FEVEREIRO

2017

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EDIÇÃO

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PARENTALIDADEPOSITIVA.COM

parentalidade + A 1ª R EVIS TA SOB RE PAR ENT ALID POS ADE ITIV A EM POR TUG AL

TEXTOS INSPIRADORES | DICAS A GUARDAR | REVISTA A PARTILHAR

02

EDITORIAL Seja bem-vind@ à 1º revista portuguesa sobre Parentalidade e Educação Positivas

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A mão que embala o berço, por Magda Gomes Dias

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 05

Sentimento ou emoção, por Isabel Pina

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Obrigada! Hoje e sempre!, por Ana Sousa

PARENTALIDADE POSITIVA 10

Sou a tua mãe, eu é que mando, por Tatiana Loura da Bela

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Palmadas, é possível educar sem usálas?, por Tathiana Bertoncello

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Uma questão de agenda, por Sofia Franco

15

Como a Parentalidade e a Educação Positivas mudaram a minha vida, por Susana Matias

EDUCAÇÃO POSITIVA 17

A verdadeira essência da escola, procura-se, por Joana Madureira

FAMÍLIA 20

Casal feliz = Casais Felizes, por Benedita Pereira

Editorial

A primeira revista POR

MAGDA

GOMES

DIAS

Recordo-me, com muita clareza, das coisas que desejava fazer quando era miúda. Uma delas era dar aulas. A outra era ter uma revista. Religiosamente, a minha mãe comprava-me uma publicação todos os meses. Lembro-me do ritual que tinha para a ler: quando tivesse estudado tudo, quando soubesse que ia estar sossegada. Lia-a devagar, com atenção e ficava apaixonada pelo grafismo, pelos textos escritos pelos diferentes autores. Hoje estou nesse papel, o de publicar a primeira revista sobre Parentalidade e Educação Positivas. A maioria dos contributos são das alunas que se formaram na Pós-Graduação em Parentalidade e Educação Positivas. Aqui vais encontrar temas ligados à parentalidade, à inteligência emocional, à psicologia, à saúde e educação e também à mediação, entre muitos outros. Espero que te inspirem! E não fiques com esta revista só para ti! Partilha-a! Ela é de todos!

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A mão que embala o berço... POR

MAGDA

GOMES

DIAS

Durante muitos anos dei formação e fiz coaching

E percebi que teria de fazer algo por isso e

em empresas. Dei formação em comunicação

encantei-me com tudo o que estava relacionado

assertiva, gestão de conflitos, organização de

com a parentalidade e a educação. Li, estudei e

trabalho e outras ações muito interessantes e de

recebi formação sobre todas estas áreas.

desenvolvimento pessoal. E sempre que regressava a casa vinha com o sentimento de que estas

Sei que a mão que embala o berço é a mão que

competências já deveriam estar asseguradas na

governa o mundo.

idade adulta.

É injusto e inaceitável falarmos dos jovens ou da

Lidava com pessoas adultas e a maior parte delas

nova geração com uma atitude superior ou de

não sabia afirmar-se, não sabia gerir uma opinião

desprezo ou ainda de angústia. Tudo o que eles

diferente ou olhar para si com estima.

recebem como input ou incentivos vem daqueles

Quando comecei a pensar ser mãe, e enquanto

que embalam o berço… e esses somos nós.

trabalhava com estas pessoas, perguntava-me, com frequência, o que é que lhes tinha acontecido para

Pensa nisso. Grava a frase, se for preciso!

se terem tornado naquelas pessoas. Algumas claramente felizes, de bem com a vida e outras profundamente desencantadas.

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"A MÃO QUE EMBALA O BERÇO É A MÃO QUE GOVERNA O MUNDO"

ABRAHAM LINCOLN

Mais inspiração subscrevendo a newsletter

SENTIMENTO OU EMOÇÃO POR

ISABEL

Na sequência do trabalho que desenvolvo com crianças

PINA,

LISBOA

automáticas motoras e fisiológicas, desencadeadas

na promoção da sua capacidade de gestão emocional, é

pelo cérebro em resposta a um acontecimento,

frequente perguntarem me qual a diferença entre

como as que são descritas em cima.

sentimento e emoção.

Quando falamos de sentimento, estamos a falar

E sempre que me colocam esta questão dou comigo a ter

da interpretação que o nosso cérebro faz deste

exatamente o mesmo pensamento: mais do que a

conjunto de respostas. Quando dizemos naquela

diferença entre sentimento e emoção, prevalece a

situação e analisando a forma como eu reagi, o que

importância de compreendermos a sua definição,

eu senti foi medo.

principalmente quando falamos de crianças. Imagine que está sozinho em casa e que de repente ouve

Claro que nesta situação tudo parece óbvio, mas nem sempre conseguimos identificar o que estamos

um som estridente numa das divisões, sem justificação

a sentir, até porque muitas vezes sentimos mais do

racional aparente.

que uma emoção. Por vezes sentimos tristeza e

Automaticamente o seu coração vai

disparar, assim como a sua respiração, os seus olhos vão

alegria ao mesmo tempo e ficamos confusos ou

abrir-se mais do que o habitual (embora talvez nunca

podemos sentir uma profunda tristeza, mas o modo

tenha reparado nisso), é possível que comece a transpirar

como a expressamos é em forma de raiva.

e a sentir um nervosismo percorrer-lhe o corpo ou então

Quando uma criança reage a um acontecimento,

sente que fica completamente paralisado. Na prática o seu

com um comportamento que consideramos

cérebro identificou uma potencial situação de perigo e

desadequado, como as birras por exemplo, é

prepara o seu corpo para reagir/para se defender seja a

importante recordar que estamos a falar das tais

fugir, seja a permanecer escondido e imóvel para que não

reações automáticas do nosso cérebro e que se nós

o detetem.

adultos não conseguimos impedir que ocorram,

Quando falamos de emoção, estamos assim a referir-nos

como acabamos de ver, dificilmente o consegue

a um conjunto de respostas

fazer uma criança de 3, 5, ou até de mais idade. 05

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Não adianta por isso frases como: para de chorar, controla-te, não grites, não tenhas medo ou não fiques triste. Não devemos tentar parar ou evitar uma emoção. Até certo ponto, elas são protetoras, são o nosso principal sistema de defesa e de alarme para quando algo não está bem e ao qual devemos estar atentos. Ainda bem que sentimos medo, de cobras venenosas por exemplo ou de atravessar a estrada enquanto passam carros. Já não é tão bom quando precisamos de andar com frequência de avião e o nosso medo nos impede. Mais do que evitar a emoção, é nosso papel, ajudar a criança a compreender o que está a acontecer e a identificar o que está a sentir (nela e nos outros). Só assim vai conseguir aprender a gerir o que sente e a regular/controlar o seu próprio comportamento, expressando-o de uma forma adequada. No fundo, a desenvolver a sua própria inteligência emocional. Para que possa compreender o que está a acontecer, ela tem de se sentir compreendida, pelo que substitua frases como:”não tens razão para estares assim” por “estás mesmo assustado/triste/feliz/zangado, não estás? Chama-se empatizar, com o que o outro sente. Ao mesmo tempo, enquanto compreende mostra através do seu próprio comportamento como é que ela pode fazer depois com os outros (está a modelar comportamentos, a treinar competências sociais). Ao dar nome ao que ela está a sentir, está a aumentar a sua literacia emocional, ou seja, a sua capacidade de identificar sentimentos e emoções. Só depois de “diagnosticar” o que está a sentir podem então em conjunto encontrar a receita certa, formas de gerir/expressar/regular/controlar o seu comportamento. Veja bem, as estratégias para resolver situações que envolvem o sentimento de medo, podem não ser as mesmas que utilizamos com o sentimento de tristeza, de vergonha ou zanga. Daí a importância da consciência emocional, só depois podemos passar à fase seguinte.

Isabel Pina | | Lisboa Psicóloga- Psicoterapeuta Pós-Graduada pela Escola da Parentalidade e Educação Positivas

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Obrigada! Hoje e sempre! POR

ANA

SOUSA,

PAÇOS

DE

FERREIRA

Vivemos, atualmente, num mundo pesado, carregado e confuso, em que as pessoas estão sempre cheias de pressa, sempre cansadas, cinzentas e sem cor! Vivemos num mundo em que as pessoas não conseguem parar para pensar, refletir, aproveitar e agradecer! Pensar e refletir? Para? Aproveitar? Porquê? Agradecer? O quê? Afinal, as pessoas de hoje pouco têm a agradecer, têm muito mais que pedir e reclamar! Estes são os pensamentos mais comuns entre os humanos e é isto que passam para os seus descentes, é este o legado que deixam no mundo. Felizmente, começam a existir pessoas que já dão importância a alguns destes aspetos, e que param para pensar, refletir, aproveitar e agradecer. A verdade é que temos muito mais a agradecer no final de um dia do que aquilo que imaginamos. Ouvimos, diariamente, as pessoas reclamarem porque está sol há já quinze dias e é preciso chover, mas quando chove reclamamos porque chove! Reclamamos porque a professora dos nossos filhos manda imensos trabalhos de casa, mas quando mudam de professora e deixam de os ter, reclamamos porque esta não quer saber! Reclamamos porque temos um Presidente da República pouco interventivo, muito distante do povo, mas agora que temos um Presidente da República próximo das pessoas, empático, preocupado e muito atual, reclamamos porque fala todos os dias e, todos os dias, é notícia por algum motivo! E porque não parar de reclamar e começar a agradecer! Já imaginaram o que pensa uma cabeça de uma criança no final de um dia com tantas reclamações? Provavelmente pensa que não há nada de bom neste mundo! Vamos mudar! Vamos agradecer tudo de bom que nos acontece no dia! Vamos ensinar os nossos filhos a praticar a gratidão! Pais gratos = pais felizes, filhos gratos = filhos felizes! E é tão, mas tão simples! O que trago hoje com este artigo é mesmo isso, como ensinar as crianças a praticarem a gratidão. Segundo Betsy Brown Braun, especialista em parentalidade, as crianças não nascem com o sentimento da gratidão, é um hábito que deve ser ensinado e praticado.

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Mas como podemos ajudar os nossos filhos a praticarem a gratidão? É simples! Vamos dar uns pequenos toques de cor e magia: - Usar e abusar de palavras mágicas, como “obrigada”, “por favor”, “desculpa”, “podes ajudar-me?”; - Dar em vez de receber; - Oferecer experiências e não presentes. É importante avaliar as experiências, em conjunto, no final; - Contar cinco momentos, experiências, emoções boas no dia; - Surpreender os filhos, com algo que sabemos que eles gostam, que valorizam ou que os faz felizes. É importante realçar que surpreender não significa dar bens materiais, mas sim experiências e momentos; - Falar, em conjunto, sobre os melhores momentos do dia de cada um; - Contar as nossas histórias para os nossos filhos; - Incentivar a ajudar o outro; - Incentivar a dar o que já não precisamos, mesmo que não seja só com o intuito de ajudar; - Deixar os filhos mais velhos cuidarem dos mais novos. Podemos, também, incentivá-los a, diariamente ou semanalmente, construir/fazer: - Um Diário da gratidão; - Uma Árvore da gratidão; - Um Postal/desenho da gratidão; - Um Quadro da gratidão; - Um (a) Baú/caixa/pote da gratidão. Apesar de simples, requer dedicação, treino e exemplo! Sim, porque só surtirá o efeito desejado se partir de nós que somos o exemplo, por isso, vamos começar ainda hoje a praticar a gratidão. E assim sendo termino agradecendo a vossa leitura!

Ana Sousa | Paços de Ferreira Psicóloga- Formadora- Coach Pós-Graduada pela Escola da Parentalidade e Educação Positivas

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Pós-Graduação PARENTALIDADE E EDUCAÇÃO POSITIVAS www.parentalidadepositiva.com

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SOU A TUA MÃE, EU É QUE MANDO! POR

TATIANA

LOURO,

VISEU

Ouço tantas e tantas vezes nas consultas: “mas a mãe sou eu.. eu é que sei, é assim e pronto, mas quem é que manda aqui?!…”. É verdade, somos nós os pais, somos nós os educadores e é precisamente por isso que neste exercício de orientar para uma liberdade responsável tenhamos que ser o modelo, o farol e não o “chefe mau” que tem a mão levantada a apontar o dedo bem juntinho ao nariz dos pequenotes. Parentalidade e Educação Positivas. Nunca me hei-de esquecer da frase que ouvi quando iniciei o caminho de fazer desta filosofia o meu mote e de ajudar a disseminar esta vontade de formar cidadãos cada vez mais conscientes e felizes. A mão que embala o berço é a mão que governa o mundo. Tão verdade. Já pensaram que essa mão é a mão de todos nós, o que nos acarreta uma responsabilidade individual e social enorme pois compromete-nos e compete-nos a nós, sim a nós, a nós que somos pais, a nós que somos educadores, escolhermos quem queremos ser e que valores pretendemos verdadeiramente transmitir aqueles que educamos e amamos. Quando compreendemos que na relação crianças adultos tem que existir um respeito mútuo inquestionável percebemos que não é necessário recorrer aos tradicionais castigos e às boas das palmadas para que eles nos escutem e obedeçam, nem pelo contrario ceder e anuir a tudo que sim, pois a cooperação é tãaaaao maior quando eles se sentem tidos e achados e percebem que não são humilhados ou ridicularizados. Antes compreendidos e escutados. Só assim conseguem verdadeiramente crescer de forma estruturada e segura. Pensem nisto. Convosco é ou não é da mesma maneira? Não cooperam mais quando se sentem valorizados e estimados? Indubitavelmente tudo acontece de forma mais fácil se a qualidade da relação o tão precioso vínculo for positivo. É ele que nos ajuda a chegar mais perto do mundo das crianças e faz a magia acontecer fortalecendo a sua auto-estima e promovendo a obediência.

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“Ele só faz isto para me irritar… faz de propósito” - quem é que já não disse ou ouviu esta bendita expressão. Na verdade se conhecermos as diferentes etapas do neurodesenvolvimento percebemos que alguns dos comportamentos, senão a maioria, são exploratórios e adaptativos e não acontecem de forma propositada para nos atingir, resultando pelo contrário da sua maturação cerebral e programação evolucionária. É o que chamamos de parentalidade pró-ativa. “Então agora, Tatiana (dizem-me) isto vai ser tudo falinhas mansas…”. Asseguro-vos que quando temos claro em nós qual o nosso papel e qual a nossa missão, educar sem punir é possível com mais e melhores resultados – liderança empática. Orientamos, corrigimos e encaminhamos sem lugar à culpa e com recurso à inteligência emocional, à comunicação não violenta e à arte de fazer as perguntas certas na altura apropriada. Com paciência e treino teremos filhos e pais, professores e alunos seguramente bem mais felizes! Maravilhoso, não é? De que esperam.

Tatiana Louro | | Guarda Psicóloga- Psicoterapeuta Pós-Graduada pela Escola da Parentalidade e Educação Positivas

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Palmadas, é possível educar sem usá-las? POR

TATHIANA

COLOMBO

BERTONCELLO,

CURITIBA,

PARANÁ,

BRASIL

Muitos pais e mãe se questionam sobre bater ou não em seus filhos, e esta é uma pergunta realmente intrigante. Há um tempo, vi uma postagem de uma mulher (mãe) em uma rede social que me chamou muita atenção. Essa mãe pedia ajuda para as pessoas, pois não sabia mais o que fazer com o filho que faz muita “arte” ou asneira como dizem em Portugal. Fiquei assustada com a quantidade de pessoas que a orientou a bater na criança. Será que bater na criança vai fazer com que ela aprenda o que é certo ou errado? “Mas ela me obedeceu depois que bati”. Sim ela obedeceu, mas foi na base do medo e não porque entendeu a importância de fazer o que o pai ou a mãe estava pedindo naquele momento. A palmada tem efeito somente a curto e médio prazo e a criança não aprende nada com esse comportamento dos pais. Além disso, o sentimento que gera na criança é de raiva e medo da pessoa que a agrediu. Acredito que não é esse o sentimento que você quer que seu filho sinta por você, não é mesmo? Basta colocar-se no lugar dela ou até mesmo lembrar-se quando era criança e levou umas palmadas de seu pai ou de sua mãe. Era um sentimento horrível, não era? O respeito mútuo é a base da Parentalidade Positiva e quando dá uma palmada em seu filho, esse respeito não existe, você quebra o vínculo que tinha com ele, e ainda dá um exemplo errado a ele de resolver as coisas “sentando a mão” quando algo não acontece da maneira que ele quer. Sou contra qualquer tipo de agressão na hora de educar os filhos (ou em qualquer outra circunstância), seja ela física ou verbal e vou dizer a você que sim, é possível educar sem usar as famosas palmadas, mas é preciso determinação e paciência por parte dos pais. Na Parentalidade e Educação Positiva o aprendizado acontece tanto para os pais como para os filhos e com esforço e dedicação perceberá que vale a pena e que sua família terá mais momentos felizes. Tatiana Colombo Bertoncello | Curitiba - Paraná - Brasil Psicóloga Pós-Graduada pela Escola da Parentalidade e Educação Positivas

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EDUCAR DA CABEÇA PARA O CORAÇÃO. - MUM'S THE BOSS

COLOQUE OS FILHOS NA AGENDA POR

SOFIA

FRANCO,

LISBOA

Quando iniciei esta viagem da Parentalidade, pensei que seria algo sempre maravilhoso e natural, algo orgânico como sempre me disseram que devia ser. Mas na realidade, ser Mãe/Pai coloca-nos numa estrada nem sempre clara, nem sempre alegre e iluminada pelo sol, onde por vezes sentimos medo e quase sempre dúvida. Pode parecer estranho, mas na realidade, ser Mãe/Pai é pedir a um novo ser que nos confie a sua vida, a sua educação, o seu futuro, o seu coração. E essa é a tarefa mais importante que algum dia nos atribuirão. A mais significativa e a que mais marcas deixará no futuro. Quando nos preocupamos com os nossos filhos, quando nos “damos ao trabalho” de “perder tempo” a brincar com eles, quando nos interessamos realmente por eles, pela sua personalidade, pelas suas necessidades, estamos a dizer-lhes que os amamos, e a investir numa das mais importantes relações da nossa vida. Por vezes é difícil pôr de parte o resto do nosso quotidiano: o trabalho que não devíamos ter levado para casa, o telemóvel que não conseguimos pôr de lado porque aquela amiga está mesmo a precisar de conversar, o jogo de futebol que está a dar na televisão e é muito melhor se for visto em direto, o jantar que tem que se feito àquela hora e que temos que ser nós a fazer… Quantas vezes chega a hora de os deitar e nos apercebemos de que não estivemos realmente com eles? A mecânica do quotidiano – acorda, veste, come, escola, trabalhos de casa, janta, dorme – repetida todos os dias, sem que tenhamos um tempo para Estar, Brincar, Partilhar, Conversar, vai criar um distanciamento que um dia poderá ser demasiado grande. Por isso, tire um bocadinho do seu dia para estar realmente com os seus filhos, brinque com eles, sem televisão ligada, sem telemóveis na mão, ajude-os com os trabalhos de casa, faça um puzzle, salte à corda, vista uma boneca ou beba um “chá”. Saiba quem são os seus filhos, como são as suas personalidades, do que gostam e que opiniões têm, quem são os seus amigos, e porquê. Conte-lhes as suas histórias, para que a/o conheçam também, partilhe os seus valores com eles através dessas histórias e das suas ações. Vai ver que a estrada se ilumina, que os seus medos e dúvidas ficam mais pequeninos, e que terá a melhor companhia possível neste caminho!

Sofia Franco | | Lisboa Psicóloga Pós-Graduada pela Escola da Parentalidade e Educação Positivas

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COMO A PARENTALIDADE E EDUCAÇÃO POSITIVAS MUDARAM A MINHA VIDA

Susana Matias | Tavira Técnica superior de saúde em análises clinicas Pós-Graduada pela Escola da Parentalidade e Educação Positivas

Sabias que o objectivo não é a perfeição mas a melhoria contínua? Esta foi apenas uma das muitas constatações que tive após iniciar esta caminhada na parentalidade e educação positivas. Aprendi que para conseguir entrar neste caminho plenamente tenho que primeiro aprender a perdoar-me. Perdoar o facto de apenas agora ter despertado para esta realidade. Acreditar que fiz o melhor que soube a cada momento, com base nas ferramentas e conhecimento que possuía. Saber que identifiquei esta necessidade de fazer diferente, principalmente, por sentir culpa em determinadas situações. Congratular-me por ter aceite a culpa e ousado procurar formas de fazer diferente. Depois do perdão, da aceitação e da congratulação temos que dar o primeiro passo na acção de mudança, mantendo o foco na melhoria contínua, aceitando que não somos perfeitos. Continuar a aprender, no dia a dia, como autorregular os nossos sentimentos/emoções e a modelar os nossos comportamentos. A autorregulação ocorre mais facilmente quando aceitamos que os pensamentos, sentimentos e emoções não nos definem e que aqueles que muitas vezes conotamos de negativos não são nada mais que alertas à nossa consciência. Sinais que nos permitem desligar o “piloto automático” e procurar as nossas reais intenções, o nosso foco. Após entrar nesta caminhada percebi que quero educar pelo exemplo, ser o exemplo do que quero ver no mundo, tenho consciência que nem sempre conseguirei aplicar na prática os conceitos e técnicas aprendidos, mas a persistência, vulnerabilidade e coragem também são valores que quero transmitir, por isso, não me posso permitir desistir. 15

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DOIS GUIAS FUNDAMENTAIS PARA PAIS E EDUCADORES O Crianças Felizes, que está já na sua 6ª republicação, é recomendado por pais e profissionais. É um livro entusiasmante, de leitura contagiante e muito claro! Vai gostar de o ler!

O Berra-me Baixo é um livro sobre autorregulação. E não pense que vai apenas deixar de gritar com o seu filho. O seu foco, depois de o ler, vai centrar-se na criação de dias mais felizes e com maior significado, em família. Um livro fundamental... mesmo para quem não grita!

Encomende os seus dois livros autografados em [email protected]

A Verdadeira essência da Escola, procura-se... POR

JOANA

MADUREIRA,

É interessante verificarmos a evolução invertida

PORTO

Actualmente, temos o privilégio de ter a escola

do conceito de escola. Na etimologia da palavra

pública, obrigatória e acessível a todos, mas cujo

escola, encontramos o termo scholé na grécia

modelo não se modernizou. A introdução das novas

antiga e, mais tarde, o termo schola em latim. Em

tecnologias potenciam as aprendizagens

ambos se iniciou o original conceito de escola,

individualizadas e/ou interactivas e autónomas,

onde aprender era um prazer e o estudo era

mas o actual ambiente escolar ainda não.

considerado um acto de lazer e feito em tempo de

O actual modelo escolar encontra-se em escrutínio.

descanso.

Cada vez mais pais e professores procuram

Progressivamente, foram-se definindo diferentes

alternativas. Um exemplo notório é o actual grupo

"ofícios" para diferentes estratos sociais. Estudar

de Facebook Escolas Alternativas e Comunidades

tomou um cariz obrigatório para determinados

de Aprendizagem em Portugal, criado em 19 de

estratos, estatutos e género (distinção dos saberes

Setembro de 2016 pela Psicóloga Clínica Ana Rita

acessíveis a homens e mulheres).

Dias. Em 4 meses de existência, o grupo

Com a complexificação das sociedades em termos

ultrapassou os 10500 membros. A expressão deste

político-económicos, gerou-se uma necessidade de

movimento foi de tal ordem, que já circula uma

instruir em maior escala. No século XVIII iniciou-

petição online "Transformar a Educação em

se uma crescente consciencialização da

Portugal". De Uma Vez Por Todas., onde se defende

importância da escola para todos,

uma verdadeira mudança de paradigma na

independentemente da sua classe socio-económica,

educação nacional.

e no século XIX observou-se uma expansão de instituições educativas pela europa. 17

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Da petição online que referi, destaco um parágrafo: "Queremos que se pratique uma comunicação positiva por parte dos profissionais de educação. Não acreditamos em castigos, gritos, ausências de recreios, mesas viradas para a parede, tabelas de bom ou mau comportamento ou “palmadas pedagógicas”. A punição ensina a punir, não ensina a mudar. Acreditamos na autoridade do adulto, e não no autoritarismo, enquanto responsável pelo bem-estar da criança mas envolvendo-a no seu processo de socialização como um ser independente e com voz activa (...)." Ainda que o caminho seja longo, a esperança da escola em si, reside em cada um de nós, intervenientes da sociedade e consequentemente intervenientes da educação que se legitima. O respeito pela autonomia e individualidade de cada criança, começa pelo adulto que a orienta. A formação em Educação e Parentalidade Positivas de Magda Gomes Dias é um exemplo de esperança para uma comunicação positiva, e uma cultura de convivência respeitosa e prazerosa em contexto educacional, (seja parental ou escolar), que se reflecte na sociedade. O futuro começa por nós e as formações disponíveis na Escola da Parentalidade e Educação Positivas são um excelente começo. Desafie-se a fazer a sua parte activa! E não deixe de apoiar esta petição. Assine e divulgue. O seu apoio faz toda a diferença.

Joana Madureira | Porto Psicóloga, Formadora e Blogger Pós-Graduada pela Escola da Parentalidade e Educação Positivas

G N I H C A CO &

M A R Q U E

A C O N S E L H A M E N T O

J Á :

P A R E N T A L

I N F O @ P A R E N T A L I D A D E P O S I T I V A . C O M

CASAL FELIZES = PAIS FELIZES POR

BENEDITA

Pais Felizes = Filhos Felizes” é a primeira regra da Parentalidade Positiva, para que os pais possam dar e fazer o seu melhor. O modelo da Parentalidade da Magda Gomes Dias assenta em 5 características e 3 ferramentas (5+3): Respeito mútuo; Vínculo; Parentalidade proactiva; Liderança empática; Educar sem castigar; Inteligência emocional; Comunicação não-violenta; Coaching. Este texto não pretende abordar especificamente este modelo da Parentalidade Positiva, que apresenta, indiscutivelmente, uma abordagem muito prática e sustentada sobre esta que é uma filosofia de vida que tem contribuído para que muitas crianças cresçam em e na felicidade e criem e vivam relações com maior significado. Assentando este modelo no princípio de que os pais felizes sentem-se mais capazes para enfrentar os desafios do dia-a-dia, e partindo também da ideia de que a felicidade e as emoções positivas são contagiantes, tal como defendido pela psicologia

PEREIRA,

PORTO

E debruçando-nos neste modelo da Magda Gomes Dias, a primeira coisa que tem de haver num casal é precisamente o respeito mútuo. Marido e mulher têm de se conhecer bem, perceber quais as suas características, quais as suas necessidades, e respeitar-se na sua diferença. Além disso, e fazendo agora o paralelismo com a parentalidade proactiva, numa relação de casal podemos falar de uma conjugalidade proactiva, na medida em que todas as relações passam por determinadas fases, independentemente de terem entretanto as suas nuances e especificidades próprias. Não podendo aprofundar aqui esta questão, de facto, todos os casais passam por uma fase à qual chamaria de experimentação, que é o namoro, e que, por si só, daria também para ser dividido noutras tantas fases. A partir do momento em que o casal de namorados se torna marido e mulher (independentemente da forma como se faça ou chame a esta união), entra numa fase de

positiva, este texto irá debruçar-se sobre a relação de casal. De facto, para que os pais sejam felizes têm também de investir na sua relação conjugal.

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enamoramento, fascínio, paixão, em que estão totalmente virados um para o outro e centrados na sua relação. Entretanto, em princípio (e porque nem todos os casais podem ou querem passar por esta fase), surge a maternidade/paternidade (planeada ou não), a qual mergulha o casal em toda uma grande aventura de amores e desamores (sim, porque nesta fase nem tudo são rosas). E os casais com filhos passam depois por todas aquelas fases do ciclo vital da família (casais com filhos pequenos, depois com filhos em idade escolar, com filhos na adolescência, etc., até ao chamado “ninho vazio”). Ora, sabendo que na vida de casal à partida vamos passando por estas fases, quanto melhor nos prepararmos para elas, melhor conseguimos lidar com os seus desafios. No caso da liderança empática, que na parentalidade positiva assenta na premissa de que os pais lideram pelo exemplo e com empatia, os pais assumem uma posição de orientação dos filhos, porque os pais educam e os filhos são educados. E porque não falar também de liderança empática na conjugalidade? Costuma dizer-se que numa relação ambos têm de remar para o mesmo lado e que, se cada uma remar para seu lado ou se apenas um remar, a relação não terá grande sucesso. A liderança empática deve estar também presente no casal, pois uma vez será um a liderar, noutra será o outro, nuns assuntos domina um, mas noutros já é o outro. Poderemos até chamar de liderança empática partilhada, numa óptica de complementaridade entre homem e mulher. Quanto ao educar sem castigar (que pressupõe jogos de poder, imposição de um mais forte perante um mais fraco), na conjugalidade chamaria de amar sem reprimir, sem esperar nada em troca. Um casamento de sucesso pressupõe ausência de jogos de poder, privilegiando o respeito e a dedicação desinteressada, sem diminuir o outro. Em relação ao vínculo, deixei esta característica para último, precisamente porque está relacionada e implicada em todas as anteriores. Também no casamento o vínculo é a base de tudo e o mais importante. E este deve ser alimentado todos os dias, pondo também em prática todas as características já referidas. Quanto mais próxima e sólida for a relação do casal, mais duradoura será a sua ligação e mais forte será para enfrentar os desafios. E há dois ingredientes fundamentais para que este vínculo seja sólido e duradouro, a confiança e o compromisso. Sobre isto daria todo um novo texto. E então que ferramentas existem para colocar em prática estas cinco características de uma, e porque não, conjugalidade positiva? São precisamente a inteligência emocional, a comunicação não-violenta e o coaching, no sentido de colocar as perguntas certas na altura certa e de permitir todo o acompanhamento da relação de casal. Tal como na parentalidade positiva, estas 5+3 características e ferramentas permitirão construir uma relação de cooperação entre homem e mulher, com base no respeito mútuo. E quanto maior for o vínculo, maior probabilidade tem de se tornar num casamento de sucesso e duradouro. E por onde se começa um casamento feliz? Por um homem e uma mulher verdadeiramente felizes, porque só assim terão disponibilidade e capacidade para investir num casamento. E Cônjuges Felizes = Casal Feliz e, consequentemente Pais Felizes = Crianças Felizes! Benedita Silva Pereira | | Porto Psicóloga e Mediadora Familiar Pós-Graduada pela Escola da Parentalidade e Educação Positivas

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PRÓXIMOS CURSOS MARÇO/ABRIL 2017 CURSOS@ PARENTALIDADE POSITIVA.COM

CONTACTOS DOS AUTORES DESTA REVISTA

LISBOA Isabel Pina Aconselhamento parental Apoio psicológico e Psicoterapia com jovens e adultos Pneumedical
  ­ 91 888 46 85 | 91 888 0670 [email protected] Sofia Franco Psicóloga [email protected]

GRANDE PORTO Ana Sousa Psicóloga, Coach, Formadora [email protected] Joana Madureira Psicóloga, Formadora e Blogger [email protected] https://www.facebook.com/jmadureira.psicologia/ Benedita Pereira Psicóloga e Mediadora Familiar [email protected]

GUARDA  Tatiana Louro da Bela Psicóloga Clínica Guarda
 964255020 / 271 238 188 5 Sentidos

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Mimo a mais não existe... O QUE EXISTE É FALTA DE LIMITES

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