RICARDO NUNES DA SILVA
“À sombra do convento de Cristo e do debuxo feyto por mão de Castylho. O processo de renovação da igreja da Misericórdia do Sardoal em meados do século XVI.” RESUMO A igreja quinhentista da Misericórdia do Sardoal durante um largo tempo esteve envolta em incertezas historiográficas, principalmente em torno de questões como: cronologia da construção; quem foi o responsável da traça e quem terá erguido o respetiva edifício, onde se inclui o extraordinário portal renascentista. Neste contexto, a nossa comunicação, à luz da documentação do século XVI existente no arquivo histórico da Santa Casa da Misericórdia do Sardoal, procura clarificar estas questões e ao mesmo tempo efetuar a leitura historiografia do processo que levou à renovação do programa arquitetónico da Igreja da Misericórdia em meados do século XVI. Desse modo, é possível referir que a (re)construção da igreja da Misericórdia do Sardoal (1550), ocorre no mesmo período em que se ergue o espaço do Noviciado (Convento de Cristo) e a Ermida de Nossa Senhora da Conceição (Tomar), cabendo ao mestre de obras do complexo monástico da Ordem de Cristo, João de Castilho, a execução da traça para a renovação do edifício gótico sardoalense. Porém, a obra - execução da capela-mor, arco cruzeiro e portal - foi arremata, no valor total de 120.000 reais, pelo pedreiro de Coimbra, Lucas Fernandes. Este mestre de arquitetura terá feito parte da escola renascentista de João de Ruão, facto visível pela execução escultórica do portal renascentista. Partindo da leitura dos dados documentais, a nossa comunicação procura contribuir para o conhecimento histórico-artístico do edifício quinhentista da vila do Sardoal. Ao mesmo tempo, procuramos colocar em evidência o programa arquitetónico e escultórico desenvolvido na igreja da Misericórdia sardoalense e as suas relações com os importantes centros de produção artística do país, como seja Tomar e Coimbra. CURRICULUM É atualmente professor-adjunto da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, onde leciona as cadeiras de História da Arte e Património e Cultura Regional. É membro do ARTIS - Instituto de História da Arte/Centro de Investigação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde é investigador do grupo ARS Arte em Portugal e no "Mundo Português", onde participou como investigador no projeto MAGISTER. Arquitetura tardo-gótica em Portugal: protagonistas, modelos e intercâmbios artísticos (séc. XV-XVI). Internacionalmente é membro fundador da Cooperative Thematic Research Network on Late-Gothic art (XV-XVI Centuries) e integra o Grupo de Investigación de Arquitectura Tardogótica, sendo atualmente investigador do projeto Los diseños de arquitectura en la Península Ibérica entre los siglos XV y XVI. Inventario y catalogación, financiado pelo Ministerio de Ciencia e Innovación, Gobierno de España. É autor de diversas publicações, onde se pode destacar: “A abóbada da capela-mor da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo das Caldas da Rainha. Construção e filiação”, Artis “Os abobadamentos pétreos na arquitetura tardo- medieval do ciclo bracarense – a influencia do Norte de Espanha (Burgos)”; “De Huguet a Boytac y el Tardogótico peninsular”; “João de Castilho: Entre o Paradigma da Arquitectura Tardo-Gótica e a Arquitectura do Renascimento em Portugal”; “O mestre Boytac e as correspondências com o foco Toledano”; “A obra tardo-gótica do mestre Mateus Fernandes nos finais do século XV e os primeiros anos do século XVI”; “Os Arquitectos e a arquitectura tardo-gótica em Portugal”; “Mestres e oficiais de pedraria do tardo-gótico português em terras do norte de África”, em Arquitetura tardogótica en la corona de Castilla (2014) e “O mestre João de Castilho entre a condição de hidalgo ou pechero. O processo ad perpetuam rey memoria movido pelo filho António de Castilho (1555) “João de Castilho entre Vila do Conde e Santiago de Compostela (1513): a transferência de conhecimentos e a mobilidade artística do mestre trasmiero”; “Entre os dois lados da fronteira: a presença de João de Castilho na obra do Hospital Real de Santiago de Compostela (1513)”.
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