira, não? — Robin murmurou para a madre superiora. — Sybil não pertence à nossa ordem, embora viva no convento há muitos anos. Continua sendo noviça, pois nunca fez seus votos. Às vezes, acho que ela pertence ao mundo lá fora, com toda a dor e sofrimento que impõe — disse a madre. O sorriso recém-conquistado morreu nos lábios de Robin. Não no seu mundo, ele pensou, à beira do pânico. Sem perceber a reação de Robin, a madre se afastou, enquanto ele puxava o colarinho subitamente apertado. Franzindo o cenho, Robin lançou um olhar irritado para Sybil. Ela podia não ser uma freira, mas isso não sig nificava que o convenceria a se casar. Nem poderia forçá-lo, ainda que pressionasse uma faca contra seu pescoço, ou o atraísse para uma situação comprometedora. Na verdade, não havia nada que ela pudesse fazer, pois Robin estava preparado para qualquer truque. Afinai, estava um passo à frente dos irmãos, uma vez que já sabia o que esperar. Satisfeito com tal vantagem, Robin recuperou a confiança. Um homem avisado era um homem armado. Observando as freiras levarem Elisa, Sybil cerrou os punhos, lutando contra o impulso de segui-las. O pesar que conseguira reprimir ameaçava sufocá-la, fazendo-a desejar colocar-se entre Elisa e as mulheres que a preparariam para o funeral, como se assim pudesse adiar o inevitável, ou mudar o que acontecera. Então, veio a raiva daquela existência religiosa que permitira um acontecimento tão abominável, do mundo em geral e, finalmente, dela mesma. Sybil foi tomada pela culpa. Se houvesse procurado a madre superiora, quando começara a desconfiar de que Elisa estava interessada em alguém que vivia fora dos muros do convento... Se houvesse pressionado a amiga a desistir daquele relacionamento... Mas Elisa nunca admitira estar envolvida com alguém, e Sybil, sabendo quais punições seriam aplicadas a uma freira que traía seus votos, ficara quieta. Na ocasião, acreditara estar guardando um segredo. Agora, porém, via a situação de maneira diferente. Ser banida da ordem, ou excomungada, teria sido melhor para Elisa do que a morte. Ah, se houvesse feito alguma coisa, qualquer coisa! A verdade era que Sybil não imaginara que o problema de Elisa pudesse ter consequências tão graves. A amiga vinha se comportando de maneira estranha, ultimamente, mas ninguém esperaria que uma criatura tão inocente pudesse encontrar um fim tão trágico. Ou que seu amante fosse capaz de matá-la. Sybil estre meceu, sentindo a costumeira coragem enfraquecer diante da realidade assustadora do inundo. E esse era um conflito muito antigo. Tendo vivido no convento desde a mais tenra infância, Sybil não conhecia outra existência, mas sempre alimentara uma curiosidade saudável com relação ao mundo lá fora. Tal fascinação a impedira de fazer seus votos, quando as outras se apressavam em cumpri-los. As freiras que haviam vivido fora do convento haviam ensinado a lady Elisa sobre os perigos a serem encontrados lá. Se Elisa houvesse dado atenção àquelas advertências... A culpa voltou a sufocar Sybil, pois ela também sofria de uma grande inquietação, que nada em sua vida de noviça podia dissipar. O inverno rigoroso deixara ansiosa pela primavera, na esperança de que alguma mudança ocorresse. Como já acontecera antes, sentia-se sufocada pela própria existência. Porém, o que mais poderia existir para ela? Não tinha família, nem contatos que lhe permitissem se sustentar, sozinha no mundo. Como viveria se partisse? A Igreja gostava de manter aqueles que entravam em seus domínios, dentro deles para sempre, e Sybil sentia o peso de sua obrigação, de promessas feitas a freiras já mortas. Então, tentava ser piedosa e religiosa, mas sua natureza rebelde minava suas boas intenções. E, finalmente, a monotonia começava a sufocá-la lentamente, até que ela sentisse que não poderia mais respirar, que sua vida não era melhor que a de um prisioneiro. Era quando Sybil fixava os olhos no horizonte, a oeste, perguntando-se o que haveria além do pomar e dos campos, e até mesmo da vila... Sem pensar, Sybil virou-se para lá, mas dessa vez, deparou-se com uma nova visão: Robin de Burgh. Era estranho vê-lo na pequena horta, embora outros homens houvessem estado ali, em diferentes ocasiões. Geralmente, eram criados do convento. Robin era diferente: maior, mais másculo, parecia preencher o lugar com sua força, como um touro sobre um canteiro de violetas. Não, não era um touro, com sua ira incontrolável e maneiras desajeita. Tratava-se de algo totalmente novo para ela. Sybil franziu o cenho. Não a agradava ser surpreendida em momentos de fraqueza. A reação foi imediata, a indignação tomando o lugar da culpa e do sofrimento. Como podia a madre ordenar-lhe que trabalhasse com aquele homem? Além de ser um membro do inundo externo, era um homem! Não tinha de se envolver nos assuntos das freiras. Era um intruso naquele lugar

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

protegido, um lembrete do que existia lá fora. Sybil sibilou de raiva. Antipatizara com Robin, no instante em que ele entrara no jardim, livre, forte e confiante, as roupas declarando sua posição, a postura delatando sua arrogância. Robin representava tudo o que Sybil não era, e ela era honesta o suficiente para admitir que se ressentia do poder e do sexo dele. Porém, seu rancor ia muito além da simples inveja. O que mais a incomodava em Robin era o que ele a fazia sentir, pois ninguém jamais a afetara daquela maneira. E isso ficara claro no momento em que Sybil pusera os olhos nele. Estivera ajoelhada ao lado de Elisa, chocada e arrasada, com os gritos de Catherine ecoando em seus ouvidos, quando erguera a cabeça. E lá estava ele, imenso como nada que ela vira antes. Sybil já notara outros homens, monges, padres, trabalhadores da pequena plantação do convento e até mesmo residentes da vila. Nenhum deles sequer se parecia com Robin de Burgh. Apesar do peito largo, braços e pernas musculosos, ele se movia com extrema graça. O fato de ser cavaleiro explicava a força de seu corpo, mas não a reação do corpo dela. Sybil sentira como se houvesse sido gol peada no peito: o coração disparado, os pulmões lutando por um pouco de ar. Então, fixara os olhos no rosto dele... Era lindo. Sybil apoiara-se nos próprios calcanhares, aturdida. Como podia um homem exibir tamanha perfeição? Os cabelos eram escuros e espessos, assim como as sobrancelhas densas que sombreavam as faces bronzeadas e os olhos cor de caramelo. E, ainda, havia a boca generosa, que fizera a de Sybil secar de desejo. Na verdade, todo o seu corpo parecia tomado por desejos desconhecidos e, inconformada, Sybil falara, despertando a ira do cavaleiro, na esperança de que tal comportamento quebrasse o encanto que ele parecia ter lançado sobre si. Infelizmente, não funcionou. Ela ainda ardia de desejo por aquele homem, e somente por ele. Era um sentimento que aumentava ainda mais o seu ressentimento pela madre, que lhe ordenara trabalhar com ele. A situação era intolerável, e Sybil jurou que cuidaria de encerrá-la bem depressa. Embora Robin fosse o magistrado, ela mesma descobriria o assassino de Elisa e se livraria de lorde de Burgh, bem como do caos que ele provocava em seus sentimentos. O simples fato de pensar nele fazia seu coração acelerar, e Sybil lançou-lhe um olhar irritado, que não aliviou sua aflição. Ao contrário, ao ver os ombros largos virando-se, as pernas musculosas movendo-se, estremeceu. Sentindo as faces arderem, Sybil respirou fundo e, rapidamente, transformou a atração em raiva. — Aonde vai? — inquiriu, praticamente correndo atrás dele. Sem se dar ao trabalho de virar-se, Robin respondeu por cima do ombro: — Vou examinar o lado de fora do muro. Por um momento, Sybil considerou a opção covarde de abandonar a companhia dele, mas a curiosidade e a determinação venceram o conflito. Se ele descobrisse algo, teria de partilhar a informação com ela. E Sybil tinha de vigiá-lo. Embora seus instintos lhe dissessem que Robin não era um assassino, ela tinha de cumprir sua obrigação para com a madre superiora. E, no momento, sua obrigação chamava-se Robin de Burgh. Assim, Sybil seguiu-o, amaldiçoando-lhe as pernas longas e falta de boas maneiras por não esperar por ela. Teve de correr para alcançá-lo. Sem dar atenção aos olhares curiosos que o acompanhavam, Robin atravessou o convento e saiu pela porta da frente, dando a volta no edifício, seguindo na direção do pomar, separado da horta pelo muro. Durante longos minutos, ele caminhou lentamente para um lado e para outro, a cabeça abaixada, os olhos fixos no chão. Sybil esperou em silêncio. Finalmente, Robin fitou-a com seus lindos olhos, deixando-a sem fôlego. — Não há nada, aqui — disse era tom sombrio. Incapaz de fazer qualquer coisa além de fitá-lo, emudecida, Sybil tentou controlar os tremores que tomaram conta de seu corpo. — Viram desconhecidos por aqui, nos últimos dias? — ele perguntou. Sybil sacudiu a cabeça. Era difícil concentrar-se nas palavras, quando os lábios de Robin se moviam. Fora dos muros do convento, ele parecia mais acessível, mais real, banhado pela luz dourada do sol. Por alguma razão, o coração de Sybil voltou a disparar. Então, os lábios dele voltaram a se mover. — Ninguém que tenha chamado a atenção? — Robin insistiu. — Não que eu saiba, com exceção dos padres que aparecem, ocasionalmente. Meu trabalho relaciona-se com hóspedes, e pouco vejo os viajantes que passam por aqui. Devemos perguntar a Elizabeth, que cuida de alojar mendigos, peregrinos e outras pessoas que procuram abrigo por uma noite apenas. E a madre superiora tem mais contato com visitantes. Robin estudou-a por um longo momento, com desconfiança e animosidade. Sybil já abria a boca para perguntar o que o incomodava, quando lhe ocorreu que ele se ressentia de ter de trabalhar ao lado de uma mulher. — Se vai mesmo ajudar, devemos começar a interrogar todos os residentes do convento, enquanto as lembranças ainda são recentes — ele falou de súbito, e o tom quase rude confirmou as suspeitas dela. Ora, Sybil também não gostava de ficar com ele, mas a madre assim ordenara, e ela tinha de obedecer. Só lhe restava rezar para que o assassino fosse logo encontrado, pois uma vez solucionado o crime, Robin de Burgh seguiria o seu caminho. E Sybil ficaria satisfeita com isso. Capítulo III Embora Robin não gostasse de passar mais tempo que o estritamente necessário junto da sua predestinada, ela parecia ser

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

não só sua assistente na investigação, como também seu único contato dentro do convento. A menos, claro, que ele se dispusesse a correr atrás da madre superiora, sempre que precisasse de alguma coisa. Ao se retirar do pomar, depois de fitá-la de maneira desconcertante por longos momentos, teve de diminuir o passo para esperá-la. Foi quase impossível não voltar a olhar para Sybil, mas Robin conseguiu, pedindo que ela providenciasse um mensageiro. Não podia permanecer ali por tempo indeterminado, sem informar alguém em Baddersly de seu paradeiro. Prometera ao solícito administrador que não desapareceria sem avisar, como Simon fizera. E não queria que Florian pensasse que ele estava envolvido com uma mulher, como Simon estivera. Além disso, precisava de roupas e alguns itens de u&o pessoal, uma vez que não sabia quanto tempo teria de ficar no convento. Pelo bem das residentes e pela própria paz de espírito, Robin esperava encontrar logo o assassino, colher informações sobre Vala e partir... para longe de Sybil. No momento, tinha de enfrentar a agonia de ser levado por ela ao quarto onde dormiria, na ala de hóspedes. Segui-la pelos corredores já era um exercício de autocontrole e agitação. Observando-lhe o ondular dos quadris, Robin cerrou: os dentes, tentando controlar os impulsos inaceitáveis. Ao mesmo tempo, perguntava-se onde a madre superiora estava com a cabeça, para encarregar Sybil de receber hóspedes. Uma noviça tão linda quanto a sua predestinada não devia sequer se aproximar de visitantes! Se estivesse no comando do convento, Robin cuidaria para que Sybil ficasse o mais longe possível de desconhecido. A idéia de um nobre devasso tentando seduzi-la; piorou ainda mais o seu humor, e ele se viu tomado de um sentimento de posse até então desconhecido. Sybil deveria ser protegida, em vez de exibida aos olhos de qualquer homem, fosse hóspede, padre ou criado. E Robin não confiava nos muros do convento. Aliás, era de admirar que não fosse ela a freira inerte no jardim... A idéia o deixou pálido e sem fôlego, e foi com esforço que Robin resistiu ao impulso de tomá-la nos braços para protegê-la. Então, sacudiu a cabeça, chocado com o rumo de seus pensamentos. Provavelmente, se a tocasse, sua predestinada gritaria por socorro e, claro, ele passaria a ser o primeiro suspeito do assassinato! Deliberadamente, Robin recuou, afastando-se, apesar dos protestos de seu corpo. Ora, o fato de sentir aquela estranha ligação com Sybil, como se a conhecesse há muito tempo, não sig nificava que era responsável por ela. Não deveria importar-se com o que acontecesse a ela, se estivesse envolvida na morte da Outra freira. Mesmo assim, sentiu-se desorientado, quando ela o levou ao seu quarto, como se sua mente estivesse em guerra com seu corpo... e perdendo a batalha. Robin respirou fundo e olhou em volta. O quarto era bem cuidado e mobiliado, e ele assentiu em apro vação. A cama era maior do que ele esperava, o que o desconsertou. Voltou a olhar para Sybil e, embora a porta estivesse aberta, a noção de estar a sós com ela em um quarto fez o sangue ferver em suas veias. Juntamente com a pontada de desejo, Robin sentiu o estranho senso de familiaridade, como se já a conhecesse. Parecia que, se estendesse a mão, ela a aceitaria e se juntaria a ele de boa vontade, apesar dos olhares irados e das palavras rudes que lhe dirigia. Robin puxou o colarinho da túnica com força. Por mais que a cama enorme o tentasse, sabia que tais fraquezas levavam um homem à loucura, ou ao casamento. O que era muito pior. Com um gemido de agonia, deixou o quarto tão depressa, que Sybil teve de correr para alcançá-lo. Uma vez de volta ao edifício principal, foram recebidos por uma freira corpulenta, de expressão sombria, que os conduziu ao que chamou de "sala das noviças", um aposento pequeno, mobiliado com uma mesa estreita e bancos de madeira. O lugar não era nada aconchegante e, pela primeira vez, Robin perguntou-se que tipo de vida aquelas mulheres teriam. Tendo nascido um de Burgh, em meio a riqueza e privilégios, Robin conhecia todos os confortos, mas que confortos Sybil teria? A pergunta o irritou e ele se sentou em um banco com movimentos rudes. O que importava como ela vivia? — Embora a ordem seja para que todas se reunam na capela para rezar pela falecida, como é apropriado, a madre superiora decretou que cada uma deve se apresentar ao senhor para ser interrogada — a velha freira informou, deixando clara a sua reprovação. Então, virou-se para Sybil com ar ameaçador. — Quanto a você, imagino que vá encontrar algum tempo para ir à capela e rezar por Elisa, uma vez que dizia ser amiga dela. Sybil empalideceu, e Robin levantou-se, furioso com a criatura horrorosa que se atrevera a ofender a sua predestinada. Conteve o impulso de esmurrá-la, dizendo a si mesmo que atacar uma freira não seria um bom começo para as suas investigações. Respirando fundo, optou por um tipo diferente de ofensa: — Agradeço a sua simpática assistência, irmã — murmurou com seu melhor sorriso. — Importa-se em ser a primeira a se juntar a nós? — E claro que me importo! — ela retrucou, indignada. — Tenho minhas responsabilidades, além de obrigações religiosas a cumprir. Não sou como algumas, que renegam seus encargos! — Nesse caso, conversaremos mais tarde — Robin declarou, curvando-se para ela. Porém, estreitou os olhos quando ela se retirou, gravando a imagem na mente, para o caso de ela não voltar. A atitude da freira poderia ser normal, mas também poderia ser uma tática para fugir ao interrogatório. Virando-se para Sybil, Robin perguntou: — Qual é o problema dela? — Maud está sempre de rabo eriçado. — O quê? — De rabo eriçado, como os gatos, quando se vêem diante de outro gato — Sybil explicou. — Ela não parece gostar muito de você.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Maud adora estar no comando, e se considera a segunda autoridade no convento, imediatamente abai xo da madre superiora. Sem dúvida, está irritada com a minha designação. — Ah, talvez ela preferisse me ajudar nas investigações — Robin declarou, pensativo. Sybil revirou os olhos. — Não seja presunçoso. Maud prefere tirar suas próprias conclusões, sem ter de responder a ninguém. No momento, está furiosa por achar que ganhei a simpatia da madre superiora, que ela tanto se esforça para agradar. Nem imagina que está completamente enganada, pois minha designação é uma penitência — acrescentou com desdém. O que Sybil tinha contra ele? Robin ignorou o golpe em seu orgulho e pôs-se a estudá-la, mas ela virou o rosto rapidamente. Teria algo a esconder? Seria o seu comportamento estranho resultado da culpa? Não queria acreditar na possibilidade. Embora não quisesse casar-se com ela, não queria vê-la enforcada por assassinato. Mais uma vez, os instintos protetores se exaltaram, mas ele os reprimiu, repetindo para si mesmo que os problemas de Sybil não lhe diziam respeito. Como magistrado, cuidaria para a justiça fosse feita, estivesse ela envolvida, ou não. Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos. Ao abrir a porta, deparou com a assustada Catherine, e tratou de usar suas boas maneiras. — Por favor, entre — convidou. Tentou deixar a freira à vontade, pois precisava de toda informação que aquelas mulheres pudessem for necer. Calculava que o assassino era alguém conhecido da vítima, provavelmente um homem, para ser capaz de um golpe tão violento. Uma mulher forte como Maud também poderia causar sérios danos... Bem, era mais provável que um homem houvesse matado Elisa, alguém próximo e, talvez, íntimo. A maioria dos assassinatos resultava do excesso de bebida e de paixões desenfreadas. Como uma freira dificilmente frequentaria cervejarias, restava apenas uma possibilidade. E Robin esperava que alguém do convento conhecesse a identidade do sujeito. Catherine, porém, não era essa pessoa. Quando interrogada, alternava entre o choro, as lamúrias e balbucios incoerentes sobre um Deus vingativo. Robin acabou dispensando-a. Embora solidário com o sofrimento da freira, sentiu-se aliviado por vêla sair. Teve de admitir que preferia o desprezo de Sybil, bem mais agradável do que choramingos. Notando que Sybil estava quieta demais, perguntou-se o que estaria passando por aquela linda cabecinha. Ao observá-la, ela se limitou a fitá-lo com ar rebelde. Provavelmente, recusava-se a conversar por estarem sozinhos. Desanimado, Robin torceu para ter mais sorte com a próxima testemunha. Do contrário, ficaria ali para sempre. A ideia o fez lançar um olhar de canto de olho para a sua predestinada e, ao mesmo tempo, puxar o colarinho da túnica. — Algum problema com sua roupa? A pergunta apanhou-o de surpresa, e ele se limitou a erguer as sobrancelhas. — Parece que sua túnica está apertada demais — ela explicou —, pois está sempre puxando o colarinho. Ou sofre de algum tipo de brotoeja, que o faz se coçar o tempo todo? Por um instante, Robin ficou tão chocado pelas palavras dela, que permaneceu em silêncio. Então, soltou uma gargalhada. A vida de noviça não acabara com o senso de humor de Sybil, nem com sua língua afiada. E Robin não pôde evitar uma pontada de prazer. Não havia nada mais gostoso do que rir. Ou melhor, quase nada. Em sua experiência, eram poucas as mulheres com talento para a diversão. Embora o irritasse e desafiasse, Sybil também o divertia. Robin sentiu-se tentado a dizer que o problema com suas roupas era o excesso delas, mas tal brincadeira não seria adequada a um convento. Por isso, assumiu expressão séria e aproximou-se dela, dizendo: — De fato, sofro de brotoejas, e apreciaria se pudesse coçar minhas costas. Sybil arregalou os olhos e corou até a raiz dos cabelos, mas permaneceu imóvel. — Pensei que houvesse jurado cuidar dos doentes e desafortunados — Robin zombou. — Acho que o pro blema não é contagioso, mas não posso afirmar. Ergueu as sobrancelhas, fitando-a nos olhos. Deleitou-se ao descobrir que ela estava furiosa com a brincadeira, mas continuou sério. — Talvez prefira coçar o meu peito — sugeriu. Ou um pouco mais abaixo. Pousou a mão sobre o coração e sorriu, mas a intensidade dos olhos azuis que o fitavam fez morrer o sorriso. A atração que faiscava entre eles era quase palpável, e Robin chegou a dar um passo na direção de Sybil. Felizmente, a porta se abriu. Robin virou-se e deparou com uma freira de meia-idade, tímida e calada, exatamente o tipo que ele considerava adequado à vocação. Lançou um olhar para Sybil, refletindo que ali estava um exemplo que ela deveria seguir. Como se lesse seus pensamentos e, evidentemente discordando, ela franziu o cenho em uma careta. Por mais que lutasse contra isso, Robin começava a apreciar a personalidade daquela criaturinha ousada e determinada. Quantas mulheres seriam capazes de zombar de um de Burgh? Decidindo que já perdera tempo demais com algo sem importância, começou a interrogar a freira recém-chegada. A freira era tímida demais, limitando-se a sacudir a cabeça a cada pergunta que ouvia. Robin já se perguntava se a mulher era muda, quando ela disse: — Elisa era tesoureira, e eu sou sacristã. Por isso, não tínhamos razão para conversar. Que tipo de mulher precisava de razão para conversar com outra? Intrigado, Robin indagou: — Quais são as atribuições de uma sacristã? — Cuido dos objetos sagrados usados nas missas. — Então, não tem contato com forasteiros? Ela sacudiu a cabeça, negando.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— E quanto às freiras e noviças? Ocorreu alguma briga ou discussão, recentemente? A mulher ergueu os olhos, horrorizada, como se ele houvesse acabado de proferir um sacrilégio. Robin de cidiu que, definitivamente, preferia a franqueza rude de Sybil, àquele tipo de sensibilidade delicada. Depois de mais algumas perguntas inúteis, dispensou a freira exemplar. Voltou a considerar o tipo de vida que elas levavam. Ouvira muitas coisas sobre as regras de conventos e mosteiros, mas ver de perto era muito diferente. E não muito agradável. Na verdade, Robin nunca pensara muito no mundo religioso, pois nenhum membro da família jamais de monstrara esse tipo de inclinação. Não tinham o temperamento necessário, assim como Sybil. Como ela fora viver ali? Casas sagradas ofereciam um lar aos devotos, abrigo aos necessitados e a possibilidade de conquistar poder. O que levara Sybil ao convento. A última alternativa parecia a mais provável, mas por que ela não fizera seus votos? Voltou a observá-la, curioso, apenas para receber mais um olhar desdenhoso. Ficou ainda mais interessado, perguntando-se o que acontecera ao desdém de Sybil, no momento em que haviam se fitado nos olhos, no pomar, cercados pela atração eletrizante. Antes que pudesse pensar em uma resposta, chegou mais uma freira, também muito tímida. Embora fosse mais velha que Sybil, lançava olhares ansiosos para a noviça, especialmente quando Robin a interrogou sobre a vida pessoal de Elisa e possíveis brigas entre as residentes. Teria medo de falar diante de Sybil? — Viu algum estranho por aqui? — ele perguntou, mas ela pareceu chocada e temerosa. — Muito bem. Obrigado. Prometo cuidar para que ninguém mais sofra — disse, decidindo que mulheres santas não deveriam viver tão assustadas, dentro de muros tão altos. Ela assentiu, lançando-lhe um olhar rápido. E foi então que Robin se deu conta de que a pobre mulher tinha medo não só de um assassino desconhecido, mas também dele. A descoberta o apanhou de surpresa. Nenhum homem tinha razão para temer os de Burgh, exceto seus inimigos. As mulheres sempre se sentiam gratas pela proteção que eles ofereciam. Nunca antes, Robin provocara horror em alguém, e a ideia não era agradável. Seria por ser ele um homem dentro do mundo isolado do convento? Ou haveria algo mais? Ao dispensar a freira, perguntou-se como resolveria o mistério do crime, interrogando mulheres como aquela. — Elas não estão acostumadas a... cavaleiros — Sybil murmurou, pronunciando a última palavra como se ele fosse um monstro. Em vez de responder com uma alfinetada, Robin ficou quieto, refletindo sobre a questão. Ainda estava mergulhado em seus pensamentos, quando Sybil recebeu a testemunha seguinte. Tratava-se de uma freira muito idosa, bastante surda, e Robin teve de gritar suas perguntas. A certa altura, Sybil achou por bem informá-lo de que a freira tinha um quarto só seu, onde passava a maior parte do tempo sozinha. Ao receber tal informação, Robin dispensou a velhinha. Levou-a até a porta e pediu a uma noviça que a acompanhasse até o quarto e, na volta, providenciasse papel e pena, pois queria fazer anotações sobre seus interrogatórios. Quando entrou na sala, Sybil parecia surpresa. — Sabe escrever? — ela perguntou. — É claro que sei escrever! Meu pai, o conde de Campion, dá grande valor aos estudos. Você não sabe? — É claro que sei! Fui educada pelas freiras, desde criança. — É uma pena que não tenham lhe ensinado boas maneiras — Robin observou e, antes que ela pudesse responder, prosseguiu: — Pensei que as pessoas religiosas fossem humildes. — Notando um tique nervoso na face de Sybil, Robin decidiu que era muito mais divertido provocá-la do que discutir com ela. — Quanto àquela coceira... — começou, mas explodiu em gargalhadas, pois ela apanhou uma xícara de madeira e atirou em sua cabeça. Felizmente, seus reflexos eram ótimos, e ele conseguiu se esquivar. Voltou a se erguer, animado, à espera de uma disputa acirrada, mas a expressão de choque no rosto de Sybil deixou claro que outros objetos não seriam atirados sobre ele. Era evidente que tais explosões eram novas para ela, e reprovadas no convento, mas Robin descobriu-se desejando devolverlhe a xícara e provocá-la de novo, a fim de vê-la libertar o que quer que houvesse reprimido dentro dela. Algo lhe dizia que, por debaixo dos trajes sombrios de noviça, escondia-se uma mulher passional, reprimida pelo ambiente em eu vivia. E, de repente, queria libertar essa mulher e aliviar-lhe a tensão de uma maneira muito diferente. No mesmo instante, Robin puxou o colarinho. Estava se tornando íntimo demais de sua predestinada. Não deveria especular sobre o temperamento dela, ou a vida que ela levava. Seria melhor continuar brigando com Sybil, em vez de se divertir com ela. A chegada de uma criada com papel e pena salvou-o de um ataque de pânico. Mal agradecera a criada, quando outra freira apareceu, sem esconder sua reprovação do interrogatório. Embora não dissesse nada a respeito, respondeu às perguntas com monossílabos, até que Robin, irritado, reclinou-se na cadeira, passou a mão pelos cabelos e disse; — Estou apenas tentando descobrir quem matou Elisa, para evitar que mais sangue seja derramado. — Duvido que qualquer outra de nós tenha um fim semelhante — a freira retrucou. — Por que diz isso? Havia uma razão específica pela qual Elisa poderia ser assassinada? A pergunta aproximava-se demais de suas hipóteses, mas o resultado foi um som de protesto indignado emitido por Sybil. Ao mesmo tempo, a freira abaixou a cabeça. Lançando um olhar de advertência à sua assistente, Robin perguntou-se se a presença dela era uma ajuda, ou um estorvo. Definitivamente, um estorvo, ele pensou, pois a freira não disse mais nada, além de pedir licença e se retirar. — O que pensa que está fazendo? — ele inquiriu, ameaçador, assim que a mais velha saiu. — Do que está falando? — Sybil retrucou, levantando-se, destemida.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Se pretende interferir no meu trabalho, serei obrigado a retirá-la da sala. — Não pode fazer isso! A madre superiora disse... — A madre superiora disse que você deveria me ajudar, não me atrapalhar! — Não permitirei que lance calúnias sobre os mortos! — Sybil declarou, voltando a exibir o pequeno tique nervoso, um sinal de que não era tão controlada quanto gostaria. Nem tão corajosa, Robin pensou, suspirando. — Sybil — murmurou em tom mais gentil. Deu um passo à frente e estendeu os braços, mas ela se encolheu, parecendo tão desconfiada dele, quanto ele dela. No entanto, Robin duvidava que o motivo era o mesmo, pois ao que parecia, ela só via nele um cavaleiro ameaçador, que surgira para perturbar sua existência e maldizer sua amiga falecida. Desanimado, ele abaixou os braços e recuou, perguntando-se como descobriria a identidade do amante de Elisa, se não pudesse sequer aludir à existência dele. Mais uma charada, talvez insolúvel, Robin pensou, no momento em que outra freira entrava na sala. Respirando fundo, ele tentou se concentrar no interrogatório. Tentou conquistar a mulher com o charme infalível dos de Burgh e, ao mesmo tempo, intimidar sua assistente com olhares de advertência. Sybil não voltou a protestar, mas Robin não fez nenhum progresso. As freiras mais velhas alegavam não ter tido muito contato com Elisa, enquanto as mais novas diziam não saberem nada sobre a vida pessoal da vítima. Ora, em um lugar tão pequeno e isolado do mundo, alguém tinha de ter ouvido alguma coisa! E, embora a fofoca fosse proibida, era difícil acreditar que tantas mulheres juntas não cedessem à tentação, de vez em quando. Robin sentia-se tão frustrado, no final do dia, que chegou a pensar em reiniciar o interrogatório, sem a presença de Sybil. Era evidente que ela fora muito amiga de Elisa, o que poderia desencorajar revelações por parte das outras. Tomado por sentimentos contraditórios, também pensou em pedir à madre superiora que designasse outra tarefa a Sybil. O que seria melhor para ele, também, apesar dos protestos veementes de seu corpo. Não só das partes mais baixas, mas também de seu coração. Aturdido, Robin deu-se conta de que, apesar da língua afiada e do comportamento irascível, ele sentiria falta de sua predestinada. Não só os próximos dias, mas talvez para sempre.

CAPITULO IV Robin levantou-se abruptamente, determinado a falar com a madre superiora, mas ao abrir a porta, deparou com Maud. Estaria ela tentando ouvir o que se passava dentro da sala? Recuperando-se depressa, ele a cumprimentou com falsa gentileza. Embora preferisse negar, sentia-se satisfeito por ter um bom motivo para adiar a dispensa de Sybil como sua assistente. E seria bom interrogar Maud, que parecia não ter medo de falar livremente, até mesmo sobre fofocas. Exibiu o seu melhor sorriso, mas ela logo deixou claro que só estava ali porque fora obrigada. — A madre superiora insistiu para que eu viesse, embora eu não veja motivo para estar aqui, uma vez que não sei nada sobre o que aconteceu — Maud declarou. — E um prazer atender aos pedidos da madre, mas não sei que direito Sybil tem de ficar aqui. Como posso falar livremente, sabendo que minhas palavras podem ser deturpadas, ou espalhadas por todo o convento? Talvez, se ela saísse da sala... Apesar de ter considerado a ideia pouco antes, Robin não gostou da sugestão, ao ouvi-la de Maud. Por um instante, debateu a questão, mas a razão venceu seus sentimentos. — Se vai se sentir mais à vontade... — começou, mas foi interrompido por Sybil. — A madre superiora ordenou que eu ficasse com lorde de Burgh — ela declarou em um tom que não permitia discussões. — Verdade? — Maud indagou. — Verdade. — Muito bem — a mais velha concordou, contrariada —, mas proíbo-a de interferir, ou de repetir o que eu disser. Sybil abaixou a cabeça em um gesto de submissão que não enganou Robin. Talvez Maud já houvesse pla nejado falar diante dela, apenas para provocá-la com seus comentários maldosos. A mulher o fazia lembrar-se de uma aranha, traiçoeira e perigosa. Robin tentou se concentrar nela, uma vez que Sybil era perfeitamente capaz de se defender sozinha. — Asseguro-a de que pode falar livremente — disse, sorrindo. — Na verdade, espero que o faça, pois as outras freiras não foram de grande ajuda para mim, mas você parece mais observadora e, certamente, tem ao menos uma ideia de quem seja o culpado. Maud recebeu o elogio com visível prazer. — Naturalmente, sou mais perceptiva do que essas "cabeças-de-vento", que negligenciam suas obrigações — declarou. — No entanto, não creio que deva comentar o que vejo. — Bem, não poderei terminar o meu trabalho aqui, enquanto não chegar a uma conclusão — Robin lembrou. — Certo. Não posso julgar a organização da ordem, mas na minha opinião, Elisa era jovem demais para ocupar um cargo de tamanha responsabilidade — Maud murmurou, sem conseguir esconder a inveja. — As tarefas de tesoureira exigem um contato com o mundo externo muito maior do que seria aconselhável, incluindo comerciantes, padres e criados, sem contar o

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

relacionamento constante com o almoxarife. Por isso, não estou surpresa por Elisa ter tido tão trágico fim. Ao ouvir as palavras cáusticas, Robin lançou um olhar para Sybil. O tique nervoso voltara e as mãos dela estavam cerradas, como se ela fosse atacar Maud a qualquer momento. Mesmo assim, manteve-se calada, pelo que Robin sentiu-se grato. Voltou a encarar Maud. — Continue — ordenou. — Bem, como todas nós sabemos, somente coisas ruins podem resultar de contato exagerado com pessoas de fora do convento. — Percebeu a presença de estranhos, nos arredores do convento, ou de alguém que pudesse querer fazer mal a Elisa? — Ao contrário de algumas freiras e noviças, não tenho muito contato com pessoas que não pertencem à ordem. E, como já disse, Elisa lidava com todo tipo de gente, desde os camponeses, até o almoxarife. Ouvi dizer que tinha um amigo no qual demonstrava grande interesse, mas como desconheço seus relacionamentos pessoais, não posso dizer nada a respeito. Talvez Sybil tenha mais informações — Maud sugeriu com um sorriso maligno. Robin levantou-se e postou-se entre as duas mulheres, antes que Maud se desse conta do quanto chegara perto de colher os frutos de suas provocações. — Obrigado — disse, ouvindo Sybil emitir sons incoerentes atrás dele. — Foi de grande ajuda. Levou a freira até a porta, despediu-se com todo o seu charme e simpatia e, então, encarou Sybil. Bastou um olhar para Robin saber por que ela não fizera seus votos. Por mais que tentasse, Sybil não conseguia reprimir a paixão que a levava a reagir com fúria a uma situação como aquela. __por que me impediu? — ela inquiriu, lançando-se sobre ele para esmurrar-lhe o peito. — Já é tempo de alguém ensinar uma lição a essa mulher horrível! Continuou batendo, e Robin deixou que ela desse vazão aos sentimentos desordenados. Quando, finalmente, segurou-lhe os punhos, ela se deixou apoiar nele e explodiu em lágrimas. Robin soltou as mãos dela e a abraçou, apertando-a contra si, tentando dar a ela todo o conforto de que precisava. E, quando os soluços começaram a enfraquecer, foi se dando conta da perfeição com que seus corpos se encaixavam, a cabeça dela acomodada em seu peito, logo abaixo do queixo. Em seguida, Robin tomou consciência das formas delicadas e curvilíneas pressionadas contra seu corpo, assim como do calor que ela emanava. No mesmo instante, seu corpo reagiu descontrolado. Sybil ergueu a cabeça para fitá-lo, sobressaltada. Ao se ver diante daqueles imensos olhos azuis, marejados de lágrimas, esqueceu-se do mundo lá fora. Uma mecha de cabelos escapou da touca, e ele descobriu que eram ruivos, de uma tonalidade viva de vermelho, muito apropriada àquela mulher. Fascinado, ergueu a mão para recolocá-la no lugar, mas ao sentir a maciez da pele clara, pôs-se a acariciar a face de Sybil. De repente, foi tomado pela urgência de beijá-la, como se sua vida dependesse disso. E Sybil parecia encorajá-lo, ainda fitando-o nos olhos, os lábios entreabertos em expectativa, como se sentisse exatamente o mesmo que ele. O desejo explodiu dentro dele, fazendo o sangue latejar em suas têmporas. Durante um longo momento, Robin lutou contra os próprios impulsos, sentindo-se mais e mais fraco diante daquele ataque sobre seus sentidos, E teria se rendido à paixão, não fosse pela batida na porta que o trouxe de volta à realidade. Robin deu-se conta de que tinha a sua predestinada nos braços, e foi tomado pelo pânico. Ao mesmo tempo, Sybil emitiu um som estrangulado, como se ela também estivesse horrorizada. Afastaram-se no exato momento em que a porta se abria e a madre superiora entrava. Robin encarou a boa mulher, alarmado. Então, sentou-se pesadamente no banco, sentindo o rubor tomar conta de suas faces. Felizmente, a madre manteve os olhos fixos no chão, e não percebeu o que ocorria dentro da sala. Era evidente que ainda não havia se recuperado do choque provocado pela perda de uma de suas ovelhas. Robin sentiu-se culpado por seu comportamento lamentável dentro daquela casa sagrada, embora não houvesse feito nada... ainda. — Já vieram todas, Sybil? — a madre indagou. Ao erguer os olhos, Robin notou que Sybil estava tensa, as mãos fortemente cruzadas diante do corpo, o rosto pálido e molhado pelas lágrimas. Sentiu-se ainda pior, como se houvesse falhado para com ela, embora houvesse lhe dado o conforto de que ela precisava. O que realmente o incomodava era o que havia acontecido depois, a combinação perversa do desejo de possuí-la e da intenção de vê-la longe de si. — Descobriu alguma coisa? — a madre perguntou a ele. Robin limitou-se a fitá-la, atordoado, pois a única coisa que descobrira era que seu controle diante de Sybil era muito menor do que havia imaginado. Recuperando-se mais rapidamente, Sybil falou: — Reverenda madre, não é verdade que Maud se considera a sua assistente mais próxima e, talvez, sua favorita? Robin empertigou-se de pronto, sabendo onde ela pretendia chegar. Ora, por mais que não gostasse de Maud, não conseguia imaginá-la matando suas rivais. Especialmente, quando podia torturá-las indefinidamente com sua língua ferina. A madre sorriu. — Maud é muito dedicada, mas não posso preferir uma de ovelhas e preterir outras. Sybil não se deixou intimidar por aquela resposta diplomática. — Não acha que alguém que acredite ocupar uma posição privilegiada dentro da ordem, seja capaz de sabotar aqueles que se põem em seu caminho? — Está sugerindo que uma de nós matou Elisa? — a madre inquiriu, preocupada. Robin levantou-se. — Estamos apenas explorando todas as possibilidades, madre — explicou. — E, embora seja improvável, devemos lembrar

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

que nem todas as religiosas são tão devotadas quanto a senhora. Por mais que desejemos negar, são afligidas pelas mesmas paixões e invejas das outras mulheres. A madre franziu o cenho, chocada, mas ele continuou: — Pense bem e, se lembrar de discussões ou incidentes suspeitos, por favor, avise-me. — Farei isso — ela prometeu, embora parecesse contrariada. — Agradecemos a sua cooperação — Robin murmurou. — Também gostaria de saber se viu algum estranho, alguém com quem Elisa poderia ter algum tipo de contato. — Só me lembro dos religiosos e viajantes de sempre. — Ela sacudiu a cabeça, frustrada. — Receio termos adquirido hábitos poucos saudáveis. As freiras costumam ir à vila para tratar dos negócios do convento. Mesmo sendo uma ordem pequena, temos nossa horta e pomar, que requer organização e emprega vários habitantes da região. — Existe alguém que poderia guardar mágoa de freiras, ou de Elisa em particular? Havia alguém cor quem ela se relacionava mais frequentemente do que com os demais? A madre apenas sacudiu a cabeça, incapaz de sequer imaginar tamanha violência, ou lapsos de comportamento, entre seu rebanho. Robin tentou esconder a frustração. Esperava que a madre superiora lhe desse alguma pista. Até então somente Maud admitira a possibilidade de Elisa ter um amante, mas limitara-se a indicar Sybil como a única que poderia conhecer a identidade do sujeito. Robin estreitou os olhos. Como ouvira de várias freiras, Sybil e Elisa eram muito próximas. Vira com os próprios olhos a demonstração de pesar de Sybil pelai morte da amiga. Enquanto tolerava a presença dela atrapalhando seus interrogatórios a fim de preservar o bom nome da falecida, ignorara o fato de que, provavelmente, Sybil era quem mais sabia sobre a morte de Elisa. Recompondo-se, voltou a encarar a madre superiora, que não tinha mais nada a acrescentar. Antes de des pedir-se dela, pediu permissão para interrogar os criados e camponeses que trabalhavam no convento. Agradeceu o consentimento dela, embora antes de mais nada, pretendesse interrogar uma certa noviça. Ao ver a madre superiora se levantar, Sybil quase implorou para que ela ficasse. Quando a mais velha deixou a sala, a noviça teve de conter o impulso de, correr atrás dela. Não importava para onde fosse, desde que ficasse longe do homem que tanto a perturbava. Respirou fundo, tentando se recuperar das revelações que tivera ainda há pouco. Para sua vergonha, nenhu ma delas se relacionava com a morte de Elisa. Robin tinha uma covinha na face esquerda, que aparecia quando ele sorria. A risada dele soava como música aos ouvidos de Sybil, fazendo seu coração acelerar, o sangue aquecer suas veias. Suas faces coraram à lembrança das sensações que ele lhe provocara. Não sabia o que fora pior: ter ficado imóvel, fitando-o nos olhos, fascinada, ou ter se atirado nos braços dele, sem a menor hesitação. Sentiu-se embaraçada, tola, embora naquele momento tivesse consciência apenas do calor que o corpo dele emanava. Lembrou-se do perfume másculo, e teve vontade de enterrar o rosto no pescoço dele, para senti-lo novamente. Dessa vez, porém, não choraria. Trataria de envolvê-lo em seus braços e... E o quê? Ora, sabia menos sobre homens do que sobre assassinatos! Mas já começara a aprender. Aprendera que Robin possuía compaixão. Apesar das discussões acirradas que tomavam a maior parte do tempo que passavam juntos, ao vê-la descontrolar-se, ele a tomara nos braços, envolvendo-a em uma ternura tão profunda, que Sybil chorara ainda mais, pela ausência daquele tipo de carinho em sua vida. Lembrava-se de freiras dóceis, de ter sido embalada em braços gentis, mas quem a teria ajudado, agora? A madre superiora, assim como a maioria das freiras, teria ficado chocada com sua explosão. Talvez umas poucas tentariam ajudá-la, mas ninguém teria sido capaz de lhe dar o que aquele desconhecido oferecera: segurança, força e conforto, tudo em um único abraço. Quando Robin chegara no convento, Sybil ressentira-se do que ele poderia fazer a ela. Agora, sentia um grande medo dele. Antes, não tinha ideia do que faltava em sua vida, mas agora sabia, e desejava mais. Pior ainda, não fora apenas conforto que ele lhe dera, mas também um intenso desejo, a curiosidade por algo que ela desconhecia. Os olhos castanhos, que tanto lembravam mel, haviam tornado Sybil prisioneira de seus desígnios, enquanto ela sentia contra o ventre algo rijo e potente. Sabendo tratar-se de uma parte do corpo dele, sentira-se excitada, tomada de um poder que nem imaginara existir. Pressionara as mãos contra o peito largo, desejando colocar-se na ponta dos pés e, de alguma maneira, diminuir ainda mais a distância que os separava. — Talvez esteja disposta a me conceder o benefício de seus conhecimentos. A voz grave e profunda provocou-lhe um sobressalto. — O que disse? — Sybil murmurou, virando-se para fitá-lo. — Quem era o homem por quem Elisa demonstrava um grande interesse? — Robin inquiriu de cenho franzido. Instantaneamente enfurecida, Sybil decidiu revisar a opinião que acabara de formar sobre ele. Não permitiria que o nome de Elisa fosse manchado, especialmente pelos ecos das palavras maldosas de Maud. Antes que pudesse abrir a boca para falar, Robin aproximou-se e segurou-a pelos ombros. — O que está escondendo? Embora soubesse que deveria retrucar com veemência, Sybil descobriu-se fascinada pela proximidade dele, pelo calor que as mãos dele irradiavam por seus braços. Mais uma vez, ficou enfeitiçada pelo movimento dos lábios que ela queria tanto tocar. Com um suspiro estrangulado, Robin soltou-a e virou-se.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

—Está envolvida com ele, também? É por isso que esconde a identidade dele? Robin parecia furioso, mas Sybil limitou-se a fitá-lo, boquiaberta. Não era possível que ele acredisse que ela estava envolvida com um homem! Ora, não sabia se deveria rir ou esbofeteá-lo! — Não faço a menor ideia de quem ele seja! — replicou. Robin voltou a encará-la. — Então admite que havia um homem na vida de Elisa. — Era uma afirmação, não uma pergunta. — Eu não sei! Só sei que Elisa vinha se comportando de maneira estranha, como se guardasse segredos. — E por que um homem provocaria esse tipo de comportamento? Sybil soltou uma risada amarga. — Aqui dentro? Não existem muitos motivos para se guardar segredo em um convento, mas esse é o maior deles. Elisa era uma jovem bonita, que fez seus votos cedo demais, talvez sem refletir como deveria. Lembrou-se com tristeza da inveja que sentira quando Elisa anunciara sua decisão, alegando não haver escolha para nenhuma das duas. Ainda assim, Sybil hesitara em fazer o mesmo. Respirou fundo e continuou: — Ultimamente, ela parecia inquieta e preocupada, e passou a cuidar mais da aparência. Por isso, concluí que... — Ergueu os olhos faiscantes para Robin. — Talvez não haja homem algum. Maud pode ter assassinado Elisa. Foi a vez de Robin soltar uma risada sem humor. — E onde estão os corpos de todas as outras rivais de Maud? Ora, Sybil, essa hipótese resolveria o pro blema bem ao seu gosto, mas não faz sentido. — Porque está tão inclinado em acreditar em Maud? Ele sorriu. — Está com ciúme, querida? — Não sou sua querida! O sorriso de Robin se dissipou. — Não sei o que você é, para mim! — ele resmungou. — Por enquanto, vamos supor que Elisa estivesse se encontrando com um homem. Á madre superiora afirmou que ela tinha contato com muitos, devido ao seu trabalho. Por quem ela poderia, eventualmente se interessar? Pelo almoxarife, com quem passava muito tempo? — De maneira alguma! Farnfold é um idiota gordo e feio! — E se Elisa não pensasse assim? — ele persistiu. — Mas pensava! Ela se queixava dele com uma frequência assustadora. — Que tipo de queixas? Ele tentou molestá-la? — Não. Elisa dizia que Farnfold era preguiçoso e incompetente. Pretendia conversar com a madre su periora, para substituílo, quando... — Sybil não terminou a frase, e ergueu os olhos arregalados para Robin. — Acha que ele descobriu que ela faria isso, e decidiu matá-la para impedi-la? — Não sei, mas creio que devo conversar com ele. — Acabo de ouvir o chamado para as preces vespertinas. Em seguida, será servido o jantar. Farnfold costuma comer no refeitório dos hóspedes, pois mora no convento. Robin sacudiu a cabeça. — Já é tarde. Acho melhor conversarmos com ele amanhã, bem cedo. Sybil franziu o cenho. — Não creio que ele se levante ao amanhecer, para as preces matinais — murmurou, tomada por uma forte urgência. Agora, que Robin chamara a sua atenção para o sujeito, ela não queria perder tempo. Sempre vira Farnfold como um grande bufão, mas as aparências poderiam ser enganosas. E um homem desesperado era capaz de cometer atos desesperados. — Mandarei chamá-lo logo após o desjejum — Robin determinou. Sybil assentiu em concordância, mas já fazia seus próprios planos. Não permitiria que Farnfold tivesse tempo para apagar as evidências de seu possível delito. — É melhor você se dirigir ao refeitório, ou perderá o jantar — sugeriu. — Quer que eu o acompanhe até lá, ou se lembra do caminho? — Irei sozinho. Ele foi até a porta, onde parou e virou-se para fitá-la. Durante um longo momento, pareceu tentar ler os pensamentos dela, forçando-a a desviar o olhar. — Até amanhã, então — ela disse. Robin limitou-se a assentir e, então, saiu. Tomada por um estranho pesar pela partida dele, Sybil quase o chamou de volta, mas manteve-se firme em seu propósito. Robin era perigoso, e quanto menos tempo passasse na companhia dele, melhor. Se suas suspeitas se comprovassem, o trabalho dele como magistrado se encerraria no dia seguinte, e ele partiria para sempre. Em vez de animá-la, a ideia teve o efeito oposto, e Sybil sentiu-se mais solitária do que nunca. CAPÍTULO V Embora não admitisse para Sybil, Robin também suspeitava seriamente do almoxarifado. Sendo o encarregado de todas as transações do convento que envolviam dinheiro, o homem poderia ter se sentido tentado a embolsar parte do que recebia! A ideia deixou-o apreensivo. Uma coisa era uma briga de amantes terminar de maneira trágica, mas matar para encobrir a

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

própria incompetência, ou corrupção, era muito diferente. Nesse caso, qualquer pes que suspeitasse do almoxarife corria risco de vida, inclusive Sybil. Robin foi subitamente tomado pela urgência de hospedar-se dentro da clausura ou, ao menos, mais perto dos aposentos das noviças. Um forte senso protetor despertou o desejo de correr até lá e arrasta-lá dali. Mas como? Para onde? Com um suspiro frustrado, Robin tentou raciocinar com clareza, mas seus instintos exigiam que protegesse Sybil. Se pudesse dormir na porta do quarto dela, ou ao lado de sua cama... ou com ela, na cama. Passou a mão nos cabelos, exasperado, apavorado pela possibilidade de que algo acontecesse a Sybil. Fi nalmente, concluiu que a melhor maneira de protegê-la seria descobrir mais sobre Farnfold. E, se ele estava jantando no refeitório, seu quarto estaria vazio. Não foi difícil descobrir qual era o quarto do almoxarife, e saber que ele costumava se demorar no refeitório, após o jantar, bebendo vinho ou cerveja. Assim que o sol começou a se pôr, Robin deixou o edifício e, contando as janelas, localizou o quarto e, com facilidade, entrou pela janela aberta. Foi uma questão de minutos até Robin encontrar provas dos delitos do sujeito. Além dos livros de contabilidade, dispostos sobre a mesa, descobriu um outro, menor, escondido entre roupas. Este continha os registros de vendas de gado e grãos que não constavam dos livros do convento. O que provava que Farnfold estava roubando as freiras. Robin não sentiu o menor prazer na descoberta, pois só havia um crime mais baixo e desprezível: assassinato. Naquele exato momento, ouviu passos aproximando-se da porta. Olhou para a janela, estava longe demais. Como o quarto contasse com pouca mobília, sua única opção foi esconder-se debaixo da cama. Se tivesse certeza de ser o almoxarife, Robin o teria enfrentado de adaga em punho. Seus instintos, porém, lançaram uma advertência, e ele logo descobriu por quê. A porta se abriu sorrateiramente, e os passos eram leves demais para um homem gordo e idiota, como Sybil descrevera Farnfold. Em seguida, o que Robin ouviu foi o farfalhar de uma saia. Uma freira no quarto do almoxarife? Seriam amantes? Em vez de se aproximar da cama, ela se encaminhou para a mesa, onde estavam os livros. Seria cúmplice de Farnfold nos roubos, ou talvez no assassinato de Elisa? Robin levou a mão à adaga, mas no mesmo instante, sentiu o perfume que assaltara seus sentidos antes. Então, soube com certeza quem entrara no quar to do almoxarife. Sybil não o vira, e estava tão perto que ele poderia alcançá-la. Estendendo o braço devagar, Robin agar rou-lhe o tornozelo. Felizmente, ela não gritou, mas tentou atingi-lo com o livro que tinha em mãos. Tra tava-se de um volume pesado, que teria causado sérios danos, se ele não rolasse para o lado, derrubando-a com o movimento. O livro caiu no chão com estrondo, e Sybil, por cima de Robin. Ela lutou com vigor, chegando a morder-lhe a mão, mas Robin era maior e mais forte, e conseguiu inverter as posições, dominando-a com o peso de seu corpo e fitando-a, furioso. — Você! — ela sibilou, ao reconhecê-lo. — Esperava encontrar outra pessoa? — O que está fazendo aqui? — Devo perguntar o mesmo, não acha? Que tolice é essa de esgueirar-se pela ala dos hóspedes, ao anoi tecer? Tem ideia do que poderia lhe acontecer? Ou será por isso que está aqui? — Robin inquiriu, embora estivesse certo de que as mesmas suspeitas que o haviam levado até lá eram as que perturbavam Sybil. Infelizmente, não conseguia raciocinar com clareza, pois estava zangado demais por ela ter ido até ali sozinha. Sua presença era diferente, pois era o magistrado, um homem forte, cavaleiro experiente, perfeitamente capaz de se defender. Sybil, por sua vez, era uma jovem bonita e desejável, supostamente inocente, que se colocara em perigo desnecessariamente. Robin queria puni-la, ensinar-lhe uma lição que ela jamais esqueceria. — Se estava procurando pelo meu quarto, enganou-se de porta — provocou, mas então, deu-se conta de que estava deitado sobre ela. Sentiu cada centímetro do corpo de Sybil, os seios pressionados contra seu peito, o triângulo macio na junção das coxas. Descobriu-se subitamente excitado, atordoado pelo desejo ardente. E, desta vez, não esta vam no refeitório das noviças, mas deitados no chão de um quarto escuro, e ele já nem se lembrava de que não deveria tocá-la. Respirando fundo, Robin fitou-a, descobrindo no semblante de Sybil o mesmo desejo incontrolável. Sem pensar, colou os lábios nos dela. E sentiu como que percorrido por uma forte descarga elétrica. Sobressaltado, ergueu-se por um breve instante, assimilando a surpresa. Então, voltou em busca de mais. Saboreou os lábios quentes e macios de Sybil, explorando-os lentamente. Quanto tentou aprofundar o beijo, sentiu-lhe a reação de surpresa, mas isso só o inflamou ainda mais, como se ela houvesse esperado por ele. Somente ele. — Beije-me, também — Robin sussurrou. Fosse por vontade própria, ou por indignação, Sybil entreabriu os lábios, e ele não precisou de maior mo tivação. Beijou-a com ardor e paixão, sentindo o coração acelerar, dizendo a si mesmo que jamais sentira nada sequer parecido. Libertou os braços que ainda mantinha presos junto ao chão, para segurar o rosto dela entre as mãos, inclinando-o levemente, a fim de beijá-la com intimidade ainda maior. Moveu o peito contra os seios fartos, pressionou os quadris de encontro aos dela, mas ainda assim a proximidade era insuficiente. Queria senti-la nua sob si, o corpo serpenteando de prazer... somente para ele. Sybil não resistia, mas também não retribuía o seu ardor. Robin gemeu, frustrado, pois queria que ela se entregasse por inteiro. Ao sentir as mãos dela se er guerem, os dedos enroscarem-se em seus cabelos, emitiu um suspiro satisfeito. Então, Sybil puxou-lhe os cabelos com força.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Mais uma vez, Robin ergueu-se, sobressaltado. Desta vez, deparou-se com a expressão de desejo mesclado de pânico, no rosto de Sybil. — Robin! Pare! — ela sussurrou. — Precisamos parar. Ele sacudiu a cabeça em uma negativa instintiva e, ao mesmo tempo, em uma tentativa de clarear os pensamentos. Nunca perdera o controle àquele ponto, e demorou alguns instantes para reconhecer a verdade das palavras dela. Estavam no quarto de um homem que poderia chegar a qualquer momento, e que talvez já houvesse matado alguém. Além disso, Robin estava deitado sobre uma noviça. — Desculpe-me. Tem razão. Não sei o que deu em mim para perder o controle desse jeito. Beijou-lhe a mão pela última vez e, então, rolou para o lado, deitando-se de costas e cobrindo o rosto com um braço. Tentava recuperar o fôlego e a clareza de raciocínio, quando ouviu, mais uma vez, passos que se aproximavam. Levantou-se de um pulo, puxando Sybil consigo. — O livro! — sussurrou, ao mesmo tempo em que apanhava o volume revelador e corria para a janela. Então, atirou o livro para fora, saltou para o pátio e estendeu os braços. Por um instante, temeu que Sybil não conseguisse pular, mas em questão de segundos, deleitava-se com o peso do corpo curvilíneo em seus braços. Colocou-a no chão lentamente, de maneira que o corpo dela deslizasse pelo seu, o que voltou a excitá-lo prontamente. Ouviu-a emitir um som. Seria um suspiro? Ou, simplesmente, choque? Sem tempo para descobrir, Robin apanhou o livro do chão e, puxando Sybil pela mão, correu até o abrigo das árvores, onde poderiam conversar. Como sempre, uma discussão se iniciou. — Como se atreve? — Sybil inquiriu, indignada. Ora, Robin pensou, exaltado, embora não houvesse se atirado nos braços dele, não era possível que ela não houvesse sentido a magia que os envolvera. — Como você se atreve a entrar no quarto dele, sozinha? — Robin retrucou. — Teve sorte por ele não ter voltado e feito de você sua próxima vítima. Nada teria acontecido entre eles, se Sybil houvesse ficado onde deveria. Portanto, ele não aceitaria acusações. Sybil, porém, parecia tão furiosa quanto ele, a respiração ofegante, a touca fora de lugar. Robin foi instantaneamente invadido pelo desejo de recomeçar de onde haviam parado, mas conseguiu se conter. — Poderia explicar o que estava fazendo lá? — inquiriu. — Sabe muito bem o que fui fazer — ela respondeu, empinando o queixo. — E o que eu faço não é da sua conta. — É da minha conta, sim, uma vez que a madre superiora me encarregou de cuidar de você! — Ela disse que deveria trabalhar comigo, não cuidar de mim. — Com um assassino à solta, o que mais eu poderia fazer? — Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma — Sybil persistiu. — De qualquer maneira, seu trabalho aqui parece ter chegado ao fim. Estou certa? Farnfold matou Elisa? — É o que parece — Robin admitiu, mostrando o livro. — Encontrei registros separados de transações particulares. Ele está roubando o convento e, como tesoureira, Elisa deve ter descoberto. Ou, talvez, os dois trabalhassem juntos e se desentenderam. Ela poderia estar se comportando de maneira estranha por estar recebendo dinheiro em troca de seu silêncio. E, ainda, há a possibilidade de um relacionamento mais íntimo entre os dois. Antes que Robin adivinhasse as intenções dela, Sybil cerrou um punho e golpeou-lhe o braço, com força. — Elisa jamais faria isso! — Não pode ter certeza. — Posso, pois Famfold é um homem gordo, feio, sempre coberto de suor! Robin riu. Afinal, uma freira disposta a ter um relacionamento clandestino não teria muitos candidatos para escolher. —Algumas mulheres ignoram essas coisas, em troca de ouro. Sybil voltou a esmurrá-lo, deixando-o ainda mais perplexo. — Não diga isso! — ela ordenou. — Elisa era uma boa mulher, e se soubesse que o almoxarife estava roubando o convento, ela o denunciaria. Foi por isso que ele a matou! — Bem, é melhor conversarmos com a madre superiora — Robin declarou. — Quando ele der pela falta de seu livro, poderá fugir, ou fazer coisa pior. Vou acompanhá-la até lá. Sybil assentiu e virou-se. Robin a seguiu, tentando ignorar-lhe o leve ondular dos quadris. Ocorreu-lhe que, se os irmãos haviam sentido o mesmo que ele, era fácil compreender como haviam sido atraídos para o casamento. Mesmo enquanto pensava nisso, o sangue fervia em suas veias. Robin nunca fora escravo de seus próprios desejos, mas Sybil poderia mudar isso em um piscar de olhos. Enquanto Sybil cuidava de chamar a madre superiora, Robin ficou no salão, tentando pensar em uma maneira de obter informações sobre Vala, antes de partir. Não tivera oportunidade de tentar, pois Sybil estivera o tempo todo ao seu lado e, se soubesse de sua verdadeira missão, não o deixaria em paz pelo resto da vida. Bem, ele não ficaria junto dela por tanto tempo, pensou. Infelizmente, tal ideia provocou-lhe um sentimento desagradável. Quando já sentia uma estranha necessidade de procurar por Sybil, ela voltou, informando-o de que a madre os receberia em seus próprios aposentos, assim que estivesse pronta. — Vou buscar o almoxarife — Robin anunciou, já se virando na direção da ala de hóspedes. Entrou no quarto de Farnfold sem bater, quando o homem se preparava para dormir. — O que significa isso? — o almoxarife inquiriu, de olhos arregalados.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

De fato, era gordo, coberto de suor e seu semblante não indicava uma grande inteligência. —A madre superiora deseja vê-lo—Robin informou-o. — A esta hora? Duvido. E quem é o senhor? — Sou Robin de Burgh, lorde de Baddersly e magistrado, em nome de meu irmão. A reverenda madre me encarregou de encontrar o assassino que cometeu um crime tão hediondo, dentro do convento. Farnfold empalideceu. — Meu bom homem — murmurou — nada sei sobre a morte da freira. Como poderia? E como posso saber se é mesmo quem alega ser, e não um bandido que está aqui para me roubar? — Não pode — Robin respondeu com um sorriso. — Não irei a lugar nenhum na sua companhia. Retire-se! — Ah, mas não irei a lugar nenhum sem você — Robin retrucou, desembainhando a adaga. — Eu sabia! É mesmo um bandido! Tem coragem de apontar a arma para um homem indefeso? — o almoxarife ergueu os braços, mostrando que estava desarmado. — Só quando acho que ele é um assassino — Robin declarou, empurrando-o na direção do salão do convento, Famfold protestou o tempo todo, duvidando de que a madre queria vê-lo àquela hora. Porém, quando se viu diante da reverenda, curvou-se com humildade. — Reverenda madre, estou chocado por ter sido arrastado de meu quarto até aqui por esse sujeito e... — calou-se diante da expressão severa da madre. — Obrigada, lorde de Burgh — ela disse, ignorando o almoxarife e apanhando o livro delator. Os olhos de Farnfold voltaram a se arregalar. — Reverenda madre, não sei o que esse homem lhe disse, mas não pode acreditar em um estranho e... A madre fitou-o nos olhos. — Ao que parece, mestre Farnfold, o senhor abusou da nossa confiança, roubando nosso dinheiro e... — Não sei do que está falando! — Nega ser o proprietário deste livro? Famfold gaguejou, mas não respondeu. — Estas páginas contêm anotações escritas pelo senhor — ela esclareceu. — Sim, é meu, mas não significa nada! São apenas anotações de transações que não se completaram. Com olhar triste, a madre superiora virou-se para Robin. — O bispo nos aconselhou a apresentar as contas do convento diante de toda a ordem, uma ou duas vezes por ano, mas eu não queria lançar dúvidas sobre o trabalho de Elisa, considerando que ela era tão jovem e tão dedicada ao seu trabalho. E o próprio mestre Farnfold sugeriu que poupássemos a despesa com um auditor e confiássemos a ele a tarefa de manter as contas em ordem. — Ela suspirou. — Agora, vejo que errei e aceito parte da culpa por um erro de julgamento, que custou a vida de Elisa. Farnfold empalideceu e começou a tremer. Em seguida, caiu de joelhos, chorando como uma criança e implorando o perdão da madre. — Admito minha fraqueza e ganância, mas nunca fiz mal a ninguém, especialmente a uma freira! A se nhora me conhece, reverenda madre. Meu único crime foi desviar dinheiro, que devolverei imediatamente. Não pode me acusar de assassinato. O homem parecia tão abalado, que Robin sentiu uma pontada de dúvida. A madre, também parecendo incerta, olhou para Robin, que não poderia assegurá-la. A verdade era que não tinham qualquer evidência, além do roubo, que provasse a culpa de Farnfold em um crime mais grave. — Vamos trancá-lo aqui, esta noite — ele sugeriu. — Amanhã, pedirei que o levem para o calabouço de Baddersly, onde ficará, até que se faça um julgamento. Com a ajuda dos criados, levou o almoxarife, ainda chorando, para fora da sala. Sentiu-se incomodado pela dúvida com relação às suas próprias suspeitas. Se Farnfold não matara Elisa, quem matara? CAPITULO VI Sybil sentia-se incerta. Estava deitada, os olhos fixos no teto, a mente girando em círculos. Sabia que logo teria de se levantar para as preces matinais e que a madre superiora a dispensaria da obrigação, mas não queria acrescentar mais uma culpa àquelas que já sentia, inclusive sobre suas suspeitas do almoxarife. Tudo acontecera depressa demais: a descoberta da morte de Elisa, os interrogatórios, a súbita suspeita sobre Farnfold, o livro comprometedor. A confissão do almoxarife solucionara o mistério, mas algo parecia estar errado. Não fora somente o choro de Farnfold, que parecera muito convincente, o que a perturbara. Uma vez em sua cama, Sybil tivera tempo para refletir sobre tudo o que acontecera. Quanto mais pensava, maiores suas dúvidas se tornavam. Na pressa de capturar Farnfold, haviam ignorado vários detalhes, como o local do assassinato. Por que o jardim? Evidentemente, Farnfold evitaria; cometer o crime em seu quarto, ou em qualquer aposento do convento, mas por que faria isso lá fora, no meio da noite? Talvez quisesse fazer parecer que Elisa havia saído para se encontrar com o amante, mas Sybil duvidava que o almoxarife fosse tão inteligente. Seus roubos haviam sido estúpidos, os registros das transações facilmente encontrados. E, mesmo que ele fosse capaz de arquitetar tal plano, por que Elisa concordaria em encontrá-lo no jardim, àquela hora? Não fazia sentido. Elisa se queixara de Farnfold com frequência e, se suspeitasse de sua corrupção, jamais o acobertaria. Tal certeza levava Sybil de volta à mesma pergunta: seria o almoxarife realmente responsável pela morte de Elisa? Seria impossível

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

descartar a certeza que ela mesma tinha de que a amiga estava se encontrando com alguém, mas quem? Por quê? Teria uma briga de amantes terminado de maneira tão trágica? Sybil tinha de admitir que sabia pouco sobre essas coisas, e menos ainda sobre as paixões que levavam uma pessoa a matar outra. No entanto, estava aprendendo. Sybil estremeceu ao se lembrar do que acontecera no quarto de Farnfold. Na verdade, um dos motivos pelo qual estava se concentrando tanto na questão da culpa ou inocência do almoxarife era a intenção de não pensar em Robin. Infelizmente, a lembrança não a deixava em paz. Robin a beijara. Virou-se e afundou o rosto no travesseiro. Nunca fora tocada por um homem, antes, mas algo lhe dizia que Robin seria capaz de fazer muito mais. E, mesmo em sua total inocência, Sybil sabia que não fora um mero beijo o que acontecera entre eles. No início, em vez de tentar impedi-lo, permanecera imóvel, deixando que ele fizesse o que queria. Por mais que tentasse justificar seu comportamento como sendo resultado de sua natureza curiosa e rebelde, só ela sabia o esforço que tivera de fazer para não passar os braços em torno daqueles ombros largos e apertá-lo contra si. Felizmente, Robin não sabia, e jamais viria a saber! Dentro de poucas horas, ele levaria Famfold dali, e ela nunca mais voltaria a vê-lo. Lutando contra o sentimento desconhecido e doloroso, Sybil forçou-se a pensar, mais uma vez, nas dúvidas que a atormentavam. Só estava certa de uma coisa: não sabia se Famfold era mesmo culpado. Robin andava de um lado para outro, na mesma sala onde confrontara Parnfold, na noite anterior. As dúvidas sobre a culpa do almoxarife o haviam atormentado durante a noite, e ele se levantara cedo, para conversar com a madre superiora. Quando a porta se abriu, ele se virou, ansioso, mas foi tomado pela decepção ao encarar a madre. Se estivera esperando por ela, por que a decepção? Ela o cumprimentou e convidou-o a sentar-se. — Lorde de Burgh, imagino que tenha pedido este encontro para se despedir — declarou. Robin abriu a boca para falar, mas ao ver o brilho nos olhos dela, emudeceu. Algo lhe dizia que a madre sabia não ser esse o motivo de sua visita. Apesar de ter confiado no homem errado para cuidar das contas do convento, a madre não era tola. Ao contrário, possuía autoridade nata e um olhar que parecia ver tudo. — Com sua permissão, reverenda madre, eu gostaria de ficar aqui — Robin falou por fim. — Não estou habituado a desempenhar o papel de magistrado, e não gostaria de ter o sangue de um inocente em minhas mãos. É eerto que o seu almoxarife é um ladrão, mas seria, também, um assassino? Devo admitir que tenho algumas dúvidas. A madre não demonstrou surpresa, o que provocou imenso alívio em Robin, pois ele queria ter certeza do que estava fazendo, antes de condenar um homem à morte. — Deve saber, milorde, que Sybil expressou a mesma opinião, há pouco — a madre informou. Sobressaltado, Robin estudou-a com expressão de alarme, perguntando-se se Sybil teria contado o que acontecera no quarto de Farnfold. Imediatamente, enfiou o dedo no colarinho subitamente apertado. Não se casaria com ela. Não poderiam forçá-lo. — Ela também acha que mestre Farnfold, embora culpado de roubo, pode não ser o responsável pela mor te de Elisa — a madre explicou. Robin demorou alguns instantes para assimilar as palavras, pois continuava imerso nas lembranças do que acontecera, o que não poderia se repetir, caso ficasse no convento por mais tempo. — Ah, sim... Sybil — murmurou. — O fato de trabalharmos juntos... — Provou ser muito eficaz, não? — a madre o interrompeu. — E, como ambos pensam o mesmo sobre a questão, quero que continuem a trabalhar juntos, para resolver esse crime hediondo. Robin franziu o cenho. Era evidente que Sybil não mencionara o incidente no quarto de Farnfold. Embora não pretendesse mencioná-lo, Robin sabia que seria melhor afastar-se dela, para não correr o risco de ceder à tentação novamente. — Reverenda madre, sendo essa jovem uma noviça, não creio que seja certo ela passar tanto tempo na companhia de um forasteiro... um homem... — balbuciou, como se estivesse se desculpando pelo seu sexo. A madre ergueu as sobrancelhas. — Pensei que os de Burgh fossem famosos por seu senso de honra. Está dizendo que não devo confiar no senhor? Ele corou. — De maneira alguma. Simplesmente, eu... — Bom. Acho que Sybil, sendo a melhor amiga de Elisa e o membro mais inteligente de nossa ordem, poderá lhe prestar uma assistência inestimável. — A madre respirou fundo e acrescentou: — Devo confessar que fiquei profundamente desapontada ao saber da traição de nosso almoxarife, mas assim como vocês, estou enfrentando dificuldades em acreditar que ele tenha matado Elisa. Robin assentiu, voltando a se concentrar no crime. Seus instintos insistiam em que Farnfold não era um assassino, mas não fazia ideia de quem poderia ser. Talvez a madre, tendo pensado melhor no assunto, tivesse alguma ideia. — Sei que já fiz essa pergunta, mas havia mais alguém que poderia desejar o mal de sua tesoureira? — A madre sacudiu a cabeça. — Acha que ela poderia estar se encontrando com alguém? Não quero manchar o bom nome de Elisa, mas preciso saber. Pronto! Finalmente, dissera o que pensava! E teve de lutar contra a sensação de estar traindo Sybil. — Não que eu saiba — a madre respondeu com tristeza —, mas tenho muitas ovelhas em meu rebanho, além de muitos afazeres na administração do convento. Admito que, às vezes, não dou a atenção que cada uma precisaria receber. Se havia um homem, Sybil deve saber.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Irritado com mais uma referência a Sybil, Robin pediu: — Conte-me mais sobre Elisa. Como ela veio para cá? Quando chegou? — Elisa veio ainda criança, e foi aceita na escola, mas só vim para cá há menos de cinco anos, quando madre Magdalen morreu. Portanto, não posso afirmar o que aconteceu antes. Robin tentou esconder a decepção. Acreditara que a madre estava ali há muito tempo, e esperava obter informações sobre Vala. — Se Elisa tinha dezessete anos, devia estar aqui há uns dez — sugeriu. — Creio que chegou antes disso, mas não tenho certeza. — Há alguém no convento que possa saber? — Talvez Goodeth se lembre, embora pouco saia de seus aposentos, atualmente. Quem cuida dos registros é Catherine, que pode encontrar a data exata. Robin assentiu, planejando estudar os registros, à procura do nome de Vala. Mesmo assim, perguntou: — Conheceu uma freira chamada Vala? — Não que eu me lembre, mas como já disse, estou aqui há pouco tempo. — Ela deve ter trazido uma criança consigo. — Ora, isso seria bastante incomum — a madre admitiu. — Embora aceitemos meninas em nossa escola, garanto que nenhuma delas é filha de nossas freiras. — Talvez ela tenha, apenas, se hospedado aqui. — Duvido, pois também não aceitamos famílias. As mulheres que ocupam a ala dos hóspedes são, geralmente, viúvas. Felizmente, a madre não perguntou sobre Vala, aparentemente concluindo que o interrogatório de Robin referia-se ao crime. Na verdade, ele se sentia tentado a esquecer o assunto, pois tendo encontrado a sua predestinada, não havia sentido em continuar procurando alguém para retirar a maldição. Afinal, estava decidido a não sucumbir a ela. — Agora, se me der licença, tenho muitas providências a tomar para o funeral — disse a madre. — Vou deixá-lo nas mãos de Sybil. Robin quase gemeu de agonia, mas Sybil não esperava por ele no corredor, e ele não pôde evitar uma pontada de decepção, seguida por uma onda de alívio. Quanto mais tempo passasse longe dela, melhor. Sa tisfeito, pediu a uma criada que o levasse aos aposentos de Goodeth. No momento em que entrou no quarto, Robin reconheceu-a como sendo a freira surda, interrogada na véspera. Apesar da surdez e da velhice, ela o cumprimentou com entusiasmo e dispensou a criada. — O que o traz aqui, meu rapaz? — Como ele hesitasse diante do escrutínio interessado da velhinha, ela riu. — O que foi? Posso até ouvir menos do que deveria, mas enxergo muito bem e você é uma visão adorável! Robin não sabia o que dizer. — Bem, sendo um dos garotos de Campion, calculo que saiba disso. E garanto que é atraente demais, para o próprio sossego. Sou obediente aos meus votos, mas sei reconhecer um homem bonito quando o vejo. Creio que está desperdiçando o charme dos de Burgh, aqui. Ou não? — Os olhos dela brilharam. — Onde está a sua noviça? Robin sentiu o rubor tomar conta de suas faces. — Eu... não sei onde está Sybil — respondeu. — Bem, como ela não está aqui, você deveria procurá-la, ou ela pode fugir — Goodeth advertiu com outra risada. Ao que parecia, todos ali tentavam atirá-lo para uma noviça! Que tipo de convento era aquele, afinal? — Estou aqui por causa do assassinato — Robin disse. — Lembra-se de quando Elisa veio para o convento? — Sim. Ela veio com Vala. — Vala? — ele repetiu, incrédulo. — Na verdade, sempre achei que ela era filha de Vala — Goodeth declarou, sem escolher palavras. Felizmente, deixou-se absorver pelas lembranças, e não percebeu a reação de Robin, que empalideceu e encontrou dificuldade para respirar. — Elisa ainda era bebé — a freira continuou —, e embora a ordem não costume aceitar crianças, havia a outra menina, também. Ela se parece mais com Vala, mas as duas cresceram juntas, e sempre foram muito unidas. — Quando elas chegaram? — Robin perguntou em tom urgente. — Há quase dezessete anos. Teria de perguntar a Sybil... Cansado das referências a Sybil, Robin interrompeu-a: — O que aconteceu a Vala? — Ela morreu há muitos anos. Sempre foi melancólica, doente, perdida em seu próprio mundo, e nunca se adaptou à vida religiosa. Isso acontece com muitas. Vala estava morta. Ao mesmo tempo em que se sentiu um idiota pela busca inútil, foi tomado pelo pesar da perda de mãe e filha. As duas haviam fugido de sua herança, buscando refúgio em um convento, apenas para acabarem vítimas da crueldade do destino. Respirou fundo, tentando livrar-se do sentimento desolado. Era tolice, uma vez que não conhecera nenhuma das duas. Mesmo assim, continuou a sentir a perda. — Bem, obrigado — murmurou. — Sua ajuda foi valiosa. — Já vai? Bem, então, trate de encontrar a sua noviça, antes que ela se meta em encrencas. Afinal, tivemos um assassinato, aqui.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Eu sei — Robin replicou, sentindo-se subitamente apreensivo. Talvez Goodeth tivesse razão, e ele devesse procurar Sybil imediatamente. Não havia jurado para si mesmo que a protegeria? No entanto, passara a evitá-la por motivos egoístas. Despedindo-se da velha freira, Robin saiu para o corredor, sobressaltando-se ao deparar com Maud. Era uma grande coincidência ela estar sempre passando justamente pelos corredores cujas portas abafavam seus interrogatórios. — Maud! Eu estava mesmo à sua procura — disse com um sorriso simpático. — Estive conversando com Goodeth. Sem dar qualquer demonstração de surpresa, ou do contrário, ela franziu o nariz. — É de admirar que tenha conseguido conversar com Goodeth, uma vez que ela parece não estar mais raciocinando bem. E pensei que já houvesse partido, uma vez que mestre Farnfold confessou seu crime. — Ele confessou o roubo, não o assassinato — Robin corrigiu. — Estou apenas resolvendo alguns assuntos pendentes. — Bem, espero que saiba que sua presença aqui perturba o clima religioso do convento! — Eu sinto muito. — Se eu tivesse autoridade para isso, levaria o problema ao bispo — Maud afirmou. Onde o crime seria, provavelmente, abafado. — Sei que não se sentiu à vontade para falar livremente, ontem — Robin disse. — Por isso, achei que poderíamos ter uma conversa em particular. Maud não conseguiu disfarçar o seu triunfo. —Bem, não posso negar que condeno o envolvimento de uma noviça nesse tipo de assunto. Na verdade, acho que elas acabam se desviando do seu caminho, justamente por terem contato excessivo com o mundo lá fora. Robin tentou não se lembrar do excesso de contato que tivera com Sybil. — Quanto a Elisa, por que acha que ela tinha um relacionamento ilícito? — perguntou. — Sou freira, não cega, milorde. Já vi quase tudo, ao longo de todos esses anos, e conheço os sinais. Ela começou a cuidar mais da aparência, usando pequenos adornos, o que é proibido. E mal cobria a testa. Faltava às preces e passava muitas horas fora do convento, sob o pretexto de cumprir as tarefas exigidas pelo cargo de tesoureira. — A expressão de Maud tornou-sè ainda mais severa. — A madre superiora é liberal demais, e a garota conseguiu conquistar os favores da reve renda, embora agora esteja claro que sua habilidade com a contabilidade não era tão boa quanto se pensava. — E aonde ia Elisa, quando se ausentava do convento? — Robin inquiriu com certa urgência, pois queira acabar logo a conversa para encontrar Sybil. — Ao pomar — Maud respondeu sem hesitar —, e voltava com a roupa suja de lama. E o resultado de aceitar órfãs, de antecedentes desconhecidos. As duas agem como o tipo mais baixo de mulher! Vai encontrar o amante de Elisa nos campos, ou entre as árvores. Robin sustentou-lhe o olhar maligno por um longo momento, convencido de que ela sabia mais. — Diga-me o nome dele — ordenou. Após um instante de hesitação, ela falou: — Tobias. Foi o que ouvi. Um mero camponês, que não possui nada além de um catre. E tudo o que sei. Seria mesmo? Robin tinha suas dúvidas, pois o ódio que Maud emanava poderia ser suficiente para levá-la a um assassinato. — Receio que isso não vá refletir bem para a madre superiora — ela acrescentou, embora não demonstras se nenhum pesar a respeito. Robin refletiu sobre as invejas e ambições da mulher amarga. Aparentemente, Sybil estava certa. Maud perdera a posição que almejava para uma desconhecida. Estaria tentando minar a administração da madre superiora? Ou pretendia ficar com o lugar dela. A inveja que sentia de Elisa teria sido suficiente para fazê-la matar a mais jovem? Seria o tal de Tobias apenas uma invenção, para afastá-lo do curso das investigações? Não agradava Robin sequer imaginar que uma freira fosse capaz de assassinato, mas já se dera conta de que o convento não era o que ele havia imaginado. Em vez de um lugar santo que abrigava almas puras, continha todo tipo de pessoas, inclusive aquelas sedentas de poder. Talvez devesse perguntar mais sobre Maud a Sybil, mas a ideia deixou-o apreensivo. Mais uma vez, per guntou-se onde estaria a noviça. Já sabia que Maud não gostava de Sybil, e se a noviça se aproximasse demais de uma verdade comprometedora... — Agradeço sua ajuda — disse. — Aprecio sua maneira direta de falar e, por isso, farei o mesmo. Não descansarei enquanto o assassino não for apanhado. E quero que todos saibam que será muito mais difícil me atingir, do que foi atacar aquela pobre freira. E saibam todos, também, que a noviça Sybil e todos os demais residentes deste convento estão sob a minha proteção. Se algo acontecer a alguém, a ira dos de Burgh será desafiada. Embora eu acredite em você, quando diz que já viu muitas coisas, garanto que não viu nada sequer parecido, em toda a sua vida. E tenho certeza de que não deseja ver. Aparentemente, sua tática funcionou, pois pela primeira vez, Maud mostrou-se abalada. Satisfeito por ter sido claro em sua ameaça, Robin virou-se e saiu. Embora não acreditasse que ela ousasse algo contra ele, queria que se espalhasse a notícia de que ele não toleraria mais violência, especialmente contra Sybil. Tal pensamento trouxe de volta a preocupação com o paradeiro dela. Tinha de se certificar de que ela estava segura. Imediatamente! CAPITULO VII

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Quando soube que Sybil fora vista dirigindo-se aos campos, Robin ficou mal-humorado e com medo, um sentimento que jamais tivera antes, e do qual se ressentia. O mais despreocupado dos de Burgh havia se tornado um homem apreensivo, irritado e aflito. Tudo por culpa dela. E não se sentiu melhor ao vê-la conversando com um pequeno grupo de camponeses. Apesar de aliviado por vê-la sã e salva, queria esganá-la por se aproximar de estranhos, sabendo que havia um criminoso à solta. Quando se encaminhava para ela, Robin viu a brisa agitar uma mecha de cabelos que se desprendera da touca. Imediatamente, lembrou-se da sensação de tocar aqueles cabelos ruivos e toda a sua ira transfonnou-se no desejo de arrancar a touca que a identificava como noviça e apreciar-lhe os cabelos. Então, despiria Sybil das roupas simples e apreciaria seu corpo. Robin estremeceu e diminuiu o passo, tentando recuperar o controle. Respirou fundo várias vezes, concentrando-se em afastar o desejo. Não era um primitivo como Dunstan, que havia atirado a esposa sobre o om bro, embora fosse exatamente isso o que quisesse fazer, no momento. Deu-se conta de que, provavelmente, era assim que tudo começava: o desejo impossível de controlar ou saciar. E terminava em casamento. Disse a si mesmo que era mais forte que os irmãos, e que não se renderia às exigências de seu corpo. Nem daria a ela o seu nome. Daria, porém, um bom sermão. Retomou a caminhada na direção de Sybil, que não notou sua presença. Os homens com quem ela conver sava o viram e se mostraram intimidados. Estariam desconfiados da aproximação de um estranho? Ou desistiam de importunar uma noviça? Embora não esperasse a gratidão de Sybil pela interrupção, Robin não esperava a reação irada que ela demonstrou. — O que está fazendo aqui? — Sybil inquiriu. — Creio que posso perguntar o mesmo, assistente. Pensei que deveríamos trabalhar juntos. — Não fui eu quem solicitou uma audiência particular com a madre superiora! — Isso não é desculpa para você andar por aí, sozinha, exposta a um milhão de perigos! Só quando viu as expressões assustadas dos camponeses, Robin deu-se conta de que estava gritando com uma mulher. Mais uma coisa que acontecia pela primeira vez em sua vida. Infelizmente, em vez de se acovardar, Sybil riu, e o som hipnotizou Robin. — Não acha que está fazendo tempestade em um copo de água? — Sybil indagou, trazendo-o de Volta à realidade. — Passei minha vida inteira aqui, e sempre andei sozinha, antes de você chegar. Não vou ficar trancada em meu quarto, só porque não tenho um cavaleiro grande e forte para me acompanhar. O desdém na voz dela deixou-o cego de raiva. — Está rindo? — inquiriu por entre os dentes. — Acha que sua amiga, Elisa, também achou graça? Con fiaria sua vida a esses homens? Quando Robin virou-se para os camponeses, eles se espalharam, retornando ao trabalho. Em vez dei se mostrar intimidada, Sybil lançou-lhe um olhar de reprovação. — Veja o que você fez! Eles são pessoas simples, que cultivam os campos do convento há anos, assim! como fizeram os pais deles. Não são o que eu chamariai de gente perigosa. Eu estava tentando obter informações, mas agora, nunca mais confiarão em mim! Ela sabia! — Você sabia — Robin murmurou, desolado. — Você sabia, mas deixou que eu acusasse o almoxarife! Robin já não gritava, e o tom baixo e falsamente calmo assustou Sybil. — Do que está falando? — Todas as vezes que tentei descobrir se Elisa tinha um amante, você protestou, mas está aqui, tentando encontrá-lo! — Tomado de uma nova e dolorosa suspeita, segurou-a pelos ombros com força. — É amante dele, também? Veio tentar avisá-lo? — Não! — ela negou. — Robin, não! Como acontecera na noite anterior, as palavras simples devolveram a Robin o bom senso. Soltando-a, ele se afastou, passando as mãos pelos cabelos. Aquele comportamento não era do seu feitio. O que estavs acontecendo, afinal? — Eu não teria ido ao quarto de Farnfold, se não acreditasse que ele fosse culpado — Sybil murmurou — E estava ansiosa para que assim fosse, para podermos pôr fim ao mistério da morte de Elisa. Mais tarde, pensei muito e comecei a ter dúvidas. Conversei com a madre, esta manhã, e teria conversado com você, também, mas não fui convidada para seu encontro com ela. Por alguma razão, Robin sentiu-se culpado, embora fosse ele o magistrado. Sacudiu a cabeça, tentando raciocinar. — Admito que não queria acreditar que Elisa estava fazendo algo que pudesse ser considerado errado — Sybil continuou. — Sinto muito se minha atitude atrapalhou nossa investigação, mas hoje, pela manhã, eu... examinei os pertences dela e encontrei um botão de flor de cerejeira, quase fresco e cuidadosamente preservado entre as páginas da bíblia de Elisa. — Um presente de amantes? — Robin indagou. — Não sei, mas como o pomar fica praticamente ao lado do jardim... Eu estava perguntando aos campo neses se viram alguém com ela, mas você chegou e os assustou! — Deveria perguntar quem cuida das árvores do pomar — ele disse. — Já sei com quem Elisa estava se encontrando. Tratase de um camponês, chamado Tobias. Sybil arregalou os olhos. — Quando descobriu isso? — Há pouco, antes de sair à sua procura. Agora, estamos seguindo pistas sobre uma outra pessoa. Embora a ideia de formarem um par, mesmo que para investigar o assassinato, não agradasse Robin, ele estava convencido de que o único lugar seguro para Sybil era ao seu lado. Mal formulara tal pensamento, viu que ela olhava para o pomar. Ao fazer

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

o mesmo, avistou o homem solitário que revirava a terra. Com a mão no cabo da espada, fez um gesto para que ela o acompanhasse até lá. — Sei quem é Tobias — Sybil anunciou. — Parece um homem sossegado e tímido, não um assassino. — No calor da paixão, tudo pode acontecer — Robin comentou e, dando-se conta da exatidão de suas palavras, corou. — Saberemos mais sobre ele, quando o encontrarmos. Mas não era Tobias quem cuidava do pomar. O homem revirando a terra era muito velho, dificilmente; um tipo capaz de atrair uma noviça para um relacionamento clandestino. Ainda assim, pararam diante e esperaram que terminasse de revirar a terra. — Estamos procurando por Tobias — Sybil declarou, — Ele não está aqui. — Sabe onde podemos encontrá-lo? — perguntou Robin. — Não. — Quando o viu pela última vez? O homem refletiu por um instante e, então, respondeu: — Há dois dias. Robin e Sybil trocaram olhares, pensando a mesma coisa: um dia antes do assassinato. — Onde ele mora? — Robin persistiu. O velho camponês explicou a localização da pequei choupana, e os dois seguiram para lá. Sem tirar a mão do cabo da espada, Robin tomou a dianteira, ao entrar na construção rústica, na esperança de encon trar Tobias escondido ali. Não encontraram nada, exceto a choupana vazia, parecendo abandonada. — Acha que algo pode ter acontecido a ele, também? — Sybil perguntou, apreensiva. — Não. Acredito que ele tenha fugido — Robin declarou, saindo da choupana e tomando uma súbita de cisão. — Vamos até a vila. Estou com sede e tomar cerveja. Sybil fitou-o, incrédula. — Vai beber, agora? — inquiriu, horrorizada. Robin sorriu. — Sim, e você vai beber comigo. Como era de se esperar, ela discutiu durante o trajeto, lembrando-o de tudo o que deveriam fazer, em vez de beber. Robin não pôde deixar de notar que, em momento algum, Sybil se recusou a acompanhá-lo, e foi tomado de profunda satisfação. Quisesse ela, ou não, ele a protegeria... ao menos até que seu trabalho ali chegasse ao fim. Sybil sabia que Robin tinha algum outro motivo para ir à vila, uma razão que decidira guardar para si. Embora ficasse furiosa com isso, ficou ao lado dele, decidida a não se afastar, até descobrir o que ele pretendia. Acreditara ser esperta ao tentar descobrir mais sobre o que acontecera com Elisa, mas o arrogante e irritante cavaleiro saíra-se muito melhor na busca por informação. A idéia a enfurecia, e Sybil não pretendia deixar que ele descobrisse mais nada sozinho. Por isso, caminhou ao lado dele, abandonando os protestos e apreciando o clima agradável da primavera. Logo sentiu-se relaxada e feliz por estar caminhando longe do convento. Raramente saía de lá e, por isso, valorizava tais oportunidades. Sentiuse livre e, embora soubesse dos perigos de tal sensação, deixou-se desfrutar do prazer simples. De repente, teve vontade de erguer os braços e girar em torno de si mesma. Ah, como seria bom poder ir e vir, sem obrigações que a prendessem ao convento, ou o dever de se comportar de maneira circunspecta, quando saía de lá. Então, deu-se conta de que ainda representava o convento, mas continuou a sentir certa dose de liberdade, pois não tinha o que temer. Sem a menor sombra de dúvida, o cavaleiro ao seu lado seria capaz de enfrentar qualquer ameaça. Lançou um olhar para a adaga e a espada que ele levava, mas teve a certeza de que a confiança e a força que ele emanava intimidavam muito mais que as armas. Robin não só faria um bandido pensar duas vezes, como também faria uma mulher olhar duas vezes. O pensamento fez seu coração saltar no peito. E Sybil lançou vários olhares discretos, apreciando cada traço, dos cabelos escuros aos lábios generosos. Ao pousar os olhos no pescoço de Robin, lembrou-se da sensação de tocá-lo. Porém, estava decidida a não pensar nisso. Até então, conseguira evitar tais lembranças, concentrando-se no assassino de Elisa. A descoberta de que ele fora sozinho visitar a madre superiora ajudara bastante, pois a raiva e o sentimento de traição haviam banido pensamentos indesejados. Até o momento em que ele aparecera, mais poderoso do que nunca, apavorando os camponeses e atordoando-a com sua beleza viril. Mesmo então, ela havia se agarrado à sua indignação especialmente depois de Robin ter gritado com ela. Agora, porém, sentindo os perfumes da primavera e o calor do corpo dele ao seu lado, era difícil lembrar-se do exato motivo pelo qual estava zangada, ou por que deveria afastar-se dele. Respirando fundo, Sybil deixou que a lembrança dos beijos tomassem conta de seu ser, preenchendo-a com prazeres proibidos. Lembrou-se do peso do corpo dele sobre o seu, das carícias das mãos fortes, da textura dos cabelos fartos... toda mistura que ameaçam arrastar Sybil para profundezas desconhecidas, para o mesmo destino que Elisa traçara para si. E fora somente essa idéia que a fizera parar. Sybil sabia que Robin jamais seria violento com ela. Apesar das demonstrações, de fúria que ele exibira, não era um assassino. Portanto, a paixão não lhe traria a morte, mas talvez sua desgraça e desonra. Sybil nunca sequer considerara tal possibilidade, mas o que podia haver entre um homem e uma mulher era muito mais forte do que ela havia imaginado.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Evidentemente, Sybil nunca imaginara um homem como Robin. Cavaleiro, lorde, magistrado, líder de ou tros homens, comandante de confiança, ele emanava um poder que Sybil jamais vira antes. Ele era forte, ousado e bonito quando lhe convinha. E também era gracioso, gentil e divertido. Sybil lembrou-se da conversa sobre as coceiras, e voltou a corar. Nunca alguém a provocara daquela maneira, especialmente alguém que se parecesse com Robin. Apesar de sua antipatia inicial, Sybil tinha de admitir que teria de estar morta para não sentir nada por ele. No entanto, sentir era uma coisa e colocar tais sentimentos em ação era outra, totalmente diferente. Tudo em Robin fazia Sybil comportar-se de maneira vergonhosa, desde a raiva que inspirava ao desejo que provocava. Sybil sabia que tinha de conter seus impulsos. Até mesmo caminhar ao lado dele representava uma grande tentação, trazendo à tona seus anseios de liberdade, que haviam crescido muito, nos últimos dias. Quando chegaram na vila, Sybil apreciou a deferência dedicada aos dois, graças ao título e posição de Robin. Era errado encontrar prazer em coisas tão terrenas, mas como evitar o orgulho que sentia, ao perceber que as mulheres a fitavam com inveja? Ou seu próprio ciúme dos olhares femininos prolongados? — Onde vamos beber? — Sybil perguntou. — Bem, se esta é como a maioria das vilas, devem haver cervejarias dos dois lados da rua. Sybil assentiu. O povo de Wotten produzia sua própria cerveja, colocava um cartaz na porta e vendia a bebida pelo preço estabelecido no mercado. Homens e mulheres se juntavam nas casas de seus vizinhos, para partilhar do prazer de beber e se divertir. Infelizmente, às vezes tais encontros terminavam em violência devido ao excesso de álcool Ao menos, fora o que ela ouvira. Freiras e noviças não freqüentavam cervejarias... até agora. Picou exci tada diante da perspectiva de aventuras proibidas. — Acha que esses estabelecimentos estavam funcionando, nos últimos dias? — Robin perguntou. — Não faço a menor idéia — Sybil respondeu com honestidade. — Bem, teremos de descobrir — ele concluiu, conduzindo-a para dentro de um ambiente mal iluminado. O lugar era pequeno e cheirava a cerveja. Os dois se sentaram e foram atendidos por uma mulher corpulenta, que usava um avental sujo. Quando ela trouxe a bebida, Robin pôs-se a elogiá-la com seu charme irresistível. Sybil logo descobriu que ele tinha segundas intenções. Assim que a mulher se mostrou derretida pelos galanteios, Robin iniciou o seu interrogatório. Há quanto tempo ela cuidava da cervejaria? Quais eram os seus maiores concorrentes? Via muitos viajantes? Atendera desconhecidos, nos últimos dias? Atendia residentes do convento? O almoxarife? As freiras? Os jardineiros? Quando finalmente esgotou suas perguntas, Robin pagou pela cerveja, levantou-se e saiu, com Sybil atrás de si. E foi assim em todos os estabelecimentos que entraram, todos escuros e malcheirosos. No melhor deles, Robin pediu pão e queijo, mas nos outros, limitaram-se a beber. As perguntas também eram as mesmas, assim como as respostas. No entanto, em uma cervejaria que recebia mais visitas dos trabalhadores do convento, Robin descobriu que Tobias tinha um tio que vivia em uma vila a menos de um dia de viagem dali. Aquecida pela cerveja, Sybil limitava-se a observar e maravilhar-se com a habilidade de Robin. Mal acreditava que o considerara inepto, arrogante e presunçoso, pois agora admirava-lhe a perspicácia, a inteligência, e o resto dele, do alto da cabeça, até os pés. Quando chegaram à última das cervejarias, Sybil sentia-se ligeiramente atordoada e encontrava dificul dade para acompanhar os interrogatórios de Robin. Mas empertigou-se quando o dono do lugar relatou que vira dois desconhecidos, três dias antes, com roupas sujas de viagem, e muito curiosos. — Fizeram mais perguntas que o senhor, milorde — dizia o homem —, mas eram todas sobre o convento e as freiras de lá. Eu disse que não costumamos servir mulheres santas, aqui, mas eles não acharam graça. Um par estranho, aqueles dois... Muito solenes e mal-humorados, falando de maneira estranha, que não me agradou. Mas eram muito persistentes e, quando vi a freira Maud, sugeriu que falassem com ela. Calculei que a velha malvada os colocaria em seu devido lugar— contou, rindo. Sybil ficou horrorizada. Maud! Assim como as outras freiras, ela afirmara não ter visto nenhum desconhecido, na última semana! Sybil emitiu um som estranho, que fez Robin fitá-la com expressão mais estranha ainda. Então, ele se despediu do proprietário da cervejaria e saiu, levando Sybil consigo. Robin tinha pernas longas, o que forçava-a a tropeçar a todo instante, na tentativa de acompanhá-lo. Por isso, quando finalmente alcançaram os limites da vila, ela estava tonta. Então, ele parou e fitoua. — Qual é o problema com você? — inquiriu. Sybil limitou-se a fitá-lo, incapaz de formar um pensamento coerente. Então, fixou o olhar nos lábios dele e, emitindo um gemido fraco, inclinou-se para ele, oferecendo os próprios lábios. — Está embriagada! — Robin acusou. Ela arregalou os olhos. — Não devia ter bebido! — ele acrescentou. — Mas você me deu cerveja... — Estava comigo, e eu tinha de pedir para nós dois, mas pensei que tivesse o bom senso de apenas fingir que bebia — Robin falou, irritado. — Não estou embriagada — Sybil declarou sem a menor convicção. — Afinal, foi apenas cerveja. — O bastante para afundar um navio! Como posso levá-la de volta ao convento, nesse estado? Sybil riu. Robin praguejou. — Vamos até o riacho — ele sugeriu. Ao ouvi-lo resmungar algo sobre afundar sua cabeça na água, Sybil fincou os calcanhares no chão, recu sando-se a dar um passo sequer. — Vamos, ao menos, lavar o seu rosto... se é que pode andar. — É claro que posso andar — ela retrucou, endireitando o corpo, apenas para tombar para o lado oposto. — Cheguei até

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

aqui, não? E meu rosto não está sujo. Voltando a praguejar, Robin avançou para ela e, antes que Sybil se desse conta do que estava acontecendo, ele a tirou do chão e colocou sobre o ombro. Sybil gritou e fechou os olhos, tentando afastar a vertigem, mas na escuridão que se seguiu, foi assaltada pelo odor másculo de Robin, assim como a sensação das mãos quentes sobre seu corpo. Quando abriu os olhos, viu que Robin parava à margem do riacho. O sol penetrava por entre as folhas das árvores, refletindo o seu brilho nas águas límpidas. Ela respirou fundo e sentiu o cheiro das folhas verdes, da grama nova e de Robin. Ora, o que mais poderia querer? No entanto, foi tomada pelo desejo de muito mais, quando Robin fez seu corpo deslizar pelo dele, ao colocá-la no chão. Sybil emitiu um som abafado, e ele ficou tenso, estreitando os olhos. — Não faça isso — ele sussurrou. — O quê? — Não se mova... não diga nada... não me olhe assim. — Assim? — Sybil indagou, fixando o olhar nos lábios dele. Robin não disse nada, mas sua expressão tornou-se tão intensa, que Sybil mal podia respirar. Ela sentiu o corpo explodir em vida, os seios enrijecerem, o coração disparar. Foi envolvida por uma onda de calor e por um forte senso de poder, e deu-se conta de que realmente exercia poder sobre aquele homem. Tal constatação tornou-a mais ousada. Desafiando a advertência de Robin, ela se moveu, pousando as mãos no peito largo. Por um longo momento, permaneceram imóveis, Sybil deleitando-se com a sensação das batidas do coração de Robin sob seus dedos. Então, ergueu os olhos, mas teve apenas um breve vislumbre da intenção dele, antes que seus lábios se encontrassem. Robin abraçou-a e apertou-a contra si, e ela deslizou as mãos pelo peito dele, passando os braços em torno de seu pescoço. Os lábios dele eram mais deliciosos do que ela se lembrava, firmes, porém macios, fortes, po rém gentis. Desta vez, Sybil retribuiu o beijo com ardor, sem o menor sinal de timidez. O gemido baixo de aprovação que ele emitiu a deixou em chamas, e ela sentiu uma conexão que ia muito além do contato de seus corpos, alcançando suas almas, a essência de Robin. O mundo parou de girar, o tempo deixou de existir. Sem jamais descolarem os lábios, deitaram-se na grama. Beijaram-se, acariciaram-se, abraçaram-se, perdidos um no outro. Ao sentir a mão de Robin sobre seu seio, Sybil pendeu a cabeça para trás, entregando-se de corpo e alma às sensações maravilhosas que ele lhe proporcionava. Diante de tal reação, Robin voltou a gemer e deitou-se sobre ela, colando mais uma vez os lábios aos dela. Ergueu uma das mãos até a touca e, então, tudo acabou. Estremecendo, Robin ergueu-se sobre um co tovelo e olhou fixamente para a touca. Sua expressão endureceu. — É errado — murmurou. — Não — Sybil sussurrou, pois nada jamais lhe; parecera tão certo. Puxou-o para si e beijou-o com ardor, mas Robin voltou a se afastar. — É errado — repetiu. — Você está embriagada. — Não — ela protestou com honestidade, pois os efeitos da bebida haviam se dissipado no primeiro beijo de Robin. Ele não se convenceu. Rolou para o lado e levantou-se.. — Pior ainda, é perigoso — declarou, puxando-a pela mão. Afastou-se dela com rapidez, como se o contato que há pouco o excitara, agora lhe causasse repulsa. — Vamos embora — disse, já retornando à estrada, deixando Sybil para trás, atordoada. Observando-o, ela se perguntou por que Robin mudará tão de repente. Teria feito algo errado? Teria ele considerado a sua inexperiência desagradável? Sybil ergueu as mãos para ajeitar a touca, embora seu desejo fosse arrancá-la da cabeça. Não fizera seus votos, e começava a descobrir por quê. Depois do que acontecera há pouco, como poderia sequer considerar a vida na clausura? Aquela tarde, estranha, maravilhosa e horrível, ao mesmo tempo, despertara uma consciência que não poderia ser abafada novamente. Robin foi praticamente esquecido, pois Sybil pôs-se a considerar sua vida, seu mundo e seu futuro, de maneira fria e a calculista. Durante todo o trajeto de volta ao convento, seu ressentimento cresceu, até quase sufocá-la com a visão dos muros altos. Então, finalmente, ela se deu conta de que já era tempo de partir. CAPÍTULO VIII O alívio de Robin, ao se ver de volta no convento, foi tão grande, que ele nem se preocupou com a segurança de Sybil, depois de acompanhá-la até o alojamento das noviças. Porém, teve uma noite agitada, revirando-se na cama, vítima de pesadelos e visões de um criminoso entrando no dormitório das noviças e assassinando todas elas. Então, acordava sobressaltado, desejando poder estar com ela todo o tempo, fazendo planos de se infiltrar na clausura. E acabava desistindo e tentando, em vão, descansar. Pela manhã, cansado e irritado, enviou um mensageiro a Baddersly, ordenando a vinda de mais soldados. Sabendo que o homem que, provavelmente, havia matado Elisa, estava livre, Robin decidiu que seria mais sensato aumentar a guarda. Não podia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, e não queria deixar o convento desprotegido, enquanto procurava por Tobias. Se o assassinato houvesse sido o resultado de uma briga de amantes, as freiras não corriam perigo, mas Robin não queria

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

correr riscos. E sabia que cavalgar pelas estradas sozinho era uma coisa, mas viajar acompanhado por uma noviça, era muito diferente. Poderia ser surpreendido por um bando de ladrões, embora tivesse de admitir que a única ameaça que havia pairado sobre ela, na véspera, fora ele mesmo. Os soldados serviriam não só para intimidar possíveis ataques, mas também agiriam como acompanhantes. Para o bem de Sybil, Robin pretendia mantê-la ao seu lado o tempo todo, mas chegara à conclusão de que não era confiável, quando ficava a sós com ela. O desejo que ela inspirava era difícil de conter, mesmo quando os dois discutiam o tempo todo, trocando insultos. Mas, quando ela se deitara na grama, parecendo uma sereia, apaixonada e ardente, Robin perdera totalmente o controle e, talvez, o coração. Robin recusou-se a considerar tal possibilidade. Disse a si mesmo que se tratava de puro desejo. Mas, como explicar que esse desejo não era só pelo corpo de Sybil, mas por todo o seu ser? Naturalmente, tinha de parecer maravilhoso, para que ele se sentisse tentado a torná-la sua esposa. Não se casaria com ela, maldição ou não. Não importava se Vala não podia ajudá-lo, pois não precisava da ajuda da magia. Era um de Burgh, e ninguém poderia obrigá-lo a fazer o que não queria. Já descobrira o que havia para saber sobre as l’Estrange desaparecidas e, assim que encerrasse seu trabalho de magistrado, partiria dali, e nunca mais veria a noviça de novo. E se sentisse falta das provocações e beijos de Sybil, suportaria o sentimento. Se era forte para enfrentar o pior golpe físico, não se renderia à perda de uma companhia, que mais o irritava do que agradava. Quanto antes fosse embora, melhor. Infelizmente, decifrar o mistério da morte de Elisa estava se revelando muito mais difícil do que ele havia imaginado. Robin franziu o cenho ao pensar nos suspeitos. Teria sido o almoxarife corrupto, a freira sedenta de poder, ou o camponês que fora seu amante? Rezou para que não surgisse mais ninguém, ou ficaria no convento para sempre. Frustrado e mal-humorado, Robin passou o dia interrogando os residentes do convento e tentando evitar olhar para Sybil. Passou a postar-se na porta da sala, para afastara espiões como Maud, mas também para ficar longe de sua assistente. Por sorte, Sybil parecia tão ansiosa quanto ele para esquecer o incidente na beira do riacho, pois parecia perdida em pensamentos, distraída, dirigindo-se a ele somente quando necessário. Infelizmente, descobriram pouco dos outros habitantes do convento. A maioria dos criados não dizia nada, como se temessem ser expulsos de suas casas, se falassem. Ou, talvez, a lealdade às freiras os mantivesse calados, uma vez que homens e mulheres defendiam suas patroas com veemência. Robin perguntou-se se estariam protegendo alguém em particular, mas descartou a idéia. Talvez as des cobertas inesperadas sobre Vala e os mistérios que envolviam o assassinato o levassem a fazer tempestade em um copo de água, como Sybil sugerira. Alegrou-se com a chegada dos homens de Baddersly, pois representavam o mundo com o qual estava familiarizado. No entanto, gostaria de ter alguém com quem pudesse desabafar suas aflições, como um de seus ir mãos. Infelizmente, não podia contar com nenhum deles, no momento. Embora houvesse passado a noite bebendo e jogando dados com os soldados, Robin não se divertira. Durante todo o tempo, fora atormentado pela sensação de que deveria estar em outro lugar. Quando se dera conta de que a maldição estava exercendo seu efeito, entregara-se de corpo e alma aos dados e à cerveja, mas não ganhara nada com isso. A dor de cabeça latejante, somada a mais uma noite mal dormida, tornavam Robin ainda mais parecido com o temperamental Simon. Quando montou seu corcel para viajar até Ryewater, sentia-se o último dos homens. Sybil não estava ajudando. — Tem certeza de que o dono da cervejaria disse que o tio de Tobias mora em Ryewater? — ela perguntou, forçando-o a encará-la. No mesmo instante, Robin sentiu o sangue ferver em suas veias, aquecido pelo desejo que parecia estar tomando conta de sua vida. — Sim, tenho certeza — respondeu, incitando o cavalo adiante, antes que ela iniciasse uma discussão. Robin começava a se arrepender de haver concordado em levá-la consigo. Sybil fora o principal motivo pelo qual ele adiara a viagem, pois não sabia quanto tempo levariam para chegar a Ryewater, e queria ter o dia inteiro pela frente. E, também, insistira para que outra mulher os acompanhasse, embora Sybil parecesse não saber o que fazer com a jovem criada ao seu lado. Era estimulante ver uma mulher capaz de cuidar de si mesma. Com exceção de suas cunhadas, as damas que conhecia eram mimadas, excêntricas, ansiosas por partilhar a cama de um homem, mas petulantes e exigentes de atenção e luxo. Robin não conseguia imaginar Sybil agindo dessa maneira e, perversamente, queria cobri-la com as indulgências que ela nunca tivera. Irritado com os próprios pensamentos, Robin manteve-se próximo dos soldados e o mais longe possível de Sybil, mas não longe demais. Ainda se via preso ao conflito entre não querer ficar perto dela e não confiar a segurança dela a ninguém. Em vez de perder tempo tentando resolver a questão, tratou de se concentrar na viagem para Ryewater e no homem que fugira para lá. Saiu-se bem até alcançarem os limites da pequena vila. Então, Sybil surgiu ao seu lado, e seu colarinho tornou-se instantaneamente apertado. — A coceira voltou a incomodá-lo? — ela perguntou com ironia. — Sim — Robin respondeu, decepcionado pela volta às provocações. — Gostaria de coçar minhas costas? Se me coçar, coçarei você, também. Esforçando-se para conter um sorriso, Sybil resmungou: — Você só fala. Robin arregalou os olhos. Não era possível que ela estivesse zangada por ele ter interrompido a loucura à margem do riacho! Então, outra ideia lhe ocorreu. Talvez o episódio fosse parte de um plano para forçá-lo ao casamento. Pensando nisso, Robin franziu o cenho.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Sua calça está apertada demais? — Sybil inquiriu em tom zombeteiro. — O quê? — Parece estar profundamente incomodado, pois não pára de fazer caretas! Robin ficou ainda mais furioso por não poder negar tal acusação. — Você parece exageradamente interessada nas minhas roupas. Não acha que está olhando demais? Na verdade, era provável que a inocente noviça não fizesse a menor ideia de quanto sua calça o apertava nos últimos dias. Nem poderia imaginar que era ela o motivo de tal desconforto. O pensamento simples deixou Robin intensamente excitado. Maldita mulher! Deveria mostrar a ela o que tornava sua calça apertada, e acabar com aquela aflição! Infelizmente, Sybil não estava embriagada, agora. Lembrando-se do ardor com que ela o puxara para si e o beijara, às margens do riacho, Robin emitiu um som gutural e afastou-se para falar com um morador da vila. — Fique aqui — ordenou por cima do ombro. — E tente se comportar. Às suas costas, Robin ouviu um ruído pouco feminino, e sorriu. Então, concentrou-se no tio de Tobias. Em uma comunidade tão pequena, não foi difícil descobrir onde vivia o camponês e, minutos depois, estavam a caminho das terras onde ele trabalhava. Logo encontraram o lugar e, ao avistar dois homens trabalhando a terra, Robin desmontou, ordenando aos outros que esperassem ali. Evidentemente, Sybil não obedeceu, e postou ao lado dele onde, ao que tudo indicava, era o seu lugar. — Está se esquecendo de que sou a única capaz de identificar Tobias — ela argumentou. Robin limitou-se a assentir, sabendo que discutir seria pura perda de tempo. No mesmo instante, Sybil agarrou-lhe o braço. — E ele — anunciou. Robin pousou a mão no cabo da espada, alerta para qualquer tentativa de fuga, mas os dois homens limi taram-se a observálos, desconfiados. Uma vez certo da captura, parou diante deles, com Sybil atrás de si.. — Você é Tobias? O mais alto assentiu, temeroso. Quando viu Sybil, com o inconfundível traje de noviça, sobressaltou-se. Para Robin, a culpa do sujeito era evidente. No entanto, foi o mais velho quem falou: — Quem é o senhor, e o que deseja? — Sou Robin de Burgh, lorde de Baddersly em nome de meu irmão. Como magistrado local, fui encarregado de investigar o assassinato de uma freira, no Convento de Nossa Senhora das Dores. Vim falar com seu sobrinho. Os ombros do homem vergaram e, visivelmente desolado, ele deu um passo para o lado, de maneira que Robin se visse frente a frente com Tobias, um jovem alto e magro. Ao que parecia, a notícia da prisão do almoxarife ainda não chegara até ali, pois o rapaz não tentou jogar a culpa no outro, nem se defendeu de qualquer maneira. Limitou-se a fitá-los com uma expressão de dor, que desconsertou Robin. Definitivamente, o camponês não parecia um assassino. Sabendo que as aparências podiam ser enganosas Robin endureceu o coração e encarou o rapaz com firmeza. — Trabalhava no convento? Tobias assentiu. — Por que partiu de repente? — Meu irmão... me convenceu a... fugir — Engoliu seco, lutando para se controlar. — Ele sabia sobre... Elisa e eu... Garantiu que eu... seria... enforcado, sei ter a chance de... contar minha história. — E qual é a sua história? — Sybil perguntou com expressão amargurada. — Não matei Elisa! — Tobias quase gritou. — Admito que pequei com ela, mas eu a amava! Queria me casar com ela, mas Elisa disse que o bispo jamais permitiria e que seríamos caçados, onde quer que fôssemos. Robin sabia que Elisa estivera certa. Melhor ser adúltera, do que apóstata. O Estado e a Igreja se uniu na caçada àqueles que tentavam escapar do rebanho e ele ouvira histórias sobre pessoas que haviam sido sentenciadas à prisão perpétua, por terem traído seus votos. — Ela não queria ser freira, mas a madre superiora insistiu. Praticamente obrigaram Elisa a fazer os votos. Por isso, eu acreditava que não poderiam forçá-la a ficar. Estava cansado de me esconder e, quando aqueles homens apareceram, fazendo perguntas sobre ela, achei que era um sinal — Tobias contou, angustiado. Robin estreitou os olhos. — Que homens? — Eles se aproximaram de mim, quando eu trabalhava no pomar. Pensei que Elisa havia escrito para eles, ou contado sobre mim, pois pareciam saber com quem estavam falando. Disseram que eram parentes de Elisa, e pensei... — Parou de falar, impedido pelos soluços. — Pensei que vinham nos ajudar, tirar Elisa do convento, com dinheiro, ou influência. Então, Tobias ergueu os olhos, e o desespero que Robin reconheceu no semblante do camponês provocou um aperto em seu peito. — Eu não sabia que pretendiam matá-la! Juro que não sabia! Se imaginasse o que iam fazer, teria ar rancado os dois de seus belos cavalos, e acabado com eles, ali mesmo... sem me importar se tivesse de morrer por isso. — Por que acha que foram eles? — Robin perguntou, sentindo um arrepio gelado e um mau pressentimento. — Quando encontrei Elisa, naquela noite, ela disse que não tinha parentes, que não se lembrava de nada, antes de chegar no convento, exceto que sentira frio e fome. E os homens não foram ao convento, como disseram que iriam. Ninguém havia perguntado por ela, e não havia novos hóspedes, ou Sybil a teria informado. Foi então que percebi que havia alguma coisa errada — Tobias continuou, a dor se misturando ao ódio em seu semblante. — Por que haviam feito tantas perguntas, para

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

depois desaparecerem? Tentei convencer Elisa a fugir comigo, mas ela se recusou. Eu a vi pular o muro para dentro do jardim, sem imaginar que ela estava indo ao encontro da própria morte. Não deveria tê-la deixado... — Acha que esses homens o seguiram, sabendo que se encontraria com ela e, então, apanharam-na quando voltava para o convento? Tobias assentiu, arrasado. — Poderia descrever esses dois homens? — Robin pediu. — Os dois são de um tipo comum, de cabelos escuros. Pareciam irmãos, o que me fez acreditar mais neles. Usavam roupas de boa qualidade e montavam cavalos grandes, pretos e bem cuidados. Não eram cavalos de arado. Robin assentiu com expressão sombria, pois a descrição de Tobias combinava com aquela feita pelo dono da cervejaria, que contara sobre o encontro de dois forasteiros com Maud. E Robin foi tomado por uma súbita e desagradável suspeita sobre a identidade dos sujeitos. — Queria não ter falado com eles, ter ficado com Elisa, mesmo que tivesse de levá-la comigo a força! — Tobias lamentou. — Mesmo que o bispo nos caçasse, teríamos tido um pouco de felicidade, antes, e ela continuaria viva! Cobrindo o rosto com as mãos, o jovem camponês chorou todo o seu pesar. — De onde eram esses homens? — Robin inquiriu, sentindo o sangue gelar lentamente em suas veias. — Gales — Tobias balbuciou, antes de sentar-se no chão, onde o tio tentou confortá-lo. Depois de observar por um longo momento o sofrimento do rapaz, Robin virou-se e afastou-se. Ouviu os passos de Sybil a segui-lo, mas não queria encarar ninguém, nem a si mesmo, depois da informação que acabara de receber. Sybil, porém, conseguiu alcançá-lo e segurar-lhe o braço. Robin virou-se para protestar, mas deparou com a expressão preocupada no rosto dela. — O que foi? — Sybil perguntou em tom gentil, quase íntimo. Respirando fundo, Robin voltou a olhar para Tobias e, então, para seus soldados. — Não podemos conversar aqui — declarou. — Explicarei mais tarde. — Não — Sybil retrucou. — Quero saber o que está acontecendo. Olhando em volta, ela o puxou para um grupo de árvores, onde ficariam isolados de tudo. Robin queria, desesperadamente, ficar a sós com seus pensamentos, apenas por um momento, mas não pôde resistir ao calor que ela emanava. No entanto, assim que se viram protegidos pelas árvores, Sybil soltou sua mão e encarou-o com olhar interrogativo. O humor sombrio voltou a tomar conta de Robin, que se sentou em uma rocha. — Como se afastou de Tobias, sem fazer nada, calculo que tenha acreditado na história dele — ela começou. — Embora ele tenha soado mais convincente que Farnfold, como pode ter certeza? Acha que os forasteiros são os mesmos que apareceram na vila? Robin assentiu. — Então, talvez nem Farnfold nem Tobias tenham assassinado Elisa — ela continuou. — Talvez tenha sido Maud. Ela pode ter contratado os homens. Robin baixou os olhos para o chão. — Acho que sei quem matou Elisa, e não foi nenhum de nossos três suspeitos. — Quem foi, então? — Não sei. — Mas disse... — A culpa foi minha. — O quê? Como? — Sybil inquiriu, confusa. — Fui procurar por Vala l'Estrange, no País de Gales, porque ela havia se casado com um príncipe de lá. Acho que alguém, alertado pelo meu interesse, também saiu à procura dela... e chegou aqui primeiro. — Está dizendo que Vala era uma princesa? — Ela se casou com um príncipe, mas fugiu. Não sei por quê, talvez temesse que a filha se transformasse em um joguete político, nos problemas entre a Inglaterra e o País de Gales, ou mesmo entre os príncipes. Depois que estive lá e descobri para onde ela havia fugido, alguém veio procurá-la, na intenção de matá-la. Ao descobrirem que Vala estava morta, decidiram matar a filha dela. — Vala tinha uma filha? — Sybil parecia mais confusa a cada palavra que ouvia. — De quem você está falando? — Elisa — Robin murmurou. — Vala a trouxe para cá, para protegê-la. Por minha causa, Elisa está morta. Se Sybil se lançasse sobre ele, irada, Robin teria recebido o ataque de bom grado. Sentia-se morto por dentro, pois tivera um papel decisivo no assassinato de Elisa. Sybil, porém, pôs-se a discutir, como sempre. — Desculpe-me, mas tudo isso parece impossível. Vala, uma princesa? Elisa, filha de Vala? Ele franziu o cenho. — Os registros do convento atestam que Vala e Elisa chegaram juntas. Algumas freiras chegaram a desconfiar que eram mãe e filha, mas as duas viveram em paz, até eu ressuscitar seus nomes diante daqueles que já haviam se esquecido delas. Inglês ou galês, alguém veio até aqui para eliminar a última descendente da linhagem! E como seu eu mesmo a tivesse matado! — Não diga absurdos! — Sybil repreendeu-o. — Os problemas de Gales nunca tiveram fim, e alguém se lembraria de Vala, mais cedo ou mais tarde. Ela foi vítima da escolha que fez, não da sua interferência. Para surpresa de Robin, ela segurou seu rosto entre as mãos macias. O toque suave despertou-o de sua melancolia, e ele fitou aqueles lindos olhos azuis, que lhe ofereciam conforto.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Sim, definitivamente, havia uma forte ligação entre eles, pois Sybil era a sua predestinada, haviam nascido um para o outro. Robin não poderia negar os sentimentos que o assaltaram e, como sempre, tais sentimentos trouxeram consigo o desejo incontrolável. Abalado pela sucessão de descobertas dos últimos minutos, Robin nem sequer tentou ignorar o que sentia. Puxou Sybil para si e beijou-a com ardor, apertando-a contra si, sentando-a em seu colo, acariciando-lhe as costas, as nádegas. Quando deu por si, ela estava sentada, de frente para ele, as pernas afastadas, em uma intimidade que sequer haviam sonhado partilhar. Fitou-a com olhar febril e triunfante, e voltou a beijá-la, com ardor ainda maior, como se nada mais importasse, exceto a constatação de que essa mulher lhe pertencia. E Sybil não tentou resistir. Retribuiu o beijo com paixão, enroscando os dedos nos cabelos de Robin, puxando para si, ao mesmo tempo em que pressionava os seios contra o peito largo. Enfeitiçado pela magia que os envolvia, Robin puxou a touca de noviça e, ofegante, deleitou-se com a visão dos cachos ruivos. — Seus cabelos são lindos — murmurou, antes de voltar a beijá-la. O desejo tornou-se mais urgente, e ele se rendeu à sua força, desesperado para saciar sua sede, antes que o bom senso voltasse a impedi-lo. Queria Sybil naquele exato momento. Se não a penetrasse agora, certamente morreria. Apertou-a com força, de maneira que seus corpos se encontrassem com intimidade. — Ah, sim, sim! — gemeu em êxtase. Inclinou a cabeça para trás, e viu as copas das árvores, mas era como se pertencessem a um outro mundo. Por um instante, o farfalhar dos arbustos distraiu-os, mas Sybil começou a sussurrar seu nome com voz rouca, inflamando-o ainda mais. Robin cerrou os dentes, tão perto do clímax, que corria o risco de molhar a calça, como um garoto inex periente. Na tentativa de evitar tal situação, deslizou a mão por entre seus corpos, tentando libertar-se. O movimento o fez roçar a intimidade de Sybil, que gritou seu nome, com evidente prazer, fazendo-o estremecer. Então, tudo aconteceu de uma só vez. O farfalhar retornou, mais alto, mais próximo. Com um sobressalto, Robin concluiu que estavam prestes a serem atacados. Levantou-se, ao mesmo tempo em que desembainhava a espada e derrubava Sybil no chão. Afastou-se dela, ofegante, espada em punho... e se viu frente a frente com um cervo. Assustado, o animal fugiu pela floresta, deixando Robin ali parado, boquiaberto, totalmente perdido. Então, ouviu o som de sinos. Sinos? Deu-se conta de que ouvia a risada de Sybil. Ela estava sentada no chão, os cabelos revoltos, as roupas amarrotadas. Finalmente convencido de que não estavam sendo atacados, Robin tomou consciência de outro perigo, muito mais ameaçador. Respirou fundo, recuperando os sentidos. E foi então que a realidade da situação deixou-o ainda mais gelado do que antes. Alarmado, Robin deu-se conta de que estivera a um passo de deflorar Sybil, uma noviça, a predestinada. O horror foi imediatamente substituído pela ira. Olhou para ela, certo de que, de alguma maneira, Sybil havia planejado tudo, com a finalidade de forçá-lo a se casar. Pois bem, não conseguiria! Robin recusava-se a se casar com ela, ou qualquer outra mulher. Não abriria mão de sua liberdade, de seu próprio eu, em troca de alguns momentos de prazer, por mais maravilhosos que fossem. Talvez não fosse capaz de se livrar da maldição, mas preferiria morrer a sucumbir a ela. Voltou a fitá-la de cenho franzido, e viu o sorriso morrer nos lábios dela, o divertimento dar lugar a uma profunda mágoa, que fez o coração de Robin doer. Talvez ela não soubesse, pensou. Talvez fosse tão vítima da maldição quanto ele. Mais uma vez tomado pelo conflito de sentimentos, Robin virou-se, exasperado. —Vamos embora—disse, afastando-se da tentação. Ao sair do bosque, deparou com seus soldados, que esperavam pacientemente. Praguejou baixinho. Com toda certeza, estariam se divertindo com apostas e especulações sobre o que seu senhor e a linda noviça estavam fazendo ao abrigo da árvore. Robin ficou ainda mais furioso e jurou que, se uma só palavra sobre o incidente chegasse ao convento, ele cuidaria pessoalmente de cortar as cabeças de cada um dos seus soldados. CAPITULO IX Passaram a noite em uma hospedaria, em Ryewater. Sybil e a criada foram acomodadas em um pequeno aposento, nos fundos do quarto enorme que abrigava todos os homens. Sybil não se impressionou com o lugar sujo e malcheiroso, pois es tava fascinada com a ideia de ser aquela a primeira noite de sua vida, passada fora do convento. A liberdade era doce. Ao iniciar a viagem, Sybil preocupara-se apenas em encontrar Tobias. Agora, porém, a noção de poder ir e vir, sem ser impedida por ninguém, era embriagante. Evidentemente, não era a primeira vez que ela considerava uma fuga. Na verdade, a ideia a perseguia desde a morte de Elisa. Ou teria sido desde a chegada de Robin? Não importava o motivo, mas sim a necessidade de avaliar sua posição no convento. Aluna perpétua e noviça, Sybil jamais se sentira preparada para fazer os votos e assumir o compromisso que eles exigiam. Por outro lado, permanecera na segurança dos muros de pedras, enquanto ansiava por uma vida diferente. Agora, dava-se conta de que fora o medo que a mantivera ali. Medo das mudanças, do desconhecido. E isso não poderia continuar. Depois de muito considerar seu futuro, Sybil chegara à conclusão de que jamais se tornaria freira. Talvez a breve e infeliz existência de Elisa, assim como suas experiências recentes fora do convento, hou vessem contribuído

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

para a sua decisão. No entanto, não eram os prazeres ilícitos nos braços de um homem, ou a falsa alegria encontrada na cerveja, o que a atraíam. Sybil ansiava por desfrutar dos prazeres simples da vida, como sentir o sol sobre a pele, enquanto apreciava a beleza dos campos, e a certeza de que tais prazeres estariam à sua disposição, sempre que os desejasse. E, também, Sybil não poderia negar o que acontecera no bosque. Quando Robin a beijara, ela parecera perder todas as suas reservas, reagindo com ardor, permitindo liberdades que jamais sequer sonhara... e adorando cada uma delas. Quando ele se afastara, Sybil sentira-se abandonada, como se Robin fosse a parte que sempre lhe faltara para se sentir completa. Sybil sentiu um calafrio ao pensar nisso. Apesar de sua ignorância das intimidades que partilhara com Ro bin, sabia que deveria sentir-se grata por ele ter se afastado, interrompendo o interlúdio antes que fosse tarde demais. Ela poderia ter se arruinado! Afinal, por mais gloriosos que houvessem sido aqueles momentos, Robin era um lorde, e ela, uma noviça. Ele não fizera qualquer proposta e, menos ainda, juras de amor. Ao contrário, o olhar enfurecido que Robin lhe lançara não contivera o menor traço de ternura. A lembrança ainda doía, mas Sybil não queria, nem precisava da boa opinião de Robin. Passara a vida obedecendo ordens de terceiros, e não tinha a menor intenção de se submeter a um novo senhor, por mais atraente que ele fosse. Também não queria ser amante de homem nenhum, nem mesmo de Robin. Ele que cuidasse de sua vida, pois ela cuidaria da dela. Foi no meio da noite, na hospedaria, que Sybil tomou a decisão mais importante de sua vida. Assim que fosse feita justiça no caso da morte de Elisa, ela seguiria com seus planos de futuro. Dessa vez, não deixaria que a falta de recursos a impedisse, como acontecera antes. Não esperaria pela chance que ja mais viria, mas criaria sua própria oportunidade. O que não era impossível, pois na posição de atendente dos hóspedes do convento, conhecia pessoas influentes, e jurou que usaria tais contatos para ganhar a tão sonhada liberdade. Partiram ao amanhecer. Sombrio e taciturno, Robin mal via a hora de devolver Sybil ao convento. Passara a noite lamentando as mortes de Vala e Elisa, e afligindo-se ao lembrar de que quase perdera a cabeça, no bosque, com a sua predestinada. O que, com certeza, teria selado seu destino. Tinha esperança de que, uma vez longe de Sybil, seu desejo por ela se dissiparia. Infelizmente, não foi assim, pois quando chegaram ao convento, Robin não sentiu o menor alívio. Mesmo ao fugir dela, em sua missão de relatar as descobertas à madre superiora, o desejo continuou a atormentá-lo. Nem mesmo os pensamentos sobre a morte de Elisa apagavam a lembrança excitante de como Sybil segurara seu rosto entre as mãos macias e delicadas. Robin sobressaltou-se diante da constatação de que seu desejo ia muito além de sexo. Perguntou-se há quanto tempo não recebia verdadeira atenção de uma mulher. Sua mãe morrera ao dar à luz Nicholas, deixando sua casa quase desprovida de mulheres. E os envolvimentos de Robin nunca haviam se baseado em ternura e companheirismo. Por mais incrível que pudesse parecer, Sybil havia suprido uma necessidade de que ele nem sequer tinha consciência, antes. Furioso, negou a possibilidade de ter sentido a falta de ternura em sua vida. Disse a si mesmo que não precisava de nada além da companhia dos irmãos e suas demonstrações rudes de afeto. Sem eles, sentia-se solitário, mas mulher nenhuma substituiria os laços firmados pelo nascimento. Ainda assim, não conseguiu livrar-se da incómoda sensação de que não era apenas o desejo que o atraía para Sybil, mas também seu intelecto, sensibilidade e interesses. Como nunca olhara para uma mulher dessa maneira, Robin ficou chocado consigo mesmo, pois constatou que estava se deixando amolecer, como acontecera com seus irmãos, Portanto, concluiu, estava mesmo sob os efeitos da tal maldição! Ao se lembrar de sua missão original, Robin voltou a pensar no crime pelo qual se sentia responsável. Não sabia o que dizer à madre superiora. O almoxarife seria julgado pelo bispo por ter roubado o convento, mas o júri de magistrados jamais se reuniria, se Robin não descobrisse a identidade dos desconhecidos que, ao que tudo indicava, haviam assassinado Elisa. Como nem sabia se eram ingleses ou galeses, Robin não se sentia otimista diante da tarefa, mas a culpa não lhe permitiria desistir. Os pensamentos sombrios de Robin foram interrompidos por um chamado. Ele se virou e viu a freira Catherine em uma pequena sala, com grandes livros abertos sobre a mesa. — Ah, milorde! — ela disse. Apesar de impaciente, Robin aproximou-se da porta aberta. — Soube que o senhor queria informações sobre a chegada de Elisa ao convento — Catherine declarou, voltando a fixar os olhos no livro. — Exatamente — ele replicou, embora a informação já não fosse tão útil. — Bem, aqui está! Ela chegou no outono de mil duzentos e sessenta e cinco, assim como outra órfã abandonada. As duas eram ainda bebês — a freira acrescentou com ar de surpresa. — Isso é incomum? — Robin indagou. — Ah, sim. Não aceitamos crianças pequenas, no convento, mas parece que Vala, que também chegou na mesma época, providenciou para que as duas fossem aceitas. Estou surpresa, especialmente pelo fato de as duas meninas terem chegado com poucos dias de diferença. Bem, talvez isso explique a grande amizade que havia entre Sybil e Elisa. Robin descobriu-se incapaz de falar, pois seus instintos puseram-se em estado de alerta. Embora não quisesse considerar as implicações daquela informação, tinha de fazê-lo. Sybil e Elisa haviam chegado ao convento com a mesma idade, na mesma época, por influência de Vala! — Então, foi Vala quem trouxe Elisa e Sybil para cá? — indagou. Catherine voltou a examinar os livros. — Não. Ela chegou com Elisa, e Sybil veio um dia depois. Aqui diz que a criança foi abandonada na vila e aceita pela escola

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

do convento, por insistência de Vala. — Quem a trouxe? — Uma mulher da vila, chamada Gwerful. Um nome galês, sem dúvida, Robin pensou. Uma galesa vivia na vila? Suas suspeitas aumentaram. — Obrigado — murmurou e saiu. Uma vez no corredor, Robin deu as costas aos aposentos da madre superiora e deixou o edifício, na direção do estábulo. As peças não se encaixavam, e ele não descansaria enquanto não desvendasse aquele mistério. Minutos depois, galopava pela estrada. Ao chegar à vila, Robin foi até a cervejaria, cujo proprietário lhe fornecera informações, antes. Ao ser questionado sobre a criança educada no convento, o homem soltou uma risada irônica. — Não aceitam nossa gente, lá — disse. — As meninas que freqüentam a escola são de famílias ricas, assim como as freiras. — Estranho... Fui informado de que a noviça Sybil era uma órfã, que foi levada ao convento por uma mulher da vila — Robin comentou. — Conheço Sybil, mas tenho certeza de que ela não tem parentesco com ninguém daqui. Ora, a história parecia se complicar mais a cada instante! — Conhece uma mulher chamada Gwerful?—inquiriu. — Não. Eu me lembraria de um nome tão estranho. — Já faz muito tempo... — Não importa — o homem interrompeu. — Conheço todos por aqui, e nunca ouvi esse nome antes. Confuso, Robin entregou uma moeda ao cervejeiro e partiu. Pretendia voltar ao convento, pois começava a suspeitar que estava imaginando coisas. O fato de Sybil ter chegado ao convento logo depois de Vala podia ser mera coincidência. Por outro lado, sendo um de Burgh, não poderia ignorar seus instintos. Por isso, seguiu na direção de Baddersly. Na vila mais próxima ao castelo, encontrou pessoas que conheciam Gwerful, pois ela era a esposa de um mercador, conhecida por sua habilidade como costureira. O casal morava em uma pequena choupana, onde faziam seus negócios. Ao chegar lá, Robin foi recebido por uma mulher miúda, de cabelos brancos, mas de compleição jovial. — Procuro por Gwerful — ele informou. — Sou eu. Veio comprar tecidos, milorde? — Não. Gostaria de conversar com a senhora. Sou Robin de Burgh, de Baddersly. — Vendo que a mulher se mostrava mais cautelosa, uma vez revelada a sua identidade, Robin foi direto ao assunto: — Há muitos anos, a senhora entregou uma criança aos cuidados das freiras do Convento de Nossa Senhora das Dores. De onde vinha a menina? Ao ouvir o nome do convento, Gwerful arregalou os olhos, visivelmente assustada. — Não tenha medo. Não vou lhe fazer qualquer mal — Robin assegurou. — Como senhor de Baddersly, estou atuando como magistrado na investigação de um assassinato ocorrido no convento. Uma jovem freira, chamada Elisa, foi morta. Robin observou a expressão de Gwerful atentamente. Ao ouvir a menção de assassinato, mostrou-se ansiosa e interessada, mas não escondeu o alívio ao saber o nome da vítima. — A senhora a conhecia? — ele perguntou. Gwerful sacudiu a cabeça. — Então, não foi ela a criança que levou para as freiras? A menina se chamava Sybil? A mulher assentiu devagar. — E como encontrou Sybil? — Robin persistiu. — Era sua filha? — Eu a encontrei na vila, abandonada — Gwerful respondeu, desviando o olhar. — Por que a levou ao convento, em vez de levá-la a Baddersly? — Todos sabiam que o senhor do castelo, naquela época, pouco se importava com seu povo. No convento, teriam de aceitála, pois sendo religiosas, as freiras tinham de cuidar dos pobres e infelizes. — Por que pensa assim? Não há um orfanato no convento. Agitada diante do argumento, Gwerful hesitou, antes de responder: — Havia uma escola, e nós pensamos... Quero dizer, eu pensei ser o lugar ideal para uma órfã. Era evidente que ela continuava escondendo algo. — Como a senhora e a criança foram daqui até o convento? — Fomos a cavalo. — A senhora tinha um cavalo? Se sua riqueza lhe permitia ter um animal tão valioso, por que não ficou com a criança? — Eu não podia! Prometi a Vala que... — Gwerful parou de falar, levando a mão aos lábios, com expressão horrorizada. Finalmente, ela se traíra, e Robin sentiu a tensão tomar conta de seu corpo. — Vala morreu há anos — declarou. Chocada, Gwerful soluçou e pôs-se a chorar. — Era criada dela, no País de Gales? — Robin perguntou. — Sim — ela admitiu. — Tivemos de fugir. Vala temia pela própria vida, e da filha. O marido fora en venenado por alguém do castelo, e ela não queria mais se envolver nas intrigas de lá. Por isso, fugiu, levando apenas a filha e eu. Como se uma barragem houvesse se rompido, a mulher contou a história toda de uma só vez: — Vala procurou um convento que tivesse escola, onde ela e a filha pudessem se refugiar, mas temia que os parentes do marido as encontrassem. Por isso, procuramos por outra criança. Quando chegamos aqui, descobri uma família muito pobre, com vários filhos, e uma menina recém-nascida. Comprei o bebé e demos a ela o nome de Elisa, para o caso de alguém vir pro curar por ela. — Diante da expressão horrorizada de Robin, ela se apressou em explicar: — Achamos que salvaríamos a

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

pobrezinha de uma morte prematura, dando-lhe uma vida melhor. Com os nervos à flor da pele, Robin persistiu no caminho da revelação inevitável. — Então, Vala levou a tal criança para o convento, e deixou a filha com a senhora? — Sim. Eu deveria esperar alguns dias, para evitai suspeitas, mas estava tão apavorada! Tinha medo de que algo acontecesse à princesa, enquanto estivesse aos meus cuidados. Por isso, parti no dia seguinte. Disse às freiras que havia encontrado o bebé na vila e Vala se ofereceu para pagar pela educação dela. O choque de Robin ao, finalmente, compreender enormidade da situação, deixou-o mudo por um instante. — E Vala passou a chamar a filha de Sybil, inspirada pelos antigos oráculos, o que seria muito apropriada a uma l’Estrange — murmurou. Todo aquele tempo, a noviça que o enlouquecera cor sua língua afiada e corpo tentador, fora a filha de Vala. Robin quase riu diante de tamanha ironia de destino. Partira em busca de uma l’Estrange que pudesse livrá-lo da maldição lançada sobre os de Burgh, e descobria que ela era, justamente, a mulher mais indicada para realizar tal maldição. Porém, um outro pensamento, mais importante, invadiu-lhe a mente. Sybil corria perigo. Os instintos protetores tomaram conta de Robin. filha de Vala estava viva, mas poderia morrer, pois se ele conseguira descobrir a verdade, os assassinos também poderiam chegar a ela. Agitado, virou-se para Gwerful e falou em tom urgente: — Venha comigo para Baddersly. Infelizmente, a mulher se assustou novamente. — Por sua própria segurança — ele insistiu, aflito por estar tão longe do convento, sabendo que Sybil estava em perigo. — Meu marido... — Vocês dois serão meus hóspedes, no castelo — Robin interrompeu-a. — Por favor, ouça o que estou dizendo. Alguém matou Elisa, por achar que ela era filha de Vala. Se eu consegui chegar aqui, essa pessoa pode chegar, também. Gwerful sacudiu a cabeça. — Deixe-me falar com seu marido, então. — Ele é mercador, e está viajando. Robin sabia que poderia levá-la a força, mas a ideia de sequestrar uma senhora não o agradava. Só lhe restava rezar para que os assassinos estivessem longe, convencidos de que sua tarefa fora cumprida. Porém, não contaria com tal esperança para proteger Sybil. Tomado pela urgência de voltar para perto dela, despediu-se de Gwerful com uma última advertência, e saiu. Ao se dar conta de que o sol já se punha, Robin praguejou furiosamente, pois sabia que teria de passar a noite em Baddersly. Então, decidiu arriscar-se a contar com o luar para guiar o seu caminho, e foi até o castelo, onde reuniu mais soldados para acompanhá-lo ao convento. Cavalgando na escuridão, Robin agradeceu a sorte de não ter encontrado Florian, o administrador curioso, que o teria bombardeado com perguntas para as quais ele não tinha resposta. Nunca antes Robin se vira tão confuso, tão perdido, tomado por sentimentos totalmente desconhecidos. Era natural querer proteger Sybil, uma vez que era responsável pelo perigo que a cercava, mas não havia explicação racional para o desespero que o levava para ela, a necessidade de ver com os próprios olhos que Sybil estava bem, que era sua. Para protegê-la, não para possuí-la, dizia a si mesmo. Sabia que fracassara em tal tarefa, antes. Chegara a jurar que evitaria a companhia dela, mas as cir cunstâncias haviam mudado. Sybil era sua responsabilidade, agora, mais do que nunca. Fora o seu egoísmo infantil que a colocara em perigo e, por isso, tinha a obrigação de garantir que ela permanecesse sã e salva. Mas, mesmo tal decisão, tão simples, seria difícil de seguir. Como proteger Sybil em um lugar onde ele não podia se movimentar livremente? O solo sagrado não protegera a vida de Elisa. Mesmo que seus soldados cercassem o convento, as pessoas teriam de continuar a entrar e sair, incluindo criados, camponeses e mensageiros. Como saber quem poderia ter más intenções? Muros podiam ser pulados, e até mesmo padres e freiras poderiam ser subornados e corrompidos. Tentar mantê-la presa em um único aposento seria perda tempo, dado o temperamento rebelde de Sybil. Aliás, ela já parecia sufocada pelos muros que a cercavam. Pedir ajuda ao bispo poderia piorar ainda mais a situação, uma vez que ela poderia ser mandada para um outro convento distante, onde Robin não teria chance de protegê-la. E se ela fosse forçada a fazer os votos e tornar-se freira? Robin foi tomado pelo pânico. Controlou-se, dizendo a si mesmo que isso não importava, mas sim a segurança dela. Mas como fazer isso? Os inimigos de Sybil eram espertos e determinados. Talvez acreditassem terem cumprido sua missão, mas se desconfiassem da verdade, nada os deteria. Tal questão atormentou-o durante toda a viagem, e foi somente quando se aproximava de seu destino, que Robin finalmente descobriu a solução. Havia uma única maneira de ter poder e voz ativa sobre Sybil, a fim de protegê-la dia e noite. Infelizmente, tratava-se do caminho que ele havia jurado jamais seguir: o casamento. Para sua própria surpresa, a ideia não lhe provocou tremores ou vertigens, pois sua decisão não tinha nada a ver com um compromisso para o resto da vida. O tipo de união que tinha em mente seria um arranjo temporário, que serviria apenas para estender a proteção do nome de Burgh a uma noviça inocente. Não havia outra maneira de garantir a segurança da mulher, cuja vida ele mesmo colocara em perigo. Embora Robin não gostasse da ideia de se casar, seu senso de honra era mais forte, pois um de Burgh jamais fugira às suas responsabilidades. Fora o que Dunstan fizera, casando-se com Marion para protegê-la. Robin preferiu não pensar no fato de Dunstan continuar casado. Sua situação era diferente, e seu casamento nem sequer se pareceria com os dos irmãos, uma vez que não se basearia em

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

amor, nem mesmo em desejo, mas sim em circunstâncias que poderiam mudar com facilidade. Assim que os assassinos fossem presos, ele e Sybil poderiam anular o casamento, alegando parentesco ou algo parecido. Seria muito fácil, Robin pensou. Enquanto isso, iriam para Baddersly, uma fortaleza à prova de qualquer ataque. Sem dúvida, Sybil ficaria ainda mais segura em Campion, mas a idéia de levar uma falsa noiva ao pai não agradava Robin. Conhecido por seu romantismo, o conde não aprovaria tal arranjo, e Robin não gostaria de confrontá-lo. Refletindo melhor, convenceu-se de que ninguém precisaria saber do casamento, uma vez que se tratava de mero expediente. Sentindo-se melhor, Robin atravessou os portões do convento. Apesar de tudo, sentia-se ansioso para encontrar a futura esposa, dizendo a si mesmo que tal sentimento se devia ao iminente cumprimento de suas obrigações de protetor. Afinal, não era todo dia que uma noviça tinha a chance de se tornar lady de Burgh, e Robin não pôde evitar o senso de satisfação pela honra que estava prestes a oferecer a Sybil. Sorrindo, refletiu que, pela primeira vez, sua predestinada teria motivos de sobra para se sentir grata a ele. CAPITULO X Sybil estava furiosa. Não bastava Robin ter se comportado como um idiota, mal falando com ela durante toda a viagem de volta de Ryewater, mas desaparecera logo após sua chegada ao convento, embora soubesse que deveriam trabalhar juntos. Agora, ela não conseguia encontrá-lo em lugar nenhum. Suspeitava que ele estava tentando encontrar, sozinho, os dois homens mencionados por Tobias. A ideia deixou-a febril de raiva. Apesar das ordens da madre superiora, Robin estava sempre agindo por conta própria, incitando Sybil a fazer o mesmo. Na verdade, ela se sentia inclinada a confrontar Maud, que conversara com os desconhecidos, mas não confiava nas lembranças nebulosas que tinha da cervejaria, e temia fazer com que a mulher fugisse, se fosse mesmo culpada. Embora suspeitasse há tempos da freira ciumenta, pensar na possibilidade provocou um arrepio em Sybil. Teria Maud, simplesmente, encontrado os homens e encomendado o crime, ou teria mandado chamá-los para pôr em prática um plano já arquitetado? Perguntou-se se deveria falar com a madre superiora, sem esperar por Robin, mas não sabia se Tobias havia mentido. Além disso, Robin mencionara intrigas políticas. Sybil sacudiu a cabeça, incapaz de acreditar que a amiga de infância tivesse um passado secreto e, menos ainda, que Elisa fosse filha de Vala. Embora as duas meninas houvessem sido muito chegadas a Vala, que morrera quando eram ambas muito jovens, Sybil jamais imaginara tal tipo de ligação. Agora, ao pensar nisso, sentia um desconforto que não compreendia. Afastando tal sentimento, Sybil culpou Robin. Se ele estivesse ali, poderia perguntar-lhe o que queria saber. Além da indignação, foi tomada pela mágoa, resultado do fato de ele parecer não se importar com ela, apesar de tudo o que acontecera entre os dois. Na verdade, Sybil só pretendia confortá-lo, quando ele se mostrara sombrio, culpando-se pelo assassinato. Ao menos, fora a sua intenção inicial, mas o toque inocente provocara uma verdadeira explosão. Fora chocante e vergonhoso, mas também fora a coisa mais maravilhosa que jamais acontecera em sua vida. Sybil fechou os olhos, tentando afastar a lembrança, assim como os sentimentos que ela provocava. Passara anos fechada em seu pequeno mundo, aprendendo a não se importar por não ter uma família, ou se alguém partia ou morria... Sobressaltou-se ao sentir a lágrima que rolou por sua face. Nunca chorava, considerando tal comporta mento pura perda de tempo. Irritada, secou o rosto com a mão. Como podia permitir que alguns simples beijos a perturbassem tanto? Era óbvio que seu parceiro não se deixara afetar, pois parecera gostar no início, mas tudo mudara depressa demais. Quando o cervo se aproximara, Robin derrubara Sybil no chão e a fitara com expressão horrorizada. Teria sido por vê-la rir? Ou estaria chocado com a ousadia dela? Provavelmente, não a considerava melhor que as prostitutas da vila! Ora, o que ela sabia dessas coisas? Durante toda a viagem de volta ao convento, Sybil observara o sem blante taciturno de Robin, até dizer a si mesma que deveria sentir-se grata por não ter se arruinado, ou talvez engravidado! A ideia, que deveria horrorizá-la, trouxe uma torrente de lágrimas, que a deixou ainda mais impaciente. O que havia de errado com ela, afinal? Parecia lamentar que não houvesse acontecido mais, no bosque, em vez de envergonhar-se do que fizera. Deveria estar planejando seu futuro, em vez de imaginar onde estava Robin. De repente, foi tomada por uma terrível suspeita. Robin poderia ter partido para sempre! Talvez ele hou vesse dado a sua missão de magistrado por encerrado, lançando a culpa aos pés de dois desconhecidos. Seria bem do feitio dele conversar a sós com a madre superiora. A ideia de que ele poderia ter partido sem nem sequer se despedir foi como uma facada no peito de Sybil e, aflita, ela decidiu descobrir a verdade. Com o coração aos saltos, correu até a ala dos hóspedes e, sem bater, abriu a porta do quarto de Robin. Foi só quando viu a bolsa de couro e as roupas atiradas sobre o baú, que voltou a respirar normalmente. Afinal, nem mesmo um homem tão rico deixaria seus pertences para trás. O alívio foi logo substituído pela apreensão, pois Sybil reconheceu que sua reação fora exagerada. Não deveria importar-se com o destino daquele homem. Robin ainda não partira, mas partiria, um dia... em breve. E ela não poderia ficar arrasada quando isso acontecesse. Respirou fundo e, tentando controlar o tremor das mãos, convenceu-se de que fora a ideia de uma partida tão súbita que a perturbara. Dado o que se passara entre eles, merecia um adeus. Então, estaria preparada para aceitar o futuro sem Robin. Porém, mesmo enquanto pensava assim, seu coração se apertava. Agitada, ela se pôs a andar pelo quarto, tocado cada objeto

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

pertencente a Robin. Apanhou uma túnica, sentindo a maciez do tecido. Então, sentou-se na cama e abraçou o travesseiro, aspirando o perfume viril. — Sybil, você enlouqueceu — murmurou. — Nem gosta do sujeito. Não era verdade. Apesar de sua impressão inicial, descobrira muitas qualidades admiráveis em Robin. Ele era inteligente, sensível e perspicaz, além de forte e corajoso. Sem querer, ele despertara nela reações poderosas, que iam do ódio à paixão. Recostou-se na cama, sentindo o corpo arder. Jamais imaginara a existência de tais sensações, e não era de admirar que estivesse fascinada pelo homem que as provocava. Na verdade, Sybil sabia que era mais que curiosidade o que a atraída para ele. Bem, fosse o que fosse, não daria em nada. Em vez de trazer conforto, tal pensamento deixou-a gelada. Buscando calor, Sybil envolveu-se nas cobertas que haviam abrigado o corpo dele, como se elas lhe proporcionassem a presença de Robin. Era absurdo, mas Sybil descobriu-se muito cansada de tentar solucionar o mistério da morte de Elisa e, ao mesmo tempo, cum prir suas tarefas no convento. Fechou os olhos por um instante, a fim de descansar apenas um pouco. E adormeceu. Robin acomodou seus soldados no estábulo e saiu à procura de Sybil, mas foi informado por uma criada sonolenta que todas as mulheres já haviam se deitado. A necessidade de saber se ela estava sã e salva o consumia, mas Robin sabia que nada poderia invadir os aposentos das noviças. Além do mais, Sybil precisava descansar. Mas Robin precisava dela. Robin negou tal pensamento, assim ele cruzou sua mente. Não precisava de ninguém, exceto de seus irmãos. Irritado, foi para seu quarto, em busca de paz. Pela manhã, faria o pedido... Ou melhor, faria os "arranjos" para o casamento. Sem se importar com a escuridão do quarto, despiu-se e foi até a cama, mas surpreendeu-se com o grande volume formado pelas cobertas. Desconfiado, puxou-as e ficou boquiaberto com o que viu. Sybil dormia em sua cama! Ela estava deitada de lado, o rosto sereno à luz do luar, os cabelos escapando da touca e cobrindo-lhe o pescoço. Admirandolhe a curva dos seios, Robin foi invadido por uma intensa onda de calor. Sybil dormia em sua cama e, em breve, seria sua esposa. Foi somente a lembrança de que seu casamento serviria ao propósito de protegê-la, nada mais, que o impediu de ceder ao desejo que incendiava suas entranhas. Frustrado, Robin cerrou os dentes. Tinha duas opções: acordá-la ou dormir com ela. Apenas dormir, jurou. Se a acordasse, ela certamente voltaria aos seus aposentos, onde ele não poderia protegê-la. Se Sybil ficasse ali, Robin a teria perto de si durante toda a noite. Respirou fundo e decidiu ser perfeitamente capaz de fazer isso. Não era escravo do próprio corpo, como Stephen. Era um de Burgh, guerreiro e senhor de si. Com cuidado, deitou-se e cobriu-se. Enquanto lutava contra o ardor que se recusava a abandoná-lo, perguntou-se se aquele casamento era mesmo uma boa ideia. Sybil sentiu-se envolvida por um calor delicioso, que jamais sentira antes. O convento era frio, e ela passara a vida inteira tentando conseguir mais cobertores e capas mais pesadas. Agora, porém, sentia-se perfeitamente aquecida, e algo cheirava muito bem. Aconchegou-se naquele conforto, mas até mesmo sua cama pareceu mais macia... e ela abriu os olhos. Horrorizada, descobriu que o dia já amanhecia e que ela não estava em sua própria cama. Lembrou-se de ter saído à procura de Robin e... Arregalou os olhos, dando-se conta de que havia passado a noite na cama dele. Aflita, tentou virar-se, mas algo a impediu. Mal podendo respirar, baixou os olhos para o braço forte sobre seu corpo. Em seguida, deu-se conta da perna musculosa que se insinuava por entre as suas. Robin estava ao seu lado, envolvendo-a no calor de seu corpo, o rosto escondido em seus cabelos. Sybil sentiu uma espécie de pânico e deixou escapar um som abafado, um misto de soluço e riso. Felizmente, Robin continuou a dormir. Como ela fora parar ali? Era óbvio que sucumbira ao cansaço. Mas quando Robin retornara... Por que não notara sua presença? Sentiu profundo alívio ao constatar que continuava completamente vestida. Então, perguntou-se como estaria Robin. Virou a cabeça devagar, com medo de olhar, mas incapaz de resistir. Suas suspeitas se confirmaram. Robin estava nu! Sybil fechou os olhos, mas a curiosidade venceu, e ela voltou a abri-los. Estremeceu diante da visão do peito largo, da pele dourada. Então, deixou que seu olhar vagasse pelo ombro musculoso. Robin parecia ainda mais formidável sem a roupa! E tão perto! Das outras vezes em que haviam se aproximado, a roupa de ambos impedira tamanha intimidade. Reprimindo um gemido, foi tomada por outro tipode calor, ao se lembrar daquelas outras vezes. Seu corpo se incendiou, e Sybil teve vontade de tocá-lo, de acariciá-lo. Baixou os olhos e viu que as cobertas es condiam a parte inferior do corpo de Robin, mas em vez de aliviada, ela se sentiu tentada a puxá-las. Isso não é bom, Sybil pensou. Mesmo que tudo houvesse acontecido de maneira inocente, era uma noviça deitada na cama de um homem nu. E a tentação a incitava a cometer pecados ainda maiores. Tentou desvencilhar-se de seu companheiro, mas o braço dele segurou-a com mais força. Robin resmungou algo e afundou o rosto ainda mais nos cabelos de Sybil, fazendo-a estremecer. Então, imobilizou-se, como se finalmente houvesse despertado. Horrorizada, ela o viu erguer-se em um cotovelo para fitá-la. E ficou ainda mais fascinada com o rosto viril, enfeitado pelos cabelos escuros e despenteados, o queixo quadrado coberto pela barba crescida, os olhos cor de mel, intensos e ardentes. Robin não demonstrou surpresa por vê-la ali. Sua expressão demonstrava apenas desejo, como se ambos estivessem onde deveriam estar. Então, um sorriso curvou-lhe os lábios, deixando Sybil sem fôlego.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Sybil — ele murmurou com voz rouca e sonolenta. Então, beijou-a, e ela retribuiu com ardor. Robin tirou-lhe a touca e afastou as cobertas, pressionando o corpo nu contra o dela. Sybil recebeu-o de bom grado, entregando-se de corpo e alma àquele beijo, acarician do-o com ousadias, permitindo que as mãos deslizassem pelos ombros fortes e pelas costas musculosas. Robin gemeu e aumentou ainda mais a pressão. Parou e resmungou algo. Sybil perguntou-se se ele havia recuperado o controle, mas logo soube a resposta, quando se deu conta de que ele se ocupava em tirar seu hábito. Sabia que deveria protestar, mas deixou que ele continuasse até estar nua também. Em vez de envergonhada, sentiu-se bonita e excitada, especialmente quando aqueles lindos olhos passearam pelo seu corpo com um brilho de aprovação. — Sybil — Robin repetiu. Sybil retribuiu o sorriso dele, como se estarem ali fosse a coisa mais natural do mundo. E suspirou de prazer ao sentir a mão forte e quente em seu pescoço, e depois, descendo lentamente, roçando seus seios de leve. Em seguida, os lábios de Robin substituíram suas mãos, e Sybil quase gritou pela intensidade das sensações que a envolveram. E não protestou, nem mesmo quando ele afastou suas pernas, posicionando-se entre elas, sem jamais deixar de beijá-la. Sybil pensou que poderia beijar aquele homem para sempre. No entanto, ao sentir a pressão mais íntima do corpo dele contra o seu, ficou instantaneamente alarmada. —Não, Robin! Não podemos fazer isso—murmurou. — É errado. Robin ergueu-se para fitá-la, mas não pareceu zangado. Respirou fundo várias vezes, o corpo tenso pelo esforço que tinha de fazer para se controlar. Diante daqueles olhos embaçados pelo desejo, Sybil sentiu uma nova pontada de prazer, provocada pela noção de que exercia algum tipo de poder sobre ele. Por um momento, ela chegou a considerar a ideia de ceder à tentação e entregar-se a ele por inteiro. Por um momento, Robin pareceu perdido em um terrível conflito interior. Sybil perguntou-se se havia esperado demais, se já não haveria como fazê-lo parar. — Se eu jurar que não tirarei a sua virgindade — ele murmurou ofegante —confiaria em mim? O fogo que ardia dentro de Sybil impediu-a de falar, e ela se limitou a assentir. Sem desviar os olhos dos dela, Robin posicionou-se de maneira íntima, deslizando seu sexo pelo dela, sem penetrá-la. Então, gemeu alto, deixando-a ainda mais excitada, fazendo com que ela erguesse os quadris de encontro a ele. — Ah, assim, minha querida! — Robin sussurrou. — Feche as pernas... assim... Ah, minha deliciosa Sybil! O prazer óbvio de Robin alimentou o de Sybil, e ela se entregou à paixão e a todos os outros senti mentos que ele lhe despertava. Passaram a cavalgar juntos, em um ritmo alucinado, até Sybil agarrar-lhe os ombros com desespero, tomada por uma explosão de sensações. — Assim! Mais! — ela gritou. Robin obedeceu, posicionando-se de maneira a estimulá-la ainda mais. — Assim? — indagou em tom quase rude. — Sim, ah, sim, sim! Ah... Deixando-se dominar, pela primeira vez em sua vida, Sybil foi levada por Robin a um mundo desconhecido, onde só havia prazer e êxtase. Por um momento, achou que explodiria em mil pedaços. Robin abafou de gritos de prazer com beijos e, pouco depois, alcançou o clímax, igualmente intenso. Maravilhada pelo que acabara de partilhar com aquele homem, Sybil abraçou-o, deleitando-se com a pele suada que colava à sua. Uma felicidade intensa a invadiu, como se, finalmente, houvesse encontrado seu lugar no mundo... nos braços de Robin. Seria capaz de passar o resto da vida assim, abraçada a ele, para sempre. Isso não é bom, advertiu a voz interior, mas Sybil preferiu ignorá-la, para se entregar de corpo, alma e coração a Robin. CAPITULO XI Satisfeita e feliz, envolta por calor e conforto, Sybil já caía no sono outra vez, quando Robin rolou para o lado e aconchegoua em seus braços. Então, afastou-lhe os cabelos e beijou-lhe a nuca. Embora fosse uma carícia suave, ela sabia que a paixão reacenderia facilmente. Isso não é bom, Sybil pensou. Embora a razão reconhecesse a advertência, o resto de seu ser parecia ter outras intenções, estranhas e deliciosas, com relação a Robin, seu corpo e, talvez, seu coração. Infelizmente, naquele exato momento, ouviram uma batida na porta. Robin imobilizou-se, enquanto Sybil cobria os lábios, reprimindo um grito de horror. No instante seguinte, ele estava fora da cama, aproximado-se da porta, nu e espetacular. Sybil permitiu-se um segundo para apreciar as formas tentadoras, antes de tentar encontrar suas roupas. — O que é? — ele gritou, sem abrir a porta. — Sou eu, milorde, Abel. Pediu-me que o acordasse ao amanhecer. — Ah, sim, obrigado. Volte ao estábulo e diga aos homens que partiremos hoje — Robin ordenou. Sybil começava a vestir-se, quando ouviu as palavras terríveis. Robin estava de partida? Depois do que acabara de acontecer? Ora, o que ela esperava, afinal? Uma declaração de amor? Um pedido de casamento? Embora jurasse não esperar nada dele, ou de qualquer outro homem, não conseguiu livrar-se da dor provocada pela noção de que ele iria embora. Mesmo assim, repreendeu-se por ter se colocado naquela situação. Era a única culpada pela dor que sentia. Acabou de se

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

vestir e saiu da cama, pois Robin aproximava-se e ela queria distância. Notando-lhe a nudez ousada, desviou o olhar, temendo que seu corpo a traísse mais uma vez. Logo deu-se conta de que seus temores eram infundados, pois Robin não tinha a menor intenção de voltar para a cama, ou para os braços dela. Sem perder tempo, ele se vestiu, sem sequer olhar para Sybil. Quando finalmente virou-se, totalmente vestido, sua postura havia mudado. Incapaz de continuar a fitá-la, ele passou a mão pelos cabelos, limpou a garganta, mas não disse nada. Sybil disse a si mesma que, se Robin enfiasse o dedo no colarinho e o puxasse, ela seria capaz de estrangulá-lo com as próprias mãos. A irritação foi tomando conta dela, à medida que o silêncio se estendia. Perguntou-se se Robin não ia dizer nada. Afinal, fora ele quem desaparecera na véspera, e reaparecera ao amanhecer, ao seu lado. Fora ele quem a seduzira. E era ele quem pretendia partir imediatamente. — Eu... peço perdão — Robin finalmente falou, com um gesto constrangido que apontava para a cama. — Pede perdão? — ela repetiu, indignada, cruzando os braços e encarando o homem que perdera, com tamanha rapidez, todo o seu charme. — Bem, sim, eu... Eu me deixei levar... Encontrei-a em minha cama e... Bem, não importa. Tenho um plano. — Não importa? — Sybil voltou a repetir, erguendo a voz um pouco mais, mal acreditando nos próprios ouvidos. A ira que tentara controlar explodiu. Cega de raiva, Sybil apanhou o primeiro objeto que alcançou, uma caneca de madeira, e atirou-a na cabeça de Robin. — Como se atreve a me seduzir e, então, dizer que não importa? — praticamente gritou, enquanto ele se abaixava, esquivando-se do míssil. — Sybil! Acalme-se! Não foi isso o que eu disse! — Robin protestou, voltando a se abaixar, para livrar-se de um cantil que voou em sua direção. — O que disse, exatamente? E como se deitou naquela cama, comigo, sem dizer uma palavra? — Sybil inquiriu, atirando uma túnica, dessa vez. — E onde esteve ontem? Devo lembrá-lo de que a madre superiora ordenou que trabalhássemos juntos? Robin pareceu despertar do choque provocado pelo ataque inesperado, e segurou-a pelos punhos. — Quer fazer o favor de ouvir o que tenho a dizer! — disse por entre os dentes. — Ou pretende que todas as freiras e noviças participem de nossa conversa? Por um momento, Sybil achou que não se importava se todos soubessem o que havia acontecido. Afinal, tam bém estava de partida. No entanto, a ideia de ser expulsa trouxe de volta a sobriedade. — Muito bem. Estou ouvindo — declarou. — Bem, eu deveria tê-la levado comigo, ontem — ele admitiu, fitando-a de maneira estranha —, mas eu estava chocado e não sabia se minhas suspeitas se confirmariam... Sybil, sabia que você e Elisa chegaram ao convento quando bebês, embora crianças tão novas não sejam aceitas, aqui? Sybil deu de ombros. Não gostava de relembrar o fato de ter sido abandonada pelos pais desconhecidos. Fizera do convento o seu lar, recebendo o pouco afeto que conseguira conquistar de algumas freiras mais velhas, e decidira, muito tempo antes, não perder tempo com seu passado. — Achei a história estranha — Robin continuou —, e fui até a vila, em busca de maiores informações sobre a sua chegada aqui. Sybil voltou a se irritar. — Como se atreve a bisbilhotar a minha vida? Não é da sua conta! Robin sustentou-lhe o olhar com firmeza. — Acontece que é da minha conta — retrucou. O tom de voz baixo e grave fez o sangue de Sybil gelar em suas veias. O que teria Robin descoberto? Teve o ímpeto de tapar os ouvidos, pois não queria ouvir que os pais ricos e bonitos que fantasiara não haviam morrido prematuramente, longe de casa, que eram apenas camponeses pobres, para quem mais uma filha não tinha qualquer utilidade, e que a haviam abandonado à morte. — Você não foi abandonada — Robin declarou cóm voz suave. — O quê? — ela indagou, em um misto de choque, alívio e prazer. Finalmente, depois de tantos anos, encontrara alguém que saiba algo sobre seus pais. Sentiu-se fraca e aceitou de bom grado o apoio que Robin lhe ofereceu. E sentiu-se ainda mais grata por já estar sentada, quando ele fez a revelação seguinte. — Vala era sua mãe. Ela fez com que uma criada comprasse uma criança na vila, filha de família pobre, para trocar de lugar com você, para que ninguém jamais a encontrasse. Essa criança recebeu uma vida melhor do que teria tido em sua casa, mas você é a verdadeira Elisa, embora Vala tenha lhe dado o novo nome de Sybil, que é sem a menor dúvida, um atestado de sua descendência dos l’Estrange. Sybil respirou fundo, ainda atordoada e desorientada pelo que acabara de ouvir. Desde o início, tivera dificuldade em acreditar na história que Robin contara sobre Vala e Elisa, mas agora, ele queria incluí-la, também! — Sou uma princesa galesa? — indagou, contendo o riso. Seria uma brincadeira de Robin? Ora, todo órfão sonhava em um dia reencontrar pais nobres, que os cobririam de amor e riqueza... — Tenho uma família? — inquiriu. — Sim, uma família que pode estar tentando matá-la — ele admitiu. Mais uma vez, Sybil teve de conter o riso. Olhou em volta, em busca de algo em que pudesse se agarrar, enquanto seu mundo

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

virava de cabeça para baixo. Decidiu que estava sonhando. Desde o momento era que acreditara ter acordado nos braços de Robin, tudo não passara de um longo pesadelo. Pensou em se beliscar ou, quem sabe, beliscar Robin. Era horrível demais contemplar a possibilidade de Vala tê-la dado à luz, apenas para renegá-la, fingindo que sua filha era apenas mais uma criança abandonada, entre tantas outras criadas pelas freiras. Sybil não podia aceitar tal verdade. Nem seria capaz de enfrentar o fato de que não só tinha parentes que não a queiram, mas que a queriam morta. — Sybil — Robin chamou-a com suavidade, trazendo-a de volta da escuridão onde mergulhara. Ela abriu os olhos e o viu ajoelhado aos seus pés. Quando ele segurou suas mãos, o calor voltou a circular por suas veias, aquecendo-lhe o coração. Seria Robin o salva-vidas que estivera procurando, ou o lastro que a levaria ao fundo. Sybil não saberia dizer. — Estou falando sério — ele disse. — Aqueles homens mataram Elisa porque pensaram que ela fosse você. Espero que continuem a pensar assim, mas se eu descobri a verdade, eles também podem conseguir. Então, você estará correndo grande perigo. Sybil fitou-o em silêncio, incapaz de sentir medo da bizarra possibilidade de que algum assassino político descobrisse sua suposta identidade. Na verdade, o medo não penetraria o caos de sentimentos contraditórios que havia se instalado em seu peito. Ressentiu-se de Vala por não ter reconhecido a filha, e das freiras que haviam participado da mentira. Acima de tudo, ressentiu-se de Robin, que lhe dera uma mãe, apenas para tirá-la em seguida, destruindo as boas lembranças que ela guardava de Vala e virando a sua existência de cabeça para baixo. Furiosa, retirou as mãos das dele e lançou-lhe um olhar de desprezo. O quê, exataraente, ela faria com tal informação? Sybil não teve tempo de refletir, pois Robin retomou seu discurso em tom solene. — Como tudo isso é minha culpa, sou responsável por garantir que nada de mal lhe aconteça. Depois de pensar muito sobre o problema, encontrei a solução. Sybil continuou a fitá-lo. Fosse qual fosse, a solução parecia ser horrorosa. Fixando os olhos no chão, ele disse: — Devemos nos casar. — O quê? — ela inquiriu, incrédula. — Devemos nos casar — ele repetiu, como se pronunciasse uma sentença de morte. — E a única maneira de impedir que os bandidos tentem atingi-la. É a melhor solução para o nosso problema. De todas as revelações que Sybil ouvira nos últimos minutos, aquela era, sem dúvida, a mais chocante. Ro bin estava lhe propondo casamento, não por nutrir algum sentimento terno por ela, mas para resolver o problema! Sem saber se deveria rir ou chorar, limitou-se a ouvir o que mais ele tinha a dizer. — Evidentemente, não será um casamento verdadeiro — ele continuou. — Será apenas para a sua proteção. Assim, ninguém poderá tocá-la, física ou legalmente. Iremos para Baddersly, onde poderei mantê-la em segurança. O plano era bastante lógico, gelando o sangue nas veias de Sybil. Robin nem sequer fingiu sentir qualquer coisa por ela, exceto responsabilidade. Não houve menção do que acontecera à beira do riacho, no bosque, ou na cama, pouco antes. Assim como não havia qualquer sinal do fogo e da paixão que o haviam consumido, então. A expressão de Robin era sombria, enquanto ele descrevia o que chamava de "arranjo". — Não precisa se preocupar, pois não será um contrato verdadeiro, e não existirão laços — ele disse, sem se dar conta da crueldade das palavras. — Será um casamento de aparências, apenas. Você terá a proteção do nome de Burgh, e se algum parente tentar exigir qualquer coisa, você não estará legalmente presa a ninguém. — Exceto você — ela falou pela primeira vez. — Bem, será mera formalidade. Quero deixar claro que não espero nada de você, apenas que fique em segurança, até que eu tenha apanhado os assassinos. Sybil perguntou-se se teria imaginado o recente episódio na cama ao seu lado. Era óbvio que Robin não: sentira tanto prazer, pois se fosse assim, não estaria ali parado, recusando-se a encará-la, negando sentir qualquer desejo por ela. — E, assim que a ameaça for eliminada, poderemos anular o.casamento, alegando parentesco. As pessoas fazem isso todo o tempo — Robin acrescentou. Ora, Sybil pensou, quem acreditariam que eram parentes, depois de Robin ter caçado os supostos verda deiros parentes que pretendiam matá-la? Felizmente, a dor e o choque iniciais já se transformavam em raiva de Robin e sua proposta ridícula. Ergueu os olhos e viu que o petulante estava ali parado, parecendo muito orgulhoso de si mesmo, como se ela lhe devesse gratidão pela oferta absurda. Em poucos dias, descobrira várias facetas daquele homem e mudara de opinião diversas vezes. Agora, teria de revisar suas ideias de novo, pois o que via à sua frente era um garoto grandalhão e mimado. — Você tem irmãos? — perguntou. — Sim, seis. — E são todos mais velhos? — Não. Dois são mais novos que eu — Robin respondeu, visivelmente confuso. — Pensei que você fosse o caçula — ela comentou com desdém. Ocorreu-lhe que, talvez, todos os homens fossem igualmente egoístas, pois pouco sabia sobre eles. Ao contrário da maioria das jovens, Sybil nunca sonhara com o casamento, pois não tinha dote, nem meios de atrair a atenção de um bom partido. Vivera isolada no convento, graças à sua mãe, pensou com ressentimento. Agora, porém, quando planejava partir, aquele tipo de união deixava de ser impossível e, embora não tivesse ilusões românticas, esperava, ao menos, um pouco de afeto, se fosse casar um dia. Do contrário, por que abrir mão da independência com que sonhara por tantos anos? — E então? O que você acha? — Robin indagou, excessivamente seguro de si.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Sybil levantou-se. — Quanto à sua proposta, minha resposta é não —falou com frieza, dirigindo-se à porta. — Tenho outros planos. — Outros planos? Que planos? — ele inquiriu, segurando pelo braço. Finalmente, Robin demonstrava alguma emoção, mas infelizmente, era do tipo errado: raiva e frustração. — Não creio que isso seja da sua conta — Sybil declarou, lutando para ignorar o calor que a mão dele em seu braço irradiava. — É claro que é da minha conta! — ele retrucou, furioso. — Estou tentando salvar a sua vida, e você age como uma camponesa idiota! Tem vontade de morrer? — Não. Tenho vontade de viver! Passei a vida inteira atrás dos muros desse convento, e não pretendo trocar uma prisão por outra. — Prisão? Está dizendo que casar comigo seria algum tipo de castigo? — Robin inquiriu, insultado. Em vez de responder, Sybil aproximou-se da porta, de cabeça erguida. — Para onde pretende ir? O que pretende fazer? — Robin inquiriu. — Se está pensando em viajar para o País de Gales, esqueça. Mesmo que os assassinos não acabem com você antes de chegar lá, o país está em guerra. Tal ideia nem sequer ocorrera a Sybil, e ela se sentiu ofendida por ele pensar que era estúpida e desesperada para ter parentes, a ponto de cometer tamanha tolice. — Se o que você quer é ter uma família, saiba que: a minha é muito grande! — ele prosseguiu. — Alguns deles são seus parentes! Meu irmão Stephen casou-se com uma l’Estrange, que era o nome de solteira de Vala. Brighid e as tias vivem aqui, na Inglaterra. Na verdade, foi por isso que... comecei a procurar por você., por ela... — Robin começou a gaguejar, subitamente constrangido. — Você poderá conhecê-las. O casamento não e uma prisão, apenas uma inconveniência passa geira. Depois, você poderá fazer o que quiser, Se quiser viver na mansão das l’Estrange, tenho certeza de que faremos arranjos. "Arranjos!" Sybil começava a odiar a palavra, e teve vontade de gritar, mas Robin estava lá, encarando-a com confiança, satisfeito com seu plano. Foi então que ela se deu conta de que não poderia culpá-lo pela pro posta absurda. Robin estava acostumado a conseguir o que queria e, naquele caso, fazia o que acreditava ser correto. E foi quando sua dor atingiu os limites do insuportável. — Não — disse e, ao ver a expressão de choque no rosto dele, foi tomada de profunda piedade. Robin estava tão chocado, que não foi capaz de impedir a saída de Sybil. Assim que a porta se fechou, sentou-se pesadamente na beirada da cama, esgotado. Respirou fundo e sacudiu a cabeça. Havia jurado jamais se casar e, quando as circunstâncias o forçavam a isso, deparava-se com uma recusa! E não fizera o pedido a qualquer mulher, mas sim à sua predestinada, a única mulher que reconhecera como sendo a sua perdição. Talvez houvesse se enganado, pensou, embora cada partícula de seu ser protestasse. Sybil era sua. Como podia recusar seu pedido? Sentiu-se ultrajado e ofendido. Todas as mulheres queriam casar. Era um fato inegável. A maioria se consideraria abençoada pela possibilidade de se casar com um de Burgh. Riqueza, poder, segurança, luxo e uma boa dose de virilidade acompanhavam o nome. E Sybil tinha ainda mais motivos para aceitar, pois não tinha vocação para freira, e ele lhe oferecera a chance de escapar do convento. E ela recusara! Com um gemido frustrado, pensou em atirá-la sobre o ombro, ignorando-lhe os protestos. Não seria nada, desagradável. Virou-se e olhou os lençóis revoltos. No mesmo instante, seu corpo reagiu. Robin suspirou, apoiou os cotovelos nos joelhos escondeu o rosto nas mãos. O que pensara estar fa zendo? A resposta era simples: não pensara. Despertara lentamente, descobrindo Sybil em seus braços... e fizera o que qualquer homem faria. Esquecera-se dei todas as reservas e juramentos diante da necessidade desesperada de tocá-la, beijá-la, penetrá-la. Seu corpo estremeceu, e ele se viu tomado pelo mesmo desejo implacável. Ora, tudo o que fizera fora complicar a situação. Dera-se conta disso mais tarde, quando finalmente recuperara o bom senso, e tentara ignorar o que acontecera. Agora, sabia que havia errado, pois a reação de Sybil não poderia ter sido pior. Robin tentara garantir a ela que o incidente não se repetiria, mas isso não a acalmara. Sybil recusara o seu pedido. Sentindo-se estranhamente vazio, Robin deu-se conta de que, agora, o que mais desejava era justamente o que mais desdenhara antes. Em vez de dissuadi-lo, a recusa de Sybil aumentara a sua determinação em se casar com ela, não porque ela era a sua predestinada, nem pela esperança de partilhar a cama com ela. Não tinha escolha. Tinha de protegê-la. Sybil passara a vida inteira no convento, sonhando com uma vida diferente. No estado em que se encontrava, naquele momento, poderia partir para o País de Gales, lançando-se no meio da guerra, na buscai pela família que poderia estar tentando matá-la. E Robin teria de segui-la, o que seria perigoso e oneroso. Então, ficou furioso consigo mesmo por ter mencionado as tias. Conhecendo Sybil, a última coisa que desejava era permitir que ela vivesse com aquelas duas lunáticas! Até mesmo a esposa de Stephen ficara feliz ao sair de lá. Definitivamente, não! Gostava de Sybil exatamente como ela era. Não permitiria que ela se transformasse em uma bruxa. Bem, talvez, ela então pudesse desfazer a maldição... Robin sacudiu a cabeça, irritado. Devia mesmo estar louco. Sybil jamais precisaria saber por que ele iniciara a busca por Vala. Se soubesse, jamais concordaria em se casar com ele. Robin foi tomado pelo pânico, mas não tentou entender o súbito desejo de se casar. Continuou dizendo tratar-se de seu senso de honra, dever e proteção dos fracos. Sybil... fraca? Ah! Só rindo! Ainda assim, ela era vulnerável, como qualquer mulher, a um assassino. Infelizmente, Sybil não acreditava na gravidade do risco que corria. Cabia a Robin convencê-la.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

CAPÍTULO XII Sybil não se surpreendeu quando Robin foi procurá-la. Era óbvio que ele não sei deixaria dissuadir facilmente de seu "plano". E, embora ela estivesse arrasada, sabia que o queria exatamente como era, e não pôde evitar o arrepio de expectativa ao vê-lo. Lutando contra tal reação, deu-lhe as costas e, quando ele chamou seu nome, disse por cima do ombro: — Não tenho nada a dizer ao senhor, a menos que queira discutir algo relacionado à morte de Elisa. — Sybil, não está levando a sério a ameaça à suai vida. O que quer que pense de mim e da minha proposta, tem de considerar o perigo que está correndo! Sybil continuou arrumando a cama de um dos quartos de hóspedes. — Peço desculpas, mas não consigo acreditar em uma história tão fantástica — disse. — Sybil — ele chamou em tom solene, forçando-a a virar-se —, os de Burgh não mentem. Dou-lhe minha! palavra que tudo o que disse é verdade. Há outra pessoa que pode confirmar a história. Ontem, fui procurar! Gwerful, a mulher que trouxe você ao convento. Ela vive em uma vila perto daqui. Vamos até lá e ouça que ela tem a dizer. Sybil acabou concordando, não só pela curiosidade mas também pela perspectiva de passar mais um dia longe do convento. O humor de Robin melhor consideravelmente depois da aceitação de Sybil, e a viagem foi agradável. Os dois cavalgavam lado a lado, Robin dispensando toda a sua atenção e charme a Sybil. Pôs-se a falar da família, descrevendo o pai como um homem sábio e severo, mas que dispensava grande afeto aos filhos. Mas, quando Robin mencionou o casamento recente do conde, Sybil notou o tom de reprovação, embora ele parecesse gostar muito de Joy, sua madrasta. Em vez de interrogá-lo sobre a questão, ficou quieta, ouvindo as histórias deliciosas sobre cada irmão com uma pontada de inveja. Afinal, sua vida não lhe dera muitos motivos de riso, e ela não podia deixar de de sejar a alegria que sentia nas palavras e na voz de Robin. Ainda assim, era evidente que ele estava omitindo algo, quando falava dos pais e dos irmãos. E, embora Sybil desejasse imensamente saber tudo sobre aquele homem fascinante, disse a si mesma que seria pura perda de tempo e, portanto, continuou a ouvir, sem fazer perguntas. O dia transcorreu de maneira agradável, pois não surgiram discussões acaloradas, nem arroubos de pai xão. Além do mais, Sybil deleitou-se com o fato de ter Robin ao seu lado, impedido de chegar perto demais, pelos soldados que os seguiam de perto. Foi somente quando alcançaram seu destino que Sybil começou a se sentir apreensiva. Sabia que não poderia questionar a honestidade de Robin, e ele acreditava no que dizia. De repente, ela não queria ouvir outra pessoa confirmar a história, pois isso a tornaria real, e ela seria obrigada a encarar um passado totalmente diferente do que aceitara muito tempo antes. Disse a si mesma que era natural sentir-se ansiosa, mas nem isso diminuiu sua relutância em desmontar. O que a ajudou foi a determinação de não demonstrar qualquer fraqueza a Robin, que a conduziu até a choupana com seu ar solene de sempre. — Gwerful! — Robin chamou, mas não houve resposta. Ao lado dele, Sybil franziu o nariz, sentindo um odor desagradável. Porém, antes que tivesse a chance de manifestar sua agonia, Robin mostrou-se apreensivo, posicionando-a atrás de si, antes de dar a volta na mesa coberta por peças de tecido. Então, parou abruptamente. Sybil espiou detrás do ombro de Robin e viu o que o fizera parar. Uma mulher jazia inerte, morta como Elisa, exceto pelo fato de seu ferimento parecer resultado de uma adaga ou espada. Sybil fechou os olhos depressa, agarrando-se ao braço de Robin. Embora não fosse do impressionável, aquela era a segunda vítima de assassinato que via em poucos dias, e a visão não era nada agradável. No mesmo instante, Robin passou o braço em torno dela, apertando-a contra si, protegendo-a contra todos os males do mundo, enchendo-» de um desejo que nada tinha a ver com beijos e carícias, mas sim com algo que vinha da alma. — Fique atrás de mim, para o caso de os assassinos ainda estarem aqui — Robin murmurou, desembainhando a espada. Relutante, Sybil obedeceu, seguindo-o pela choupana, que estava deserta. Os assassinos haviam fugido. Quando voltaram a se aproximar do corpo, Sybil viu-se forçada a encarar a realidade. — Era essa a mulher que você queria que eu ouvisse?— indagou. — Sim. E Gwerful. Alguém está no nosso encalço — Robin declarou, sombrio. — Eu não deveria ter trazido você aqui. — Com um suspiro, tomou as mãos de Sybil nas suas e falou com urgência: — Tem de se casar comigo, Sybil. Sybil pretendia recusar, pois nada havia mudado, e ela ainda preferia a liberdade ao "arranjo" frio que ele propunha. Pela primeira vez desde a morte de Elisa, ela sentiu medo, mas não a necessidade de se casar com o homem que a protegeria. Porém, quando ergueu os olhos e se deparou com os dele, suplicantes, naquele rosto bonito, de expressão determinada e, ao mesmo tempo desesperada, algo mudou dentro dela. Sem saber por quê, Sybil murmurou: — Sim, eu aceito. Deixando um soldado na choupana, Robin ordenou aos demais que formassem um círculo em torno dele e Sybil, na viagem até Baddersly. Quanto antes ela chegasse à fortaleza, melhor ele se sentiria. Apesar do temor que sentia pela segurança dela, estava aliviado pela aceitação de Sybil. Ela, finalmente, compreendera o perigo e a necessidade de segurança. Concordara em se casar com ele pela proteção, como ele planejara. Mas, então, por que Robin continuava insatisfeito? Provavelmente, por que tivera de, praticamente, forçá-la. Afinal, todo homem gostava de acreditar ser atraente para as mulheres, especialmente para a sua predestinada. Sybil, porém, não dera qualquer demonstração de realmente gostar dele, exceto quando o beijava, mas isso não vinha ao

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

caso, pois não fazia parte do plano. Agitado, afastou tais pensamentos e concentrou-se no problema mais urgente: a caçada aos assassinos. Quando desmontavam, Florian foi recebê-los. O administrador de Baddersly era competente, mas um tanto bisbilhoteiro. Havia levado Simon à loucura, mas Robin se dava muito bem com ele. Ao menos, até aquele momento. A ideia de apresentar Sybil a Florian era preocupante. — Ainda bem que chegou, milorde! Estávamos preocupados! — Florian declarou. — Francamente, não entendo por que assumiu o papel de magistrado, sujando as mãos na investigação de um crime nos domínios da Igreja! Provavelmente, porque aqueles bispos gordos sejam preguiçosos demais para cumprir sua obrigação — acrescentou, provocando um sorriso de Robin. — Vamos entrar. Já comeram? Quem é essa moça? Temos hóspedes, milorde? Ao ver os olhos do administrador fixos em Sybil, Robin deixou de sorrir e apressou-se em evitar mais perguntas. — Florian, esta é minha noiva — declarou. — Por favor, chame o padre imediatamente. Decidimos não esperar mais para nos casarmos. Pela primeira vez, Florian pareceu não saber o que dizer. — Noiva? — repetiu, sacudindo a cabeça. Então, arregalou os olhos. — Vai se casar com uma freira? — Ela não é freira, é noviça. E, ainda hoje, será minha esposa... se você chamar o padre — Robin acrescentou, impaciente. Queria legalizar a situação, para que não surgissem perguntas mais tarde. E, quanto antes casassem, me lhor. Não queria dar tempo a Sybil para mudar de ideia. Na verdade, uma vez tomada a decisão, sentia grande urgência. Queria se casar com Sybil. Imediatamente! Em vez de obedecer seu senhor, Florian virou-se para Sybil. — Creio que não fomos devidamente apresentados — disse, em tom de reprovação. — Pode chamá-la de lady de Burgh — Robin interferiu, determinado a não revelar a identidade de Sybil. Como Florian permanecesse plantado onde estava, Robin segurou o braço de Sybil e levou para dentro do castelo. Lá dentro, sentiu-se aliviado. Mantendo-a bem perto de si, ordenou aos soldados que montassem guarda nos portões e impedissem a entrada de estranhos. Então, enviou um mensageiro ao convento, sempre cuidando para que Sybil não se afastasse nem um milímetro. Deu-se conta de que, mesmo que ela começasse a gritar e atirar coisas nele, não a soltaria. Sybil seria sua. Finalmente! Tomado por uma empolgação que jamais sentira antes, inclinou-se para ela e sussurrou: — Talvez seja melhor tirar a touca. — Ah, sim, claro... Quando Sybil retirou a touca, seus cabelos caíram em cascata por suas costas, ardentes como a lava de um vulcão, e Robin não pôde conter um gemido. Sybil ergueu os olhos e, ao reconhecer o desejo que o incen diava, não recuou, mas sustentou-lhe o olhar, sem tentar esconder que sentia o mesmo. Robin já estava prestes a berrar pelo padre, quando o velho homem surgiu ao seu lado. — Foi uma decisão um tanto súbita, não, milorde? — ele indagou. Ao mesmo tempo em que Florian assentia, em confirmação, Robin retrucava: — Nosso noivado foi arranjado há muito tempo. — Ah... sim... de fato — Florian gaguejou. — Essas núpcias foram planejadas há tempos... — O casamento foi combinando entre as famílias, há anos — Robin elaborou, ignorando os olhos incré dulos do padre e do administrador. — Compreendo — o padre murmurou. — Muito bem... Aceita esta mulher como sua legítima esposa? Embora houvesse insistido na pressa, uma vez feita a pergunta que ele desdenhara durante tantos anos, Robin descobriu-se incapaz de falar. O silêncio à sua volta era sepulcral. O padre o fitava com expectativa. Sua língua parecia ter colado ao céu da boca. Um pequeno movimento ao seu lado arrancou-o do transe e, ao virar-se, Robin deparou com a expressão irritada de Sybil. Sabendo que se não respondesse logo, perderia aquela mulher para sempre, respirou fundo e disse: — Sim, aceito. Então, sorriu para ela, como se um fardo houvesse sido retirado de seus ombros. — Promete amá-la e respeitá-la até que a morte os separe? — o padre inquiriu. — Sim, prometo. E era verdade. Seus planos caíram no esquecimento, e ele não via qualquer outro desfecho para aquele ca samento. Enquanto fitava os olhos azuis de sua noiva, Robin via um futuro de paixão, prazeres e muita alegria. — Segure a mão dela e repita — o padre instruiu-o. — Eu, Robin de Burgh, aceito Sybil, pelas leis da Santa Igreja, como minha legítima esposa, para amá-la e respeitá-la, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe. Robin repetiu as palavras sem pensar, com firmeza e determinação, nascidas em seu coração, alimentadas por sua alma e, pela primeira vez, não retrucadas pela razão. Finalmente, Sybil era sua, e Robin sentia-se exultante demais para considerar o que o futuro reservava. Especialmente por que aquele momento tinha mais o sabor de vitória do que de perdição. Só queria atirá-la sobre o ombro e carregá-la para o quarto. Porém, antes eu tivesse a chance de tomar uma atitude tão louca, os residentes de Baddersly cercaram os noivos com cumprimentos entusiásticos, e Florian pôs-se a gritar ordens para que as cozinheiras servissem um banquete e os criados preparassem o salão para a grande festa de casamento. Ainda em êxtase, Robin entrou no clima festivo, quando as canecas se ergueram em brindes. Sybil também abandonou suas apreensões e deleitou-se com as comidas maravilhosas e o clima familiar. Robin chegou a se

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

perguntar se ela também havia se esquecido do "arranjo". De sua parte, ele se sentia mais que disposto a deixar seus planos de lado e consumar a união o quanto antes. Infelizmente, a honra dos de Burgh o impedia de embriagá-la para atingir tal objetivo. Restava-se contar com o charme dos de Burgh para acender a chama que ardia entre eles com tanta fre quência, mesmo quando indesejada. À medida que a tarde foi chegando ao fim, os jogos e danças tomaram conta do salão, e Robin conteve o desejo ardente, para ensinar a Sybil aqueles pequenos prazeres. Quando a noite caiu, Robin deu-se conta de que ele e Sybil teriam de partilhar o mesmo quarto. Afinal, como poderia protegê-la, se não a tivesse ao seu lado? Com o sangue a ferver nas veias, o coração aos saltos, perguntou-se se ela recusaria sua companhia, e decidiu que não lhe daria escolha. Dormiriam no mesmo quarto, a fim de manter as aparências do casamento. Não queria nem pensar nos comentários que quartos separados provocariam, especialmente da parte do fofoqueiro Florian. Sim, partilhariam o quarto. O que aconteceria dentro dependeria, exclusivamente, de Sybil. Sybil sentia-se embriagada, mas não pelo vinho. A euforia vinha de sua nova vida, da libertação dos muros do convento, da festa animada, das pessoas amigáveis, dos jogos e da dança. E, acima de tudo, de Robin. Seu marido. Embora a voz interior tentasse lembrá-la de que seu casamento não era real, Sybil já não se lembrava da proposta exata de Robin, pois ele a fazia rir, dançar e comer delícias, cuja existência ela ignorava até então. A certa altura, ele partiu com os dedos um pedaço de bolo coberto de mel e ofereceu a ela. Sybil mordeu, e o mel escorreu pelo canto de sua boca. Fascinado, Robin passou o dedo pela gota e, igualmente hipnotizada pela sensualidade do momento, Sybil lambeu-lhe a ponta do dedo. Com um gemido abafado, Robin levantou-se e disse: — Está na hora de nos retirarmos. No mesmo instante, o canto e o riso pareceram distanciar-se, e Sybil só tinha olhos e ouvidos para Robin. Aceitou a mão que ele lhe estendeu e deixou-se conduzir pela escada, até o quarto imenso e luxuoso. Robin fechou a porta e trancou-a, para então virar-se e tomá-la nos braços. Foi como se o mundo deixasses de existir, e só os dois formassem o universo. Sybil foi tomada de um, ardor intenso, seguido de uma ousadia sem igual. Passou os braços em torno do pescoço dei Robin, enroscou os dedos em seus cabelos e puxou-o para si. Quando seus lábios finalmente se encontraram, a terra tremeu. No instante seguinte, Sybil flutuava no ar, carregada por braços fortes, até a cama macia. Entre beijos, suspiros e carícias, despiram-se com urgência. Foi somente quando Robin se posicionou entre as pernas dela, que Sybil recobrou parte da consciência e, com um grito abafado, pulou da cama. — Isso é loucura — murmurou, trêmula, fitando-o com um misto de insegurança e desejo. — Está se esquecendo de que o nosso casamento não passa de um "arranjo"? Você jurou não consumar essa união. Por um longo momento, Robin fitou-a, como se não fizesse a menor ideia do que ela queria dizer. — Não sei como pude deixar que fizesse isso comigo!— ela continuou. — Não gosta de mim, não me quer... — Sybil — Robin falou com voz rouca —, juro que nunca quis alguém como quero você. Juro que me esforço para não tocála, mas não resisto. Olhando para o corpo forte e espetacular deitado à sua frente, Sybil deu um passo na direção da cama. — E quanto às suas promessas de respeitar a minha virgindade? — indagou em um sussurro. — Não posso engravidar, pois não quero ter um filho de um casamento temporário. — Existem outras maneiras — Robin declarou, um pouco insegura. — Que maneiras? — Pode-se ter prazer, sem perder a virgindade. — Ora, vejo que é especialista nesse tipo de assunto! — Sybil comentou, irritada pela súbita pergunta que se formou em sua mente, sobre quantas mulheres já haviam estado nos braços dele. — Não, mas meu irmão, Stephen, era, antes de se casar. Ele sempre falava dessas cosias. Notando o rubor que tomara conta das faces de Robin, Sybil voltou a amolecer. — E quais são essas maneiras? — indagou. — Venha. Vou lhe mostrar — ele convidou com um sorriso irresistível. Sem pensar, Sybil voltou para a cama e para o homem que parecia ter lhe roubado a capacidade de decisão. Era sua esposa, ao menos, em nome. Por isso, entregou-se sem reservas aos beijos e carícias experientes e ardentes de Robin, que se dedicou, sem o menor sinal de egoísmo, a lhe dar prazer. As carícias foram se tornando mais ousadas, mais íntimas, até Sybil explodir em um clímax tão intenso que seus olhos se encheram de lágrimas. Quando os últimos espasmos varreram seu corpo, ela abriu os olhos e surpreendeu-se, apesar de ainda atordoada, com a constatação de que Robin continuava tão excitado quanto antes. — Mas... e você? — perguntou, incerta. Robin exibiu um sorriso quase doloroso. — Queria que você me tocasse, também — ele confessou, em um misto de desejo e timidez. — Ah... — Sybil murmurou, sem saber o que fazer. — Como? — perguntou, tocando-o de leve. Robin gemeu e fechou os olhos, antes de responder: — Como você quiser! Tomada de uma sensação de poder que jamais sentira antes, Sybil obedeceu. Lentamente, pôs-se acariciá-lo. Sua hesitação durou pouco, pois os tremores e gemidos de Robin a orientavam, e ela aprendeu de pressa como agradá-lo. Quando Robin, finalmente explodiu em êxtase, Sybil sentiu o próprio corpo estremecer, o prazer dele sendo seu, também.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Então, ele a tomou nos braços e apertou-a contra si, e Sybil sentiu-se segura, tomada por um prazer muito maior do que aquele que acabara de experimentar. Tratava-se de um sentimento que ia muito além da reação física, tomando conta de sua alma. Ao mesmo tempo em que se rendia a tal sentimento, Sybil suspeitava que ele duraria muito mais do que seu casamento temporário. O que sentia era amor, e duraria para sempre. CAPÍTULO XIII Robin demorou a acordar. O sol entrava pelas frestas da janela, mas o calor que sentiu parecia vir de dentro. Sentia-se melhor do que nunca e, ao se mover, descobriu o motivo de tamanho contentamento: Sybil. Virou-se para observá-la, esperando sentir-se horrorizado por ter se deitado com ela outra vez, depois de ter jurado nunca mais tocá-la. Para sua surpresa, não sentiu sequer uma pontada de arrependimento. Ao contrário, foi tomado de um sentimento forte e desconhecido, que formou um nó em sua garganta. Ao mesmo tempo, seu corpo reagiu, indicando-lhe que seu desejo não diminuíra. Queria Sybil, inteira, sempre. Com um gemido abafado, ergueu a mão para tocá-la, mas foi impedido pela batida na porta. — O que é? — gritou, irritado, certo de que era o intrometido Florian. — Bom dia, milorde! Trouxe o seu desjejum — anunciou o administrador. — Talvez, milady queira tomar um banho. Um banho... Robin empalideceu. Supostamente, deveria haver sangue nos lençóis. Por um momento, ele chegou a pensar em se ferir. Porém, o que diria quando; chegasse o momento de anular o casamento? Ora, não queria pensar nisso, quando Sybil despertava lentamente ao seu lado, o corpo quente e macio, os cabelos despenteados. Virou-se para fitá-la e viu os cabelos ruivos e sedosos cobrindo parte dos ombros claros, cobertos por sardas. Quando ela se moveu, as cobertas deslizaram, deixando à mostra a curva dos seios fartos. O desejo voltou a atacá-lo, e ele não queria nada além de se perder naquela mulher. — Milorde! — Florian insistiu, e Robin começou a compreender por que Simon considerava o administrador tão irritante. — Vá embora! — gritou. — Robin! — Sybil repreendeu-o. Robin voltou a encará-la, mas ao se deparar com os lábios carnudos, lembrou-se deles colados em seu peito, e não conseguiu se concentrar no que ela dizia. Algo sobre Florian esperar um instante... Um instante? Ora, Robin seria capaz de banir o administrador e todos os residentes do castelo pelo resto do dia, ou talvez da semana. Quem sabe, um ano. Na tentativa de persuadi-la, tentou puxá-la para sim, mas Sybil esquivou-se com uma risada. Deitando-se de costas, Robin cobriu o rosto com o braço e gemeu. Se Sybil começasse a gritar e atirar coisas sobre ele... Não foi o que ela fez. Lançando-lhe um sorriso provocante, ela saiu da cama e embrulhou-se no lençol, mas não antes que Robin tivesse um vislumbre da parte traseira de seu corpo. Embora, antes, ela parecesse não gostar dele, Robin começava a ter suas dúvidas. Sybil demonstrava uma nova confiança, naquela manhã, um poder feminino sutil. Sempre parecera segura, mas um tanto vulnerável, dentro dos muros do convento. Agora, parecia ter encontrado, finalmente, seu lugar no mundo. E que Deus o ajudasse, se esse lugar fosse ao seu lado! No entanto, ainda com o sabor dela nos lábios, as lembranças da noite anterior na memória, Robin já não se lembrava do motivo pelo qual não queria se casar. — Preciso mandar alguém buscar minhas coisas no convento, a menos que você queira me ver usando o mesmo vestido, todos os dias — ela disse, encaminhando-se para a porta. Vestido? Robin queria que ela ficasse nua, sempre! Quando a viu destrancar a porta, sentou-se na cama de um pulo. — O que está fazendo? — inquiriu. Tarde demais. Florian já estava dentro do quarto, carregando uma grande bandeja, repleta de comida. — Chama-se Florian, não? — Sybil indagou em um tom gracioso, que jamais usava, ao se dirigir a Robin,; O administrador pareceu enfeitiçado, ao assentir. — Poderia providenciar um robe para mim? Minhas roupas ainda não chegaram ao castelo. — Claro, lady de Burgh! — ele concordou de pronto provocando em Robin uma estranha sensação ao ouvir o novo nome de sua nova esposa. — E um banho também? — Ah, seria maravilhoso! — Sybil respondeu com; um largo sorriso. Robin observou a cena furioso. Por que ela não era tão doce com ele? Ao vê-la dirigir-se ao banheiro, chegou a levantar-se para impedi-la. Por motivos de segurança, claro. Porém, refletiu que por mais dócil meiga que ela se mostrasse, Sybil certamente não permitiria que ele a acompanhasse ao banheiro. — Trouxe um desjejum especial, milorde, pois precisa recuperar suas forças! — Florian declarou com um sorriso maroto. — Vim pessoalmente, pois sabia que milorde não desejaria criados bisbilhotando os recém-casados. Não, você queria ser o primeiro e único bisbilhoteiro, Robin pensou, enquanto se vestia. — Uma moça encantadora, milorde, embora eu tenha de admitir que o casamento súbito me apanhou de surpresa — o administrador comentou, jogando mais lenha na lareira. Sabendo que era ali que o interrogatório teria início, Robin reforçou a determinação de não partilhar o seu segredo com o maior fofoqueiro da região. Lançou um olhar faiscante, mas Florian ignorou. Ao que parecia, tinha experiência suficiente com os de Burgh para não se acovardar com facilidade. — É claro que estou orgulhoso da pequena festa que tivemos ontem — ele continuou —, mas estou ansioso para organizar uma celebração grandiosa. Admito que fiquei arrasado quando Simon insistiu em se casar em Ansquith. Agora, finalmente,

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Baddersly terá sua chance de brilhar! Mostraremos que os de Burgh, apesar de possuir menos recursos do que Campion, são capazes de fazer festas igualmente espetaculares. — Receio que isso não seja possível — Robin falou depressa. Florian pós as mãos nos quadris. — Não me diga que vai levar milady para Campion! Ou está pensando em se mudar de Baddersly, definitivamente? — Não! Não é nada disso. Não vou a lugar nenhum, e lady de Burgh ficará comigo. Florian voltou a sorrir. — Bem, então, organizaremos... — Não haverá outra festa — Robin interrompeu-o. — Nem agora, nem nunca. E não quero ouvir nem mais uma palavra a respeito! Naquele momento, Sybil entrou no quarto. Visivelmente contrariado, Florian foi até a porta, onde parou e virou-se. — A propósito — disse —, seu irmão enviou uma mensagem, dizendo que quer conversar com milorde. Aparentemente, está preocupado com seu paradeiro e por que ainda não recebeu uma visita sua. Robin praguejou baixinho, sabendo que a notícia de seu casamento logo chegaria aos ouvidos de Simon e, então, ele teria de dar explicações. Com um sorriso cínico, Florian curvou-se e saiu. — Venha comer — Sybil convidou. — Creio que estarei gorda como uma porca, quando for embora daqui. Robin franziu o cenho. Não o agradava aquela conversa sobre partidas. Sentou-se e começou a comer, não por estar com fome, mas por não saber o que dizer. — Qual é o problema? — Sybil perguntou com ar inocente. Tudo, ele pensou. Fora arrancado de sua cama, onde estivera confortavelmente instalado, e agora tinha de ouvir falar de Simon e da futura partida de sua esposa. — Não está com fome? — ela indagou. Ah, sim, estava faminto! E deveria mostrar a ela a voracidade de seu apetite! Mas tinha de pensar no perigo que os espreitava. — Você não vai a lugar nenhum — resmungou. Sem saber por que, sentiu-se inclinado a iniciar uma discussão, mas pela primeira vez, Sybil não retrucou. Mais irritado ainda, tentou se convencer de que, estando em Baddersly, ela estava em segurança. Portanto, não haveria necessidade de trancá-la no quarto e mantê-la sempre ao alcance de sua mão. Mas, então, porque não conseguia pensar em outra coisa? O melhor a fazer seria deixá-la no castelo e sair em busca dos assassinos, mas também não conseguia aceitar a ideia. E quem garantiria que Sybil ficaria ali, sem ele? Poderia deixar guardas na porta do quarto, mas não confiava em ninguém para protegê-la como ele faria. Poderia mandar um de seus cavaleiros no encalço dos bandidos, mas a questão era delicada, e aqueles guerreiros simples não eram versados em tais sutilezas e ardis. Depois de muito pensar, Robin concluiu que não havia ninguém ali que pudesse substituí-lo naquela missão. — O que vamos fazer agora? — Sybil perguntou. O corpo de Robin reagiu instantaneamente à pergunta. Sabia o que queria fazer, mas suspeitava que voltar para a cama não estava nos planos de sua esposa. — Você vai ficar aqui — respondeu em tom rude. — Tenho de encontrar os assassinos, ou chamar al guém para me ajudar nisso. — Um de seus cavaleiros? — Não. Não confio em nenhum deles para essa missão. Trata-se de um trabalho para um de meus irmãos — ele admitiu. A primeira escolha de Robin teria sido Geoffrey, por ser o mais inteligente e instruído da família, mas Geoff estava muito longe, ocupado com a família. Não havia como escapar. Simon era o mais próximo, excelente guerreiro, mas não muito fácil de se lidar. E já estava contrariado com Robin. — Não tenho escolha — Robin concluiu com um suspiro. — Terei de procurar por Simon. Sybil pareceu prestes a perguntar mais, mas a porta se abriu e os criados entraram, trazendo água para o banho da nova senhora de Baddersly. Robin observou-os esvaziarem os baldes na banheira que Florian arrastara para perto da lareira, e pensou que fosse começar a babar. Desde que ouvira a palavra banho, não conseguira tirar a imagem de Sybil, nua, na banheira. Quando os criados saíram, ficou ali sentado, olhos fixos na banheira, mal podendo respirar. —Bem, se é assim, creio que você deveria ir procurar seu irmão — Sybil declarou com um olhar mais ino cente do que seria de se esperar. Robin sabia que não tinha tempo para se demorar ali. Quanto antes apanhasse os assassinos, melhor, pois aquele tipo de tentação deixaria de fazer parte de sua vida. Em vez de se animar com tal pensamento, ficou ainda mais furioso e, depois de rosnar uma despedida, deixou o quarto, ao som da risada doce de Sybil. Aos gritos, chamou um guarda e ordenou que ninguém entrasse em seus aposentos na sua ausência, nem mesmo os criados. Então, chamou um mensageiro e mandou-o a Ansquith. Em seguida, reuniu os cavaleiros de Baddersly e explicou que dois assassinos encontravam-se na região. Sem entrar em detalhes, falou da ameaça à sua esposa e pediu sugestões para au mentar a segurança do castelo. Sentiu-se ligeiramente melhor depois que reforços foram colocados nos muros e portões, mas assim que se viu sozinho, Robin voltou a se sentir inquieto. Sua mente logo abandonou os pensamentos sobre a segurança de Sybil, e ele foi tomado pela urgência de vê-la, de saber que ela estava bem, de estar com ela, simplesmente. Não havia nada a fazer, enquanto não recebesse uma resposta de Simon. Mesmo

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

sabendo que a trilha dos assassinos ficaria mais difícil de seguir, à medida que o tempo passasse, não teria coragem de deixar Sybil sozinha. Já se convencia de que deveria voltar ao quarto, uma vez que, àquela altura, ela certamente terminara seu banho, quando um rugido na porta sobressaltou-o. — O que pensa que está fazendo? A voz irada de Simon era inconfundível, e Robin preparou-se para o confronto, ao ver a figura enorme que bloqueava a porta. Embora soubesse que o irmão seria incapaz de lhe fazer qualquer mal, sabia que quando Simon exibia aquela expressão capaz de fazer guerreiros tremerem, o melhor era deixar que ele desabafasse sua raiva. — Mal havia chegado em casa, quando soube que você retornou a Baddersly sem me avisar. Não que eu me importe, mas Bethia parece gostar de você, por alguma razão que ainda não entendi — Simon prosseguiu. — Antes que pudéssemos planejar uma visita, ouvi dizer que você estava hospedado em um convento, investigando um crime que deveria ser resolvido pelo bispo! E tudo isso chegou aos meus ouvidos na forma de boatos e fofocas, pois você não se deu ao trabalho de me informar de nada! E para completar, esta manhã, ouvi de um camponês que meu irmão se casou! Dada a seqüência de eventos que haviam agitado sua vida, recentemente, Robin não se sentia disposto a brigar com o irmão e, por isso, apressou-se em explicar: — Simon, não se trata de um casamento de verdade — começou. — O quê? 0 que está dizendo? A noiva é feia? — Não, claro que não. É a mais linda... — Robin recomeçou, mas foi interrompido novamente. — Então, deve ser estúpida, como a esposa de Geoff. — Não! É um pouco temperamental, mas é... — Burra? — Não! — Mimada? — Também não! — Comprometida com outro homem? — Não! Simon franziu o cenho, pensativo. — Então, deve ser fria na cama. É esse o problema? — Espere um instante... — O que é então? — Simon inquiriu, impaciente. — Ela o faz infeliz? Doente? — Não! Sinto-me ótimo! — Mas, então, qual é o problema? Robin já estava a um passo de perder a calma diante do interrogatório indesejado e intrometido. — Não há problema, pois não é um casamento de verdade. Simplesmente, dei meu nome a ela, para protegê-la de uma ameaça. Trata-se de uma situação temporária e, quando tudo terminar, nós... pediremos a anulação — Robin falou, contrariado, pois a idéia já não o agradava como antes. Simon sentou-se e cruzou as pernas, estudando o irmão com curiosidade. — Deixe-me ver se entendi — murmurou. — Você se sente ótimo? Robin assentiu com relutância. — Melhor do que se sentiu em toda a sua vida? — Bem, não sei dizer... Talvez... Sim. Simon ergueu as sobrancelhas. — E quer se livrar dela? — perguntou. — Bem, não exatamente — Robin respondeu, desgostoso com a atitude do irmão e com o rumo que a conversa tomava. Simon sempre via tudo em branco e preto e, por isso, não compreendia a complexidade da situação. De repente, ele soltou uma gargalhada sonora, — Você a ama! — acusou Robin em tom de triunfo. — É claro que não! Em vez de discutir, Simon curvou os lábios em um sorriso maroto, como se a negativa só servisse para confirmar suas suspeitas. — Você a ama, não é? — insistiu. Robin suspirou e sentou-se. — Bem, se amo, não é por minha vontade — disse. — O que está querendo dizer? — Paz parte de uma maldição. — Que maldição? Robin não tinha vontade de contar sua teoria a Simon, que jamais acreditara em qualquer coisa que não pudesse ver com os próprios olhos. No entanto, a postura do irmão indicava que ele teria de dar uma explicação. Seria melhor contar a verdade de uma vez. — Cheguei à conclusão de que algum tipo de encantamento foi lançado sobre nossa família, pois estão todos se casando, quando éramos muito felizes, solteiros — Robin resmungou. Simon pareceu chocado. — Está dizendo que estava muito feliz, há um mês?

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Não exatamente. Estamos espalhados pelos quatro cantos do país, por causa dessas mulheres. Simon voltou a erguer as sobrancelhas. Robin corou. — Sinto muito, mas não quero ser dominado por uma esposa, como os meus irmãos. —Acha que Bethia me domina? Se mimamos nossas esposas, é porque assim queremos. Não abrimos mão de nada, nem de nossa liberdade, nem de nossa masculinidade, mas ganhamos muito — Simon murmurou em um tom sonhador que apanhou Robin de surpresa. — Mas se você é tolo demais para compreender isso, deve ao menos perceber que nada é imutável. Os filhos crescem, deixam suas casas e formam suas próprias famílias. Não fosse assim, não existiriam as gerações futuras. Vai entender, quando sua esposa engravidar... — Não vou, não! — Robin declarou, levantando-se — Não consumarei esse casamento porque não é real. Simon encarou-o por um momento, antes de dizer: — Tem uma mulher bonita, capaz de enfrentá-lo de igual para igual, inteligente, excitante, interessante, mas quer se livrar dela e voltar à vida de solteiro? Pior, quer voltar à infância? — Não foi o que eu quis dizer — Robin resmungou, baixando os olhos. — Está na hora de crescer, Robin — Simon falou em tom quase rude. — Pense bem no que tem, antes de jogar tudo para o alto. Robin virou-se. Não queria pensar no futuro, na dissolução de seu casamento, mas também não queria se render ao que acabara com a vida familiar que ele tanto amara. — Enquanto isso — Simon falou em voz baixa —, por que não me conta sobre a ameaça à sua esposa? Aliviado pela mudança de assunto, Robin explicou da melhor maneira possível, vendo a expressão de Simon endurecer diante da menção dos assassinos. Porém, quando Robin pediu que ele perseguisse os bandidos, o mais velho reagiu de maneira negativa. — Está dizendo que devo fazer o seu trabalho, enquanto você fica confortavelmente instalado em seu castelo, na companhia de sua esposa? — Não confio em ninguém para protegê-la — Robin admitiu. — Bem, a melhor solução seria mandá-la para Campion, onde ninguém se atreveria a procurá-la — Simon declarou. — Mas não creio que papai aprovaria esse seu falso casamento. — Não posso perder tanto tempo — Robin argumentou. — Precisamos agir agora, enquanto ainda temos chances de encontrar os assassinos. — Bem, compreendo por que não quer deixá-la aqui. Baddersly é grande demais e há muita gente aqui, para que ela fique realmente protegida. Ela poderia ficar em Ansquith, enquanto nós dois caçamos os assassinos. Robin sabia que Simon preferia a propriedade de sua esposa, bem menor que Baddersly, mas não estava certo de que seria seguro deixar Sybil em Ansquith. Na verdade, não se sentia disposto a deixá-la em lugar nenhum. —Ansquith é perfeitamente seguro — Simon afirmou. — Sei disso. — Robin voltou a baixar os olhos. — O problema é que não me agrada a ideia de deixá-la sozinha, pois ela não tem mais ninguém no mundo. — Eu entendo, mas terá de deixá-la, ou vão passar o resto da vida olhando por cima do ombro, temendo um ataque surpresa. Robin assentiu, sentindo um nó na garganta. Depois que apanhassem os assassinos, não haveria "pelo resto da vida". Ao menos, não com Sybil. — Ela pode ficar com Bethia — Simon insistiu. — Assim, será protegida e não fugirá. Robin lançou-lhe um olhar irritado. Por que Simon achava que sua esposa tentaria fugir? O mais velho deu de ombros. — As mulheres são assim — murmurou. — Como pode ter certeza de que ela estará segura? Simon teve a audácia de rir alto. — Está brincando? Ela ficará com Bethia. CAPÍTULO XIV Sybil recostou-se na banheira, deliciando-se com o banho quente e perfumado. Ter luxos haviam sido raros, no convento, e embora e soubesse que não deveria valorizar demais coisas desse tipo, não podia deixar de aproveitar a oportunidade. Cantarolou baixinho, pensando que não era pecado te sido destinada a uma vida fora do convento. Sentia como se, finalmente, encontrara seu lugar no mundo. Pertencia àquela vida e àquele lugar. O passado ficara para trás, como um túnel frio, escuro e estreito. A verdadeira vida, cheia de cor e brilho começara no momento em que ela se casara com Robin. Sabia que seu casamento não era real, mas adorava ser lady de Burgh. Especialmente no que dizia respeito ao seu marido. Curvando os lábios em um sorriso, Sybil ergueu uma perna, estudando-a com a nova visão que passara ter do próprio corpo. Gostaria que Robin chegasse naquele momento, se despisse e entrasse na banheira! Fechou os olhos e estremeceu ao imaginar as delícias de que poderiam desfrutar em uma banheira. Lembrou-se do brilho da paixão nos olhos dele, pela manhã, e da irritação evidente diante da chegada dei Florian. Era excitante saber que tinha poder sobre o marido. Por mais que ele negasse, Sybil sabia que o afetava, como cavaleiro, lorde e, acima de tudo, como o homem formidável que era.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Estava certa de que os sentimentos dele iam além do dever de proteção, mas hesitava em especular até onde chegavam. Robin demonstrava um desejo insaciável por ela, e Sybil buscava conforto nessa noção. Infelizmente, sua inexperiência com os homens a impedia de saber se havia algum laço, além do físico, a uni-los. Mal compreendia seus próprios sentimentos. Em poucos dias, sentira desde de desprezo até paixão por Robin, e se rendera totalmente a ele. Não queria abrir mão da recém-conquistada liberdade, mas suspeitava que seu amor por Robin e sua individualidade poderiam coexistir em paz. Em algum recesso de sua mente, a verdade a perturbava, lembrando-a de que, apesar de sua euforia, aquele casamento não era real, e a devoção que sentia pelo marido não era boa. Ora, como uma coisa que parecia tão certa, poderia ser tão errada? Fosse como fosse, estava disposta a viver aquela mentira, ao menos por enquanto. O amanhã chegaria em breve. Até lá, aproveitaria a vida e descobriria o mundo. E seria ela mesma. Mais uma vez, foi tomada pela sensação de estar no seu lugar, fazendo o que tinha de fazer. Riu do absurdo, pois nem mesmo em sonhos vira-se destinada a ser lady de Burgh. Sybil só deixou a banheira quando a água esfriou e ela se convenceu de que Robin não chegaria para partilhar do banho. Maravilhada com as roupas magníficas que Florian enviara juntamente com a água quente, vestiu-se com cuidado e escovou os cabelos, deixando-os soltos. Então, olhou-se no espelho e apreciou aquela nova pessoa que nascia. De fato, parecia lady de Burgh! Rindo, disse a si mesma para não se acostumar ao título. Sem ter o que fazer, Sybil fez um reconhecimento completo de seus aposentos e espiou por todas as janelas, dando-se conta da vastidão de Baddersly. Quando começava a se sentir inquieta, ouviu a voz de Robin na porta do quarto. Virou-se, ansiosa para vê-lo, mas sentou-se abruptamente. Apesar de inexperiente, sabia não ser sensato demonstrar o que sentia por ele, especial mente porque ele não parecia retribuir o sentimento. Por isso, esperou com ar casual que ele entrasse, e só ergueu os olhos ao perceber a presença de um outro homem. Sybil arregalou os olhos ao se deparar com a versão maior, mais forte e mais morena de Robin, e concluiu ser aquele o seu "cunhado". — Sybil, este é meu irmão, Simon. — Lady... — Simon cumprimentou-a, curvando-se em deferência. Sybil sorriu em resposta, mas ao ver Simon estreitar os olhos e estudá-la, como se julgasse o seu valor, ela se levantou e sustentou-lhe o olhar. Não se curvaria diante de homem nenhum. Os lábios de Simon curvaram-se em um sorriso, e ele bateu nas costas do irmão. — Devo lhe dar os parabéns—disse, satisfeito, antes de voltar a encarar Sybil. — Infelizmente, não temos tempo para comemorações, agora. Está em perigo, milady, e creio que será mais seguro instalar-se em minha propriedade, Ansquith. Devemos partir imediatamente. Estaria Robin tentando livrar-se dela tão depressa? Como se lesse o pensamento doloroso, Simon deu um passo à frente e acrescentou: — Robin, também. Então, estendeu-lhe a mão, antes que Robin tivesse a chance de fazê-lo. De repente, Sybil tinha dois de Burgh, competindo por sua atenção. Sorriu, pensando que a vida podia ser muito agradável. Ao menos, por algum tempo. Ansquith era menor que Baddersly, mas muito bonita e aconchegante. Simon conduziu-a para dentro da mansão fortificada, informando-a de que o proprietário estava descansando e só poderia recebê-los mais tarde. Sybil ficou surpresa, pois pensara que Simon fosse o lorde, e não conseguia imaginá-lo servindo ninguém. Robin logo explicou que o irmão se casara com a filha de sir Burnell, que estivera doente e, só agora, se recuperava. Sybil mal digerira tal informação, quando entraram no solar e foram recebidos por lady Bethia de Burgh, que parecia muito mais adequada à posição do que Sybil. Alta e bonita, os cabelos loiros, presos em uma trança que descia por suas costas, tinha a postura de uma rainha. Sybil ficou maravilhada ao notar a protuberância do ventre, que indicava a chegada iminente de um bebé. Depois de estudar Sybil como o marido fizera, Bethia cumprimentou-a com ternura. Ouviu com seriedade as explicações sobre a ameaça à vida de Sybil, assim como o plano dos irmãos para a caça dos assassinos. E antes que Sybil sequer começasse a pensar em se acomodar em uma nova residência, eles falaram em partir... imediatamente. Tentou ignorar a pontada de decepção por Robin partir tão depressa, mas viu seus sentimentos espe lhados pelo outro casal, quando Simon tomou Bethia nos braços e beijou-a com paixão. Rezou para que Robin não fizesse o mesmo, pois não estava preparada para tal demonstração pública de afeto. Para seu alívio, Robin limitou-se a segurar suas mãos e fitá-la nos olhos, mas com tamanha intensidade, que o coração de Sybil disparou. Após alguns segundos, já não tinha objeções a qualquer tipo de despedida. Se ele a atirasse no chão, ela permitiria. Infelizmente, Robin parecia não estar pensando em beijos naquele momento. — Não saia daqui. Se precisar ir ao banheiro, leve Bethia consigo. Não vá a lugar nenhum sem um guarda — ele disse. Os ombros de Sybil vergaram, pois mais uma vez, Robin falara apenas de sua proteção. — Terei cuidado — garantiu. Então, deu-se conta de que ele também correria perigo na caçada aos bandidos e, com um forte aperto no peito, murmurou: — Tenha cuidado, também. Robin assentiu e abriu a boca, mas voltou a fechá-la. Fitou-a por mais alguns instantes, com intensidade ainda maior, apertou suas mãos com força e saiu. Simon chamou um guarda e, em seguida, a porta se fechou. Sybil sentiu mais uma forte pontada de dor por aquela separação, e soube que era apenas uma amostra do que viria.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Distraída, ouviu Bethia trancar a porta, mas sua mente continuava concentrada em Robin, e ela foi até a janela estreita. A seriedade da ameaça que pairava sobre eles fez sentir com toda intensidade. Sybil rezou para que Robin voltasse são e salvo, e muito em breve. E então? A pergunta era dolorosa. A euforia do casamento estava se dissipando rapidamente, com a partida de Robin. Sybil sentiu-se vazia e solitária, mais uma vez. — Há quanto tempo o conhece? — Bethia perguntou. Sobressaltada, Sybil virou-se para fitá-la. — Há pouco tempo — respondeu. — É o bastante — a outra garantiu com um sorriso maroto, pousando a mão sobre o ventre protuberante. Sybil sentiu uma pontada de inveja da verdadeira lady de Burgh, pois seu casamento era real, e a devoção de seu marido, aparente. — Sinto muito por ter sido trazida para cá, dessa maneira... — Sybil falou, constrangida. — Bobagem! Adoro receber hóspedes, especialmente uma cunhada! Sybil corou, embaraçada pela mentira. Não sabia se Robin revelara a verdade ao irmão, mas não poderia aceitar a hospitalidade daquela mulher, sob falsos pretextos. — Não se trata de um casamento verdadeiro — disse. Para sua surpresa, Bethia riu e declarou: — Para um de Burgh, não existe outro tipo de casamento. — Talvez tenha razão, mas Robin casou-se comigo apenas para garantir a minha segurança. Mais uma vez, Bethia riu. — Tenho certeza de que Robin lhe disse isso e, talvez, ele mesmo acredite no que diz. Apesar de muito inteligentes, os de Burgh são um tanto lentos de raciocínio, em determinados assuntos. — Diante da expressão confusa de Sybil, acrescentou: — Ele pode enganar a si mesmo e a você, ao mesmo tempo, mas não pode enganar a mim, nem ao irmão. Vi Robin olhar para você, e o que vi não foi o olhar de um homem que está apenas cumprindo o seu dever. Sybil fitou-a com um misto de surpresa e prazer, por ouvir as confirmações de suas suspeitas. A espe rança de que Robin sentisse algo por ela retornou com fervor renovado. — O que eu, uma ex-noviça, posso saber sobre o comportamento dos homens? — indagou com timidez. Bethia voltou a rir, deixando Sybil à vontade, mesmo para discutir um assunto tão delicado. — Se pretende compreender o comportamento dos homens, talvez seja mais fácil voar até a lua! Mas é óbvio que Robin não só a quer, como também a ama. O coração de Sybil disparou, e ela teve de se sentar, pois suas pernas tremiam descontroladamente. — Como pode saber? — perguntou, ainda hesitante. — Bem, a maneira como ele se despediu de você, como se estivesse partindo contra vontade, foi o que chamou a minha atenção — Bethia admitiu. — Ele exibe um ar possessivo, como se quisesse gritar que você pertence a ele e desafiar quem quer que pense o contrário! — Mas... se é assim, por que ele não diz o que sente? — Sybil indagou, ainda mais confusa, ansiosa e relutante; em acreditar em uma possibilidade tão maravilhosa. Bethia emitiu um som zombeteiro e sentou-se lado dela. — Vou lhe contar um pouco do que sei sobre os c Burgh — anunciou. Sybil ouviu, fascinada, Bethia lhe contar sobre o conde de Campion e seus sete filhos, vivendo em um lar predominantemente masculino, com pouquíssimas influências femininas. — Os mais velhos ainda se lembram da segunda esposa do pai, mas não os mais jovens. Robin era um garotinho quando ela morreu. Por isso, ele, Reynold e Nicholas cresceram sem mãe. Apesar de serem atraentes e charmosos, não estão acostumados a lidar com mulheres, e preferem a morte, a admitir uma fraqueza por alguém. Conversei com as outras esposas, e é sempre a mesma história: fazê-los pronunciar as palavras é tão difícil quanto arrancar dentes! — Teve o mesmo problema com Simon? Como conseguiu persuadi-lo? — Bem, tive muitos problemas com Simon, a começar pela tendência dele em dirigir tudo e todos que cruzam o seu caminho, que se mantém até hoje. — Sorriu. — Mas aprendi a dirigi-lo, também. Para fazer o mesmo com Robin, terá de usar a cabeça... e o corpo. — Diante da expressão chocada de Sybil, Bethia soltou mais uma de suas deliciosas risadas. — Dizem que vale tudo, no amor e na guerra, e às vezes acho que os de Burgh não conhecem a diferença. Encorajada por aquela mulher extraordinária, Sybil sentiu a confiança crescer. O futuro voltava a lhe oferecer um leque de possibilidades, e ela estava disposta a lutar pelas melhores, pois a vida nova que começava a conhecer era interessante demais para ser abandonada. — Falando em guerra — Bethia acrescentou —, já lutou, alguma vez? — Só contra Robin — Sybil respondeu com ar maroto. — Então, vou ensiná-la a se defender. Mesmo que Robin pretenda ficar colado a você noite e dia, surgirão circunstâncias em que isso será impossível. Ou então, estarão os dois sob ameaça. Embora os de Burgh se julguem invencíveis, sei por experiência própria que não são. Sybil sorriu, mas logo se mostrou apreensiva. — Não estamos seguras, aqui? — Dentro do possível, mas castelos e fortalezas são construídos para defesa de ataques feitos por exércitos de guerreiros, não de um ou dois homens determinados a entrar. Mesmo que Simon tenha proibido a entrada de qualquer visitante, pretendo manter uma vigilância cuidadosa. E, se nada acontecer, você terá adquirido uma habilidade valiosa, que poderá ser útil, um dia. O que acha, irmã?

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Engolindo o nó formado em sua garganta pelo título invocado, Sybil limitou-se a assentir. Não fazia ideia de como uma mulher grávida a ensinaria a lutar, mas suas dúvidas se dissiparam quando Bethia abriu um baú e retirou duas facas, estendendoas para Sybil. Como se não bastasse, apanhou uma grande espada com expressão de orgulho. — Vamos começar por esta, minha arma predileta — decidiu. Robin detestava estar longe de Sybil. Afinal, era responsável pela segurança dela, e não era homem de fugir às suas responsabilidades, especialmente no que dizia respeito a ela. Ao se despedir, quisera dizer coisas a ela, mas com Simon e Bethia presentes, fora impossível. Além disso, sua língua parecia paralisar-se, quando ele fitava a sua predestinada nos olhos. Sem dúvida, era mais um efeito da maldição, embora Robin já não se importasse com isso. Estava mais preocupado em saber o que significava a nova confiança que Sybil demonstrava, se ela estava sorrindo para algum guarda de Ansquith, e por que não dissera algo como "sentirei sua falta", ao se despedir. Ora, ela parecera ansiosa para se ver livre dele! Nem protestara contra a mudança para Ansquith e, ao ser abordada por Florian, que lhe suplicara que ficasse, limitara-se a rir, afirmando que voltariam em breve. Robin não tinha tanta certeza, mas não queria pensar nisso, também. Em Ansquith, tentara se mostrar confiante, pelo bem-estar dela, mas a verdade era que a ideia de deixá-la partia seu coração. E Simon não o ajudava, pois parecia deleitar-se com o sofrimento do mais novo. Em vez de demonstrar simpatia pelos sentimentos de Robin, Simon garantira que, ao voltarem, providenciaria para que o irmão e a esposa ocupassem quartos separados, "uma vez que o casamento deles não era real". Então, caíra na gargalhada, como em vingança por todas as peças que Robin havia lhe pregado, na juventude. Perdido em seus pensamentos desagradáveis, Robin sobressaltou-se ao ouvir o irmão praguejar violentamente. — O que foi? — Robin indagou. — Estou fazendo papel de idiota, falando sozinho, todo esse tempo! — Simon rosnou, irritado. — Acho que você é um caso perdido. — Do que está falando? — Lembra-se de como me encontrou, quando veio para Ansquith, no último outono, depois da minha briga com Bethia? Eu estava deprimido e arrasado, a ponto de permitir que aquele idiota do Stephen me embriagasse! — Sim, eu me lembro — Robin murmurou, sem saber o que aquilo tudo tinha a ver com a situação em que se encontravam, no momento. — Pois saiba que está agindo da mesma maneira — Simon declarou, sacudindo a cabeça. — E só há uma cura para esse tipo de doença. — Não estou doente! Estou... pensativo. Além disso, Sybil e eu não tivemos uma briga. — Talvez não, mas também não acertaram a situação entre vocês. Robin não queria voltar a falar de Sybil com o irmão, mas a curiosidade levou-o a perguntar: — Qual é a cura? — A resposta seria casamento, mas como você já fez isso, acho que terá de transformá-lo em uma união verdadeira, baseada em amor, em vez de dever. Robin fez uma careta, e Simon soltou outra risada, mas ambos recuperaram a seriedade quando se aproximaram da choupana onde Gwerful fora assassinada. Robin cumprimentou o guarda de deixara lá e os dois desmontaram. O corpo havia sido removido e enterrado por vizinhos, pois o marido dela continuava viajando. — Como sabe que o mercador não a matou, em um acesso de ira? — Simon indagou. — Isso acontece, às vezes. — Seria muita coincidência. O casal vivia em paz, até eu aparecer, fazendo perguntas. — Não pode se culpar pelo que aconteceu. — Posso e continuarei me culpando — Robin retrucou, sabendo que Simon ignorava a maior parte da história. Simon abaixou-se e examinou o chão onde a mulher fora encontrada morta. Robin examinou o restante da casa, mas não encontrou nada. — Não houve luta — Simon afirmou. — Qualquer um que entrasse era bem recebido, pois Gwerful sempre considerava os visitantes como possíveis fregueses — Robin explicou. — Homens mal-intencionados podem preferir entrar pelos fundos — Simon lembrou. No mesmo instante, ambos correram para a porta dos fundos, que se abria para um pequeno quintal. —Aqui! — Simon anunciou, apontando para marcas de cascos. — São descuidados. Quase tão experiente quanto Dunstan em seguir rastros, Simon acompanhou as marcas que seguiam por entre as árvores, até a estrada. — O que faremos, agora? — Robin perguntou. — Seguiremos pela estrada, atentos a qualquer sinal. — Talvez tenham voltado ao convento — Robin murmurou com um olhar sombrio na direção a que se referia. — Veremos — Simon replicou, montando seu corcel e saindo a galope, seguido por Robin. Na estrada, seguiram em ritmo lento, que deixou Robin quase louco de ansiedade. — Provavelmente, foram direto para o convento, assim que descobriram que Sybil é a verdadeira princesa — ele resmungou, enquanto Simon estudava a estrada com imenso cuidado. — Podem ter machucado alguma freira, ou até mesmo estarem lá... — Eu deveria ter trazido Bethia, em vez de você! — Simon interrompeu-o, irritado. — Está pensando com outras partes do

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

corpo, em vez de usar a cabeça. — Não estou! — Robin retrucou, indignado, pois não voltara a pensar "naquilo", desde que se despedira de Sybil. Simon suspirou. — Eu me referia ao seu coração, idiota! Robin abriu a boca para protestar, mas Simon parou diante de uma moita, erguendo a mão em um sinal para que parassem. Então, desmontou e examinou o solo. — Por aqui — disse, voltando à sela. — Como sabe que essas pegadas são dos homens que estamos procurando? — Não sei, mas acaba de me ocorrer que eles viram o seu grupo na estrada, ontem, e se esconderam, ape nas para não serem vistos por viajantes. Então, podem tê-lo reconhecido como sendo o magistrado e visto que uma noviça cavalgava ao seu lado. Robin sentiu o sangue gelar. — Talvez sim, talvez não — Simon murmurou. Mas Robin não se deixou acalmar. Sabia o que o irmão estava pensando, mesmo que Simon não pronunciasse as palavras. Os assassinos poderiam tê-lo seguido até a vila e, depois, até Baddersly. E, então, para Ansquith. CAPÍTULO XV Foi o dia mais agradável e excitante da vida de Sybil, que logo desenvolveu uma grande afeição por Bethia, uma mulher que não escondia sua força, e que conquistara seu lugar no mundo, apesar das dificuldades e vulnerabilídades. Tendo crescido sem família e sem escolha de onde viver, Sybil tinha muito em comum com Bethia, que passara muitos anos sofrendo nas mãos de parentes que haviam tentado anular sua personalidade... em vão. Refletindo que Bethia era um grande exemplo a ser seguido, Sybil massageou os músculos doloridos. Embora Bethia garantisse que suas armas eram mais leves que a maioria, Sybil não estava habituada àquele tipo de exercício. Ao mesmo tempo, sentia-se satisfeita pelos sinais de que começava a dominar uma habilidade que lhe dava mais poder e confiança. Sentia-se bem. Mais uma vez, foi tomada pela sensação de estar no lugar que lhe pertencia. E concluiu que, independente do que acontecesse com seu casamento, teria um futuro melhor. Estava fazendo novas amizades e conhecendo novas experiências. Estava no mundo, como tinha de ser. Sentando-se, Sybil implorou por um descanso. Bethia riu e sentou-se ao lado dela. O solar já não parecia o mesmo, com a mobília empurrada para os cantos e um colchão de palha erguido e apoiado na parede, todo furado por facas e espadas. — Parece muito diferente de quando cheguei — Sybil comentou, e as duas caíram na risada. Uma batida na porta interrompeu-as. — Sim? — Bethia atendeu. — Sou eu, Gerbold, milady — respondeu uma voz masculina, do outro lado. — Entre! Um cavaleiro alto e forte entrou e curvou-se. — Milady, há dois padres no portão, pedindo para ver a noviça do Convento Nossa Senhora das Dores. Estão investigando um assassinato. Sybil sentiu um calafrio, pois conhecia bem o mundo rígido e às vezes injusto da Igreja. Porém, ao ver a expressão de calma no rosto de Bethia, animou-se e foi tomada de uma nova coragem. Não era mais uma noviça. Era lady de Burgh. — Muito bem — disse Bethia. — Mande-os entrar. Minutos depois os dois padres entraram, curvando-se diante das mulheres, e apresentando-se como Paulinus e Randal. Usavam capas escuras e exibiam postaras de homens cansados, embora os rostos parecessem jovens. — Como senhora de Ansquith, dou-lhes as boas vindas — Bethia declarou. — Fui informada de que desejam conversar com minha parente, lady de Burgh, ex-noviça do Convento Nossa Senhora das Dores. Os dois padres trocaram olhares surpresos, antes de encararem Sybil. — Ora... Parabéns, milady — Paulinus cumprimentou-a, e os dois voltaram a se curvar. Sybil sentiu-se aliviada diante da demonstração de deferência, — Agradecemos a sua hospitalidade, lady de Ansquith — disse Randal —, mas devemos conversar em particular com sua parente. Trata-se de um assunto da Igreja, de extrema importância, e de natureza muito particular. As feições de Bethia endureceram. — Lamento, mas isso não será possível. Gerbold... — ela começou, mas foi interrompida por uma comoção. Os supostos padres se endireitaram, e um deles encostou uma faca no pescoço do cavaleiro, antes que ele tivesse a chance de responder ao chamado de sua senhora. — Infelizmente, devo insistir, milady — Randal falou com cinismo. O capuz deslizou de sua cabeça, revelando uma expressão assustadora. — Vocês não são padres, nem estão investigando nenhum assassinato, pois são os responsáveis pelo cri me! — Bethia concluiu, levantando-se, indignada. — Fique onde está, senhora — Paulinus advertiu-a. — Não é quem viemos buscar!

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Mas é a mim que vão enfrentar. Uma coisa é atacar uma freira indefesa, na escuridão. Outra, bem diferente, é desafiar duas mulheres armadas, em seus próprios domínios — ela declarou, empunhando a espada. Os dois assassinos olharam para Bethia, linda, ricamente vestida e visivelmente grávida, e explodiram em gargalhadas. Até mesmo Sybil, que a vira manejar as armas, sentiu uma pontada de medo, especialmente pelo bebé. Aquela luta lhe pertencia, e ela não conseguiria viver com a culpa, caso algo acontecesse a Bethia ou ao bebe. Segurou com força a faca que ainda estava em seu colo. — Não! — Sybil gritou, pondo-se de pé, empunhando a adaga. Não sabia exatamente como atacaria Paulinus, mas antes que tivesse tempo de fazer qualquer coisa, Bethia atacou. O grito de Sybil distraíra os dois homens, e a cunhada aproveitou a oportunidade. Sybil, tão surpresa quanto os dois homens, viu Paulinus dobrar-se, com a espada atravessada em seu estômago. Randal, que empunhava a faca contra o pescoço de Gerbold, sobressaltou-se, afastando-se do cavaleiro, e foi atacado por Gerbold e Bethia, ao mesmo tempo. Sybil limitou-se a observar a cena de olhos arregalados, enquanto Bethia encostava a lâmina de sua espada ao pescoço do bandido caído no chão. — Quem os mandou aqui? — ela inquiriu, mas o homem estremeceu e morreu, antes que pudesse responder. Horrorizada, Sybil caiu de joelhos e cobriu o rosto com as mãos. A coragem abandonou-a e tremores violentos sacudiam seu corpo, enquanto ela só pensava na força protetora de seu marido. Talvez a vida no mundo não fosse tão maravilhosa quanto pensara. No momento em que chegaram a Ansquith, Robin soube que havia problemas. Mesmo nos portões, os guardas corriam de um lado para outro, acenando parai que os lordes entrassem, com expressões sombrias. Sentindo um medo que jamais imaginara existir, Robin não parou para saber o que havia acontecido. Cavalgou, desesperado, até a porta da mansão, seguido de perto por Simon, apavorado diante da possibilidade de ter chegado tarde demais, de que sua predestinada estivesse morta. Foi somente quando Simon apontou para uma janela do andar superior, que Robin viu Bethia acenando e gritando que tudo estava bem. Enfiou a espada na bainha, suando e estremecendo de alívio. Precisou dei um longo momento para recuperar o fôlego e, então, olhou para Simon, que também estava muito pálido. Sem dizer nada, os dois entraram na mansão e foram para o solar, onde Bethia lhes contou o que havia acontecido. Robin tentou ouvir, mas seus olhos estavam fixos em Sybil, sentada junto à janela, com uma caneca de vinho quente nas mãos. Correu até ela a ajoelhou-se aos seus pés, deixando a caneca no chão e segurando-lhe as duas mãos, geladas e trêmulas. — Você está bem? — perguntou com voz embargada pela emoção. Sybil assentiu, mas sua expressão era apenas uma sombra da confiança que ela costumava exibir. Robin sentiu um forte aperto no peito. Preferia que ela atirasse coisas sobre sua cabeça, a vê-la assim, parecendo perdida e sozinha. Sybil, finalmente, fitou-o nos olhos e ergueu o queixo. — Não desmaiei — declarou. Com um nó na garganta, Robin tomou-a nos braços e pôs-se de pé. Ignorando os protestos dela, levou-a para o quarto destinado a ele e fechou a porta atrás de si. Sentia-se tomado por um misto de sentimentos como posse, proteção, alívio e... amor. — Robin, não estou ferida — ela disse, ao ser colocada na cama. — Não preciso me deitar. — Pois eu preciso. Segurando-lhe o rosto entre as mãos, Robin beijou-a com a intensidade que seus sentimentos exigiam. E foi retribuído com a mesma paixão. Sybil parecia tão determinada quanto ele a esquecer o medo das últimas horas e entregar-se ao prazer de seus corpos unidos. Em questão de minutos, estavam nus, agarrados um ao outro, como se não fosse possível aproximarem-se tanto quanto gostariam. Robin queria sentir-se dentro de Sybil, gritar que a amava e anunciar ao mundo que ela lhe pertencia. Porém, o "arranjo'' que haviam feito, as dúvidas que permaneciam sobre a maldição, e seus próprios pensamentos conflituosos o mantiveram calado. Decidiu tomar aquele último passo no calor da paixão, roubando dela para sempre a sua virgindade, sem lhe pedir permissão. Dizendo a si mesmo que, daquela vez, todo o prazer seria dela, pôs-se a acariciá-la e beijá-la, cobrindo cada centímetro do corpo de Sybil com as mãos, os dedos, os lábios, tocando-a de todas as maneiras, em todos os lugares, arrancando-lhe gemidos de prazer e surpresa, diante de intimidades jamais sequer imaginadas por ela. O som musical dos gritos de Sybil ao atingir o êxtase foram a sua recompensa e, ignorando os protestos que ela sussurrou, sobre a necessidade de satisfazê-lo, também, Robin aconchegou-a em seus braços, e afagou-lhe os cabelos, até.que ela adormecesse. Seus pensamentos, porém, não eram nada pacíficos. Embora soubesse que deveria estar satisfeito pelo des fecho dos eventos do dia, sentia-se agitado. Ninguém se ferira, os assassinos estavam mortos, mas Robin continuava sob o domínio do medo que o fazia querer ficar junto de Sybil o tempo todo. Gradualmente, foi tomado pela necessidade urgente de acordá-la e pos suí-la naquele instante, de uma vez por todas... para sempre. Finalmente, levantou-se e, com um último olhar para a esposa adormecida, vestiu-se e deixou o quarto em silêncio. Saiu à procura de Simon, mas não o encontrou, nem Bethia. Por isso, foi para o solar, onde se pôs a andar de um lado para outro, até Simon aparecer, os cabelos despenteados e as roupas amarrotadas. — O que aconteceu com você? — Robin inquiriu. Simon lançou-lhe um olhar fulminante e Robin deu-se conta do motivo do desaparecimento do senhor e da senhora de

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Ansquith. Ele riu e corou, mas quando ia murmurar um pedido de desculpas, Simon começou: — Bem, os assassinos estão mortos, a ameaça deixou de existir... Agora, você só tem de anular o casamento. Quando será? Finalmente, lá estava o demônio que Robin ainda não se sentia preparado para enfrentar, o verdadeiro e único motivo do medo que apertava seu coração. Virou-se para Simon e viu que o irmão o fitava com expressão ligeiramente divertida. Enfiou o dedo no colarinho da túnica, subitamente apertado, e limpou a garganta. — Não sei, exatamente. Terei de conversar com minha esposa, claro — disse. — Claro, mas talvez você queira dar início ao processo, pois sabe como esses julgamentos eclesiásticos são lentos. — Simon sorriu, parecendo solidário demais. — Qual é mesmo a razão que pretende alegar? Acho que papai não aprovaria, se vocês declarassem que ela foi coagida ao casamento. Robin sacudiu a cabeça. Não queria pensar e, menos ainda, falar do assunto. — O que acha de alegar um casamento anterior? Geralmente, são falsos, mas se der dinheiro suficiente, saíra livre de qualquer compromisso desse tipo. Furioso, Robin pensou nos homens mais velhos que se livravam das primeiras esposas, para se casarem com mulheres mais jovens e bonitas. Um comportamento que ele desprezava. E jamais se declararia comprometido com alguém que não fosse Sybil. Nunca! — Você nem teria de se declarar casado anteriormente — Simon prosseguiu —, uma vez que nunca escondeu seu horror ao casamento. Bastaria pagar um homem para dizer que se casou com Sybil, antes de você. Os dois poderiam viver como marido e mulher, e você estaria livre dela para sempre. Robin sentiu o sangue ferver. Ninguém tiraria Sybil dele! E se Simon dissesse mais uma palavra a respeito, seria esmurrado sem piedade. Tendo chegado ao limite de sua paciência, encarou o irmão de punhos cerrados. Simon fez uma pausa, como se refletisse sobre a situação. Então, exibiu um sorriso radiante. — Já sei! Há um motivo garantido para anulação de casamentos, que seria perfeito para você! — O quê? — Robin indagou, aliviado pela mudança nos argumentos do irmão. — Você não terá de fazer nada, e será uma alegação verdadeira, no seu caso. Tudo o que sua esposa precisa fazer é dizer ao bispo que você é impotente. — O quê? — Robin rugiu, preparando-se para lutar. Simon, porém, caiu na gargalhada e Robin decidiu que esmurrar o irmão não diminuiria a sua agonia, devida a um único fato: ainda não estava pronto para anular seu casamento. Assim, encarou o irmão com seriedade e disse: — Não temos provas de que os dois assassinos trabalhavam sozinhos. A ameaça pode não ter terminado. — Era a verdade. — Creio que devemos enviar um homem de confiança ao País de Gales, para que descubra o que puder sobre os dois assassinos. Simon fitou-o por um momento, antes de dizer: — Tenho um homem de extrema confiança para essa missão, mas se pretende continuar casado, é melhor dizer isso à sua esposa, em vez de ficar inventando desculpas para esse seu casamento. Algo mudara em Robin. Sybil não saberia dizer qual era a diferença, mas ele parecia inquieto. Era difícil acreditar que o homem mais arrogante que ela conhecera estivesse inseguro, mas não haveria como negar que ele mudara. Robin a levara para a cama, proporcionando-lhe prazeres inimagináveis e, então, insistira para que ela dormisse, sem satisfazer o desejo dele. O que era um ato total mente desprovido de egoísmo e, por isso, inesperado. E Sybil dormira, sob o efeito da tensão dos últimos dias, do vinho aquecido e das atenções de Robin, até a manhã seguinte. Porém, quando acordara, ansiosa para retomar o que haviam interrompido, ele não estava lá. Sentindo os lençóis gelados, ela se perguntou se seu marido havia sequer dormido no mesmo quarto. Ao descer para o salão e ser recebida por ele com um excesso de atenção e gentileza, Sybil ficou ainda mais desconfiada. Ora, Robin só tentava agradá-la quando queria alguma coisa. O que seria, dessa vez? Não foi fácil comer o desjejum, com os olhos de Robin sobre ela, mas Sybil estava tão ocupada com seus próprios pensamentos sobre as possíveis intenções do marido, que não deu maior atenção quando os dois irmãos conversavam sobre enviar homens ao País de Gales. Robin deixou claro que não acreditava que a ameaça deixara de existir com a morte dos assassinos, mas nem tais alusões ao perigo a preocuparam. Ocorreu-lhe que talvez ele pretendesse anular o casamento imediatamente. Ora, mas então, por que não declarava suas intenções de uma vez, em vez de tratá-la com tamanha gentileza? Estaria pensando que ela explodiria em prantos, quando ele a deixasse? Pois Sybil não faria isso! Ao menos, não na presença dele. Depois da refeição interminável, Robin levou-a para um canto do salão, irritando-a ainda mais. Ao ver que Simon e Bethia os observavam com grande interesse, Sybil teve vontade de começar a atirar objetos na cabeça do marido. No entanto, cruzou os braços e esperou, impaciente. — Sybil, eu... sinto muito por não estar aqui, ontem, quando você se viu em perigo. Lamento que tenha passado por isso, mas acho que, finalmente, tem verdadeira noção da ameaça que paira sobre você. Pairava, Sybil pensou. Não acreditava que havia um exército à sua procura. Se fosse uma rainha, talvez, mas era apenas uma entre as tantas princesas de um país minúsculo. — Sinto-me profundamente grato a Bethia pelo que fez — ele continuou —, mas como poderemos demorar para descobrir quem está por trás de tudo isso, creio que devemos retornar a Baddersly. — E? — ela indagou, em tom de desafio.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— E devemos continuar vigilantes e... Bem, é claro que... devemos continuar... casados — Robin gaguejou enfiando o dedo no colarinho. — Para sua proteção, claro. Sybil foi tomada de alívio. Robin podia estar planejando algo, mas não pretendia livrar-se dela... ainda. Recuperando a coragem e a ousadia, lembrou-se do conselhos de Bethia. — Suas coceiras voltaram? — perguntou, aproximando-se para examinar o pescoço dele. — Não, não. Estou bem — Robin murmurou. Embora pretendesse despertar o interesse de Robin com suas atenções, a proximidade afetou Sybil, também. Quando ele segurou sua mão, ela sentiu o coração disparar e, em um impulso, sugeriu: — Por que não vamos até o quarto, para que eu possa examiná-lo melhor? O olhar de Robin aqueceu-a por inteiro. — Quando chegarmos em casa — ele disse, apertando-lhe a mão com uma promessa muda. Recuperando de vez a confiança, ela prosseguiu: — Talvez exista algum bálsamo que eu possa... esfregar em você. Robin limpou a garganta. — Eu... creio que poderemos... providenciar. — Ótimo — ela concluiu com um sorriso radiante. Estavam juntos, Robin parecia estar voltando a ser o homem que era antes, e tudo estava bem. Ao menos, por enquanto. Tudo estava bem, Robin pensou, satisfeito. Apesar das advertências de Simon e de seus próprios receios de que Sybil não fosse concordar em voltar a Baddersly, tudo correra como deveria. Despedira-se do irmão com um sorriso arrogante, pois o futuro voltara a estar distante demais para preocupá-lo. E fizera a viagem sem medo de um ataque, pois a notícia da morte dos assassinos demoraria a chegar ao seu mandante. Agora, mal podia esperar que Sybil cumprisse a promessa de "esfregá-lo", assim que chegassem no quarto. Definitivamente, sua vida não poderia ser melhor! Conseguiu até mesmo ignorar o entusiasmo exagerado de Florian, ao recebê-los diante do castelo, recitando sua alegria por ver seus senhores de volta e tagarelando sobre uma "surpresa" que os aguardava no salão principal. Acreditando tratar-se de mais uma festa, Robin decidiu que, dado seu excelente humor, suportaria adiar por mais algumas horas o idílio romântico com sua esposa. E tinha tempo de sobra, muitos dias e noites, não só para desfrutar dos prazeres da cama com Sybil, mas também para tornála sua, de uma vez por todas e para sempre. Seu sorriso era radiante, quando ele a conduziu para dentro do salão, mas seus olhos se arregalaram diante da visão de duas mulheres. — Vejam só quem está aqui! — Florian anunciou, abrindo os braços em um floreio. — Robin, querido! Robin ouviu, mas não acreditou. Aquela voz, acompanhada do tilintar de pequenos sinos, provocou-lhe um arrepio na espinha. Quando seus olhos finalmente se ajustaram à fraca iluminação, ele reconheceu as irmãs l'Estrange... e ficou horrorizado. — Ora, ele está mesmo surpreso em nos ver, como você previu, meu caro Florian — disse Cafell, batendo palmas alegremente. — Deve estar se perguntando o que estamos fazendo aqui — Armes declarou com a rigidez costumeira. — Cafell teve uma premonição. — Na verdade, foi um sonho — a irmã corrigiu. — Que seja! — Armes revirou os olhos. — Sonhei com Vala — Cafell explicou. — Foi muito vago, pois os sonhos não são claros como as visões que temos nas águas. Emudecido, Robin limitou-se a fitá-la, boquiaberto. — Mesmo assim — ela continuou —, consegui compreender que ela tentava me dizer algo sobre a filha, e achei que isso poderia interessá-lo, Ele tem uma missão, sabia? — acrescentou, dirigindo-se a Sybil. Robin emitiu um gemido alto, agitando os braços na tentativa de impedir que a mulher dissesse mais. — Sente-se, meu jovem — Armes sugeriu. — Parece não estar se sentindo bem. — Uma missão? — Sybil indagou. — Não, eu... — Robin começou. — Não seja modesto, milorde — Florian interrompeu-o e, ansioso como sempre por uma boa fofoca, exibiu um sorriso encorajador para as duas visitantes. — Por favor, conte-nos! — Não! — Robin gritou, levantando-se de um salto, determinado a acabar com tudo aquilo, antes que fosse tarde demais. — O que está fazendo? — Armes inquiriu, ao vê-lo agarrar Sybil pelo braço. — Precisamos sair daqui — ele disse, conduzindo Sybil de volta ao pátio, ansioso para retornar à segurança de Ansquith. Sybil, porém, não se deixou levar. — O que há com você, Robin? Solte-me! — ordenou, fitando-o com desconfiança. — Ora, ele deve estar sob o efeito da maldição — Cafell lamentou. — Que maldição? — Florian inquiriu, interessado. — Não há maldição alguma! — Robin protestou. — Ora, não foi o que nos disse — Cafell lembrou.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— De fato, pareceu desesperado para evitar o destino de seus irmãos — Armes acrescentou. — Eu estava bêbado — Robin resmungou. Infelizmente, ninguém lhe deu ouvidos, e ele se sentou, resignado. Seria impossível impedir que as irmãs l'Estrange falassem e, com Florian para ouvi-las, em breve todo o castelo estaria fervilhando com a história da maldição. — Nosso querido Robin está convencido de que uma maldição foi lançada sobre os de Burgh, uma vez que vários deles se casaram, recentemente — Cafell explicou. — Devo admitir que, no início, não acreditei, mas... — Ele queria que retirássemos a maldição — Armes concluiu. — Evidentemente — Cafell continuou —, não podíamos fazer isso. Brighid ficaria furiosa e esse tipo de coisa não é nossa especialidade. Então, ele pediu que recomendássemos alguém que pudesse atendê-lo. Robin gemeu baixinho, pois tudo parecia ainda pior do que era, quando contado por aquelas duas. Armes empertigou-se e disse: — Naturalmente, não se trata de algo que qualquer pessoa seja capaz de fazer. — Por isso, sugerimos que procurasse Vala — Cafell prosseguiu —, embora não soubéssemos o que acon teceu a ela. Sabíamos apenas que havia se casado com um príncipe de Gales. — Então, ele foi procurar por ela — Armes concluiu. Cafell virou-se para Robin. — Meu caro rapaz, deveria ter nos informado sobre o que aconteceu. Ficamos muito preocupadas com seu futuro e, por isso, olhei... quero dizer, sonhei com Vala, e pareceu-me que a filha dela estava destinada a fazer parte do seu futuro. Robin, que ouvia tudo em silêncio, a cabeça enterrada nas mãos, sentiu um calafrio ainda mais forte ao ouvir a voz de Sybil. — Está dizendo que Robin foi procurar por Vala para que ela retirasse a maldição que ele acredita estar fazendo com que seus irmãos se casem? — ela perguntou em tom gelado. — Sim. Ele temia ser o próximo — Cafell confirmou. — Mas ele já... — Florian começou, mas calou-se, aparentemente chocado. — Posso imaginar como tal perspectiva seja repulsiva para ele — Sybil comentou com aquela voz calma e letal que fazia Robin tremer. — Ah, sim! O pobrezinho puxava o colarinho, toda vez que mencionava a palavra, como se tivesse uma corda em torno do pescoço — Cafell confidenciou. Robin limitou-se a gemer. — Posso imaginar. Na verdade, vi com meus próprios olhos, mas pensei tratar-se de alguma alergia, que precisaria ser... tratada — Sybil declarou. Robin finalmente ergueu a cabeça, provocado pela lembrança da promessa do "tratamento". — Ora, querida — Cafell disse —, ficamos todos tão envolvidos na conversa, que nem fomos apresentadas. Sybil exibiu um sorriso gracioso, que não enganou Robin, que voltou a gemer quando ela se apresentou em alto e bom som: — Sou a esposa de Robin. CAPÍTULO XVI Sybil mal podia acreditar. Não sabia o que era pior: que um homem adulto acreditasse em coisas como uma maldição de casamento, ou que por sua própria idiotice, ele houvesse caído justamente na armadilha que tanto evitara. — Idiota! Cretino! Estúpido! — Sybil recitava em voz alta, enquanto reunia seus poucos pertences, pen sando em voltar ao convento. Então, parou sufocada pelo imenso nó que se formou em sua garganta. Não, não voltaria ao convento. Pe diria abrigo a Bethia, ou às irmãs 1'Estrange, com quem tinha laços de sangue, em vez de uma falsa união. — Sybil, deixe-me entrar — Robin ordenou, do lado de fora da porta. — Vá embora! — Sybil, abra a porta, ou vou derrubá-la! Derrubarei o castelo inteiro, se for necessário! Com um suspiro irritado, Sybil foi até a porta, destrancou-a e, sem sequer olhar para Robin, voltou à sua tarefa. — Vou embora, para que você possa anular o casamento — disse por cima do ombro. — Aliás, estou chocada que tenha sequer pensado nisso, considerando a sua alergia. A culpa deve ter pesado demais nos seus ombros. — É claro que me senti culpado, mas não foi só isso. Eu senti... — Já sei. Responsável! — Sybil interrompeu com amargura. Como pudera imaginar que havia algo mais naquele casamento, além de dever, responsabilidade e, claro, desejo. Tudo, menos afeto. Bethia havia se enganado. — Sim, mas... — Robin começou, apenas para ser interrompido novamente. — Não importa. — Sybil, não foi como elas estão dizendo! — ele protestou, segurando-a pelos ombros. — Solte-me! — Por favor, ouça o que vou dizer. Eu estava embriagado, quando tive essa idéia estúpida. — E conseguiu cavalgar até Gales, sob os efeitos do álcool? — ela desafiou. — Não, mas... — Solte-me!

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Sybil, atire algo na minha cabeça, bata em meu rosto, faça o que quiser, mas não vou deixá-la partir. Não posso — ele acrescentou com voz rouca e desesperada. O tom fez Sybil imobilizar-se e fitá-lo nos olhos. — Por quê? — ela indagou. — Porque... não é seguro. Tenho de protegê-la. Furiosa e decepcionada, Sybil libertou-se e empurrou-o. — Muito bem. Proteja-me, mas fique longe de minha cama — determinou. — Não posso — Robin sussurrou e, dessa vez, seu tom foi torturado. Sybil, porém, manteve-se fria. — Você dá tanta importância à honra, mas não se comporta como um homem honrado. Se não ficar longe de mim, vou me trancar na clausura do convento, onde nunca conseguirá me tocar! A ameaça vazia pareceu convencê-lo, pois parecendo um garotinho mimado privado de seu brinquedo predileto, Robin murmurou: — Está bem, mas ficarei neste quarto, com você... para poder protegê-la. Além disso, temos de manter as aparências. Ninguém pode saber que esse casamento não é verdadeiro. Sybil soltou uma risada amarga. — Como pretende manter as aparências, quando todos comentam a história contada pelas irmãs l’Estrange? — Não me importa o que elas dizem, ou o que qualquer pessoa diga. Você é minha esposa — Robin insistiu, implacável. Sentado em um canto do salão, Robin refletia, desolado, sobre o destino que acabara atraindo para si. E tudo começara quanto tivera aquela ideia idiota de que alguém lançara uma maldição sobre os de Burgh. Ora, quem faria uma coisa dessas? E, se alguém detestasse os de Burgh a ponto de amaldiçoá-los, por que o casamento? Além de já não parecer uma condição tão ruim, tais uniões só poriam mais de Burghs na terra! Depois de muito pensar a respeito, chegara à conclusão de que fora mesmo um grande idiota. E tivera tempo de sobra para pensar, à medida que uma semana se sucedia a outra, e sua esposa continuava a evitá-lo. E ela parecia estar se divertindo a valer, flutuando pelo salão com graça inigualável, tratando a todos com gentileza e atenção, desde as tias até Florian, incluindo até mesmo o mais humilde dos criados. O ciúme corroía Robin por dentro, pois Sybil mal lhe dirigia a palavra. Todas as noites, Robin dormia em um colchão no chão, junto à porta de seu quarto, quando queria apenas deitar-se na cama que era sua por direito, junto de Sybil. Revirava-se durante a noite, ardendo de desejo, não só de tocá-la e acariciá-la, mas de abraçá-la, em silenciosa comunhão. Precisava de Sybil junto de si, de corpo, alma e coração. Sentindo-se mais infeliz do que já se sentira em toda a sua vida, encostou-se na parede com um suspiro profundo, tentando lembrar-se da mãe que perdera tão prematuramente. Infelizmente, lembrava-se apenas de ter se apegado aos irmãos, ao se ver sozinho. E crescera em um mundo de homens, em que a ternura, o carinho e as demonstrações físicas de afeto não ti nham lugar. Somente agora, com a necessidade da presença de Sybil em sua vida, ele se dava conta de algo que sempre lhe faltara. Tinha uma família maravilhosa e sentia-se grato por isso, finalmente admitia, só para si mesmo, que sentia falta da mãe e de uma mulher em sua vida. A perda da mãe criara um vazio em seu peito, que nada jamais preenchera. Sybil, porém, poderia preencher esse vazio. Quando tal certeza o invadiu, Robin ergueu os olhos, e foi então que a viu. Sybil estava sentada em um banco, junto de uma jovem criada, segurando nos braços um bebe. Robin sentiu um forte aperto no peito, dando-se conta de que não havia nada que desejasse mais do que ver Sybil embalando seu próprio filho, criando sua própria família. Pela primeira vez, não ligou a palavra aos irmãos, dando-se conta de que não queria voltar à infância, mas sim, fazer uma vida nova, junto de Sybil. Emocionado com a constatação, disse a si mesmo que, «em vez de invejar os irmãos pelos filhos que tinham, seria um bom pai, brincaria com seus próprios filhos, e tentaria ser tão sábio quanto o conde de Campion. Infelizmente, no momento, nào se sentia sábio, mas sim estúpido. Onde estivera com a cabeça, para inventar aquela maluquice de maldição? Quando pensava na morte de Elisa e no perigo que cercara Sybil, sentia-se ainda pior. — O que há com você, querido? — perguntou uma voz suave, acompanhada do som de pequenos sinos. Robin encarou Cafell e sacudiu a cabeça. — Essa história de maldição — disse. — Como pude ser tão tolo? Ela pousou a mão em seu braço. — Pense bem. Se não houvesse partido em busca do seu destino, como poderia tê-lo encontrado? Robin imobilizou-se. Não pensara nisso. Se não houvesse se encarregado daquela missão absurda, como teria encontrado uma noviça, que vivia isolada em um convento? Sentiu pânico ao imaginar que poderia ter passado a vida inteira, sem jamais pôr os olhos em Sybil, nem as mãos, ou os lábios. — Entende o que estou dizendo? — Cafell murmurou. — Todos nós temos de fazer o que nos foi reservado pelo destino. E, muitas vezes, os caminhos são tortuosos. Só então, Robin sentiu o peso de seu destino, pois a ameaça a Sybil deixaria de existir, um dia. Então, ele a perderia para sempre. — Mas depende de cada um de nós a escolha do rumo a seguir — Cafell acrescentou. — Temos de assumir as rédeas de nosso próprio destino.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Robin permaneceu imóvel, hesitante. —Você a ama, não?—a simpática senhora perguntou. Foi como se ele recebesse um golpe muito forte, que o deixasse atordoado. Sim, amava Sybil! Amava sua esposa!, e não havia maldição alguma. Como podia lutar tanto para evitar justamente o que traria a sua grande salvação? Voltou a olhar para Sybil, sabendo exatamente o que devia fazer. Sybil divertia-se com o bebé em seus braços, enquanto a mãe terminava seu desjejum, ao seu lado. Tivera pouco contato com crianças, no convento, e sabia estar descobrindo tanto sobre aquele pequeno ser, quanto ele descobria sobre ela. E era maravilhoso vê-lo lamber o mel que a mãe lhe oferecia de quando em quando. — Ah, que gracinha! — exclamou uma voz suave, acompanhada do som de pequenos sinos. Sybil virou-se e sorriu para as irmãs l'Estrange, que haviam se aproximado. — Mas está todo melado! — Cafell comentou, rindo. — Armes, vá buscar um pouco de água, por favor. — Farei isso — disse a mãe do garotinho, mas a velha senhora impediu-a. — Descanse e alimente-se. Cuidaremos do seu bebé — disse sorrindo. No mesmo instante, Armes colocou um recipiente de água sobre a mesa, diante de Sybil, mas não era um daqueles usados para se lavar as mãos, antes das refeições. — Que tigela estranha — Sybil comentou, examinando o metal de que era feita. Aproximou a criança, que pôs-se a brincar alegremente, espalhando água para todos os lados. Sybil também brincou e, após alguns minutos, inclinou-se para afastar o recipiente. Porém, ao ver o próprio reflexo na água imobilizou-se. Viu a si mesma, o bebé e... Robin! Virou-se, indignada, mas ele não estava atrás dela. Aliás, não havia ninguém ali. Sybil piscou repetidas vezes e voltou a olhar para a água, agora imóvel. Lá estava a cena irreal, com a imagem de Robin clara e nítida. Então, as figuras começaram a se mover. Robin inclinou-se e tomou o bebé de seus braços, e Sybil deu-se conta de que não era o garotinho loiro com quem brincava, mas sim uma criança morena, muito parecida com Robin. Foi tomada por uma sensação estranha, parecida com nostalgia. Emitiu um som de surpresa, quando as imagens se abraçaram, formando uma família. Então, tudo desa pareceu, até que ela se viu olhando para uma tigela de metal, cheia de água, e nada mais. A mãe do bebé inclinou-se e, sorrindo, retirou-o dos braços de Sybil. Ela voltou a virar-se, mas Robin não estava atrás dela. — Viu algo, querida? Sybil virou-se para o outro lado, sobressaltada, deparando com Cafell ao seu lado. Confusa e abalada, sacudiu a cabeça em resposta à pergunta estranha. — Não? Ah, que pena! Sua mãe possuía grandes talentos! E, como tem o sangue dos 1'Estrange correndo em suas veias, pensei que fosse capaz de enxergar o futuro. O seu futuro, ao menos. Sybil limitou-se a fitá-la, boquiaberta. Ouvira rumores pelo castelo, sobre poderes de cura das irmãs l'Estrange, mas não dera atenção. — E claro que muitos não querem ver, especialmente se não pretendem cumprir o seu destino — Armes comentou, retirando a tigela da mesa. — Na minha opinião — Cafell replicou —, é sempre útil termos idéia de qual é o nosso destino, mesmo que seja apenas para alterá-lo. Sybil continuou boquiaberta, mesmo depois que as duas irmãs se afastaram. Como alguém poderia ver o futuro, mesmo senso uma princesa de Gales? Bem, ela vira algo. O quê? Certamente, apenas seus desejos mais secretos, pois o que vira fora ela mesma, Robin e o filho de ambos, uma visão impossível, uma vez que seu casamento era uma farsa, e que logo seria anulado pelo homem que desprezava tal união. Apesar de saber de tudo isso, Sybil sentiu a esperança se acender em seu coração. Sem pensar, virou-se para onde Robin costumava ficar, carrancudo, como o garotinho cujo brinquedo fora levado. Desta vez, porém, ele não parecia perdido em pensamentos ranzinzas. Ao contrário, olhava fixamente para ela, com uma intensidade tal, que Sybil começou a tremer, sentindo o coração disparar. Assim como acontecera com a visão, Sybil não pôde desviar os olhos, enquanto via Robin se levantar e avançar na direção dela. E o que viu não foi um garoto mimado, mas um homem maduro, certo do que queria. E Robin a queria. Quando ele se aproximou, Sybil levantou-se, encarando-o com a sensação de que encarava o próprio futuro. Ali estava o homem alto, bonito e amado por ela, como nenhum homem jamais seria. Ele parou, os olhos sempre fixos nos dela, e Sybil perguntou-se o que ele faria. Ocorreu-lhe que, se ele a tomasse nos braços e a levasse para a cama, ela seria incapaz de protestar. Não sabia o que esperar e, claro, não estava preparada para as palavras que ouviu. — Fui um tolo — Robin anunciou. — Sim — foi tudo o que ela conseguiu articular. — E, em minha tolice, provoquei a morte de Elisa e coloquei você em perigo; Apesar da decepção, Sybil defendeu-o. — Não provocou a morte de Elisa. Eram muitas as circunstâncias envolvidas, e você não é onípotente. Quan to a mim, se você não houvesse perguntado por mim, onde estaria eu agora? Murchando em um convento, dia a dia, sem o ímpeto de mudar minha vida. Você me deu isso, e serei eternamente grata. Robin estendeu a mão para tocá-la, e Sybil soube que estava perdida. Porém, antes que ele pudesse alcançá-la, sem pronunciar as palavras de afeto que ela tanto queria ouvir, uma comoção agitou a entrada do salão. Os dois se viraram e

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

depararam com Simon, que entrava na companhia de outro homem. — Robin! — ele chamou. — Eu me dirigia para Baddersly, quando encontrei este mensageiro na estrada. Ele traz uma intimação para você — acrescentou com expressão sombria. Intimação? Sybil olhou para Robin, mas ele sacudiu a cabeça e virou-se. — Vamos para o solar, onde poderemos ler a carta — disse. No instante seguinte, os três homens subiam os degraus. E, apesar de não acreditar em visões e premonições, Sybil foi tomada de um mau pressentimento. CAPÍTULO XVII Robin leu a mensagem, sacudindo a cabeça. Então, ergueu os olhos para o irmão. — E uma intimação da corte eclesiástica, exigindo a anulação do meu casamento — declarou, incrédulo. — O quê? — Simon inquiriu. Robin voltou a ler e relatou: — Alegam que Sybil tinha um contrato de casamento, firmado quando ela nasceu, com um príncipe de Gales. Dizem que tal arranjo anula a "união clandestina com Robin de Burgh, que raptou a noviça à força, e sem o consentimento da madre superiora, do Convento Nossa Senhora das Dores". — Robin defendeu-se com veemência: — Não foi uma união clandestina, mas um casamento realizado em público, por um padre! E como se atrevem a dizer que eu a raptei do convento? Simon arrancou a intimação das mãos do irmão, olhando o papel com desdém. — E um amontoado de mentiras! Só não sabemos com que propósito. — Tirá-la de mim, é claro! — Robin disse, tomado por uma dor insuportável diante da simples ideia. — Então, os lordes ingleses não estão por trás de tudo isso, pois jamais se atreveriam a desafiar os de Burgh — Simon concluiu. — Não. São os galeses. Os parentes de Sybil, por parte de pai. — Bem, é óbvio que não sabem com quem estão lidando — Simon declarou com determinação. — Já é tempo de pedirmos reforços — acrescentou com o brilho da ira no olhar, e o gosto pela vingança na voz. Quando Robin e Simon finalmente encerraram sua conferência e enviaram seus próprios mensageiros, a tarde já chegava ao fim, e Sybil não estava mais no salão. Aflito para encontrá-la e provar a si mesmo que ela ainda era sua, e seria para sempre, Robin procurou-a por todo o castelo, e foi encontrá-la no quarto, costurando. Ao ver uma de suas túnicas entre as roupas que ela remendava, sentiu um nó na garganta. Ela ergueu os olhos, preocupada. — O que foi? — perguntou. Robin trancou a porta atrás de si e aproximou-se dela. — Eles finalmente atacaram — informou-a — da maneira mais covarde. — Quem? Meus... inimigos? — Sim. São seus parentes galeses, pois nenhum inglês jamais se atreveria a desafiar os de Burgh, abertamente. No início, suspeitei dos lordes da fronteira, mas eles não fariam isso. Robin atirou o papel sobre a cama. — O que diz? — Trata-se de uma intimação da corte eclesiástica. Estão tentando levá-la, sob a alegação de que nosso casamento é inválido. Sybil empalideceu. — Como? — indagou em um fio de voz. — Dizem que você foi prometida a um príncipe galês, quando nasceu. Sybil sacudiu a cabeça, irritada. — Absurdo! Não podem provar nada... podem? Robin ajoelhou-se diante dela, segurou-a pelos ombros e disse: — Não abrirei mão de você. Nem agora, nem nunca. Sybil fitou-o por um momento. — E quanto aos planos de anular o nosso casamento? — Não haverá anulação. Ela o estudou por mais alguns instantes. — E quanto à maldição? — perguntou. — Uma ideia idiota, nascida da inveja do que eu não tinha. Mas não vou negar que teve o seu valor, uma vez que me levou até você. — E se... — Ninguém jamais tirará você de mim — Robin interrompeu-a. Nunca falara tão sério em sua vida. Seria impossível a Sybil perdoá-lo? Os olhos azuis mantiveram-se fixos nos dele. — Por quê? — ela inquiriu. — Porque você é minha. Naquele momento, Robin soube que, finalmente, comprovaria aquela verdade. Então, inclinou-se para selar a promessa com um beijo. Assim que seus lábios se encontraram, Robin foi tomado por um ardor muito mais intenso do que já experimentara com ela,

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

pois agora era temperado pelo amor que sentia. Foi um beijo longo e ardente, uma tentativa de transmitir naquele encontro tudo o que havia em seu coração. Quando Sybil interrompeu o beijo, Robin quase gritou seu desespero. Pela primeira vez, ocorreu-lhe que sua esposa pudesse não retribuir seus sentimentos. Foi tomado pelo pavor de perdê-la por isso. Robin fitou-a nos olhos, preparando-se para o pior,perguntando-se se sobreviveria, caso ela o rejeitasse. Sybil, porém, sorriu e ergueu a mão para acariciar-lhe a face com ternura. — E quanto ao seu senso de honra, Robin? Por um momento, ele não entendeu o que ela estava dizendo. Então, deu-se conta de que Sybil referia-se à sua promessa de não tocá-la. Suspirou, aliviado. Não tinha a menor intenção de cumprir aquela promessa em particular. — Minha honra não tem nada a ver com isso — resmungou, puxando-a para si para beijá-la outra vez. Tomou-a nos braços e carregou-a até a cama, onde despiram-se um ao outro, com ardor, urgência, e muito amor. Como já conhecia o corpo de Sybil, das outras vezes em que partilhara a cama com ela, dedicou-se a lhe proporcionar o máximo prazer, de todas as maneiras que sabia. E só depois que ela atingiu o clímax, gemendo e gritando seu nome, foi que a penetrou. A espera fora longa, e Robin não pôde se conter por muito tempo. E, quando o êxtase o envolveu, mal se deu conta das palavras que pronunciou: — Eu te amo! Quando, finalmente, desabou sobre ela, esgotado e satisfeito, ainda ofegante, murmurou seu nome como se fosse uma prece. Então, rolou para o lado, aconchegando-a em seus braços. Desta vez, fitou-a nos olhos e declarou, com certeza e determinação: — Amo você, Sybil. É minha esposa, agora e para sempre, a minha predestinada, a minha lady de Burgh. As semanas que antecederam o encontro com o bispo passaram depressa. Robin, finalmente, tinha Sybil em sua vida e em sua cama, mas a ameaça ainda pairava sobre eles. Pensara em levar Sybil para algum lugar onde pudesse se esconder em segurança, mas ela se recusara a fugir. Simon também fora contra o plano, lembrando-o de que o poder da Igreja se estendia além do oceano, e que o não comparecimento ao encontro só pioraria a situação, afrontando o bispo. Embora não agradasse Robin confiar na opinião do mais rude de seus irmãos, uma carta de Geoffrey lhe oferecera certo conforto. Geoff dizia que um noivado não poderia ser mais importante que um casamento, especialmente porque a Igreja pregava que uma mulher deveria se entregar de livre e espontânea vontade ao marido. Evidentemente, uma recém-nascida não poderia fazer tal escolha. Mesmo assim, a gravidade da acusação e as implicações que um mau julgamento pudesse ter, deixavam Robin muito tenso, sentindo-se impotente diante de seus inimigos. Nem mesmo as carícias de Sybil o ajudavam a relaxar. Estranhamente, no dia fatídico, Robin foi tomado por profunda calma. Talvez fosse a herança que rece bera do inabalável conde de Campion, ou simplesmente a certeza de que, independente da decisão do bispo, Sybil lhe pertencia, e ele a protegeria com a própria vida. Embora não houvesse mencionado a possibilidade de derramamento de sangue para Simon, Robin sentiu-se grato pela companhia do irmão guerreiro. No entanto, teria preferido o humor taciturno de Simon, em vez da incomum eloquência que tomara conta dele, durante a viagem. — Nenhum bispo, em sã consciência, tomará uma decisão contra os de Burgh — ele dizia a Bethia e Sybil. — Especialmente em um problema de menor importância, como esse. Os clérigos estão muito mais preocupados em resolver as disputas que envolvem terras da Igreja. Além disso, o conde de Campion não só é o mais poderoso proprietário de terras no país, mas também contribui substancialmente para os cofres da Igreja. E já hospedou ocupantes dos postos mais altos na hierarquia. Pela primeira vez, naquele dia, Robin riu. — Lembra-se daquele homem gordo, que comeu tanto, que pensamos que fosse explodir? — lembrou. — Claro! — Simon respondeu com uma risada. — Muitos deles comeram à mesa de Campion, e tenho certeza de que papai entrou em contato com seus conhecidos, e mencionou a questão. — Está dizendo que seu pai subornou bispos? —Bethia inquiriu em tom de reprovação. — Os bispos são corruptos? — Sybil perguntou. — Nem todos — Bethia respondeu —, mas caso, seus parentes devem ter usado dinheiro parai conseguir essa audiência. — E se oferecerem ainda mais dinheiro? — Sybil? indagou, alarmada. Simon emitiu um som desdenhoso. — Pelo que sei, eles precisam de cada centavo que possuem, para resolver seus problemas com Edward. Não podem gastar com uma princesa sem valor, que já foi esquecida por todos. — Simon! — Bethia repreendeu-o. — Ah, desculpe, Sybil. Bem, de qualquer maneira mesmo que esse bispo tenha sido subornado, quando receber ordens de seus superiores, que são os contatos de nosso pai, mudará de ideia bem depressa. Especialmente, quando souber quem são as testemunhas — Simon acrescentou com um sorriso maroto. — Que testemunhas? — Sybil quis saber. O sorriso de Simon tornou-se mais largo. — Creio que os de Burgh apresentarão algumas e ainda, há os l’Estrange, que sendo seus parentes, atestarão a sua posição. — E qual é, exatamente, a minha posição? — ela persistiu. — Que os galeses não têm nenhum poder sobre você. E se a situação se complicar, podemos jurar que você e Robin estão noivos há muitos anos. — Está dizendo que os de Burgh pretendem mentir? — Sybil especulou.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Bethia lançou um olhar furioso para o marido, e respondeu por ele: — E claro que não! Mas alguns exageros da verdade não farão mal algum, considerando que seus oponentes são assassinos, perfeitamente capazes de cometer perjúrio, para chegar onde querem. — Como cavaleiros, juramos proteger os fracos e as mulheres — Simon lembrou. — E, como de Burgh, faremos o que estiver ao nosso alcance para proteger nossos entes queridos. Em silêncio, Robin concordou. Faria tudo para proteger Sybil, pensou, ao avistar os portões do convento. Deu-se conta de que o lugar se tornara muito familiar para ele. Aparentemente, era os últimos a chegar, pois mal conseguiram entrar no salão. Surpreso com a multidão, Robin passou um braço protetor em torno de Sybil, amaldiçoando tamanho espetáculo. As freiras estavam presentes, claro, mas havia também uma porção de curiosos, cuja entrada não deveria ter sido permitida. — Quem são todas essas pessoas? — inquiriu uma voz irritada atrás de Robin. Ao virar-se, ele se deparou com o bispo designado para o julgamento, e o reconheceu como sendo o homem gordo que, um dia, jantara em Campion. Ao longo daqueles anos, ele não emagrecera e, por isso, encontrava dificuldade para abrir caminho entre a multidão. Seu companheiro, um clérigo alto e magro, respondeu: — Começaram a chegar ao amanhecer. São freiras, criados, camponeses e residentes da vila, todos dispos tos a defender o casal. — O casal? — o bispo repetiu. — Sim, os de Burgh. Lorde Robin e lady Sybil. A maioria se ofereceu como testemunha de que lady Sybil nunca foi prometida a ninguém. Só há uma exceção: uma freira chamada Maud servirá de testemunha para os que registraram a queixa. — Nunca vi nada parecido, em minha vida! — O bispo comentou, antes de apontar para um dos bancos apinhados. — Aquele não é um dos de Burgh? — Sim. Na verdade, se olhar bem, Verá que não é somente um. Ali estão lorde Nicholas, lorde Reynold e lorde Geoffrey. Robin foi tomado de um orgulho tão grande, que nem viu quando Simon e Bethia passaram por ele para se juntarem à família. Aquela era a verdadeira prova de fogo. Onde quer que estivessem, mesmo que espalhados pelos quatro quantos do mundo, sempre poderia confiar em cada um de seus irmãos, quando precisasse de ajuda e apoio. — E ali — continuou o clérigo — está lorde de Wessex e... Veja, é o próprio conde de Campion, com sua nova esposa! Dizem que ele raramente deixa seu castelo. — É fácil saber por quê — comentou o bispo, apreciando a beleza da madrasta de Robin. — O conde sempre teve fama de homem viril. — Já ouvi falar — concordou o clérigo. — Evidentemente, estão todos aqui, como testemunhas dos acusados, assim como suas esposas, e também as irmãs l’Estrange, parentes de lady Sybil. O bispo franziu o cenho. — E quem vai testemunhar em favor do reclamante? — Bem, como já disse, a freira Maud, além do homem que registrou a queixa, o representante dos parentes galeses de lady Sybil. Infelizmente, não sei como pronunciar o nome do cavalheiro. — E onde está ele? O clérigo olhou em volta. — Estava bem aqui, ainda há pouco. Eu o vi entrar logo atrás dos de Burgh. — Talvez tenha pensado melhor e desistido de enfrentar a família inteira — disse o bispo em tom seco. — Ora, ali está ele! — o clérigo apontou para fora de uma janela. Robin, que acompanhava a conversa com atenção, virou-se na direção indicada em tempo de ver dois cavalos afastando-se rapidamente do convento. — Para onde ele pode estar indo? — inquiriu o clérigo, perplexo. — Eu diria, meu rapaz, que o sujeito olhou para os de Burgh, enfiou o rabo entre as pernas, e fugiu — o bispo respondeu, sem o menor sinal de surpresa. Então, adiantou-se com determinação e foi ocupar o seu lugar, diante a audiência. — Minha boa gente! Silêncio, por favor! — ordenou, e foi prontamente obedecido. — Como o suposto noivado foi contraído no País de Gales, e nosso bondoso soberano, Edward, encontra-se em guerra com tal nação, e já que aqueles que registraram a queixa se acovardaram diante do poder britânico, declaro a queixa infundada, agora e para sempre. O salão explodiu em gritos e aplausos. De repente, Robin e Sybil foram empurrando até diante do bispo, que os cumprimentou com entusiasmo, seguido por um verdadeiro exército de "testemunhas", determinadas a parabenizar o casal. Entre eles estava a madre superiora, que se aproximou com um sorriso sereno. — Estou muito satisfeita, embora já imaginasse que o julgamento terminaria assim — ela disse. — Lamento ter partido de maneira tão abrupta, sem agradecer por tudo o que a senhora e as freiras fizeram por mim. Deve ter ficado chocada, quando teve notícias minhas — Sybil falou. — Ah, não foi surpresa saber que você se casou! Sempre achei que você estava destinada à vida no mundo, fora desses muros. E, quando você demonstrou aquela aversão instantânea a lorde de Burgh, desconfiei de que poderia haver algo mais entre vocês. — Sybil corou. — E quando lorde de Burgh tentou pôr um fim à associação com você, deduzi que a atração era mútua. Foi a vez de Robin corar, mas Simon pôs fim ao seu constrangimento, dando-lhe um tapa nas costas, que o fez tossir. — Eu não disse? — indagou o mais velho.

E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

— Tinha razão — Robin admitiu. — Bem, se não temos mais nada a fazer aqui, creio que deveríamos ir para Baddersly e comemorar. — Ainda não terminamos — Robin murmurou, ao pousar os olhos na única pessoa presente que demonstrava insatisfação. Aproximou-se do bispo, que conversava animadamente com o conde e sua esposa. — Com licença — disse. — Vejo que uma das pessoas que fomentaram a discórdia entre os de Burgh e a Igreja continua aqui, e gostaria de declarar que, como membro desta ordem, essa pessoa não é digna de confiança. — Fez um gesto na direção de Maud. — Na verdade, como magistrado, gostaria de registrar uma queixa formal contra essa freira, que se reuniu com os homens que assassinaram a freira Elisa e a sra. Gwerful, e atacaram minha esposa. Tenho uma testemunha que viu os três juntos. Franzindo o cenho, o bispo virou-se para Maud. — Como se chama? — inquiriu. — Maud, milorde — ela respondeu, levantando-se com expressão falsamente conciliatória. — Maud, acabo de receber uma queixa grave contra você, de que se uniu a assassinos e omitiu informações, durante as investigações do caso. Esquecendo-se rapidamente da expressão dócil, Maud reagiu como de costume, exibindo sua atitude pouco amigável e venenosa, que não agradou em nada ao bispo. Quando Robin saiu, o homem gordo de suas lembranças divertidas considerava a clausura de algum lugar muito distante, onde Maud não teria contato algum com outras freiras, e menos ainda com forasteiros. Robin chegou a sugerir uma colónia de leprosos, mas sabia que nem sempre era possível conseguir o que queria. Sybil nunca ouvira tantas vozes tão altas em sua vida, nem vira tantos homens bonitos, também. E as demonstrações de afeto eram incríveis. Aqueles cavaleiros enormes se abraçavam sem qualquer constrangimento, e suas esposas eram ainda mais carinhosas. — Espero que tenha conhecido colocar pm pouco de juízo na cabeça de Robin — disse uma mulher miúda, de cabelos negros, chamada Marion. — Ele sempre foi terrível! Uma vez, encheu minha cama de avelãs. — Ah, mas você teve sorte — comentou um dos homens. — Nem imagina o que ele pôs em nossas camas! — E o que ele colocou na sua cama? — um jovem muito atraente aproximou-se de Sybil, examinando-a da cabeça aos pés. Sem se abalar, ela sustentou-lhe e respondeu sem hesitar: — Ele mesmo. Foi uma explosão de gargalhadas. — Muito engraçado — disse uma voz familiar, e Sybil virou-se com um sorriso radiante para Robin, o seu de Burgh preferido. Nem mesmo a Igreja questionara o seu casamento, realizado para a sua proteção, mas baseado no amor. Porém, não teve tempo de refletir sobre isso, pois o conde se aproximou para cumprimentá-los. — Robin, está de parabéns, meu filho. — Obrigado, papai. E obrigado pela sua ajuda. — Não deve agradecer, pois não poderíamos fazer menos por você. Estou feliz que tudo tenha terminado bem. — Será? — Robin especulou. — A última tentativa foi frustrada, mas e a próxima? Passarei o resto de minha vida olhando por cima do ombro, temendo que um galês faça mal à minha família? O pai sacudiu a cabeça. — Ninguém se atreveria a tocar sua esposa, agora que ela tem a força dos de Burgh como retaguarda, além do apoio da Igreja. E os parentes dela estão muito ocupados, agora, pois Edward enviou um vasto exército à fronteira, para dominar a rebelião. Creio que será o fim dos velhos príncipes e, por isso — virou-se para Sybil —, não terá mais um reinado, minha cara. Sybil riu. — Não tenho a menor intenção de reclamar meu título, milorde. — Por favor, chame-me de Campion, já que somos uma única família, agora. Sybil emocionou-se, pois ganhara não só um marido, mas todas aquelas pessoas que celebravam a sua felicidade. Passar da total ausência de parentes a parte daquele clã maravilhoso era mais valioso do que qual quer tesouro. Robin também observava a reunião familiar com ar sentimental, e não perdeu o bom humor quando Reynold aproximou-se com olhar cínico. — Gostaria de saber, meu irmão, se conseguiu desfazer a maldição — provocou. Sybil teve de morder a língua para evitar uma gargalhada, diante da expressão de falsa inocência de Robin. — Maldição? Que maldição? Fim E-books Românticos e Eróticos http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42052224&refresh=1 http://br.groups.yahoo.com/group/e-books_eroticos/

Deborah Simmons - Família De Burgh - 06 - A Noviça de Burgh.pdf ...

Mais uma vez, Reynold permaneceu em silêncio, mas baixou os olhos para o copo de vinho que Robin tinha nas mãos, como. se especulasse quanto o mais ...

511KB Sizes 5 Downloads 73 Views

Recommend Documents

Deborah Simmons - Família De Burgh - 02 - O anel de noivado.pdf ...
E continuava expandindo sua bi- blioteca, sempre que possível, já que, mesmo após a partida do preceptor, mantinha o interesse em aprender cada vez mais.

Deborah Simmons - Família De Burgh - 05 - A convidada ...
Deborah Simmons - Família De Burgh - 05 - A convidada inesperada.pdf. Deborah Simmons - Família De Burgh - 05 - A convidada inesperada.pdf. Open.

Deborah Simmons - Família De Burgh - 02 - O anel de noivado.pdf ...
que ela havia assassinado o primeiro marido no leito nupcial, um ato que o soberano havia preferido perdoar por causa das cir- cunstâncias do casamento.

Deborah Simmons - Família De Burgh - 01 - O Lobo Domado.pdf ...
temperamento dele. Marion arriscou um olhar para os cavaleiros que se aproximavam e. relaxou um pouco. Aqueles homens não portavam as cores do tio dela ...

Deborah Simmons - Família De Burgh - 01 - O Lobo Domado.pdf ...
Apr 2, 2016 - from the accomplished task. • Facilitate student-to-student interactions and process learners. understanding. Whoops! There was a problem loading this page. Retrying... Deborah Simmons - Família De Burgh - 01 - O Lobo Domado.pdf. Deb

Deborah Simmons - Família De Burgh - 03 - Coração de guerreira.pdf ...
era das mais atraentes. Durante toda a sua vida, Simon sentira-se em constante competição com os seis. irmãos. Especialmente, Dunstan, o mais velho, que ...

Deborah Simmons - Família De Burgh - 03 - Coração de guerreira.pdf ...
Page 1 of 136. 1. Digitalizado por. Projeto_romances. [email protected]. Título Original: Robber Bride. Ano: 1999. 3o livro da Série “The de ...

Academia de Cazadores de sombras 06, Reyes y Principes Palidos.pdf
No fue hasta que estaba de regreso en Brooklyn, tratando de dormir bajo las sabanas de Batman,. con su madre roncando en la habitación de alado, que se ...

La-novia-Maldita-de-Nina-Blazon.pdf
agradecían el haber encontrado una posada. Page 3 of 269. La-novia-Maldita-de-Nina-Blazon.pdf. La-novia-Maldita-de-Nina-Blazon.pdf. Open. Extract.

06-ISC-09-Taller de Base de Datos.pdf
There was a problem previewing this document. Retrying... Download. Connect more apps... Try one of the apps below to open or edit this item. 06-ISC-09-Taller ...

y la novia se vistio de blanco pdf
Loading… Page 1. Whoops! There was a problem loading more pages. Retrying... y la novia se vistio de blanco pdf. y la novia se vistio de blanco pdf. Open.

Resolução 046, de 06 de outubro de 2009.pdf
realizadas em Brasília-DF no período de 02 a 04 de junho de 2004 e 08 de junho de 2004,. respectivamente. Considerando o deliberado na 80a Reunião da ...

Cao1998-A-Cahiers de Geographie de Quebec-Espace social de ...
Cao1998-A-Cahiers de Geographie de Quebec-Espace social de Quebec.pdf. Cao1998-A-Cahiers de Geographie de Quebec-Espace social de Quebec.pdf.

UNIVERSIDADES DE ANDALUCÍA PRUEBA DE ACCESO A LA ...
Parents say poverty forces them to send their children, sometimes ... a) ANSWER QUESTIONS 1-2 ACCORDING TO THE INFORMATION GIVEN IN THE TEXT.

UNIVERSIDADES DE ANDALUCÍA PRUEBA DE ACCESO A LA ...
the authorities, the ban will affect 185,000 children working as domestic help and 70,000 who work in roadside food stalls. But many people say the real number ...

TEDERJ - 06 - DE - DIV-07016 - OPAIT-LACAIT - *Explicações sobre ...
TEDERJ - 06 - DE - DIV-07016 - OPAIT-LACAIT - *Explicações sobre o Curso.pdf. TEDERJ - 06 - DE - DIV-07016 - OPAIT-LACAIT - *Explicações sobre o Curso.

Pittacus Lore - 06 El Destino De Diez.pdf
Page 1 of 54. PERATURAN MENTERI PERBURUHAN. NO. 7/1964*. TENTANG. SYARAT KESEHATAN, KEBERSIHAN SERTA PENERANGAN. DALAM TEMPAT KERJA. MENTERI PERBURUHAN,. Mengingat: Bahwa telah tiba waktunya melaksanakan ketentuan pada Pasal 8. Arbeidsregeling Nijver

BIBLIOGRAFÍA Y WEBGRAFÍA DE HISTORIA DE ESPAÑA.pdf ...
BIBLIOGRAFÍA Y WEBGRAFÍA DE HISTORIA DE ESPAÑA.pdf. BIBLIOGRAFÍA Y WEBGRAFÍA DE HISTORIA DE ESPAÑA.pdf. Open. Extract. Open with. Sign In.

RECOPILACION-DE-ESTRATEGIAS-DE-MODIFICACIÓN-DE ...
Try one of the apps below to open or edit this item. RECOPILACION-DE-ESTRATEGIAS-DE-MODIFICACIÓN-DE-CONDUCTA-EN-EL-AULA.pdf.

CONTROL CADETE EN TORREVIEJA 06 DE FEBRERO 2016.pdf ...
CM 4 7.94. 2 849 (t) Aymeric Salaun. C.A.Sant Joan. 12/09/2002. EA849. CM 2 8.07. 3 EA672 Jose Manuel Jimenez Ballesteros. C.A.Crevillent. 21/02/2001.

06-ISC-09-Investigacion de Operaciones II.pdf
Page 4 of 20. Page 4 of 20. 06-ISC-09-Investigacion de Operaciones II.pdf. 06-ISC-09-Investigacion de Operaciones II.pdf. Open. Extract. Open with. Sign In.

Proposition de stage de DEA
Position short description: We are seeking a young researcher in agronomy/agroecology/ecology and soil-crop modelling who will work on modelling intercrops ...

2013-12-06 - de Maigret - Catalogue.pdf
There was a problem previewing this document. Retrying... Download. Connect more apps... Try one of the apps below to open or edit this item. 2013-12-06 - de ...