Diversidade para Inclusão de Deficientes Visuais em Ambientes Virtuais de Aprendizagem: um estudo de caso TecnoAssist Daniela Tavares2, Angélica Dias1, José Antônio Borges1, Marcos Fialho1, Marcos R. S. Borges 1, Fátima R. M. Oliveira2 1

Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ/PPGI Caixa Postal 15.064 – 91.501-970 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil 2

Universidade Estadual do Rio de Janeiro Rio de Janeiro – RJ – Brasil

{daniela.tavares,angelica,antonio2,fialho,MBorges}@nce.ufrj.br [email protected]

Abstract. This research aims to bring tools and proper methods for the adoption of assistive technology and accessibility, to the visually impaired community. We also want to identify elements that enable the interaction between visually impaired and online learning environments. This study was based on the Unified Theory of Acceptance and Use of Technology (UTAUT – a technology acceptance model) and applied to the students of TecnoAssist, a distance learning course of practice in assistive technology tools. The results indicate that the exchange of information and the accessible learning environment filled with communication strategies have potential for help the development of accessibility projects. Resumo. Esta pesquisa se propõe a trazer para a comunidade de deficientes visuais ferramentas e métodos mais apropriados para a adoção de tecnologia assistiva e acessibilidade. Faz parte deste trabalho, também, identificar elementos que viabilizem a interação entre deficientes visuais e o ambiente de aprendizagem on-line. Este estudo foi baseado no modelo de aceitação de tecnologia Teoria Unificada de Aceitação de Tecnologia (UTAUT) e aplicado junto aos alunos do curso prático de ferramentas de tecnologia assistiva a distância - TecnoAssist. Os resultados indicam que a troca de informação e a construção de um aprendizado em ambientes acessíveis com estratégias de comunicação apresentam potencialidades para desenvolvimento de projetos de acessibilidade nessa área.

Palavra-Chave Tecnologia Assistiva, Comunicação, Modelo TAM-UTAUT, Deficientes Visuais

1. Introdução Novas interações sociais e maior acesso às informações foram possíveis com o surgimento da internet. O Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial de acesso à rede. Apesar da crescente utilização desta ferramenta comunicacional para a busca do conhecimento, nem todos conseguem ter acesso a ela autonomamente. Segundo a Cartilha da SNPD 2012 apud Censo IBGE (2012), 23,9% dos brasileiros possuem pelo menos um tipo de deficiência (visual, motora, auditiva, mental ou intelectual). O IBGE também observou que 3,46% da população são deficientes visuais severos e 1,6% são totalmente cegos. Nesse contexto, as pessoas com deficiência buscam cada vez mais se inserir na sociedade, e o desenvolvimento tecnológico pode permitir melhor igualdade de oportunidades. Assim, ganham importância os instrumentos que possam contribuir na promoção da acessibilidade digital, auxiliando na superação desses obstáculos inerentes ao acesso de pessoas com deficiência a ambientes gráficos e na inserção de ferramentas de tecnologia assistiva. Segundo Cook (1995), a tecnologia assistiva é definida como um conjunto de serviços, estratégias e práticas para minimizar os problemas encontrados pelos indivíduos deficientes. Muitos estudos defendem que a tecnologia de informação assistiva está relacionada aos processos que favorecem, compensam, potencializam ou auxiliam, inclusive na escola, as habilidades ou funções das pessoas comprometidas pela deficiência, geralmente relacionadas às funções motoras, visuais, auditivas e comunicativas [Elia, 2011; Borges, 2012]. A busca por mecanismos dedicados a facilitar o uso desse tipo de tecnologia poderia fomentar o uso de ambientes virtuais de aprendizagem para facilitar a transferência de conhecimento entre esses indivíduos. Tendo em vista a necessidade de trazer para a comunidade de deficientes visuais ferramentas e métodos mais apropriados para a adoção de tecnologias e acessibilidade, este trabalho propõe a investigação, a partir do modelo de aceitação de tecnologia UTAUT [Fishbein, 1967] - evolução do modelo americano TAM [Davis, 1986], a possibilidade de sua adaptação à avaliação da acessibilidade em ambientes virtuais de aprendizagem para os deficientes visuais. A hipótese que se deseja validar com esta pesquisa diz que se houver um ambiente virtual de aprendizagem preparado para as limitações de deficientes visuais baseado em normas e métricas de acessibilidade e comunicação, então será possível observar a adoção da tecnologia pelos deficientes e verificar se este ambiente contribuiu para o uso de ferramentas de tecnologia assistiva. Os alunos alvo deste trabalho fizeram parte do curso piloto de tecnologia assistiva, em que foram apresentados diversos softwares de tecnologia assistiva, tais como Dosvox (1998), Braille e Jogavox [Cunha, 2007; Borges, 1998], através da plataforma open-source MOODLE (Modular Object-Oriented Dynamic Learning

Environment), um software livre, de apoio à aprendizagem, executado num ambiente virtual. Como objetivo específico a ser alcançado neste trabalho, destaca-se a avaliação da percepção dos respondentes a partir do modelo UTAUT a fim de identificar fatores que apoiem as estratégias de comunicação para a inclusão de deficientes visuais em ambientes virtuais de aprendizagem. Para isso, pretende-se levantar questões para reflexão dos desenvolvedores de sites e profissionais de comunicação sobre a acessibilidade. A seguir, apresentaremos uma evolução parcimoniosa do modelo TAM. Em seguida, trataremos a interligação entre comunicação e acessibilidade através da importância do uso de ferramentas de tecnologia assistiva. Na quarta seção, será apresentada a metodologia de pesquisa, destacando o universo estudado. E, finalmente, serão apresentados os resultados com a pesquisa e a conclusão do artigo onde se destacam os resultados obtidos e trabalhos futuros.

2. Conceitos básicos sobre o Modelo TAM e UTAUT Para este estudo, utilizamos o Modelo de Aceitação da Tecnologia (Technology Acceptance Model - TAM) [Davis, 1986], originário da “Theory of Reasoned Action” (TRA) [Fishbein, 1987], oriunda da área de psicologia. Esta teoria tinha como objetivo estimar o comportamento dos indivíduos em uma dada situação, ou seja, verificar os fatores que influenciam na realização de uma dada atitude. O uso do modelo apoiou toda aplicação do estudo e contribuiu para o aprimoramento dos pesquisadores através da percepção e da intenção de uso da tecnologia assistiva O modelo proposto por Davis (1996) apresenta uma análise da percepção sobre a utilização dos sistemas de informação e como ela está relacionada às seguintes variáveis (Dias, 2013):  PU (perceived usefulness - utilidade percebida) - crença na otimização do seu desempenho durante o trabalho. O usuário acredita que a tecnologia contribui para o aumento de seus resultados durante a realização das tarefas;  PEOU (perceived ease-of-use - facilidade de uso percebida) - premissa de ausência de esforço físico ou mental durante a realização das tarefas em um ambiente informatizado;  A (atitude de uso) - relação positiva ou negativa com uma ação, o que implica aceitação ou rejeição de algum sistema;  BI (intenção de uso) - comportamento do indivíduo. Está relacionada ao pensamento anterior de se efetuar a ação.

Esta teoria tem como objetivo principal, investigar a influência de variáveis externas à percepção da facilidade de uso aos sistemas (PEOU) e utilidade de uso (PU), bem como indicar que o uso de sistemas pode influenciar diretamente o comportamento do indivíduo (BI) e contribuir na aceitação ou rejeição desta tecnologia (A). Na figura 1, apresentamos o modelo parcimonioso do TAM com as variáveis acima citadas.

Figura 1: TAM: Modelo Parcimonioso de Intenção de uso - Davis (1996) Fonte:

A partir do Modelo TAM, o autor investigou novas variáveis, criando, para isso, a evolução para os modelos: TAM 2 e TAM 3. O modelo TAM2 (Venkatesh, 2000) apresenta a utilidade percebida e a intenção de uso em termos de influência social e processos cognitivos. O modelo TAM3 (Venkatesh, 2008) mostra novas variáveis relacionadas ao indivíduo, como “ansiedade frente à tecnologia, prazer em usar a tecnologia, habilidade de usar a tecnologia, a percepção e a aceitação da tecnologia e o nível real de esforço requerido para executar as tarefas”. Estas novas variáveis podem influenciar a intenção de uso ou estimular o uso com mais frequência e com menos barreiras de acesso. Para o presente estudo, escolhemos o modelo parcimonioso do UTAUT. Na próxima seção, descreveremos detalhes do modelo e alguns estudos relacionados.

2.1 Teoria UTAUT A Teoria Unificada de Aceitação de Tecnologia (UTAUT) surgiu no intuito de compreender a aceitação individual da tecnologia ao longo dos anos e acrescentou aos seus estudos a experiência do usuário, o contexto organizacional e características demográficas. Nesta perspectiva, Venkatesh (2000) apresenta quatro novas variáveis conforme demonstrado na figura 2: desempenho esperado do indivíduo, esforço esperado, influência social e facilidade das condições existentes para a adoção de um sistema.

Figura 2: Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia. Fonte: Adaptado Venkatesh et al. (2000). Fonte:

Para o autor, as variáveis adicionais ao modelo corroboram diretamente na influência da intenção da utilização do sistema de informação, tendo em vista que existe uma diversidade cultural e de ambientes. Logo, o grau de expectativa em relação à tecnologia, assim como a sua aceitação ou rejeição, ocorrerá diferentemente para cada pessoa. A seguir, apresentamos alguns conceitos relacionados à comunicação e à acessibilidade, objeto de investigação desta pesquisa.

3. Comunicação e a Acessibilidade Para Póvoa (2000), a internet proporciona um fluxo dinâmico de informações. Segundo o autor, a web se caracteriza pela interatividade e pela convergência midiática. Assim, o autor a considera não somente como um canal, mas também como uma mídia de massa que permite novas relações sociais e competições econômicas. Pinho (2003) relata a influência da internet em todos os setores da sociedade a partir de maio de 1995. O autor relaciona a expansão da rede à crescente adesão de diversas instituições (governos, comerciais, de serviços, entre outras) no ciberespaço. Pinho (2003) também aborda a importância da web como ferramenta de comunicação estratégica de aproximação com o público. Assim, o autor acredita que a internet proporciona uma comunicação aberta e dialógica entre organizações e clientes, além da possibilidade de obtenção de informações de forma rápida e fácil. No entanto, a problemática de transformação de informação em conhecimento em função do design das interfaces reforça a importância da participação do usuário durante o processo de desenvolvimento da arquitetura da informação a fim de garantir uma maior usabilidade dessas interfaces. Para isso, os testes de usabilidade podem minimizar as questões que dificultam a interação homem-máquina e, consequentemente, prejudicam a comunicação [Agner, 2006]. O autor considera

importante o planejamento estratégico baseado em pesquisas e testes de usabilidade realizados com usuários. Na literatura de Borges (2009), observa-se o acompanhamento dos deficientes visuais às transformações ocorridas na mídia (do impresso ao digital) nas últimas décadas. Segundo o autor, a tecnologia contribuiu para a ampliação de oportunidades e melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Para Borges, a internet muitas vezes pode facilitar o acesso ao conteúdo, porém, outras vezes as informações contidas nos sites não conseguem ser lidas pelos programas utilizados por cegos. Na próxima seção, apresentamos a metodologia aplicada na pesquisa e as estratégias para a condução do estudo. 4. Metodologia O presente estudo busca entender como os deficientes visuais reagem à adoção das ferramentas de tecnologia, principalmente em relação à acessibilidade e às estratégias de comunicação que incentivem o uso de ferramentas de tecnologia assistiva em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Para esta investigação, buscamos responder a seguinte hipótese: um ambiente virtual de aprendizagem acessível a deficientes visuais, baseado em normas de acessibilidade e regras de comunicação, propicia a adoção da tecnologia por estas pessoas. Também procuramos verificar se este ambiente contribuiu para a utilização de ferramentas de tecnologia assistiva. Para o desenvolvimento da pesquisa, e com o intuito de conduzir a investigação, foi escolhido o modelo UTAUT (Figura 2). Esta pesquisa foi conduzida a partir de um survey baseado em questionário utilizado em pesquisas anteriores de Davis (1996) e Venkatesh e Davis (2000). Este survey foi aplicado em uma amostra de alunos portadores de deficiência visual do curso do TecnoAssist, baseado no ensino prático de ferramentas de tecnologia assistiva, na modalidade a distância, a fim de verificar as relações entre os fatores levantados na literatura.

Figura 3: Tela do Ambiente Virtual de Aprendizagem do Curso TecnoAssist Fonte:

Esta pesquisa contou com um pré-teste realizado com quatro alunos portadores de deficiência visual do curso piloto do TecnoAssist para depurar possíveis dúvidas. Com os resultados obtidos, iniciamos a aplicação de novas entrevistas a fim de obter melhores resultados na análise qualitativa. Inicialmente, utilizamos questionários baseados no modelo TAM, com entrevistas fechadas. Os resultados obtidos trouxeram

elementos para construção de um raciocínio lógico inicial para melhorias na acessibilidade do AVA. A escolha deste público ocorreu em função das dificuldades da autora, que também possui deficiência visual, além de fazer parte do curso e ter identificado uma oportunidade de tornar o ambiente mais acessível a todos os alunos. Para aplicação da pesquisa, foram utilizadas ferramentas do Windows, Leitor de Telas NVDA e o Ambiente Dosvox para leitura e procura de conteúdo na internet (webvox e voxtube). O Webvox e Voxtube permitem, respectivamente, o acesso alternativo à internet e ao Youtube. As realizações dos testes práticos no AVA aconteceram em duas fases. Inicialmente utilizamos o validador automático ASES para obtermos um relatório dos possíveis erros de acessibilidade presentes no site. Nessa etapa, o objetivo foi demonstrar aos profissionais da área de informática possíveis inconsistências. Vale ressaltar que não houve nenhum critério para a escolha do validador de acessibilidade automático. Ainda na etapa de testes de usabilidade no ambiente virtual, foram utilizadas avaliações com o auxílio do Leitor de Telas NVDA e o navegador Mozilla Firefox. A coleta de dados foi realizada considerando os seguintes grupos de informações: descrição dos respondentes, adoção de tecnologia assistiva e aspectos referentes à acessibilidade. A coleta de dados ocorreu através de um questionário embasado no grupo de informações relatadas acima, no Modelo TAM (2002), e nos aspectos de comunicação presentes na sessão 3. Para a construção das questões envolvendo o modelo TAM, foram definidos 10 itens que cobriam as três variáveis apresentadas no modelo de referência da pesquisa, a saber: facilidade percebida, utilidade percebida e intenção de uso. As afirmativas apresentadas foram levantadas das pesquisas de Davis (2002) e de Venkatesh (2002), e foi utilizada uma escala linkert de 5 níveis, variando de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente). A proposta de investigar, ainda que superficialmente, a acessibilidade em ambiente virtual de aprendizagem embasada em tecnologia assistiva tem por intuito encontrar indícios que relacionem essas áreas de conhecimento às estratégias de comunicação. Os dados coletados durante as entrevistas foram inseridos no pacote estatístico onde as análises foram realizadas. Primeiro, foram analisados os dados demográficos a fim de se conhecer melhor o perfil da amostra. A seguir, foram realizadas análises das questões relacionadas ao modelo UTAUT e das questões que foram construídas para entender a percepção dos indivíduos com deficiência visual em relação à percepção de acessibilidade em ambientes virtuais de aprendizagem e elementos da comunicação. Na próxima seção, descreveremos os resultados alcançados após as entrevistas.

4. Resultados Obtidos Para cada grupo de informações dessa pesquisa - descrição dos respondentes, adoção de tecnologia e acessibilidade - os resultados foram obtidos através de um questionário respondido por uma amostra de 14 alunos, formada por homens e mulheres, da qual 20% representa o segundo gênero, alunos do curso TecnoAssist na plataforma MOODLE. O curso teve a participação de 14 alunos portadores de deficiência visual, mas apenas dez destes aceitaram participar como respondentes da presente pesquisa.

A análise descritiva dos respondentes da pesquisa mostra que 95% dos participantes possuem graduação e pós-graduação concluídas. Os resultados mostraram, ainda, que 100% dos respondentes utilizam algum software de acessibilidade para facilitar seu trabalho. Dentre os participantes, 15% deles não têm experiência em cursos a distância utilizando o Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA. Diante deste perfil, a pesquisa demonstrou maturidade no conhecimento dos respondentes e sugere uma investigação de resultados mais reais. A fim de buscar a concordância e a discordância relativas à adoção de tecnologia, as seguintes questões foram lançadas: a) Tenho intenção de utilizar a tecnologia assistiva em ambientes virtuais; b) Estou entusiasmado para usar ambientes virtuais de aprendizagem; c) A tecnologia será útil para minha vida; d) A interação com a tecnologia assistiva em ambientes virtuais requer muito esforço mental; e) É fácil de usar; f) Consigo fazer o que desejo no ambiente virtual de aprendizagem; g) Gostei de aprender ferramentas de tecnologia assistiva no AVA e usarei sempre; h) O AVA no processo de aprendizagem de ferramentas de TA me deixou mais produtivo na execução do meu trabalho; i) O AVA como ambiente de aprendizagem atendeu as minhas expectativas; j) Foi satisfatório aprender ferramentas de tecnologia assistiva a distância. A proposta principal desta pesquisa é encontrar indícios sobre a adoção de tecnologia para o aprendizado de ferramentas de tecnologia assistiva e a melhoria na estratégia de comunicação desses ambientes para os alunos deficientes visuais a partir de um ambiente virtual. Alguns resultados que respaldam a hipótese da pesquisa foram alcançados por este trabalho. A pesquisa mostrou que aproximadamente 85% dos respondentes afirmaram que apresentam intenção de usar ambientes para aprendizagem para o processo de aprendizagem de tecnologia assistiva. A maior parte dos respondentes (aproximadamente 85%) acredita que a tecnologia tem grande utilidade em sua vida, o que mostra que investimentos nessa área, considerando especificamente os deficientes visuais, podem ter grande poder de retorno do que for investido. Este retorno pode ser tanto profissional quanto acadêmico. Um dos fortes indícios sobre a melhoria do aprendizado dos respondentes é sobre a exigência mental para uso do AVA para aprender ferramentas de tecnologia assistiva em ambientes acessíveis. Apenas 35% dos respondentes entenderam que a ferramenta exige muito esforço, e considerando esta resposta, entende-se que ambientes que exigem um esforço menor para seu uso, consequentemente tem fortes chances de melhorar o aprendizado dos envolvidos. Além disso, a relação entre a empatia pelo uso de ferramentas de tecnologia assistiva e a produtividade dos respondentes tendo a ferramenta como suporte, que se trata de mais um indício sobre resultados positivos a partir da adoção de tecnologia. De acordo com as análises dos resultados, podemos observar que 72% dos respondentes afirmam que gostam das ferramentas de tecnologia assistiva no AVA e 90% observaram um aumento de produção em seu trabalho, pela facilidade do uso que a ferramenta proporciona na execução de suas atividades. De acordo com um dos entrevistados “Apesar da facilidade de acesso ao computador, o deficiente visual encontra barreiras no acesso às informações contidas nos sites. Isto ocorre em função da complexidade nas páginas (disposição de links e conteúdos, além da sua própria estrutura)”.

Alguns trechos das entrevistas demonstram os indícios que foram identificados ao longo da pesquisa como: “Muitas vezes você acaba sendo levado ao erro da resposta de um questionário em função da dificuldade de navegação com o teclado. O erro da questão ocorre não pela falta de conhecimento do assunto, mas sim pela incompatibilidade com o leitor de telas durante a operacionalização com o teclado”. Durante outra entrevista o aluno relatou que um ambiente virtual construído com métricas de acessibilidade possibilita “ao deficiente visual realizar qualquer curso de tecnologia assistiva igualmente como as demais pessoas da sociedade” Além da aplicação do questionário foram realizadas análises de auto-observação da autora com base nas informações obtidas com os participantes deficientes visuais. O cruzamento desses dados permitiu não somente um direcionamento da avaliação, mas também a possibilidade de propor estratégias para a melhoria em futuras edições do curso. Apenas a avaliação automática não consegue mapear com eficácia os problemas de acessibilidade. Por isso, também há a necessidade da avaliação manual com a participação dos usuários. Nesta fase da pesquisa podemos destacar a observação de um dos entrevistados com relação à construção de ambientes que forneçam uma maior acessibilidade: “Deveria ser obrigatória a presença de um deficiente visual na elaboração de projetos de construção de páginas e aplicativos móveis. Somente assim haveria uma acessibilidade digital na prática”. Para a próxima seção, apresentamos as conclusões realizadas com os resultados da pesquisa.

5. Conclusão A presente pesquisa alcançou seu objetivo de investigar a percepção dos respondentes, a partir do modelo UTAUT (2000), a fim de identificar o quanto o ambiente mais acessível e com estratégias de comunicação bem definidas podem contribuir com o aprendizado de softwares de tecnologia assistiva na modalidade a distância por meio de um ambiente virtual de aprendizagem. Esses resultados estão diretamente associados ao fato de que as ferramentas de tecnologia assistiva, podem ser oferecidas para o segmento de pessoas deficientes visuais, na modalidade a distância. Ao mesmo tempo, é importante não perder de vista a diferenciação existente entre o que seria “motivação autêntica”, originada de fatores intrínsecos ao indivíduo, e o mero condicionamento, estimulado por fatores extrínsecos e, portanto, gerador de comportamentos que não se manterão por si mesmos; caso a punição ou a recompensa a eles associadas sejam suprimidas (Igbaria 1996). Pesquisas em andamento envolvem a criação de software de tecnologia assistiva para dispositivo móvel, como jogos interativos para jogadores remotos com ferramentas específicas de tecnologia assistiva. Este tema envolve grande complexidade de desenvolvimento, assim como a construção de Pranchas de comunicação capazes de serem acessadas em ambientes online. As perspectivas para esta forma de trabalho são grandes, mas os desafios envolvidos transcendem as expectativas, especialmente quando consideramos a possibilidade de pessoas com deficiência visual com baixo prérequisito técnico participarem de atividades juntamente com pessoas de visão normal. Nesse caso, existe um consenso de que o ambiente virtual de aprendizado, produzido com métodos e estratégias para elucidar a aprendizagem em ambientes

acessíveis, para os deficientes visuais em cursos a distância, não é apenas uma mera ferramenta — ele é efetivamente a ferramenta que viabiliza o aprendizado, afirma [Brown, 2012]. Para dar continuidade à pesquisa, pretende-se replicá-la em uma amostra mais significativa, ou seja, no acompanhamento e avaliação de tecnologia assistiva. Para isso, esperamos continuar nosso foco de pesquisa desenvolvendo ferramentas de tecnologia assistiva para ambientes como tablets e equipamentos móveis, ampliando ainda mais seu potencial de uso. Também pretendemos aplicar a pesquisa para outra amostra, com ferramentas mais avançadas, para um universo de aproximadamente 500 alunos, onde existem alunos com visão normal e deficientes visuais, utilizando diversas ferramentas de tecnologia assistiva, dentro de um ambiente virtual de aprendizagem. Este curso, objeto de novas pesquisas, faz parte do projeto TecnoAssist e está sendo ofertado em todo território nacional para professores das redes públicas que trabalham com tecnologia assistiva. Este curso foi criado para permitir que professores cegos (ou não) pudessem aplicar em suas salas de aula o uso de ferramentas de tecnologia assistiva com crianças portadoras de deficiência visual, física e motora. Espera-se, por meio do curso TecnoAssist, continuar o desenvolvimento de novas ferramentas em diferentes áreas, aumentando a diversidade no processo de aprendizagem das pessoas com deficiência visual nas salas de aula. O uso de informações de múltiplos estudos, com interações para aprofundar o conhecimento, pode permitir a geração de outros conhecimentos como a trajetória de uso de ferramentas para apoiar a inclusão de pessoas com deficiências distintas nas salas de aula virtuais. Com isso, pretende-se inferir a utilização de atividades sustentadas por ambientes acessíveis e com estratégias de comunicação bem definidas, de forma planejada, a partir da análise dos resultados dessa pesquisa. Esta aplicação da pesquisa pode permitir a obtenção de resultados com maior validade estatística, como também identificar e confrontar os resultados da pesquisa atual com os desses novos estudos. Além da aplicação de um plano de avaliação do processo de aprendizagem apoiada em ambientes com maior acessibilidade.

6. Agradecimentos Nossos agradecimentos são destinados ao Ministério da Educação pelo patrocínio ao curso de Tecnologia Assistiva edição 2013 e 2014, oferecido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais.

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Dec 12, 2013 - 10. ABC. ∆. D. AC. E. BC α β. 9. 10. AC. BD. O. AB || CD. BO = OD. AOB. DOC. ☒. 1. AO = CO. 1. ☐. 2. ☐. 2. ∢B = ∢D. 1. ☐. 2. ☐. 3. AC = BD. 1. ☐.

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