Volume 46(17):203-209, 2006

REPERTÓRIO VOCAL DE HYLODES PHYLLODES (AMPHIBIA, ANURA, HYLODIDAE) MARÍLIA T. HARTMANN1,2 PAULO A. HARTMANN2 CÉLIO F.B. HADDAD3 ABSTRACT Hyllodes phyllodes is a diurnal frog, found in mountain streams in the Atlantic forest. Five vocalization types of H. phyllodes are described here, along with the social behavior with which they are associated. These five vocalizations include two types of advertisement calls, a courtship call, a territorial call, and a call emitted during the intervals between male-male conflicts. Frogs were studied from January 2001 to November 2002, in riverine creeks of the Atlantic forest, at Núcleo Picinguaba, Parque Estadual da Serra do Mar, Municipality of Ubatuba, state of São Paulo. Frogs were observed throughout the day, for a total of 80 hours of observations and recordings of 22 individuals. The advertisement call in this study is slightly different than that originally described, and may be due to environmental conditions, or behavioral variations, at the time of recording. Vocal adaptations of diurnal species that live in a noisy aquatic environment permit aural communication in a range of sounds outside those of the water noises. Thus, the calls of H. phyllodes have a dominant frequency much higher than that of the noise of the water current – that is, greater than 3.5 kHz. We show here that H. phyllodes has the richest known vocal repertoire within the genus Hylodes. KEY-WORDS: Hylodes, call, vocal repertoire, Atlantic forest.

INTRODUÇÃO O gênero Hylodes Fitzinger, 1826, alocado recentemente na família Hylodidae (Grant et al., 2006) inclui atualmente 20 espécies distribuídas em quatro grupos de espécies, com base em morfologia externa:

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H. glaber, H. lateristrigatus, H. mertensi e H. nasus (Heyer, 1982; Frost, 1985; Nascimento et al., 2001). Hylodes phyllodes pertence ao grupo de H. lateristrigatus, caracterizado por espécies de tamanho pequeno a moderado, forma do corpo delgada, dorso liso e, em muitos membros, com uma clara linha dorsolateral (Heyer, 1982), sendo

Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná. E-mail: [email protected] Universidade Federal de Santa Maria – UNIPAMPA, Campus São Gabriel. E-mail: [email protected] Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, UNESP, Caixa Postal 199, 13506-900, Rio Claro, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]

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considerado o grupo mais diversificado, com 13 espécies descritas (Heyer & Cocroft, 1986; Nascimento et al., 2001). Os indivíduos de H. phyllodes são encontrados ativos durante o dia, o que é observado em todo o gênero. Hylodes phyllodes ocorre em córregos de montanha ou filetes de água associados à Floresta Atlântica (Heyer et al., 1990) e se distribui entre altitudes de 20 a 900 m acima do nível do mar (20 a 300 m, este estudo, 900 m na Estação Ecológica de Boracéia, Município de Salesópolis, SP; Heyer et al., 1990). O canto de anúncio de H. phyllodes foi descrito por Heyer & Cocroft (1986), gravado em Boracéia, SP e análises sobre os fatores ambientais que afetam a atividade de canto desta espécie foram feitas por Hatano et al. (2002) em Ilha Grande, RJ, mas nenhuma outra vocalização desta espécie foi citada por estes autores. As vocalizações de anúncio da maioria das espécies do grupo de H. lateristrigatus já foram descritas (exceções são H. ornatus e H. vanzolinii; Heyer & Cocroft, 1986), assim como de grande parte das espécies do gênero. No entanto, na maioria dos estudos com espécies de Hylodes são descritos de dois a três tipos de cantos por espécie (e.g., Heyer & Cocroft, 1986; Heyer et al., 1990; Haddad & Pombal, 1995; Haddad et al., 1996; Haddad & Giaretta, 1999; Pavan et al., 2001; Nascimento et al., 2001; Lingnau, 2003; Wogel et al., 2004). Apenas para H. asper foram registradas quatro vocalizações distintas: canto de anúncio, territorial, corte e agonístico (Haddad & Giaretta, 1999). No presente estudo, caracterizamos cinco tipos de vocalizações de Hylodes phyllodes relacionadas com o comportamento social desta espécie: dois tipos de cantos de anúncio, canto de corte, canto territorial e canto de intervalo de briga.

MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado entre janeiro de 2001 e novembro de 2002 em córregos na Mata Atlântica, dentro da área do Núcleo Picinguaba (23°23’S, 44°50’W, entre 20 a 300 m acima do nível do mar), Parque Estadual da Serra do Mar, no Município de Ubatuba, Estado de São Paulo. As observações foram realizadas em vários horários do dia, totalizando 80 horas de observações e gravação de 22 espécimes. O observador sentava-se próximo ao indivíduo escolhido, colocava o gravador e o microfone sobre rochas próximas a uma distância média de 50 cm, direcionando o microfone ao macho a ser gravado, até que o canto fosse emitido normalmente pelo indivíduo. A gravação era iniciada somente após o macho retornar a sua atividade de canto. Quando o indivíduo inibia-se com a presença do observador, o

microfone e gravador eram deixados ligados e o observador afastava-se para fora do alcance visual do indivíduo a ser gravado. O canto territorial foi gravado com o uso de “playbacks” de canto de anúncio ou quando emitido espontaneamente por um macho. Com os “playbacks”, o canto de anúncio foi tocado próximo a um macho vocalizando, a uma distância média de 50 cm. O ajuste de volume do gravador foi subjetivo e a resposta do macho foi gravada. O canto de intervalo de briga foi gravado durante uma interação agonística entre dois machos. O canto de corte foi gravado de um único casal, em comportamento de corte observado em abril de 2002. As gravações das vocalizações foram realizadas com gravador UHER-4000 e microfone cardioide UHER M518A ou gravador Sony TCM – 20DV com microfone dinâmico Philips SBC MD100. Exemplares testemunhos foram coletados e depositados na Coleção Célio F.B. Haddad (CFBH), depositada no Departamento de Zoologia, I.B., UNESP, Rio Claro, SP. A temperatura ambiente foi medida no momento de cada gravação, com termômetro de mercúrio de precisão 0,5 °C. A análise das gravações foi realizada em computador Power Macintosh, usando programa Canary, versão 1.2. Os sons foram digitalizados em 22 kHz e os sonogramas foram produzidos com FFT de 256 pontos. Foram analisadas sete características acústicas: duração do canto, duração do intervalo entre cantos, número de notas, duração das notas, duração do intervalo entre as notas, freqüência sonora e taxa de repetição de cada canto de anúncio por minuto. Neste estudo utilizamos as seguintes definições: o termo canto foi considerado sinônimo de vocalização, significando o conjunto de emissões sonoras da espécie e nota foi considerada a unidade funcional do canto (Castanho, 2000).

RESULTADOS Canto de anúncio: O canto de anúncio de nove machos apresentou duração média de 4,65 ± 4,79 s (amplitude de 0,38-23,83 s, n = 52 cantos), com intervalo médio entre os cantos de 4,18 ± 1,77 s (amplitude de 0,9-9,3 s, n = 48 intervalos entre cantos). Os cantos podem ser constituídos de 4 a 185 notas (35,96 ± 37,39, n = 51 cantos). Cada nota apresentou duração média de 0,039 ± 0,006 s (amplitude de 0,013-0,057 s, n = 331 notas), com intervalo médio entre elas de 0,070 ± 0,021 s (amplitude de 0,035-0,218 s, n = 330 intervalos entre notas); normalmente as notas formaram pares no final

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do canto. A taxa de repetição registrada foi de 6,08 cantos de anúncio por minuto (n = 12 machos). O canto de anúncio apresentou estrutura harmônica, sendo possível visualizar três harmônicos. O primeiro harmônico apresentou freqüência entre 2,66 e 3,43 kHz, o segundo harmônico entre cerca de 3,64 e 5,22 kHz e o terceiro harmônico, menos energético, entre cerca de 5,5 e 6,0 kHz (Fig. 1a). Em três indivíduos (somente um gravado), após a emissão do canto de anúncio, como descrito na figura 1a, houve uma modificação no ritmo e no número das notas, na intensidade e na estrutura do canto, fazendo com que a vocalização soasse diferente do canto de anúncio. Depois de emitir essa seqüência de notas incomuns, o macho voltava a emitir normalmente o canto de anúncio. Nenhuma interação foi observada durante a emissão desses cantos. A duração média deste tipo de canto foi de 1,40 ± 0,12 s (amplitude de 1,23-1,52 s, n = 4 cantos) e o intervalo médio entre os cantos de 0,34 ± 0,16 s (amplitude de 0,18-0,51 s, n = 3). Os cantos apresentaram de 9 a 12 notas (10,75 ± 1,25, n = 4), com duração média de 0,05 ± 0,007 s (amplitude de 0,03-0,06 s, n = 21 notas) e intervalo médio entre as notas de 0,09 ± 0,07 s (amplitude de 0,04-0,26 s, n = 20). Os cantos apresentaram estrutura harmônica, com freqüência dominante entre 3,61 e 4,99 kHz (Fig. 1b). Canto de corte: Somente um macho foi gravado em comportamento de corte. No momento da gravação, o casal estava sozinho, de frente um para o outro, quase se tocando. O comportamento de corte durou cerca de uma hora até que o macho entrou no ninho submerso, sendo seguido pela fêmea. Não foram emitidos muitos cantos de corte durante o comportamento, que foi mais de interações táteis entre o macho e a fêmea. O canto de corte foi composto por dois tipos de notas. As notas do tipo 1 foram semelhantes às da vocalização de anúncio em relação à duração, intervalo e freqüência dominante, porém com intensidade mais baixa e maior ênfase energética no segundo harmônico (Fig. 1c). As notas do tipo 2 foram mais curtas (duração da nota = 0,022 s ± 0,004, amplitude = 0,017-0,025 s, n = 9 notas) emitidas em grupos de 2 a 3 notas. As notas do tipo 2 apresentaram freqüência dominante entre 4,55 e 5,39 kHz (Fig. 1c). Durante o comportamento de corte, o único macho gravado emitiu seqüências apenas contendo as notas do tipo 1 e seqüências onde grupos de notas do tipo 1 eram separadas por grupos de duas a três notas do tipo 2. O número de notas (tipo 1 e 2) por canto de corte foi de 9,8 ± 3,58 (amplitude de 7-16 notas por canto, n = 10). Canto territorial: O canto territorial foi emitido pelo macho residente quando um intruso entrava em seu

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território. Este canto foi emitido durante os experimentos de “playback”, utilizando cantos de anúncio. A duração média do canto territorial foi de 0,254 ± 0,158 s (amplitude de 0,104-0,285 s, n = 50 cantos de 4 machos) e com intervalo médio entre cantos de 0,945 ± 0,735 s (amplitude de 0,240-1,539 s, n = 48 intervalos entre cantos). O canto é composto por 2 a 3 notas curtas (2,74 ± 0,44 notas, n = 50 cantos), com freqüência dominante no terceiro harmônico, entre 4,55 e 5,12 kHz. A duração média das notas é de 0,037 ± 0,027 s (amplitude de 0,007-0,155 s, n = 86 notas). A primeira nota é mais curta que as demais (primeira nota = 0,024 ± 0,008 s, amplitude de 0,007-0,041 s, n = 32 notas; segunda nota = 0,034 ± 0,005 s, amplitude de 0,023-0,046 s, n = 32 notas; terceira nota = 0,059 ± 0,052 s, amplitude de 0,025-0,155 s, n = 22). O intervalo médio entre as notas é de 0,059 ± 0,013 s (amplitude de 0,039-0,095 s, n = 54). A taxa de repetição é de 46,2 cantos por minuto (n = 4 machos) (Fig. 1d). Canto de intervalo de briga: Os machos apresentaram um combate ritual (veja a descrição do comportamento em Hartmann et al., 2005). Nos intervalos do combate os machos se separavam, ficando distantes um do outro. Em duas ocasiões um dos machos que estava em combate ritual, emitiu o canto de intervalo de briga (n = 2 machos). A duração média deste canto foi de 0,139 ± 0,048 s (amplitude de 0,130-0,292 s, n = 26 cantos de 2 machos), com intervalo médio entre os cantos de 0,774 ± 0,892 s (amplitude de 0,412-0,993 s, n = 25). O canto possui de 1 a 4 notas. Cada nota apresenta duração média de 0,062 ± 0,047 s (amplitude de 0,018-0,188 s, n = 58 notas) e intervalo entre elas de 0,008-0,101 s (0,060 ± 0,029 s, n = 28 intervalos entre notas). A primeira nota foi mais curta que as demais, com duração média de 0,034 ± 0,008 s (amplitude de 0,018-0,055 s, n = 23 notas). A segunda nota apresentou duração média de 0,079 ± 0,050 (amplitude de 0,025-0,183 s, n = 24 notas). Na terceira e quarta notas a duração média foi de 0,050 ± 0,019 s (amplitude de 0,031-0,080 s, n = 9 notas). A taxa de repetição foi de 63,39 cantos por minuto (n = 2 machos). A freqüência dominante do canto de intervalo de briga esteve entre 1,75-5,29 kHz (Fig. 1e).

DISCUSSÃO O canto de anúncio descrito neste estudo apresenta pequenas diferenças em relação ao canto descrito por Heyer & Cocroft (1986) para a localidade de Boracéia, SP. Em Picinguaba, o canto de H. phyllodes teve maior

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duração (0,38-23 s) e maior número de notas (4-185 notas) em relação a descrição original (1,05-2,10 s e 12-20 notas, respectivamente). No entanto, a freqüência do canto foi semelhante nas duas populações. Como a freqüência do canto é espécie específica e uma propriedade do canto de anuros considerada estável (Bee et al., 2001), é possível que estas diferenças entre duração e número

de notas resultem de diferenças populacionais, relativas às condições ambientais e/ou características comportamentais dos indivíduos gravados nas duas localidades. De acordo com Heyer & Cocroft (1986) e Heyer et al. (1990), H. phyllodes canta esporadicamente em Boracéia, diferentemente de Picinguaba, onde a espécie é abundante e vocalmente conspícua durante todo

Figura 1. Sonograma (acima) e oscilograma (abaixo) do repertório vocal de Hylodes phyllodes, gravado em Picinguaba, Ubatuba, SP. (a) Canto de anúncio – gravado em 16 de dezembro de 2000, temperatura do ar = 24 °C e temperatura da água = 22 °C. (b) Modificação do canto de anúncio, gravado em 16 de agosto de 2002, temperatura do ar = 21 °C e temperatura da água = 19 °C. (c) Canto de corte, gravado em 12 de abril de 2002, temperatura do ar = 26 °C e temperatura da água = 22 °C. Números 1 e 2 na figura indicam nota do tipo 1 e nota do tipo 2. (d) Canto territorial, gravado em 13 de abril de 2002, temperatura do ar = 26 °C e temperatura da água = 22 °C. (e) Canto de intervalo de briga com quatro notas, gravado em 21 de agosto de 2002, temperatura do ar = 20 °C e temperatura da água = 19 °C.

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o ano. O maior número de indivíduos interagindo num mesmo local pode ser responsável pelas maiores amplitudes na duração e número de notas das vocalizações de anúncio em Picinguaba e mesmo pelo uso de outros tipos de vocalizações pelos machos. É conhecido que machos de outras espécies de anuros podem modificar o comportamento de canto em resposta a machos coespecíficos e heteroespecíficos (Schwartz & Wells, 1984). A utilização de um canto incomum, semelhante ao canto de anúncio, como o que foi aqui descrito para H. phyllodes é de difícil interpretação. As razões para a utilização destes cantos incomuns podem ser tão diversas quanto obscuras. No entanto, é possível que a utilização de cantos modificados esteja relacionada ao aumento da complexidade do canto, com a inclusão de notas diferentes que podem tornar o canto mais atrativo para fêmeas (e.g., Ryan, 1985; 1988; Wilczynski et al. 1995). Cantos complexos podem indicar à fêmea a “qualidade do macho” (Ryan, 1983) ou mostrar a localização do macho mais facilmente (Wells & Schartz, 1984), especialmente em um ambiente com ruído como os riachos. No entanto, no momento não há uma explicação conclusiva sobre a função deste canto em H. phyllodes. O canto de corte é semelhante ao canto de anúncio, mas apresenta intensidade menor (a intensidade não foi medida com equipamento; sendo apenas auditivamente avaliada). As notas curtas do canto de corte de H. phyllodes se assemelham às notas do seu próprio canto territorial, semelhante ao que foi observado em H. dactylocinus (considerado canto territorial e de corte por Narvaes, 1997). Nos trabalhos de campo, foi possível observar que o canto territorial foi comumente emitido por H. phyllodes, embora só tenha sido gravado para quatro machos. No uso de “playback”, houve pronta resposta ao som do canto de anúncio. O mesmo ocorreu quando outro indivíduo se aproximou de um macho vocalizando. Essa característica de emitir o canto territorial quando um macho percebe a presença de outro pode servir para evitar os riscos de um combate físico (e.g., Martins et al., 1998). Em várias observações de interações agonísticas o intruso fugiu (n = 5 de 8), possivelmente devido ao sucesso do canto territorial em inibir um combate; no entanto, o combate pode ocorrer como último escalonamento do comportamento territorial de Hylodes phyllodes (Hartmann et al., 2005). O canto de intervalo de briga foi emitido quando os machos se separavam durante o ritual de combate. Nitidamente esse canto foi um som de agressão entre os machos, possivelmente como uma tentativa de

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espaçar os machos em disputa territorial, semelhante ao descrito para o canto de encontro (Haddad, 1995). Mas diferente do canto de encontro, que é emitido por machos muito próximos em momentos que antecedem as agressões físicas (Haddad, 1995), o canto de intervalo de briga aqui descrito para H. phyllodes foi utilizado em um comportamento muito específico durante o ritual de combate. Neste caso, os machos entraram em combate, se separaram por alguns minutos e provavelmente utilizaram o canto de intervalo de briga para determinar se a disputa continuaria ou não. Preferimos então nomear o canto com o tipo de comportamento em que está associado, buscando o melhor entendimento do uso do repertório vocal em anfíbios anuros. Adaptações na vocalização de espécies diurnas que vivem em riachos de correnteza permitem a comunicação sonora em um canal livre do barulho d’água. Os cantos de H. phyllodes têm freqüência dominante acima do barulho da correnteza, ou seja, maior que 3,5 kHz (discussão sobre as freqüências do canto de Hylodes acima do barulho da água em Vielliard & Cardoso, 1996). O canto de anúncio dessas espécies e de muitas outras que vivem em ambientes ruidosos, precisa ser propagado a grandes distâncias; para tanto precisa se destacar do barulho do riacho e se propagar com o mínimo de degradação possível no ambiente. Estas características traduzem-se em notas curtas e puras com concentração de energia numa faixa temporal estreita acima do barulho de fundo do ambiente, ritmicamente separadas dentro de seqüências (e.g., Dubois & Martens, 1984), com intervalos iguais ou maiores que a duração das notas (Vielliard & Cardoso, 1996). Esse padrão é o mesmo de outras espécies de Hylodes (Heyer, 1982; Haddad & Pombal, 1995; Haddad et al., 1996; Haddad & Giaretta, 1999; Nascimento et al., 2001, Wogel et al., 2004) e também ocorre em Crossodactylus caramaschii (que também utiliza riachos de correnteza; Bastos & Pombal, 1995). Em Cycloramphus boraceiensis e C. semipalmatus, espécies que vivem em riachos de correnteza, as vocalizações não apresentam seqüências ritmadas, mas apresentam as outras duas características (Heyer et al., 1990). Este estudo identifica H. phyllodes como a espécie com o repertório vocal mais rico do gênero até o momento. Possivelmente outras espécies de Hylodes apresentam uma grande variedade de cantos associada aos diferentes comportamentos, como a territorialidade e os sinais visuais descritos, por exemplo, para H. asper (Haddad & Giareta, 1999) e H. phyllodes (Hartmann et al., 2005). São necessários mais estudos de comportamento e vocalização para entender melhor a biologia destes anfíbios diurnos.

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RESUMO Hyllodes phyllodes é um anfíbio diurno, que ocorre em córregos de montanha associados à Floresta Atlântica. Neste estudo, são caracterizados cinco tipos de vocalizações de Hylodes phyllodes relacionadas com o comportamento social desta espécie: dois tipos de canto de anúncio, canto de corte, canto territorial e canto de intervalo de briga. O estudo foi realizado entre janeiro de 2001 e novembro de 2002 em córregos na Mata Atlântica, dentro da área do Núcleo Picinguaba, Parque Estadual da Serra do Mar, no Município de Ubatuba, Estado de São Paulo. As observações foram realizadas em vários horários do dia, totalizando 80 horas de observações e gravação de 22 espécimes. O canto de anúncio descrito neste estudo apresentou pequenas diferenças em relação ao canto descrito originalmente, mas estas diferenças provavelmente são resultado de condições ambientais e/ou características comportamentais dos indivíduos gravados em Picinguaba e Boracéia. Adaptações na vocalização de espécies diurnas que vivem em riachos de correnteza permitem a comunicação sonora em um canal livre do barulho d’água, deste modo, os cantos de H. phyllodes têm freqüência dominante acima do barulho da correnteza, ou seja, maior que 3,5 kHz. Este estudo identifica H. phyllodes como a espécie com o repertório vocal mais rico do gênero. PALAVRAS CHAVE: Hylodes, canto, repertório vocal, Mata Atlântica.

AGRADECIMENTOS A Luis O.M. Giasson pelo auxílio nas atividades de campo. Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis pela licença de captura, coleta e transporte (licença número 025/02-RAN-IBAMA) e ao Instituto Florestal, Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba, pela permissão de acesso e apoio logístico. Ao CNPq, Capes e Fapesp pelas concessões de bolsas e auxílios financeiros.

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EDITORIAL COMMITTEE Editor-in-Chief: Hussam Zaher, Serviço de Vertebrados, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, Caixa Postal 42.494, CEP 04218-970, São Paulo, SP, Brasil. E mail: [email protected]. Associate Editors: Carlos José Einicker Lamas (Universidade de São Paulo, Brasil), Antonio Carlos Marques (Universidade de São Paulo, Brasil), Mário César Cardoso de Pinna (Universidade de São Paulo, Brasil), Sergio Antonio Vanin (Universidade de São Paulo, Brasil). Editorial Board: Aziz Nacib Ab’Saber (Universidade de São Paulo, Brasil); Rüdiger Bieler (Field Museum of Natural History, U.S.A.); Walter Antonio Pereira Boeger (Universidade Federal do Paraná, Brasil); Carlos Roberto Ferreira Brandão (Universidade de São Paulo, Brasil); James M. Carpenter (American Museum of Natural History, U.S.A.); Ricardo Macedo Corrêa e Castro (Universidade de São Paulo, Brasil); Darrel R. Frost (American Museum of Natural History, U.S.A.); William Ronald Heyer (National Museum of Natural

History, U.S.A.); Ralph W. Holzenthal (University of Minnesota, U.S.A.); Adriano Brilhante Kury (Museu Nacional, Rio de Janeiro, Brasil); John G. Maisey (American Museum of Natural History, U.S.A.); Naércio Aquino Menezes (Universidade de São Paulo, Brasil); Christian de Muizon (Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris, France); Gerardo Lamas Müller (Museo de Historia Natural “Javier Prado”, Lima, Peru); Nelson Papavero (Universidade de São Paulo, Brasil); James L. Patton (University of California, Berkeley, U.S.A.); Richard O. Prum (University of Kansas, U.S.A.); Marcos André Raposo (Museu Nacional, Rio de Janeiro, Brasil); Olivier Rieppel (Field Museum of Natural History, U.S.A.); Miguel Trefaut Urbano Rodrigues (Universidade de São Paulo, Brasil); Randall T. Schuh (American Museum of Natural History, U.S.A.); Ubirajara Ribeiro Martins de Souza (Universidade de São Paulo, Brasil); Marcos Tavares (Universidade de São Paulo, Brasil); Paulo Emílio Vanzolini (Universidade de São Paulo, Brasil); Richard P. Vari (National Museum of Natural History, U.S.A.); Mario de Vivo (Universidade de São Paulo, Brasil); Paulo Secchin Young (Museu Nacional, Rio de Janeiro, Brasil).

INSTRUCTIONS TO AUTHORS (MAY 2002) General Information: Papéis Avulsos de Zoologia covers primarily the fields of Zoology, publishing original contributions in systematics, paleontology, evolutionary biology, ecology, taxonomy, anatomy, behavior, functional morphology, molecular biology, ontogeny, faunistic studies, and biogeography. Papéis Avulsos de Zoologia also encourages submission of theoretical and empirical studies that explore principles and methods of systematics.

running title in the language of the manuscript. The title should be concise and, where appropriate, should include mention of families and/or higher taxa. Names of new taxa should not be included in titles. (2)

Abstract: All papers should have an abstract in English and another in Portuguese, regardless of the original language. The abstract is of great importance as it may be reproduced elsewhere. It should be in a form intelligible if published alone and should summarize the main facts, ideas, and conclusions of the article. Telegraphic abstracts are strongly discouraged. Include all new taxonomic names for referencing purposes. Abbreviations should be avoided. It should not include references. Abstracts should not exceed 350 words.

(3)

Body of Text: The main body of the text should include the following sections: Introduction, Materials and Methods, Results, Discussion, and Acknowledgments at end. Primary headings in the text should be in capital letters and centered; the following text should begin on the next line, indented. Secondary headings should be in capital and lowercase letters and flush left; the following text should begin on the next line, indented. Tertiary headings should be in capital and lower case letters, in italics and indented; the following text should be on the same line and separated from the heading by a hyphen.

(4)

Literature Cited: Citations in the text should be given as: Silva (1998)..., Silva (1998:14-20)..., Silva (1998: figs. 1, 2)..., Silva (1998a, b)..., Silva & Oliveira (1998)..., (Silva, 1998)..., (Rangel, 1890; Silva & Oliveira, 1998a, b; Adams, 2000)..., (Silva, pers. comm.)..., (Silva et al., 1998), the latter when the paper has three or more authors. The reference need not be cited when author and date are given only as authority for a taxonomic name. The literature section should be arranged strictly alphabetically and given in the following format:

Lists and catalogs should be submitted to the Arquivos de Zoologia. All contributions must follow the International Code of Zoological Nomenclature. Relevant specimens should be properly curated and deposited in a recognized public or private, non-profit institution. Tissue samples should be referred to their voucher specimens and all nucleotide sequence data (aligned as well as unaligned) should be submitted to GenBank (http://www.ncbi.nih.g ov/Genbank/) or EMBL (http://www.ebi.ac.uk/). Peer Review: All submissions to Papéis Avulsos de Zoologia are subject to review by at least two referees and the Editor-in-Chief. Three legible copies (including photocopies of original illustrations) and original illustrations must be submitted; all authors will be notified of submission date. Authors may suggest potential reviewers. Communications regarding acceptance or rejection of manuscripts are made through correspondence with the first or corresponding author only. Once a manuscript is accepted providing changes suggested by the referees, the author is requested to return a revised version incorporating those changes (or a detailed explanation of why reviewer’s suggestions were not followed) within four weeks upon receiving the communication by the editor. Revised manuscripts must be submitted as both hard copy and electronic file (3.5" disk, Zip Drive, or CD Rom with text in Microsoft Word format). Figures and graphics should be sent separately (“.jpg”, “.tif ”, “.xls”, “.cdr”). Proofs: Page-proofs with the revised version will be sent to the first or corresponding author. Page-proofs must be returned to the editor in two weeks, preferentially within 48 hours. Failure to return the proof promptly may be interpreted as approval with no changes and/or may delay publication. Only necessary corrections in proof will be permitted. Once page proof is sent to the author, further alterations and/ or significant additions of text are permitted only at the author’s expense or in the form of a brief appendix (“note added in proof ”). Submission of Manuscripts: Manuscripts should be sent to the Editor-in-Chief (H. Zaher, Museu de Zoologia da USP, Caixa Postal 42.494, CEP 04218-970, São Paulo, SP, Brasil). Manuscripts are considered on the understanding that they have not been published or will not appear elsewhere in substantially the same or abbreviated form. The criteria for acceptance of articles are: quality and relevance of research, clarity of text, and compliance with the guidelines for manuscript preparation. Manuscripts should be written preferentially in English, but texts in Portuguese or Spanish will also be considered. Studies with a broad coverage are encouraged to be submitted in English. All manuscripts should include an abstract in Portuguese and English regardless of the original language. Authors are requested to pay attention to the instructions concerning the preparation of the manuscripts. Close adherence to the guidelines will expedite processing of the manuscript, whereas manuscripts deviating from the required form will be returned for revision prior to review. Manuscript Form: Manuscripts should not exceed 100 pages of double-spaced typescript on 21 by 29.7 cm (A4 format) or 21.5 by 28 cm (letter format) paper, with wide margins. The pages of the manuscript should be numbered consecutively. The text of articles should be arranged in the following order: Title Page, Abstracts, Body of Text, Literature Cited, Tables, Appendices, and Figure Captions. Each of these sections should begin on a new page. All typescript pages must be doublespaced. (1)

Title Page: This should include the title, author(s) name(s), institutions, and keywords in English as well as in the language of the manuscript, and a short

Journal Article – Silva, H.R.; Oliveira, H. & Rangel, S. Year. Article title. Journal name, 00:000-000. Names of journals must be spelled out in full. Books – Silva, H.R. Year. Book title. Publisher, Place. Articles in Books – Silva, H.R. Year. Article title. In: Oliveira, H. & Rangel, S. (Eds.), Book title. Publisher, Place, p.000-000. Articles in Larger Works – Silva, H.R. Year. Article title. In: H. Oliveira & S. Rangel (Eds.), Title of Larger Work. Serial Publication. Publisher, Place, p.000-000. Dissertations and Theses – Silva, H.R. Year. Dissertation title. Ph.D. Dissertation, University, Place. Eletronic Publications – Silva, H.R. Year. Article title. Available at: http:// www.mz.usp.br. Tables: All tables must be numbered in the same sequence in which they appear in the text. Authors are encouraged to indicate where the tables should be placed in the text. They should be comprehensible without reference to the text. Tables should be formatted with horizontal, not vertical, rules. In the text, tables should be referred as Table 1, Tables 2 and 3, Tables 2-6. Use “TABLE” in the table heading. Illustrations: Figures should be numbered consecutively, in the same sequence they appear in the text. Separate illustrations of a composite figure should be identified by capital letters and referred in the text as so (fig. 1A). Where possible, letters should be placed in the lower right corner of each illustration of a composite figure. Hand-written lettering on illustrations is unacceptable. Illustrations should be mounted on stout, white cardboard. Figures should be mounted in order to minimize blank areas between separate illustrations. High quality color or black and white photographs, and computer generated figures are preferable. Authors are encouraged to indicate where the figures should be placed in the text. Use “(Fig(s).)” and “Figure(s)” for referring to figures in the text, but “FIGURE(S)” in the figure captions and “(fig(s).)” when referring to figures in another paper.

For other details of manuscript preparation of format, consult the CBE Style Manual, available from the Council of Science Editors (http://www.councilscienceeditors.org/publications/style.cfm). Papéis Avulsos de Zoologia and Arquivos de Zoologia are publications of the Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (www.mz.usp.br).

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