Sir Jean William Fritz Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 9 de agosto de 1896. Filho de Arthur Piaget, professor de língua e literatura medievais, e de Rebecca Suzane, uma das primeiras socialistas suíças, Piaget vive sua infância e adolescência em Neuchâtel onde, aos 11 anos de idade (1907), publica o primeiro relato sobre um pardal albino. Esse breve estudo é considerado o início de sua brilhante carreira científica. Nesse mesmo ano, torna-se auxiliar de Paul Godet, especialista 1 em malacologia e diretor do Museu de História Natural da cidade. Aos catorze anos, o jovem Piaget ingressa no Clube dos Amigos da Natureza e em 1911 escreve os primeiros artigos sobre taxonomia malacológica para revistas especializadas. Influenciado por sua mãe, Piaget frequenta a Igreja Independente de Neuchâtel (protestante) no mesmo ano em que inicia a leitura da obra de Henri Bergson, que o influenciou de maneira duradoura, e a partir de então passa a ficar envolvido por leituras variadas de filosofia e psicologia. Na filosofia de Bergson, busca um caminho possível para o conhecimento científico e a análise crítica da origem do conhecimento e descobre a epistemologia. Assiste às aulas de lógica, metodologia científica e psicologia. Nesta época, contudo, com a grande carga científica com a qual entra em contato, confuso, Piaget vive um momento que opõe religião e ciência e se vê impelido a escolher entre a fé e o conhecimento. Em um contexto de guerra (1915), Piaget conclui os estudos secundários, ingressa na Faculdade de Ciências da Universidade de Neuchâtel e publica A Missão da Ideia. Filia-se à Federação Socialista Cristã, em 1917 e, em 1918, obtém o bacharelado em Ciências Naturais para, em seguida, finalizar a sua tese de doutorado, Introdução à Malacologia da Região do Valais, aos 22 anos de idade. Ainda entre 1915 e 1917, problemas de saúde o obrigam a estadias em Leysin. Piaget retoma, então, o dilema entre ciência e fé e, em 1918, escreve o romance filosófico e autobiográfico Recherche — (expressão que, em francês, tem um duplo sentido: “busca” / ”pesquisa”). Nesse período, Piaget busca uma formação em psicologia e vai para Zurique. Lá, conhece Eugène Bleuler, então diretor em uma clínica psiquiátrica, e seu assistente Carl Gustav Jung. A perspectiva psicanalítica não o entusiasma e, em 1919, retoma seus estudos em malacologia e viaja para Paris. Na Sorbonne, conhece grandes nomes da psicologia e psicopatologia como Pierre Janet e Léon Brunschvicg. A estadia em Paris (1919-1921) se revela importante, especialmente pelo encontro com Théodore Simon, que lhe possibilita investigar o pensamento infantil, e descobre na criança pequena uma forma própria de raciocínio. Piaget padroniza nesta época os “testes de raciocínio” de Cyril Burt, desenvolvidos nos Estados Unidos, experiência que lhe permitiu delimitar um campo de estudos empíricos: o pensamento infantil e o raciocínio lógico. Como resultado desse trabalho, Piaget é convidado para o cargo de coordenador de pesquisas do Instituto, função que inclui a Casa das Crianças. Estas pesquisas resultam na publicação de três artigos. Suas primeiras pesquisas em psicologia, como coordenador do Instituto Jean-Jacques Rousseau, resultam em um ciclo de cinco publicações: A Linguagem e o Pensamento na Criança (1923), O Raciocínio da Criança (1924), A Representação do Mundo na Criança (1926), A Causalidade Física na Criança (1927) e O Julgamento Moral na Criança (1931). Esta fase, sobretudo por apresentar a criança como sujeito da razão, desperta interesse de estudiosos e Piaget é convidado para expor suas ideias em universidades europeias e norte-americanas. Logo a seguir, Piaget participa de um Congresso Internacional de Psicanálise, em Berlim, com um trabalho sobre O Pensamento Simbólico Infantil. Com o livro A Linguagem e o Pensamento da Criança (1923), Piaget apresenta um quadro do processo de aprendizado infantil, tornando-se o início de uma obra influente sobre o desenvolvimento humano. Além de suas pesquisas, Piaget mantém atividades como professor e assume as cadeiras de Filosofia da Ciência, de Psicologia e de Sociologia na Universidade de Neuchâtel. Em 1929, assume também a cadeira de História 1

Malacologia é o ramo da biologia que estuda os moluscos. Os estudos malacológicos incluem a taxonomia, a fisiologia e a ecologia destes animais. Fonte: Wikipédia.

do Pensamento Científico, e continua ensinando Psicologia da Criança no Instituto Jean-Jacques Rousseau. É também nesse ano que Piaget assume a direção do Bureau International de L'Education, vinculado a Unesco. A década de 1920 é representativa, também, na vida pessoal de Piaget. Em 1924, casa-se com Valentine Châtenay, com quem tem três filhos: Jacqueline (1925), Lucienne (1927) e Laurent (1931). O nascimento dos filhos amplia o convívio diário com a criança pequena e possibilita o registro de observações que geraram novas hipóteses sobre as origens da cognição humana.

Através da minuciosa observação de seus filhos e principalmente de outras crianças, Piaget impulsionou a Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: o estágio sensório-motor, pré-operacional (pré-operatório), operatório concreto e operatório formal. 1º Estágio – Sensório-Motor (de 0 a 2 anos) No estágio sensório-motor, que dura do nascimento até aproximadamente o segundo ano de vida, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos que a rodeiam. Esse estágio é chamado sensório-motor porque o bebê adquire o conhecimento por meio de suas próprias ações que são controladas por informações sensoriais imediatas. Neste período, o desenvolvimento físico acelerado é o suporte para o aparecimento de novas habilidades, como sentar, andar, o que propiciará um domínio maior do ambiente. Ao fim do período, a criança obtém uma atitude mais ativa e participativa, é capaz de entender algumas palavras, mas produz uma fala imitativa. Neste período, a inteligência prática é acentuada na percepção e no motor, pois é utilizada a partir de seus esquemas sensoriais e motores vindo dos reflexos genéticos para solucionar problemas imediatos como pegar, jogar ou chutar bola. O estágio subdivide-se em até 6 subestágios nos quais o bebê apresenta desde reflexos até uma capacidade representacional do uso de símbolos. As principais características observáveis durante essa fase na criança são:  a exploração manual e visual do ambiente;  a experiência obtida com ações, a imitação;  a inteligência prática (através de ações);  ações como agarrar, sugar, atirar, bater e chutar;  a coordenação das ações proporciona o surgimento do pensamento;  a centralização no próprio corpo;  a noção de permanência do objeto; Podemos citar ainda que no estágio sensório-motor a criança conquista, através da percepção e dos movimentos, todo o universo que a cerca. Ela assimila, por exemplo, que se puxar a toalha da mesa, o pote de bolacha ficará mais próximo dela (conduta do suporte). 2º Estágio – Pré-operacional (de 2 a 7 anos) O segundo estágio de desenvolvimento considerado por Piaget é o estágio pré-operacional, que coincide com a fase pré-escolar e vai dos 2 de idade até os 7 anos em média. De acordo com Piaget, os cinco aspectos mais importantes do pensamento neste estágio são: a) Egocentrismo: são incapazes de compreender as coisas de outro ponto de vista que não seja o seu. Tem a tendência de tomar o seu ponto de vista como o único, sem compreender os dos demais por estar centrados em suas ações. O egocentrismo se caracteriza basicamente por uma visão de realidade que parte do próprio eu. b) Dificuldades de transformação: são incapazes de compreender os processos que implicam mudança. Seu pensamento é estático, estão sempre no momento presente, não considerando os anteriores, nem antecipando o futuro. c) Reversibilidade: são incapazes de compreender um processo inverso ao observado. Seu pensamento é irreversível. d) Centralização: incapacidade para se centrar em mais de um aspecto da situação. São incapazes de globalizar. e) Não conservação: não são capazes de compreender que a quantidade pode permanecer embora mude seu aspecto ou aparência. No exemplo da figura em massa de modelar, não entenderiam que a quantidade seria a mesma com qualquer formato que assumisse. Neste estágio, os padrões de pensamento sensório-motor variam para um incremento da capacidade de usar símbolos e imagens dos objetos do meio ambiente. Além disso, esse momento é marcado pelo aparecimento

da linguagem oral que lhe dará possibilidade de se utilizar da inteligência prática decorrente dos esquemas sensoriais e motores, formados na fase anterior. A criança desenvolve, ainda, as imagens mentais e jogos simbólicos, assim como muitas habilidades preceituais e motoras. Apesar disso, o pensamento e a linguagem estão reduzidos, no geral, ao momento presente e a acontecimentos concretos. Nessa fase ainda, desenvolve-se atividades de comunicação de tipo informativo e também de controle da conduta dos outros, isto é pede, pergunta, dá ordens, por exemplo, para provocar as condutas que deseja em outros. A criança já antecipa o que vai fazer, desenvolve o pensamento aceleradamente, no final do período começa a querer saber a razão causal e finalista de tudo: é a famosa fase dos porquês. 3º Estágio – Operatório Concreto (dos 7 aos 11 anos) No estágio operatório concreto, que dura dos 7 aos 11 anos de idade em média, a criança começa a lidar com conceitos abstratos, como os números e relações. Esse estágio passa a manifestar-se de modo mais evidente porque coincide (ou deve coincidir) com o início da escolarização formal. É caracterizado por uma lógica interna consistente e pela habilidade de solucionar problemas concretos. Neste momento, o declínio no egocentrismo passa a ser mais visível. O declínio do egocentrismo se entende a linguagem que se torna mais socializada, e a criança será capaz de levar em conta o ponto de vista do outro, assim objetos e pessoas passam a ser mais bem explorados nas interações das crianças. Outros comportamentos observados nessa fase são os seguintes:  Já existe o equilíbrio entre a assimilação e a acomodação dos conhecimentos torna-se mais estável;  Surge a capacidade de fazer análises lógicas;  A criança ultrapassa o egocentrismo, ou seja, dá-se um aumento da empatia com os sentimentos e as atitudes dos outros;  Mesmo antes deste estágio a criança já é capaz de ordenar uma série de objetos por tamanhos e de comparar dois objetos indicando qual é o maior, mas ainda não é capaz de compreender a propriedade transitiva (A é maior que B, B é maior que C, logo A é maior que C).  A criança começa a perceber a conservação do volume, da massa, do comprimento, etc. Neste estágio, também algumas características das crianças começam a ser aprimoradas, como exemplo elas se concentram mais nas atividades, colaboram mais com os colegas, apresentam responsabilidade e respeito mútuo e participações em grupo. 4º Estágio – Operatório Formal (de 11 em diante) No estádio operatório formal, desenvolvido a partir dos 12 anos de idade em média, o adolescente começa a raciocinar lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido pela habilidade de engajar-se no raciocínio proposicional. As deduções lógicas podem ser feitas sem o apoio de objetos concretos. Aprende a criar conceitos e ideias. Diferente do período anterior, agora o adolescente tem o pensamento formal abstrato. Ele não necessita mais de manipulação ou referência concreta. Na disciplina de matemática, por exemplo, já é capaz de compreender os cálculos em equações etc. No lado social, a vida em grupo é uma aspecto significativo junto com o planejamento de ações coletivas. Reflete sobre a sociedade e quer transformá-la, mais tarde vem o equilíbrio entre pensamento e realidade. O pensamento hipotético-dedutivo é o mais importante aspecto apresentado nessa fase de desenvolvimento, pois o ser humano passa a criar hipóteses para tentar explicar e sanar problemas, o foco desvia-se do "é" para o "poderia ser". É nesse último estágio que, para Piaget, as bases do pensamento científico aparecem

Piaget influenciou a educação de maneira profunda. Para ele as crianças só podiam aprender o que estavam preparadas a assimilar. Aos professores, cabia aperfeiçoar o processo de descoberta dos alunos. Com essa descoberta, Piaget conclui suas pesquisas com Barbel Inhelder e Alina Szeminskanota e investiga a gênese psicológica das “estruturas do pensamento” nas diversas áreas do conhecimento científico, diferentemente do estudo do pensamento infantil - a partir de sua expressão verbal - nos anos 1920. Agora, as entrevistas propõem problemas concretos e envolvem a possibilidade de a criança agir sobre os objetos, manipulando brinquedos, massinha de modelar, líquidos, flores.

Esses estudos abrangem temas diversos e resultam, cada qual, em uma publicação: O Desenvolvimento das Quantidades Físicas (1941), A Gênese do Número (1941), A Noção de Tempo na Criança (1946), A Geometria Espontânea na Criança (1948), A Representação do Espaço na Criança (1948) entre outros. Piaget desenvolveu em suas pesquisas a teoria da construção do conhecimento, mais conhecida como Epistemologia genética, tendo como foco principal o sujeito (criança), o qual foi estudado pelo método clínico desenvolvido pelo próprio Piaget. A teoria explica como o conhecimento é adquirido e montado em nossa psiquê, desde a primeira infância até a maturescência humana. A obra deste estudioso é reconhecida em todo mundo, pois contribui para compreensão da formação e construção do intelecto. Através desta teoria, diversas propostas de educação, diferenciadas para crianças em cada uma das fases, surgiram, todas com a pretensão de melhorar a educação através das características específicas de cada uma destas fases observadas, por Piaget, em seus estudos. Ao entender como acontece o processo de construção do conhecimento pode-se desenvolver métodos pedagógicos mais eficientes afim de aperfeiçoar ou substituir os sistemas de ensino já existentes. Como exemplo, um de seus alunos, Reuven Feuerstein, desenvolveu a Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural. Esta afirma que a inteligência humana pode ser estimulada e que qualquer indivíduo, independente de idade e mesmo considerado inapto, pode adquirir a capacidade de aprender. Fonte: WIKIPEDIA, a enciclopédia livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Piaget; http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cognitiva. Acessado em 13 de setembro de 2014. (Com adaptações)

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